Entrevista #27: Surrendra



Nossa entrevista do mês de junho é com a bailarina de Divinópolis, Minas Gerais, Surrendra! Nesta entrevista vamos conhecer mais sobre a trajetória desta bailarina entre o universo da dança do ventre e tribal! Vamos também conhecer mais sobre suas inspirações, seu grupo e projetos futuros. Vamos conferir?


BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como tudo começou para você?  
Eu danço desde a infância, mas meu primeiro contato com a dança do ventre foi em 97. Fui a uma escola de dança da minha cidade procurar aulas de jazz e vi escrito no quadro de aulas: "Dança do ventre". Fiquei curiosa e, depois de assistir uma aula, apaixonada. Tive aulas regulares com a minha primeira professora durante 3 anos e ainda trabalhei com ela por mais dois anos. A incompatibilidade de pensamentos fez com que esta parceria chegasse ao fim. E, confesso, que me desanimou um pouco. Então dei um tempo nos estudos da dança oriental. Meu animo voltou quando conheci o estilo tribal através de um dvd do Bellydance Superstars. Desde então, não parei mais de estudar a dança oriental.


Surrendra e Nanda Najla
BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê? 
 Posso citar a Nanda Najla como divisor de águas na minha vida. Ela me apresentou a dança de uma forma que, até então, eu nunca tinha visto. Sua criatividade e carisma me influenciam até hoje, mesmo com sua saída da dança. 

 BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
 Fiz um pouco ballet quando criança e depois de adulta voltei a fazer para melhorar postura, alongamento, giros e etc. E me dediquei um tempo ao tango, flamenco, pole dance. Mas foi por pouco tempo.

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?  
Quando conheci o estilo tribal minha inspiração era a inspiração de todas: Rachel Brice. Ainda a tenho como fonte de inspiração até hoje, mas me identifico muito com Manca Pavli da Slovenia. Mariana QuadrosAshley Lopez e Kae Montgomery.

BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?



Sou uma pessoa reservada e tímida. Não parece, eu sei, mas sou. Tive muitos problemas na adolescência por ter receio de me expressar e fazer amigos. O fato de estar em contato com gente diferente todo o tempo me ajudou a modificar este traço na minha personalidade. Hoje tenho amigos muito queridos que vieram da dança. Tenho um grupo de amigas, denominadas LULUS, que são da época em que eu comecei a dançar. Amizade perdura até hoje e a única que dança no grupo, sou eu.

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?


Creio que o fato de poder fazer o movimento ganhar forma. Poder usar estas formas para expressar aquilo que sentimos.

BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação?Você acha que o tribal está livre disso?

Estamos numa época de excesso de sensualidade feminina. Esta tendência esta em todos os meios e a dança do ventre não foi poupada. É necessário ter muito bom senso na hora de dançar. Dançar para ser e não para aparecer.

BLOG: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal? Como foi isso?
 

Aquela idéia que dança do ventre foi criada para seduzir homem ainda persiste até hoje. Então, temos muitos homens que não deixam suas esposas, namoradas, filhas e etc fazerem aula por causa desta idéia.

BLOG: Como é ter um estilo alternativo dentro da dança. Conte-nos um pouco sobre isso.
 Antes o tribal era meio marginalizado dentro da cena da dança do ventre. Mas isso vem mudando. O estilo cresceu no Brasil e este crescimento fez com que varias pessoas olhassem de forma diferente. Ainda existe um receio e às vezes até certa repulsa. Mas o mundo é isso. Feito de diferenças.


Anamaria e Surrendra
BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança? 
 Sempre há. O pior deles é o aspecto financeiro. A gente se dedica e investe, mas ter tudo isso de volta é complicado. Já perdi a conta de quantas vezes pensei em deixar a dança como trabalho e me dedicar somente como lazer. Logicamente, a idéia vem e vai embora da mesma forma que veio...hehehe

BLOG: E conquistas?Fale um pouco sobre elas.

Eu fui muita mais longe do que um dia imaginei. O reconhecimento do meu trabalho é o que mais me emociona. Meu nome cresceu em Minas e esta crescendo também fora. Aos poucos, as pessoas vão conhecendo meu trabalho e gostando. :D  Fico tão feliz com isso. De poder levar minha expressão para vários lugares.

BLOG: Como é o cenário da dança tribal em  Minas Gerais? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade/estado, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?

O cenário tribal em Minas se concentra mais em Belo Horizonte e região. Mas temos bailarinos em várias cidades. Belo Horizonte perdeu muito com a saída da Nanda Najla. Era ela quem promovia eventos e workshops do estilo na cidade; e unificava os grupos. Senti muita falta disso e eu, juntamente com minha parceira, Anamaria Marques, tomamos a iniciativa de fazer eventos específicos para o estilo tribal. Ainda estamos no começo deste trabalho, mas já estamos satisfeitas com os resultados obtidos. 


BLOG: Conte-nos como surgiu a Cia Ansatta Bellydance, a etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo e se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado até agora.

Cia Ansatta Bellydance
 O Ansatta surgiu da vontade de fazer um trabalho em grupo. Foi algo despretensioso, mas, ainda sim, sério. Infelizmente, eu não estou podendo me dedicar ao grupo como queria. Logo após fundarmos o grupo e eu perdi meu marido e tive que voltar a morar no interior. Toda esta mudança brusca de cidade e vida fez o grupo ficar um pouco ocioso, mas estamos voltando as atividades. O nome veio de símbolo da cultura egípcia: o ankh. O Ankh é uma cruz que simboliza a vida e proteção. Ela também é conhecida por outros nomes e ANSATA é um deles. Sempre gostei da cultura egípcia mesmo antes de ingressar na dança do ventre.


BLOG: Em 2011  você participou da Cia Dancers South America(DSA), como uma das bailarinas da segunda formação de tribaldancersdirigida por Adriana Bele Fusco. Como surgiu a oportunidade de fazer parte do DSA ? Comente como foi a experiência de dançar em grupo tão diversificado em modalidades de dança e em proporção de projeto? Como foi sua contribuição para o espetáculo de 2010?
Adriana abriu audições para integrantes do DSA através de vídeos. Achei excelente oportunidade para bailarinos de fora de São Paulo poderem participar. Fiquei muito feliz por ter sido aceita na Cia. Fazer parte deste casting foi emocionante. Pude conhecer pessoas, que de outra forma, não conheceria. A formação tribal foi dirigida pela Gabriela Miranda. Pude conhecê-la um pouco melhor e fiquei fã de seu trabalho e da pessoa que ela é. 
Nunca tinha tido contato tão direto com pessoas de outros países e isso se deu por causa do DSA. Estar fazendo aquilo que se ama e com gente tão conceituada abriu minha mente e me influenciou direta e indiretamente. 

DSA


BLOG: Em 2013, você participou do BellyFest Peru, evento organizado pela bailarina Luna Amada, que teve a presença de bailarinos renomados na dança do ventre deste país e do Brasil. Como foi sua participação e a repercussão da sua dança tribal neste espetáculo? 

O convite para dançar no Peru veio da minha amiga Luna. Amiga que ganhei no DSA.  O Bellyfest Peru contou com gente renomada como o Tito do Egito e Amir Thaleb da Argentina. Fiquei feliz de ver que meu trabalho foi bem aceito lá. O carinho que recebi de todos os presentes foi algo único. Realmente, não sabia que minha dança estava atingindo a tantas pessoas. Foi uma experiência diferente. Nunca havia dado aula para tantas pessoas ao mesmo tempo. E todos lá estão com sede de aprender.



BLOG: Em 2013, seguindo por 2014, começaram os estudos e aulas com a bailarina Natália Espinosa (SP), professora certificada em ATS®, em Belo Horizonte. Por que você começou a querer ou ver necessidade em se aprofundar no ATS®? Qual importância que você vê no ATS®? Vocês têm pretensão de formar algum grupo de ATS® em Minas Gerais?

No Brasil, começamos o caminho inverso. Conhecemos antes o tribal fusion e agora estamos conhecendo o ATS®. Ainda se discute por aí a importância do ATS® na dança tribal. Para mim, a importância é vital. Eu não gostava do ATS®, confesso. Mas isso foi mudando pouco a pouco. Descobri sua beleza, sua força, sua complexidade...  Hoje sou inteiramente apaixonada. Eu queria compartilhar esta descoberta com outras pessoas de Minas. Por isso, organizo as aulas da Natália em Belo Horizonte. Nossas aulas ainda estão no inicio, mas a idéia do grupo de ATS® já esta se formando.


BLOG: Além de ser bailarina e professora de tribal fusion, você também é de dança do ventre. Na sua opinião, há dificuldades em coexistir as duas modalidades? Quais são os benefícios da dança do ventre para o tribal fusion e vice-versa? 
No início, tive problemas em separar uma dança da outra. Mas hoje isso já não acontece. Aprofundei meus estudos tanto no tribal como no ventre. Creio que esta confusão se dava justamente pela falta de estudo. Afinal, não tive professora regular de estilo tribal. E no começo o estudo do tribal era assim mesmo. Só por vídeo. Com a cena tribal crescendo do Brasil, tivemos muito material para estudar. Graça a Deus!!!!
Hoje, ao invés de confundir os estilos eu uso coisas de uma na outra. Conhecer o estilo tribal não me fez perder o gosto pela dança do ventre. Pelo contrário, reacendeu a chama do conhecimento e me fez ir atrás de mais estudos. Amo a dança oriental em sua totalidade.


BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?
Amo o fato de existir uma dança única cada vez que o tribal é passado de pessoas para pessoa. Esta diversidade me encanta.

BLOG: O quê você acha que falta à comunidade tribal?
União.
 
BLOG: Como você descreveria seu estilo?

Como também sou professora e bailarina dança do ventre clássica tenho grande influencia dela no meu estilo. Por isso, gosto da forma como a Rachel Brice denomina sua dança: Unusual Belly Dance

BLOG: Como você se expressa na dança?

Uso todas as ferramentas disponíveis para isso: musica, figurino, acessórios e movimentos.
 
BLOG: Quais seus projetos para 2014? E mais futuramente?

Minha maior vontade é fazer um evento grande de estilo tribal em Belo Horizonte.
Com presenças de várias bailarinas brasileiras e quem sabe internacionais.
 
BLOG: Improvisar ou coreografar?E por quê?

Gosto dos dois. E vejo a necessidade dos dois. Como professora estou acostumada a coreografar para alunos. Que seja em grupo ou solo. A coreografia é uma ferramenta muito importante para desenvolver uma trabalho bem elaborado,  mas não aconselho a só trabalhar coreografias. O improviso leva nossa dança a outro patamar. Quando conseguimos improvisar sem medo estamos mais que prontos para qualquer situação.

BLOG:  Você trabalha somente com dança?

Sim, desde 2010 me dedico somente a dança. Tive que pensar muito nisso. Senti que minha dança não evoluía porque eu não conseguia me dedicar. Passava maior parte do meu tempo em um escritório. E quando tinha tempo estava sempre cansada para estudar. Ponderei e vi que algo teria que ser cortado da minha vida. E, com certeza, não foi a dança. :D

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.

Durantes minhas aulas em Belo Horizonte, conversamos sobre ser ou não talhado para a dança e uma aluna disse uma frase que estamos sempre repetindo nas aulas: ONDE NÃO HÁ VOCAÇÃO, HÁ TÉCNICA E TREINO. Deixo esta frase para vocês como incentivo. 

 Contato:
 Tel/cel:
 (31) 93763019
E-mail: 
cia_horus@hotmail.com
















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