Nossa Entrevista Especial de Aniversário é com a bailarina de João Pessoa-PB, Andréa Monteiro, "Destaque Revelação 2013", da enquete "Destaques Tribais". Andréa nos conta sobre sua trajetória profissional entre atriz e bailarina de tribal fusion, além de algumas curiosidades sobre danças circulares e sua opinião à respeito da videodança na cena tribal brasileira.
BLOG:
Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como tudo começou
para você?
Minha trajetória artística, na verdade, começou no
teatro. Comecei aos 16 anos no teatro amador. Em 2005 comecei no teatro
profissional. Fiz participações em dois filmes na minha cidade: um média metragem,
Varadouro, do cineasta Elinaldo Rodriques; e o curta Caminhante,
de Jacinto Moreno; além de fazer várias peças teatrais. A dança do
ventre veio casualmente, eu nem imaginava fazer dança do ventre, absolutamente
não sabia dançar nada.
No ano de 2006 eu entrava no
elenco da peça “Viúvas”,uma tragicomédia. Entrei nesse elenco para substituir a
atriz que estava grávida, pois eu vinha de um curso de teatro com o diretor Flávio
Melo. A peça estava com projeto de viajar em cartaz, mas
eu ainda não tinha o DRT de atriz. Nesse período fui estudar com o diretor João
Costa. Na época, ele era responsável em preparar os alunos para o exame de
capacitação profissional , tirando o DRT junto ao Sated da Paraíba. Lembro que
ele trouxe vários textos para eu escolher, fazer minha prova prática,
apresentando uma performance. E entre tantos textos estava Salomé, uma
peça de Oscar Wilder. Não tive
dúvidas e escolhi esse texto, pois eu já admirava a personagem por ser uma
mulher forte e emblemática. Mas fazer Salomé sem dançar, realmente não seria
interessante, então eu acho que tive esse lampejo para a dança a partir desse
fato.
Foi quando conheci Jaqueline Lima, da Cia
Lunay/PB, através do meu diretor de teatro. Jaqueline já havia trabalhado
com ele em Paixões de Cristo, no preparo de bailarinas. Passei a ter
aulas particulares com ela, apenas com essa finalidade de fazer a prova de
capacitação. Esse foi meu primeiro contato com a dança do ventre, em 2006.
Depois de algum tempo nasceu naturalmente a vontade de fazer um monólogo com o
texto de Salomé. Nesse período estávamos procurando uma professora de
dança do ventre para fazer parte do processo de montagem de Salomé.
Colocamos diversos cartazes procurando uma professora para me preparar. Foi
quando eu conheci Neliane Lima. Ela tinha sido da Cia Lunay e
passamos quase um ano de trabalho duro. Houve muitas mudanças ao longo do
processo criativo. Resolvermos, eu e o diretor, colocar bailarinas no elenco e
um ator para interpretar João Batista. A professora Neliane ministrava aulas de
dança no Teatro Lima Penante e, naturalmente, as alunas fizeram parte da
montagem. A peça, infelizmente, não chegou a estrear, devido a vários
contratempos.
Foi bem frustrante essa parte, porque trabalhamos
duro, fiz quase um ano de dança do ventre com a professora Neliane. Mas, em
compensação, absorvi uma vontade enorme de aprender com mais profundidade a
dança e conhecer toda a sua cultura.
Formamos a Companhia de Dança Mistérios do Oriente, dirigida pela
professora Neliane Lima; e fizemos a primeira apresentação no Fazendo
Arte Teatro e Dança. Em 2007, me matriculei nas aulas de dança do ventre,
com a professora Kilma Farias. O tribal eu conheci depois, assistindo o
espetáculo “De Corpo de Alma”, direção de Kilma e Cia Lunay. Nesta época, Kilma
já trabalhava as fusões de danças regionais com a dança do ventre e o tribal.
Lembro de ter ficado fascinada com a beleza, tudo era muito belo e diferente.
Comecei a estudar o tribal com ela, em 2009, na Escola de Dança do Theatro Santa
Roza, onde estudei durante três anos. Nesse ano, eu produzi o espetáculo “
Do Ventre da Terra”, com dança do ventre e Estilo Tribal e direção de Kilma.
Nesse espetáculo fiz meu primeiro solo de tribal fusion, tinha poucas semanas
de aulas de tribal e estudava os vídeos didáticos de ATS®. Esse espetáculo para
mim foi marcante. Tivemos participações
de músicos e participação especial do debarkista Renê Dalton, de
Brasília.
Naquele período (2009), a Escola Bele Fusco estava fazendo audições
pelo Brasil todo, em busca de novos talentos da dança do ventre e do tribal.
Estiveram em João Pessoa e participei da
audição no tribal e fui classificada para a final que aconteceu em São Paulo. Conquistei o primeiro lugar na
categoria tribal iniciante. A Escola Bele
Fusco havia trazido ao Brasil, pela primeira vez, as bailarinas
internacionais Sharon Kihara (USA), Mardi Love (USA) e Ariellah (USA). Tive a portunidade de estudar com elas e com os professores nacionais Nadja El Balady – ATS® (RJ), Nanda Najla - Tango Fusion (MG), Carol Schavarosk - Tribal Fusion (RJ), Carlos Clark - Dança Indiana (MG) e Mariana Quadros - Tribal Fusion (SP).
Fiz muitos workshops com varias bailarinas de dança do ventre na minha cidade. Ministrei aulas de dança do
ventre em 2010, numa academia de ginástica em João Pessoa, mas o tribal me
conquistou por completo e passei a me dedicar mais ao estilo. A prova disso é
que hoje não ensino mais dança do ventre.
Cia Bebelot (2010) |
Em 2011,ao lado de outras três bailarinas,
formamos a Cia Bebelot, um grupo de
tribal voltado mais para uma pegada cabaret, estreando no Caravana Tribal Nordeste/PB. Mas em seguida o grupo se desfez, cada
uma seguiu carreira diferente, e apenas eu insisti na dança. Também foi um
momento frustrante, com muitos altos e baixos... Mas a vida é assim mesmo, temos que aprender a lidar com
essa situações.
Agora, no começo deste ano, eu e
mais quatro bailarinas, de estilos diferentes, formamos a “5A Cia de Dança”,
que surgiu naturalmente de um bate-papo. É um grupo que não se resume apenas a
coreografias, nem está sempre dançando
juntas,mas vem com o objetivo de promover eventos em todos segmentos culturais,
pois entendemos que essa é também uma forma de melhor disseminar a cultura dos
nossos estilos em dança. Estamos produzindo os eventos de outros artistas e, ao
mesmo tempo, oferecendo nosso conhecimento. Temos muitos projetos e está sendo
muito enriquecedor. Recentemente, estivemos em parceria com o Atelier Multicultural Elioenai Gomes,
onde fizemos várias intervenções em dança. O Atelier nos abriu as portas e
estamos muito felizes com o resultado da parceria.
BLOG:
Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
Jaqueline
Lima (Cia Lunay), por ter me ensinado os primeiros passos
na dança do ventre. Neliane Lima, que
me mostrou a dança do ventre de uma maneira delicada e também me proporcionou
um grande incentivo. E finalmente Kilma
Farias, por ter compartilhado todo o seu conhecimento.
Com relação aos workshops da dança do ventre,posso
destacar: Luciana Zammak, por sua
suavidade nos movimentos. Gabriela Vidal,
por sua didática bem elaborada. Adriana
Bele Fusco, por sua enorme generosidade e por te me mostrado como seguir
sequências coreográficas. E Suheil,
por sua elegância e didática.
No tribal, sem sombra de dúvidas,Kilma Farias, por ter sido a primeira e
por ter me mostrado como acreditar em mim mesma. Sharon Kihara, por mostrar a importância do preparo do corpo para a
dança com aqueles exercícios de yoga, que foram determinantes para mim – eu
hoje pratico yoga. Cito também Mardi Love
– primeiramente, sou apaixonada pelo seu estilo vintage, ela me ensinou a
importância dos movimentos lentos e limpos, quando vi que a repetição do
movimento leva sempre à perfeição. Ariellah,
por ter me mostrado a importância do personagem na dança, a linguagem corporal
através da respiração leva à emoção. Emini
Di Cosmo, no ATS® – a importância do tempo dentro da dança,a energia de
dançar em grupo. Joline Andrade, por
toda a técnica bem elaborada e dinamismo. A professora de dança cigana Alecsandra Matias, pela sua humildade e
todo seu conhecimento, não apenas no ritmo cigano, mas na dança do ventre. Ela
foi a pioneira, na Paraíba, a ministrar aulas de dança do ventre. E Andréa Patrícia em danças circulares,
pela sua ternura e grande dedicação. Na dança Indiana eu destaco Silvana Duarte, com o estilo clássico de
dança Odissi; a disciplina, ferramenta
constante no aprimoramento da
dança.
BLOG:
Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto
tempo?
Fiz um pouco de danças urbanas, jazz, contemporânea,
danças populares, dança de salão e sapateado.Atualmente eu estudo balé clássico
para adultos iniciantes, com a professora Denilce
Rgina, na Escola de Dança do Theatro
Santa Roza. Também experimento a dança cigana com a professora Alecsandra Matias, no Centro da Juventude; e também danças circulares com a terapeuta Andréa Patrícia, no centro de práticas integrativas e complementares na saúde, que é o Espaço Equilíbrio do Ser.
BLOG:
Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
As minhas primeiras inspirações estão na natureza,
sim! Verdade, agente nem se dá conta de tanta beleza natural que deixamos de contemplar. A natureza pra mim é a maior das inspirações que um ser humano pode
ter, é extremamente potente essa força criativa.
Na dança, tive muitas
inspirações de meus mestres. No
teatro, numa pintura em fotografias, em filmes (adoro ver filmes), tudo isso é
enriquecedor.
BLOG:
O que a dança acrescentou em sua vida?
Superação à autoestima. A dança me mostrou que eu
posso ir além dos meus limites com meu corpo. Isso é fantástico, é onde eu me
sinto bem e feliz.
BLOG:
O que você mais aprecia nesta arte?
A união. Em especial o
tribal, por ser uma dança ancestral.
BLOG:
O que prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação?Você acha que o
tribal está livre disso?
O que eu vejo muito na dança do ventre é uma espécie
de rivalidade entre bailarinas. Já no tribal eu vejo menos isso, provavelmente
por ser um estilo relativamente novo no Brasil.Eu acho isso muito triste, cada
uma tem seu próprio estilo, sua marca, essa história de querer ser melhor que
fulana é algo degradante. Outra coisa que me deixa triste é a desinformação da
própria mídia, que sempre distorce alguns aspectos e acaba levando à
vulgarização da nossa arte.
BLOG:
Você já sofreu preconceitos na dança do ventre, ou no tribal? Como foi isso?
Sim, na dança do ventre eu me lembro de um episódio
que me deixou muito chateada. Eu estava para entrar no palco quando uma mãe de
uma bailarina de balé se referiu a mim de forma pejorativa.Uma vez recebi um
convite para dançar em boates. Mas é sempre assim, infelizmente se trata de uma
questão cultural e quando é cultural é muito difícil mudar. Mas eu sou otimista
e percebo que muita coisa já mudou. No tribal, não me lembro de ter sofrido
nenhum tipo de preconceito.
BLOG:
Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Sim, claro. Sempre. Tive várias frustrações ao longo do
meu percurso. Por exemplo: o grupo de dança que se desfez; o fato de não ter
dinheiro, às vezes, para fazer uma viagem e me apresentar fora. A maior das frustrações
foi quando fraturei o punho, eu estava para fazer uma apresentação em Recife,
na Caravana Tribal Nordeste, e
aconteceu esse acidente em pleno ensaio. Passei quase um ano pra me recuperar
totalmente. Ainda tenho que fazer fisioterapia, de vez em quando. Indignação?
Eu acho que nós pagamos muito caro com eventos. Pagamos para mostrar nossa a
arte.
Bom, tenho tido várias conquistas.
Aos poucos ter o meu trabalho reconhecido pelo público é uma satisfação enorme.
Ter conquistado o primeiro lugar no tribal iniciante em 2009, no concurso
internacional de Tribal Fusion, pela Escola
Bele Fusco, em um momento em que muita gente ainda nem sabia o que era
dança tribal,quando o cenário tribal no Brasil ainda estava engatinhando. Ter
tido meus trabalhos indicados pelo público, em 2013, pelo Blog Aerith Tribal Fusion,
conquistando o primeiro lugar em “Revelação Tribal” e o segundo em “Videodança
Nacional”, para mim está sendo uma satisfação imensa! Outras conquistas? Claro.
Os amigos que fiz dentro da dança, a alegria de estar fazendo parte de um grupo
ao lado de bailarinas que eu já admirava pela sua história na dança, pra mim é
uma honra.
BLOG: Como
é o cenário da dança tribal na Paraíba? Pontos positivos, negativos, apoio da
sua cidade, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança
do ventre/tribal?
Eu acredito que há muita desinformação sobre o
tribal. Os eventos ainda são muito isolados. Apenas para o publico da dança
mesmo. Acho que falta mais atenção da mídia.
BLOG: O seu vídeodança
foi um dos pioneiros no Brasil, na cena Tribal. Conte-nos como foi a elaboração
do primeiro vídeo, escolha da proposta e edição, além do resultado final. Por
que você acha a videodança uma forma de comunicação válida e que venha a
acrescentar à Dança Tribal?
Minha paixão por videodança é bem
antiga. O primeiro videodança que vi de tribal foi
o da bailarina Mariáh
Voltaire, “Isolado”. Lembro de ter visto esse trabalho ainda no orkut, e
que fiquei fascinada com aquelas imagens, os efeitos na tela, no corpo da
bailarina, a música de fundo – tudo aquilo me proporcionou um grande fascínio,
as imagens me ficaram na mente por semanas inteiras. Um tempo depois eu passei
a pesquisar sobre videodança por conta própria. Assisti vários vídeos e li
alguns textos. Tudo era ainda novo e, em face do desenvolvimento, sempre tive
muita vontade de aprender. A princípio, meu videodança deveria ser gravado na
natureza, era como eu planejava. Eu gosto de ouvir o som dos pássaros, de estar
em contado com a natureza. Mas, toda vez que eu partia para gravar, havia
sempre imprevisto – como chuvas e outros contratempos. Então resolvi fazer em
um teatro. As músicas são de autoria do músico russo, Dan Blades, que compôs especialmente para esse meu novo
projeto.
Chamam-se “Despertar” e “Iss”. Basicamente,fala
de amor adormecido, esse amor que está dentro da gente e que geralmente não
deixamos aflorar. “Iss”, a primeira música do videodança,
faz referência ao rio dos mortos, a passagem dos mortos para o plano astral. Na
mitologia grega,I ss faz uma referência ao Estige, o rio da invulnerabilidade. Estige
é uma ninfa e um rio infernal no Hades dedicado a ela. Um dos rios do Tártaro,
segundo uma versão da lenda de Dionísio. Na primeira parte da videodança, se
você observar o véu azul com o efeito da multiplicação da imagem, esse véu faz
um referência ao rio – ou seja: nossa própria mente, nosso fluxo, porque nossa
mente é como um rio. O movimento do véu simboliza isso, no começo do videodança
você vê a figura de uma deusa com vários braços – pode ser qualquer deusa, mas
é a sua própria deusa que às vezes se encontra adormecida.Um tanto místico, hein?
Tudo isso estava na minha mente,
mas como fazer isso na edição? Foi um pouco complicado, eu não entendo de
edição, mas sabia como gostaria que o vídeo ficasse. O resultado foi mais do que
eu esperava. A edição foi do amigo fotógrafo Luiz Freitas, mas comigo ao lado, sempre dando minhas sugestões. É
sempre complicado fazer um videodança. Se você não tiver uma equipe empenhada
nesse projeto, que pesquise com profundidade,o trabalho vai sempre faltar
alguma coisa, e será fácil perceber isso.
A videodança no cenário tribal, a
meu ver, vem acrescentar muito à criatividade do artista/bailarino. Ele pode
ser encarado com uma ferramenta poderosíssima de expressão artística, onde o
corpo se junta às funções disponíveis no programa de edição com um grande
potencial para criar uma estética diferenciada, expressando sensações
maravilhosas a quem assiste. Uma relação fundamental entre o Tribal Fusion e a
Videodança é o hibridismo presente nas duas expressões artísticas.
BLOG: Gostaria que comentasse um pouco sobre sua
pesquisa em danças circulares. O que são danças circulares? Qual a conexão
destas com o estilo tribal?
Eu comecei a fazer danças circulares na metade do
ano passado. Ainda é recente. Procurei fazer alguma terapia, porque a principio
eu estava procurando fazer meditação. Eu já ouvia falar do Centro Integrado de
Saúde que é oferecido gratuitamente à população. Não tinha mais vaga para o
curso que eu pretendia. Foi quando eu vi as danças circulares. Eu já conhecia o
trabalho de Andréa Patrícia, sabia que ela trabalhava com danças
circulares, mas nunca tinha me interessado. Já tinha feito uma vivência de
dança indiana com ela há algum tempo, então resolvi fazer uma aula experimental
e acabei gostando. A união com os outros dançando é muito satisfatório, e eu
estava precisando de algo assim. Foi um momento de grandes questionamentos na
vida, e muitas reflexões do tipo: “Será que eu danço bem?”, “Será que não é
hora de parar?”, etc, etc...Minha vida pessoal e afetiva, meus chacras desequilibrados,
tudo isso eu sentia.
As Danças Circulares sempre estiveram presentes na
história e no comportamento da humanidade – nascimento, casamento, plantio,
colheita, chegada das chuvas, primavera, morte... Elas refletem a necessidade
de comunhão, celebração e união entre as pessoas. Foi Bernhard Wosien(1908-1986),
bailarino clássico, coreógrafo, pedagogo e pintor, que nas décadas de 50/60
percorreu o mundo recolhendo e resgatando as danças de diferentes povos. Em 76,
ele visitou a Comunidade de Findhorn, no norte da Escócia, e atendendo a pedido
de um dos fundadores, Peter Caddy, ensinou pela primeira vez uma coletânea de
danças folclóricas para os residentes.
Bernhard já estava com mais de 60 anos e buscava
uma prática corporal mais orgânica para expressar seus sentimentos. Ele
percebeu que havia encontrado o que procurava, pois dançando em roda vivenciou
a alegria, a amizade e o amor para consigo mesmo e, também, para com os outros,
e sentiu que as Danças Circulares possibilitavam uma comunhão sem palavras e
mais harmoniosa entre as pessoas.De 1976 em diante, centenas de Danças foram
incorporadas ao repertório inicial e o movimento passou a se chamar
"Danças Circulares Sagradas". E desde então esse movimento se
espalhou pelo mundo.
A Dança Circular se chama e se torna Sagrada pelo
fato de permitir que os participantes entrem em contato com sua essência, com
seu EU superior, com a centelha divina que existe dentro de cada um de nós. No
momento desse contato, temos a união do corpo com o espírito.No Brasil, as
Danças chegaram através de Carlos Solano, que foi hóspede na Fundação
Findhorn por um longo tempo, nos anos 80. Ele fez o Treinamento em Danças
Sagradas com Anna Barton e recebeu o certificado como sendo o primeiro
instrutor de Danças Sagradas no Brasil.
Em 1983, Sarah Marriot, que viveu em
Findhorn, foi convidada a vir ao Brasil para iniciar um trabalho de educação
holística no Centro de Vivências Nazaré (hoje Nazaré Uniluz), comunidade
fundada em 1981 por um grupo de pessoas lideradas por Trigueirinho em Nazaré
Paulista, no Estado de São Paulo. Para auxiliar esse trabalho em Nazaré, ela
trouxe uma ou duas fitas cassete com as danças de Findhorn. Algum tempo depois
de haver retornado da Escócia, e de já estar trabalhando com as danças, Solano
foi procurado por David e Jane de Nazaré que queriam vivenciar as danças na
prática, pois só as conheciam através de apostilas.
Em 1990, Christina Dora (Sabira) vai a Suiça
e conhece Maria Gabriele Wosien, e traz as danças para Nova Friburgo, no
Rio de Janeiro. Nessa ocasião, Patrícia Azarian conhece as Danças
Circulares e se inicia um trabalho de expansão no Rio de Janeiro.A partir daí,
pessoas de Findhorn vieram ao Brasil e brasileiros foram até lá e o movimento
começou a expandir. (Fonte:http://www.dancascircularesrj.com.br/)
Portanto, a relação com o tribal é justamente toda
essa ancestralidade. Nas danças circulares dançamos em grupo, as danças circulares
trabalham com os arquétipos, e a dança tribal também é uma grande mola para o
resgate da dança feminina sagrada.
BLOG:
O que você mais gosta no tribal fusion?
A sua contemporaneidade,
sempre, em qualquer instante. E, claro, a sua liberdade de expressão.
BLOG:
O que você acha que falta à comunidade tribal?
Reconhecimento
de um público que não seja só o da dança ventre/tribal. Falta abrir horizontes.
Não temos que ficar dançando só para amigos, pais, namorados, maridos. É preciso
de mais divulgação por parte de nós mesmas. Nós podemos, temos capacidade de
mostrar nossa arte com respeito e profissionalismo,onde quer que seja.
BLOG:
Como você descreveria seu estilo?
Eu não tenho um estilo,
gosto muito de explorar minhas potencialidades e possibilidades numa busca
infinita.
BLOG:
Como você se expressa na dança?
Eu tento dizer o que eu
quero com um gesto simples, seja num olhar ou num movimento brusco ou suave.
Sou verdadeira naquilo que sinto e tento passar isso para a minha dança.
Eu pretendo fazer apenas o que eu gosto na dança.Com
a 5A Cia de dança, temos projetos de continuidade com nossas vivências,
oficinas e workshops. Vem por aí um grande espetáculo, só que ainda não posso
falar.
BLOG: Improvisar
ou coreografar?E por quê?
Os dois. Mas eu gosto muito de improvisar, me
sinto mais livre. Através do improviso – com técnica, é claro – descobrimos uma
gama de possibilidades surpreendentes. Coreografar também é muito bom, porque
proporciona segurança e permite um aprimoramento maior dos nossos estudos.
BLOG:
Você trabalha somente com dança?
Não, atualmente trabalho em um setor cultural, lidando
diretamente com artistas de todos os segmentos.
BLOG:
Deixe um recado para os leitores do blog.
Trabalhe, estude, acredite em você. Mesmo que
ninguém acredite, lute pelos seus ideais, não desista dos seus sonhos, busque
se aprimorar e apaixone-se pela vida!Não se critique,procure ter mais contado
com a natureza e eleve sua alma para os céus, pois as respostas que você
procura estão lá, no universo.
Contato:
(83) 8738-6199
E-mail andreadakini@gmail.com