Live sobre Dark Fusion

por Aerith Asgard & Hölle Carogne 



No dia 11 de maio, realizamos uma live no Instagram sobre o tema Dark Fusion. Infelizmente, a conexão da internet não estava muito boa e o diálogo foi prejudicado. Por isso, decidimos organizar as ideias em um post, elaborando um material bacana para todos que curtem o lado mais underground da dança. Organizamos esse post em blocos, seguindo as perguntas que vocês nos enviaram. Deixe um feedback para saber se vocês curtiram esse tipo de material. :3


1. Não sei o quê é Dark Fusion?

Aerith: Sobre a perspectiva do processo histórico, o Dark Fusion é o sub-estilo do Tribal Fusion criado pela norte-americana Ariellah. Para ela, o Dark Fusion e o Gothic Bellydance são a mesma coisa, pois ela veio da sub-cultura gótica e todos os conceitos para criação de sua dança partem dessa subcultura. Contudo, para que ela tivesse maior liberdade de expressão e não se limitasse a um rótulo, permanecendo coerente com o trabalho que ela vinha desenvolvendo, Ariellah começou a chamar seu estilo de dança por "Dark Fusion", se afastando do estigma que existia com o uso do termo "gothic" na época.

Hölle Carogne: O Dark Fusion, ao meu ver, é uma extensão do Tribal Fusion que priorizada a expressão e a teatralidade, tendo como temas e enredos o lado obscuro da própria existência, que se reflete na dança através da escolha das músicas, figurinos, makes, etc.


Em seu site, Ariellah explica, com suas palavras, "O quê é Dark Fusion Belly Dance?":

http://www.ariellah.com/about.php#history


Texto traduzido por Gabriela Miranda




Do meu ponto de vista, Dark Fusion Belly Dance é uma das muitas ramificações do Tribal Fusion Belly Dance. Dark Fusion Belly Dance bate no mais teatral, dramático, passional e emocional lado da Dança do Ventre. Ele utiliza os elementos básicos de dança do ventre e os mistura com as mais obscuras estilizações, músicas e figurinos das dançarinas. No meu caso como dançarina, eu misturo meus movimentos de dança do ventre com meu próprio estilo pessoal e minha personalidade que contém muito da subcultura gótica, seu modo de vida, atitude, estilos e gostos.

Dark Fusion belly dance é uma estética mental e física que a dançarina tem dentro do seu ser, que se manifesta através de sua dança. Há uma contínua estética da dançarina gótica, por assim dizer, que é trazida para a mesa. Eu tenho notado que nas performances de Dark Fusion belly dance, um emoção muito profunda é evocada na platéia e há uma sensação de que a platéia é trazida para a performance. A energia que flui da dançarina é forte e penetrante e chama a platéia com a sua expressividade.



Como isso acontece? Bem, de ínicio, as mãos são mais expressivas e a energia transportada e lançada pelas mãos e pontas dos dedos pode ser poderosa e de grande alcance. As expressões faciais e presença de palco desempenham um grande papel no Dark Fusion belly dance... isso pode ser feito com os olhos, olhando bem fundo nos olhos da platéia, implorando que eles sintam seus sentimentos, bem como uma inclinação da cabeça desta ou daquela maneira para expressar um pensamento ou emoção ou enredo ou, simplesmente, para comandar a atenção ou se envolver ou capturar a surpresa da platéia. Também acho que no Dark Fusion belly dance enredos podem vir de histórias de fantasia que invocam sombras, escuridão ou cobras ou mitos, ou invocar as divindades ou se basear em um ritual , ou simplesmente a própria história das dançarinas, sua emoção e expressão...

Em sua prática, formação e desempenho, encorajo vocês a elevar a sua dança e encontrar o equilíbrio entre técnica e arte e entre emoção e dança ... Encorajo vocês a trazer maior energia para todos os seus movimentos e consciência de sua postura e consciência de suas emoções e de seu próprio estilo de dança do ventre e como isso vem através de você, trazer o drama para a sua dança... elevá-la...




2. Até que ponto o Tribal Fusion chega antes de virar Dark Fusion, em termos de criação e improviso?

Aerith: Existem muitas bailarinas de Tribal Fusion que são extremamente expressivas e não fazem Dark Fusion, utilizando técnicas do próprio Teatro, mas de outras danças como o Butoh, Dança Contemporânea e Dança Moderna, por exemplo.

Bailarinas de Tribal Fusion podem ter elementos de "dark fusion" em suas performances e não ser considerado "Dark", por não estar imerso totalmente na proposta, mesmo vestindo preto, ter algumas linguagens corporais "características" do estilo, etc Gosto muito do conceito que a Hölle usou na live sobre o termo Dark Arts entrelaçado com o Tribal Fusion. Acho que resume e define bem o "Dark Fusion".

No Brasil, desde 2009, e por uns cinco anos, mais ou menos, estivemos estudando com a Ariellah. Então, eu acredito que receber essa "herança" de estudo dela tenha trazido para o repertório da cena tribal brasileira elementos do Dark Fusion diluídos. 

Outra bailarina que não é de Dark Fusion, mas usa muitos elementos teatrais com muita expressão e emoção (e a própria Ariellah estudou com ela), sendo uma mestra para as principais bailarinas da cena mundial e brasileira, deixando também seus "genes" no "DNA Tribal brasileiro" é a Mira Betz (EUA).





A própria Zoe Jakes (EUA), que não é uma bailarina de Dark Fusion inspira  bailarinas de Dark em todo mundo com seus figurinos, sua forte presença de palco, olhar penetrante, movimentações peculiares e impactantes.




Aqui no Brasil, um exemplo de trabalho que não é de Dark Fusion, mas tem elementos fortes desse sub-estilo é a performance "Carcará" da Shaman Tribal Co. (vídeo abaixo), que é uma apresentação de Tribal Brasileiro. Podemos observar características como a forma de se locomover, a força, o olhar, a conexão e a própria energia são similares.

OBS: Isso também não significa que a companhia não trabalhe com o Dark Fusion! Pelo contrário, a cia possui coreografias totalmente imersas na proposta do Dark.




Outro elemento que causa muita confusão para ser considerado Dark Fusion é trabalhar com uma linha narrativa, interpretando personagens e contando histórias.  Isso não é uma característica exclusiva desse estilo, mas sim uma das propostas do próprio Tribal Fusion, desde a Jill Parker (pioneira do Tribal Fusion, que inclusive, chamava sua dança de Theater Belly Dance).

Hölle Carogne: Acho que são impulsos diferentes que movem o bailarino a optar por uma via mais obscura ou seguir pelo terreno do Tribal Fusion. Tecnicamente, o limiar entre um e outro pode ser muito estreito/invisível. Mas a visceralidade e o conflito interno trabalhado vai te guiar para um caminho além do Tribal.

3. As pessoas enxergam o Dark Fusion como uma coisa muito caricata, como usar preto, colocar uma música pesada, botar chifres, tem que fazer cara de mau...Isso é Dark Fusion?

Aerith: Sobre a questão do caricato, de uma forma geral, quando você não tem uma vivência, uma experiência ou um conhecimento aprofundado sobre um assunto e você traz um personagem ou uma persona só para "causar" com um figurino trevoso, vai soar esquisito de uma forma mau executada, como se você quisesse vestir uma fantasia de Halloween. Se você não é honesto com sua proposta, não sendo verdadeiro com aquilo que você vai levar no palco, ou seja, não somente com seus sentimentos, emoções e experiências vividas, mas também na questão de não estudar, pesquisar e se aprofundar no tema que você quer abordar, a performance vai se esvaziar e se tornar algo esdrúxulo.

O figurino nunca deve ser o foco da sua apresentação. Ele é um acessório e serve para apoiar o que você vai interpretar em cena. A cor preta não representa o estilo Dark Fusion, pois você pode dançar de branco, vermelho, dourado ou até pelada (hahaha) e o importante é sua entrega no palco, sua corporeidade e trazer esse lado sombrio para compartilhar com o público.


Hölle Carogne: Na minha opinião, para ser Dark Fusion tem que ter uma estética dark. Mas isso não significa que precise ser caricato, bem pelo contrário. Um trabalho de DF pode ser feito sem preto/chifre, desde que este sentimento grotesco seja compartilhado com o público de alguma forma. O caricato acontece muitas vezes, por falta de experiência do bailarino e por possíveis falhas na hora de tentar vivenciar em cena um certo aspecto/sombra/conflito/trauma/arquétipo. Um mergulho verdadeiro dificilmente deixa a desejar.

4. Diferenças entre Dark/ Metal/ Gothic/ Rock Fusion e Metal/ Rock/ Gothic Bellydance .

Hölle Carogne: Uma é fusão de dança do ventre com musicalidade e estética específica (rock/metal/gothic), outra é fusão de tribal com musicalidade e estética específica (rock/metal/gothic), e outra muito diferente é o Dark Fusion (que independente da escolha musical e estética), deve conter este mergulho interno e trazer para o palco esta visceralidade, podendo causar sentimentos profundos em si mesmo e no público.

Aerith: Bom, sobre o Dark Fusion, acredito que estejamos explanando sobre o assunto ao longo de todo o post, então vou "pular" essa parte hehehe.

Gothic Bellydance (ou "Raks Gothique") seria todo o universo que engloba a dança do ventre (nos formatos oriental, tribal e folclórico) com a sub-cultura gótica. Tal movimento pode ser notado a partir da década de 90, ao redor do mundo. Uma das primeiras bailarinas do estilo e que tem uma pesquisa profunda no assunto é a Tempest (EUA), que desenvolveu em 2003 o site http://gothicbellydance.com/ com artigos e informações importantes sobre o estilo. 

Retirando e traduzindo um trecho muito interessante do site da Tempest ( e que não vale somente para a sub-cultura gótica, mas para qualquer assunto que você for desenvolver no palco):


"Uma pergunta comum é: você tem que ser gótico para dançar gótico? A resposta curta é não - MAS o dançarino deve ter uma forte compreensão da cultura gótica - assim como alguém estudaria a cultura por trás de qualquer gênero de arte. Pode não estar enraizado em um país, mas definitivamente possui todas as qualidades de uma identidade cultural e pode ser estudado com grande detalhe por meio de literatura, arte e música. Não entender a cultura, ou nem mesmo tentar fazê-lo, embora afirme realizar o Gothic Belly Dance, é o equivalente a zombar do credo ou do passado de outra pessoa. A Dança do Ventre Gótica não é "brincar de se vestir" ou "parecer estranha". É sobre a expressão do seu eu mais sombrio, descobrindo sua alma em uma performance de dança teatral.

Deve-se notar que a maioria dos dançarinos do ventre góticos conhecidos estão extremamente familiarizados com a música e os movimentos tradicionais de dança do ventre, e consideram esse gênero de dança uma exploração adicional do talento e dos interesses apaixonados."

http://gothicbellydance.com/defined.html

Apesar de, na minha concepção pessoal, o universo do Gothic Bellydance ser divido em Dança do Ventre Gótica propriamente dita (aquela que pega a técnica da dança do ventre tradicional com a estética gótica), Gothic Fusion e Dark Fusion, para as bailarinas norte-americanas, que divulgaram massivamente o estilo, principalmente com os DVD's Gothic Bellydance "The Darker Side of Fusion" (2006) e "Revelations" (2007), para elas tudo é a mesma coisa, não há essa distinção.

Abaixo, algumas das principais praticantes da Dança do Ventre Gótica:


BLANCA (EUA):




JENIVIVA (EUA):

Nota: Infelizmente, a bailarina Jeniviva faleceu em 2011, por conta de um acidente.



TEMPEST (EUA):


Já o Gothic Fusion, para mim, é a quando você busca uma estética, musicalidade, conceitos e uma proposta gótica atrelados à técnica do Tribal Fusion.


ARIELLAH (EUA)


MAVI (EUA)



SASHI (EUA)



TEMPEST (EUA)




Metal (Fusion) Bellydance não tem nada a ver com o Gothic Bellydance, mas ambos estariam dentro do universo das "fusões" alternativas. E, podemos ver apresentações de Dark Fusion com músicas de rock e metal. Por isso, ao meu ver, o Dark Fusion não é um sub-estilo exclusivo do Gothic Bellydance. 

Um outro exemplo que podemos ver disso é o estilo Dark Fusion do Sombras Tribal, companhia dirigida pela Akzara, com núcleos na Venezuela e agora em Madrid, Espanha. No estilo Sombras, elas fusionam o Tribal Fusion, Hip Hop e Dança do Ventre com a musicalidade pesada do Rock e Metal. 

Ou seja, quando usamos o termo "Metal/ Rock Fusion", geralmente queremos dizer que é uma proposta com uma música de metal/rock com uma estética  headbanger (ou mais dark) associada à técnica do Tribal Fusion. "Metal Bellydance" já seria algo mais voltado para a técnica da dança do ventre com esse lado mais underground. Contudo, é muito comum as praticantes desse gênero mesclarem elementos do Tribal Fusion, tendendo a uma estética e movimentos mais usuais da dança do ventre convencional. Então, de uma forma geral, chamam de "Metal Bellydance" por ser um termo mais abrangente.

AKZARA (Venezuela)


DIANA BASTET (Ucrânia)




KAHINA BELLYDANCE (SP/ Brasil)

Bailarina de dança do ventre realizando uma fusão dentro dessa proposta.


KAHINA SPIRIT (Portugal)

| Entrevista no Blog | 

KAMBRAH (México)


LORYEN ZEYTIN (SP/ Brasil):

Bailarina de dança do ventre realizando uma fusão dentro dessa proposta.
| Entrevista no Blog |

MAHAFSOUN (Canadá)


NATÁLIA PIASSI (ES/ Brasil)


Bailarina de dança do ventre realizando uma fusão dentro dessa proposta.


NYX NAMOR (EUA)



RHADA NASCHPITZ (RJ/Brasil)



Quando você começa a sair muito da técnica do Tribal Fusion e ter uma maior teatralização ou até mesmo mais elementos de outras técnicas de dança, como butoh, contemporâneo, hip hop, etc, que tenham pouco ou, às vezes, absolutamente nada de vestígios da dança do ventre Tribal, você começa a trabalhar no universo livre das fusões experimentais (deixando claro que as fusões experimentais não são exclusivas do 'Dark').


É importante esclarecer que uma mesma bailarina, por mais que o trabalho dela seja representado por um estilo (como no nosso caso, o Tribal), ela pode passear entre outras  linguagens e possibilidades de dança... e até mesmo artísticas, não sendo considerada Tribal Fusion. É muito comum as pessoas confundirem e jogarem tudo que é exótico, diferente e mais teatral para a "caixinha" do Tribal Fusion e/ou Dark Fusion. E não é assim. Aquela bailarina não é única, exclusiva e estática de uma modalidade de dança e estilo. Falando agora de Tribal, de uma forma ampla, você vai encontrar referências internacionais saindo de suas "caixinhas" e inovando, elas fazem isso porque, ora, o corpo precisa falar mais alto e temos a necessidade de nos expressarmos com a linguagem que está mais latente naquele momento. Nem sempre a performance daquela bailarina icônica de Tribal Fusion vai ser uma performance de Tribal Fusion. Abaixo, vou  citar alguns exemplos de bailarinas que sempre estão fazendo fusões mais experimentais e geralmente se chamam de "fusion dancer" (eu chamo carinhosamente de 'fusionistas" hahaha).


AMY SIGIL (EUA)


MICHELLE SORENSEN (EUA)

PINY ORCHIDACEAE (Portugal)


VIOLET SCRAP (Itália)


ZOE JAKES (EUA)



Quando a performer mantém um lado mais obscuro, trabalhando ainda com a proposta de Dark Arts e outras linguagens, saindo muito da técnica do Tribal Dark Fusion temos algo que soe como "Experimental Dark Dance", pois a expressão evoca esse lado sombrio, mas a fusão trabalha com outras linguagens artísticas.




ALONDRA MACHUCA (Chile)




ASHARAH (EUA)

 


HÖLLE CAROGNE (RS/ Brasil)






IDHUN (Espanha):


LELYANA STANISHEVSKAYA (RÚSSIA)



LONG NU (Argentina)

MARIANA MAIA (SP/Brasil)



RAVEN EBNER & EGO UMBRA (EUA):





SABA KHANDROMA (Argentina)




SHAKRA DANCE CO. (USA)


TRIUM PARCAE (BÉLGICA):



Vou transcrever uma reflexão que a Hölle fez na live sobre a parte que conversamos sobre fusões experimentais e acho interessante compartilhar aqui nesse post:

"Em nenhum momento do início da minha carreira eu olhei para o meu trabalho e falei "Cara, eu faço Dark Fusion!" ou "Eu vou fazer uma coreografia de Dark Fusion!" Eu nunca olhei para o meu trabalho dessa forma encaixotada, pensando em enquadrar em algum rótulo. Apesar de eu ter como foco de estudo o Tribal há muito tempo, quando eu me expresso com a dança, dificilmente sai Tribal no meu corpo...sai muitas outras coisas. Eu normalmente tenho muito mais esse tipo de trabalho experimental ou com dança-teatro ou fusão com butoh...coisas que não são e que não vai ter a estética do Tribal. E mesmo assim as pessoas começaram a "rotular" o meu trabalho como "Dark Fusion". Foi a partir do olhar alheio que eu me descobri como uma bailarina de Dark Fusion. Então, fica esse questionamento também: até que ponto esse rótulo "Dark Fusion" tem que estar realmente agregado com a técnica do Tribal, se ele está se comunicando com o público de outras formas. Se ele está levando essa mensagem, dentro do 'Dark', sem esse "apego". 

5. Elementos para que uma performance seja considerada de "Dark Fusion".

Aerith: Dark Fusion é um sub-estilo dentro do universo do Tribal Fusion. Observamos uma maior presença de palco da bailarina, que evoca maior força, expressividade, teatralidade, dramaticidade, uma linguagem corporal mais profunda e um olhar penetrante,  conectando-se profundamente com o íntimo do seu público, hipnotizando-o, aproximando-o da proposta que o artista se propôs em desenvolver. 

O  termo "Dark" tem a ver com o lado mais sombrio, não ocultando-o do mundo, mas sendo honesto, verdadeiro com os sentimentos mais obscuros do ser humano, exteriorizando, evidenciando suas experiências, sua psique; a visão do artista que trabalha com esse sub-estilo é ver beleza no trágico, no bizarro, sob um ideal de contracultura.

Hölle Carogne: expressão, emoção, teatralidade, visceralidade, verdade.

Abaixo, um trecho que a Hölle comenta na live e que dialoga com essa questão:

"Pra ser Dark Fusion, tem que ter uma estética 'Dark'. Eu gosto muito de relacionar o Dark Fusion com a Dark Arts. Então, eu só me comunico com o público e eu faço com que o público compreenda esse "algo grotesco" que mora em mim se eu dou a ele algum tipo de material de palco que vai fazer ele sentir isso.

Então, por exemplo, eu quero fazer um trabalho de Dark Fusion falando sobre a minha depressão. Se isso é algo extremamente denso pra mim, mas eu vou para o palco levando uma coreografia super leve, com um figurino super bonito, demonstrando para o público algo suave, não vai ser Dark Fusion, pois eu não vou estar demonstrando pro público essa angústia que mora em mim. Então, pra ser Dark Fusion, precisa ter o elemento Dark. Precisa compreender o trabalho performático como algo grotesco, como algo sombrio. A arte, no momento que a gente pare, ela deixa de ser nossa e ela vai comunicar com o público como ela quiser. O público vai entender, vai interpretar muito mais de acordo com a vivência pessoal dele do que ele vai saber exatamente do que a gente tá falando. O público vai olhar um  trabalho sobre depressão e vai associar com algo que é interno, mas que é dele. 

Pra mim, pra ser Dark, precisa sim ter esse mergulho interno, sobre algo obscuro que a gente quer trabalhar, mas também a gente tem que dar a possibilidade para o público entender que é Dark. Isso não significa que tem que ter chifre, que tem que ter preto. Às vezes é uma questão da movimentação ou da expressão de agonia, ou de dor, ou de sofrimento que vai tentar passar pro público que é algo Dark, que é algo da Sombra, que é algo desse lado nosso que as pessoas tendem a ocultar. E que no Dark a gente não quer ocultar, a gente quer compartilhar."



6. Ícones da cena mundial:

ARIELLAH (EUA):


| Entrevista no Blog|


AEPRIL SCHAILE (EUA):




AKZARA (VENEZUELA):


ALICIA BELLYCRAFT (EUA):




ASHARAH (EUA):


BELLADONNA (EUA):


BEX (UK):



DARK STAR (UK):



GIOIA SAMARA (ITÁLIA):



IDHUN (ESPANHA)




IMAN NAJLA (ARGENTINA):


DELIRIUM (ESPANHA)


ETHEL (RÚSSIA):




LONG NU (ARGENTINA):



MARJHANI (USA)




MORGANA (Espanha)




SABA KHANDROMA (ARGENTINA):

| Entrevista no Blog |


SASHI (EUA):




SCATHA BELLYDARK (CHILE):



SERA SOLSTICE (EUA):





6. Quero aprender.

Oba! Experimente,tendo sempre responsabilidade psicológica e espiritual, pois o processo de mergulho interno pode ser muito doloroso. Converse com professores responsáveis e que tenham vivência/experiência com este formato.

Caso você não encontre uma professora de Dark Fusion na sua região, entre em contato com a gente, pois podemos orientar qual é a mais próxima de você. 

Conheça algumas bailarinas da cena nacional de Dark Fusion:


Aerith (PR)



Aline Bulkan (SC)



Aline Pires (SC)



Anath Nagendra (RS)


Annamaria Marques (MG)

| Entrevista no Blog |


Camila Middea (RJ)


Carol Freitas (DF)


Crys  Eda (SP):

| Entrevista no Blog |


Gabriela Miranda (RS) 
NOTA: Atualmente, a Gabriela se aposentou como bailarina profissional, não sendo mais ativa na cena.

| Entrevista no Blog |


Gilmara Cruz (SP)


Hölle Carogne (RS)
Honora Haeresis (CE)


Irene Rachel Patelli (SP)


Jhade Sharif (RJ)


NOTA: Atualmente, a Jhade não reside mais no Brasil.

Kilma Farias (PB)
Lailah Garbero (MG)




Mariana Maia (SP)


Paula Braz (SP)

| Entrevista no Blog |


Renata Violanti (RJ)


Rhada Naschpitz (RJ)
Rossana Mirabal (PR)

| Entrevista para Blog parceiro |


Shabanna Dark (DF)

| Entrevista no Blog |


Vanessa Liddell (RJ)



Yiskah Lilith (CE)


Na coluna Venenum Saltationes da Hölle Carogne, você também encontrará informações que dialogam com o universo do Dark Fusion.

[Venenum Saltationes] Chifres - O uso como acessório no Tribal Fusion

por Aerith Asgard & Hölle Carogne

Zoe Jakes (EUA)

Talvez muitas pessoas não saibam, mas, apesar de morfologicamente parecidos, chifres e cornos são estruturas diferentes. Apesar disso, tais "apêndices cranianos"  possuem funções semelhantes, como  defesa contra predadores, reconhecimento social, apresentação sexual e disputa entre os machos por fêmeas e território.



Os chifres são estruturas revestidas por uma camada de pele altamente vascularizada, chamada "veludo" . Estes se ramificam, caem e crescem anualmente. 

A troca do chifre acontece quando este torna-se “maduro”, havendo a interrupção da circulação no veludo. Dessa forma, tal estrutura "morre", cujo "veludo" se desprende dos chifres, deixando o osso exposto. Então, o chifre cai e outro nasce no lugar, sendo acompanhado por uma nova deposição de camada de veludo. A cada troca, aparece um ramo adicional, até chegar à galhada típica do adulto.  

E F G H I- desenvolvimento dos chifres em cervídeos

Apesar dos chifres serem encontrados na maioria dos machos dos cervídeos, estes também estão presentes nas fêmeas de renas e de alguns caribus.

Ex: cervídeos. 


Enquanto que os cornos são estruturas cônicas e pontiagudas, ocas, queratinizadas e permanentes encontradas, geralmente, em ambos os sexos (pode variar em algumas raças) de  ungulados artiodáctilos (ordem de mamíferos biungulados com um número par de dedos nas patas). Estes se formam e se projetam ao redor dos "processos cornuais", localizados no seio frontal do osso frontal e crescem continuadamente, não são trocados ao longo da vidamudando de tamanho, forma e curvatura, de acordo com a idade, sexo, raça e espécie de ruminante. Dentro dos cornos há três tipos de tecidos: conjuntivo fibroso, adiposo e cartilaginoso. 


Existem diversos tipos : grossos, largos, enrolados, em espiral, entre outros. A morfologia dos cornos podem ser circular ou oval, no caso dos bovinos. Os ovinos possuem um formato triangular; e caprinos possuem uma forma oval. 



Além disso, em cabras e bodes, há outro anexo cutâneo, conhecido por "glândulas sebáceas dos cornos", que se encontram caudomediais à base, cuja função é de atração sexual, sendo o odor mais forte nos machos.

Glândulas sebáceas dos cornos em caprinos


Ex: bovinos, caprinos, ovinos, veados, antílopes, cobras, girafas (coberto por pele - ossicones),  rinocerontes ( completamente queratinizado),  são alguns dos animais que possuem chifres.





Exceções:

Algumas estruturas de chifres e cornos são exceções aos padrões  de tais apêndices, como no caso das girafas e rinocerontes

Apesar de serem mais parecidos visualmente com os chifres, a estrutura no topo da cabeça das girafas são cornos, conhecidos pelo nome de "ossicones", que apresentam uma formação e constituição diferenciada dos demais cornos. Ossicones estão presentes no nascimento, mas não estão presas ao crânio para evitar lesões no nascimento.  O desenvolvimento dessas estruturas não ocorre a partir do osso frontal, e sim de um osso à parte, através de suturas entre os ossos frontais e parietaisque se fundem ao frontal durante o desenvolvimento e, depois disso, acontece o depósito de pele e pêlos,  e não de queratina como acontece com a maioria dos casos.

Outro tipo diferente de corno é o do rinoceronte, que não é pareado, e sim, único, cuja composição é apenas de queratina. Além disso, não se desenvolverem no topo da cabeça como a maioria desses animais, mas na linha média da região do nariz. 



Significados Ocultos / Simbologia:
Símbolo fálico que representa força, poder, fecundidade, elevação, prestígio e glória. No Egito simbolizava “abrir caminhos”. No altar israelita, significa a onipotência de deus. Para os gnósticos é símbolo de maturidade e a perfeição de todas as coisas. Para os chineses, simboliza prosperidade. Na psicanálise, é símbolo de equilíbrio e maturidade psíquica. 
Nas regiões sírio-fenícias e na mesopotâmia antiga a coroa de cornos era atributo dos deuses. No Avesta é narrado que nos cornos do antigo deus persa da vitória (Verethragna) se manifestava a força divina. Soberanos helenísticos (Alexandre Magno, Seleuco) mandavam cunhar sua efígie em moedas, ostentando cornos na fronte. 
Também no velho testamento o chifre aparece como símbolo do poder (Sl 148,14; Jr 48,25; Sl 17,3). Por vezes designa os braços transversais da cruz cristã e colocados em altares são intermediários entre deus e o homem (Ex 3,10).
Também a simbologia lunar está presente, sendo que ambos os chifres podiam transformar-se no símbolo da lua crescente e minguante. No Rigveda (7,55,7) a lua é designada como “touro de mil cornos”. Por outro lado os chifres de touro, búfalo, carneiro são o local mítico de nascimento do sol (pinturas em rochas no norte da África); um mito egípcio narra como Hátor (a deusa-vaca) transportou a criança-sol em seus cornos para o céu. O significado apotropaico de soprar a corneta (como em Heimdall) está relacionado com a luz que vence as trevas. O chifre pode também remeter à abundância da colheita (cornucópia) e à fertilidade animal, tendo sentido fálico possivelmente já no relevo em rocha pré-histórico da chamada Vênus de Laussel.
Cornucópia: Um chifre cheio de flores ou frutos, pertencente originalmente à Cabra Amaltéia. Símbolo da fertilidade e da abundância na Antiguidade, atributo das divindades da terra (Gaia), da paz (Irene), da riqueza (Pluto) e do destino (Tique). Desde a Renascença, a cornucópia é um conhecido símbolo de sorte. Na representação das estações, é atribuída ao outono.
Maria Bonaparte chama a atenção para o fato de que, em hebraico, “queren” quer dizer, ao mesmo tempo, chifre, poder, força. O mesmo acontece com o sânscrito “linga” e com o latim “cornu”. O chifre não sugere apenas a potência, pela sua forma; pela sua função natural, é a própria imagem da arma poderosa, potente (em gíria italiana, o pênis se diz “corno”).
Segundo uma lenda peul, a envergadura dos chifres nodosos do bode mede a sua virilidade (HAMK, 17).
Na tradição celta, por duas ou três vezes, os textos mitológicos ou épicos mencionam um personagem, Conganchnes, “o de pele de chifre”, totalmente invulnerável, salvo na planta dos pés (OGAC, 10, 375-376). O chifre simbolizaria neste exemplo, por sua dureza, uma força defensiva, como o escudo.
Os cornos, na análise contemporânea, são considerados também como uma imagem de divergência, podendo, como o forcado, simbolizar a ambivalência e, no mesmo contexto, forças regressivas: o diabo é representado de chifres e com cascos fendidos. Mas por outro lado os chifres podem ser também um símbolo de a bertura e de iniciação, como no mito do carneiro de tosão de ouro, por exemplo. 
C. G. Jung percebe outra ambivalência no simbolismo dos chifres: eles representam um princípio ativo e masculino pela sua força de penetração; e um princípio passivo e feminino, por sua abertura em forma de lira e de receptáculo. Reunindo esses dois princípios na formação de sua personalidade, o ser humano assumindo-se integralmente, atinge a maturidade, o equilíbrio, a harmonia interior, o que não deixa de ter relação com a ambivalência solar-lunar.
O chifre (ou lua crescente) era o símbolo mais comum da deusa Astarte de acordo com o pesquisador de assuntos religiosos Jeffrey Burton Russell.
O Unicórnio, o Fauno, o Sátiro, Pan, Leshie, Minotauro, Cernunnos, Deus Khnum, Deus Cornífero e o Diabo são alguns dos seres mitológicos que ostentam chifres em suas frontes.


 Unicórnio - Arte de Anne Bachelier

Fauno - Arte de Carlos Schwabe 
Diabo - Pintura Medieval - Autoria Desconhecida



Estatueta de Astarte com uma touca com chifres, Museu do Louvre


O uso do acessório no Tribal Fusion :
Urban Tribal Dance Co., dirigido por Heather Stants, em 2001

Origem:
desconhecida.
Atualidade: A partir de 2011, com Zoe Jakes, o acessório se popularizou no Tribal Fusion, mas seu uso já foi identificado antes por outras companhias de dança.
A banalização de um símbolo em virtude da moda: Acontece, muitas vezes, de um determinado acessório ou objeto de cena ganhar repercussão entre a comunidade e acabar sendo usado apenas com intuito estético, o que não é errado, mas banaliza algo que poderia ser melhor investigado e trazer riqueza de enredo e conteúdo para a performance.
A importância da intenção ao se utilizar um objeto imbuído de valor simbólico: Um trabalho artístico ganha em intensidade e força quando o performer se dispõe a estudar e conhecer historicamente as origens dos apetrechos escolhidos para fazer parte da cena. Se conseguirmos responder a nós mesmos o porquê de usarmos tal acessório, conseguimos dar intenção ao trabalho, trazemos à tona as mensagens ocultas que aquele conteúdo simbólico nos provoca, e direcionamos energia psíquica para um fim além-dança. O acessório torna-se, então, ferramenta ritualística. 
Fotos:
Mariana Maia (SP)
Mariana Quadros e alunas (SP) - 2015
Long Naja (Argentina) - 2016

Al Málgama (RS) - 2016

Asgard Tribal Co. (PR) - 2018


Rossana Mirabal ( Venezuela/ Curitiba-PR) - 2019

Cia Ônix Tribal (PB) - 2020

Vídeos de performances com chifres:
INTERNACIONAIS:

- Zoe Jakes - EUA (2011):




- Anasma - EUA (2011):




- Kami Liddle no clipe "Cat Skillz" do Beats Antique - EUA (2012):




- Zoe Jakes - EUA (2013):




- Akzara - Venezuela (2014):




- Ambrosia - Eslovênia (2014):




- Ambrosia - Eslovênia (2014):




- Elizabeth Zohar Ensamble - Israel (2016):




- Ethel - Rússia (2016):



- Ethel & AnimA - Rússia (2016): 




- Saba Khandroma - Argentina (2016):



- Tash - Ucrânia (2016):




- Tribal Beat Dance Company (2016):




- La Catalina - Rússia (2017):




- Nefru Merit - Rússia (2017):




  - Tribal Pro. Triada.Almaty by Amina Rahman - Cazaquistão (2017):  




- Tribal Pro. Astana by Olga Meos - Cazaquistão (2017):




- Tribal Pro. Karaganda  by Elena Parfilova - Cazaquistão (2017): 




- Ethel - Rússia (2018): 



- Maureen - EUA (2018):




- Zoe Jakes- EUA (2019):




- Anima - Rússia (2019):



- Ethel (Rússia) & Moria Chappell (EUA) (2019):



- Ethel & AnimA - Rússia (2019):


- Triptych: BLOOD (The Battle) - EUA (2020):




NACIONAIS:


- Hölle Carogne - RS (2014):




- Bety Damballah - PR (2015):




- Mariana Quadros e Turma de Tribal Fusion - SP (2016):




- Izadora Ferreira - RS (2016):




- Camila Middea - RJ (2016):



- Irene Rachel Patelli - SP (2016):



- Mariáh Voltaire - PR (2016):




- Gilmara Cruz - SP (2017):



- Carol Freitas - DF (2017):




- Mariana Maia - SP (2018):



- Bia Vasconcelos - BA (2018):



- Marcelo Justino - SP (2019):




- Patrícia Nardelli - RS (2019):




- Cia Ônix Tribal - PB (2020):

Onde comprar:
Como fazer:


Bibliografia:
- Dicionário de Símbolos, O Alfabeto da Linguagem Interior – Maria Cecília Amaral de Rosa.
- Dicionário de Simbologia – Manfred Lurker.
- Dicionário de Símbolos – Jean Chevalier Alain Gheerbrant. 
- Urroz, Carlos. (S.f.). Elementos de anatomía y fisiología animal. 
http://sagradofeminino.saberes.org.br/







LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...