por Hölle Carogne
No dia 26/04/2015 tive o prazer
de assistir ao monólogo Lilith e é com muito prazer que compartilho com vocês
um pouquinho desta linda experiência!
Lilith, poema cênico criado por
Camila Diehl, do Teatro da Transcendência, teve sua estréia no ano de 2004 e
ressurge agora, em 2015, com o convite do Sesc para reapresentação em
comemoração ao mês da mulher.
Aqui você pode conferir o vídeo
de divulgação, com trechos do espetáculo atual: https://www.facebook.com/ estacaoculturatve/videos/ 805999079476272/
Na minha opinião, Lilith é um
espetáculo completo, por vários motivos:
1) Traz um texto super poético e
sensível.
2) Conta com uma linda trilha
sonora que combina com o tema abordado, dando uma aura densa e noturna à peça.
3) Traz momentos com canto
lírico, que impressiona o público e enriquece o personagem.
4) Além da excelente
interpretação, a atriz mostra uma grande experiência em dança, uma postura
impecável e um condicionamento físico invejável. A atriz usa técnicas de Butoh,
que torna o personagem mais delicado e profundo.
5) A atriz é linda! Tem um corpo
magro e definido (principalmente ombros e costas), a cabeça raspada e um rosto
delicado. Características estas, que dão ao personagem uma força dual; ora
feminina, ora masculina.
Obs.: Sei que a estética não é
importante para todos e que cada um enxerga a beleza de uma forma diferente. Abordei
a “estética” da personagem por dois motivos: sou uma devota da Beleza e achei
que a estética da atriz ajudou a compor perfeitamente o personagem.
6) O figurino é meio minimalista,
um tanto rendado, em tons pastéis... Os seios nus, como um belo pingente preso
ao peito, vêm para completar o requinte da roupa. O figurino dá um ar
“romântico” à personagem, mostrando um lado sensível e frágil da obscura
Lilith.
7) A forma visceral e sensível
que a atriz encarnou o personagem... Ah, foi de arrepiar!
Um dos maiores motivos de eu ter
ido assistir a esse espetáculo (além do fato de amar arte e me interessar 100%
pelo tema) foi o fato de “Lilith” ser um personagem que vem sendo trabalhado
por mim há certo tempo, em um duo com a amiga Patricia Nardelli. Fiquei muito curiosa quando vi o
anúncio do monólogo e quis ver como uma atriz interpretaria essa personagem tão
complexa. A interpretação é algo incrível!
Um mesmo personagem sendo entendido de várias formas, existindo através de
vários olhares...
A Lilith de Camila, diferente da
minha, traz algo de sensível e frágil e aborda conceitos que envolvem o “perdoar
a si mesma”. A personagem vista através dos olhos de Camila, reflete certa
docilidade e ingenuidade que encantam.
Lilith é uma personagem conhecida
por sua sensualidade e sexualidade à flor da pele. Mas ela sempre me pareceu
“mais bicho” do que “fêmea”. Como se essa sexualidade e sensualidade fosse
muito mais natural e carnal do que imaginamos ou experimentamos sendo mulheres.Essa noção de corporalidade
animal foi bastante abordada e foi aí que a atriz me ganhou, de vez!
Uma coisa é certa: Lilith vive!
Através da Camila, através de mim, através da Patrícia Nardelli, através de
você! Ela espreita a todas nós!
Fragmentos de Lilith:
“Lilith, a Lua Negra.
Deusa-demônio da noite que assombra as almas desesperadas, as almas sedentas de
luz. É a lucidez das trevas que me instiga a decifrar Lilith. Lilith é o mundo
obscuro, o inconsciente, o mistério. Lilith sou eu. Escrevo num fluxo, num
sonho, é ela quem fala no meu ouvido, balbucia frases, palavras soltas, geme,
pede clemência, implora perdão, solta uivos e berros, vira fogo, afunda-se na
água, tropeça na terra, toca o ar. Minha Lilith, meu céu, meu inferno. Os
elementos que ela traz consigo, seus símbolos, estão nas raízes do texto e na
estruturação da própria personagem. A noite. A lua. O vento. As asas. O cão. A
coruja. Escrevo sem regras, sem preconceitos, sem maldade alguma. Lilith
vive... E conta a sua história. Mulher, fêmea, cheiro de fêmea. É também a
busca do masculino, do encaixe perfeito que leva à redenção. Mas Lilith, dona
de sua própria clausura, não consegue se libertar de sentimentos negativos
devastadores. A coruja de grandes olhos não consegue enxergar a si mesma. Ela
não sabe que a completude do ser está na alma daquela que se perdoa.” Camila
Diehl
“Na busca pela corporeidade de
Lilith, o arquétipo da mulher indomada, a expressividade do gesto, a
musicalidade dos movimentos e o desenho corporal eram importantes para a
construção dramatúrgica da cena. Para isso, a desconstrução corporal foi
fundamental, permitindo novas possibilidades na construção expressiva da
personagem. A identificação da figura mitológica de Lilith com aspectos
primitivos e selvagens, somadas às informações como a beleza, a magia, a
sexualidade e o poder nos deram os subsídios necessários para a expressividade
corporal, necessária a personagem Lilith, na construção poética da cena.” Elid
Bittencourt
Ficha Técnica:
Texto e interpretação: Camila
Diehl
Direção: Elid Bittencourt
Música Original: Variações Sobre
a Noite – Luciano Leite Barbosa
Cenário: Júlia Diehl e Jonas
Ortiz Diehl
Figurino: Júlia Diehl
Pianista: Rebeca Dacoll
Iluminação: Giba de Oliveira
Programação visual: Camila Diehl
Fotos: Rubin Diehl Filho
Assessoria de Imprensa: Gaia
Comunicação
Produção: Camila Diehl e Alice
Diehl Teixeira
Aqui você confere o vídeo de
2004: