por Janis Goldbard
Esta pequena pesquisa tem a intenção de apontar artistas, movimentos artísticos e obras de artes brasileiras que podem ter influenciado estética e comportamentalmente o nosso modo de ver e expressar o Tribal Fusion.
Já vimos em A Influência Cultural Brasileira no Modo de Ver e Expressar o Tribal – parte 1 que a Semana da Arte Moderna (1922) foi um marco na história do Brasil e que, a partir daí, já não se concebe a arte como antes. Com a Semana da Arte Moderna, tudo passa a ser criticado e analisado sob diferentes pontos de vistas, e isso torna-se um ponto positivo para a busca da identidade artística brasileira. Vimos ainda que O Manisfesto Antropofágico (Oswald de Andrade), publicado em 1928, que começa a romper com todos os antigos condicionamentos e dá abertura a uma nova concepção da arte brasileira.
Neste artigo, proponho uma conexão histórica entre o cenário político do Brasil e o que estava acontecendo com a Dança do Ventre na mesma época que tenha tido uma relevância histórica.
No Cairo, a bailarina sírio libanesa Badia Masabni inaugura, em 1926, o Cassino Badia, que foi uma casa de entretenimento muito frequentada pela sociedade da época. Badia foi uma mulher à frente do seu tempo e que reestruturou a forma como era vista a Dança do Ventre no Cairo e no mundo. No processo dessa reestruturação, contratou coreógrafos ocidentais para ajudá-la nas coreografias, o que, consequentemente, influenciou as posturas das bailarinas - principalmente em relação aos braços, que a partir daí foram para a altura do peito. Badia contratou músicos com formação clássica que passaram a dividir o palco com as bailarinas.
Neste artigo, proponho uma conexão histórica entre o cenário político do Brasil e o que estava acontecendo com a Dança do Ventre na mesma época que tenha tido uma relevância histórica.
No Cairo, a bailarina sírio libanesa Badia Masabni inaugura, em 1926, o Cassino Badia, que foi uma casa de entretenimento muito frequentada pela sociedade da época. Badia foi uma mulher à frente do seu tempo e que reestruturou a forma como era vista a Dança do Ventre no Cairo e no mundo. No processo dessa reestruturação, contratou coreógrafos ocidentais para ajudá-la nas coreografias, o que, consequentemente, influenciou as posturas das bailarinas - principalmente em relação aos braços, que a partir daí foram para a altura do peito. Badia contratou músicos com formação clássica que passaram a dividir o palco com as bailarinas.
No Brasil, na década de 40, a dança moderna ganha uma grande
visibilidade, tornando-se, inclusive, disciplina curricular ofertada nas
universidades e que é concebida a partir das definições de Helenita Sá Earp, figura importante quando se fala de dança no
Brasil e que influenciou vários profissionais, disseminando assim suas
concepções artísticas.
Helenita Sá Earp
foi uma mulher ousada que, dentro de uma mentalidade militarizada, na qual o Brasil
estava inserido e com um padrão de movimentação rígida, conseguiu se expressar de
tal forma que passou a ser reconhecida como uma figura muito importante da
dança no séc. XX no Brasil. Ela formou uma companhia diferente de tudo o que se
estava acostumado a ver. O caráter pioneiro e inovador é indiscutível e sua
postura de vida era muito diferente do comum, não somente no que se refere à
dança. Helenita tinha uma
aproximação com a natureza muito orgânica e já falava da importância da boa
alimentação e a relação com o corpo, antecipando questões que mais à frente
seriam muito debatidas. O Tribal possui
muito desses conceitos.
Ainda na década de 40, a rádio estava em seu auge e passava a
influenciar o imaginário das pessoas, aproximando-as cada vez mais da
informação (lembrando que o mundo vivia sob pressão da segunda Guerra Mundial).
Materiais gráficos também passavam a entrar em circulação na intenção de
entreter e saciar a curiosidade em relação ao meio artístico, que ganhava cada
vez mais notoriedade.
Vamos para o outro lado do mundo novamente? As bailarinas de
Dança do Ventre da Era de Ouro (década de 40), como Samia Gamal, Taheya Carioca
e Naima Kaif, estavam fazendo seus
experimentos, agregando elementos até então não utilizadas na Dança do Ventre às
suas performances.
Taheya Carioca,
influenciada por seu derbakista, gostava
tanto do ritmo do samba que apoderou-se do estilo de tal forma que até mesmo
seu nome retrata essa fusão. Samia Gamal
optou pelo véu e o tornou bastante popular. Mais tarde agregou movimentos dos
ritmos latinos à sua dança. Naima Kaif
levou a dramaticidade e elementos circenses ao palco.
Às vezes essas associações podem não parecer muito enfatizadas
durante essas décadas, mas como não fazer uma analogia, por exemplo, da reestruturação
da cultura brasileira quando, depois d’O Manifesto Antropofágico, nos aparece Helenita Sá Earp com todo o frescor de idéias
novas e incorporações de conceitos, como hábitos de vida saudáveis e conexão
com a natureza? E quando percebemos que,
na mesma época, na Dança do Ventre, de onde parte toda essa nossa influência,
bailarinas tão inovadoras, que com certo sentido antropofágico, absorveram
culturas de outros países para reestruturarem e mostrarem uma nova expressão
artística dentro da Dança do Ventre?
Bom, o Tribal Fusion
tem essa proposta de mesclagem. Fazendo essas conexões, conseguiremos chegar ao
ponto em que o Tribal Fusion começa
a aparecer nas pesquisas sobre a história da Dança do Ventre no Brasil, mas
isso é para outro momento. Continuem acompanhando!
Texto - Janis
Goldbard
Edição de Texto – Samara Zegarra
Referências: