Nesse mês de julho temos como entrevistada a bailarina de Tribal Fusion Rebeca Piñeiro,de São Paulo! Muita simplicidade, filosofia de vida e muita experiência a compartilhar! Um caminho pelo tribal construído por alguém que tem muito amor e carinho pelo que faz. Vamos conferir?
*** Entrevista atualizada com novas perguntas! (11/10/2014)***
BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal;como tudo começou para você?
Eu estava muito cansada e deprimida com o meu trabalho na época e fui procurar alguma coisa para me distrair, foi quando pensei na Dança do Ventre para aliviar o estresse do dia a dia. Fui fazer uma aula experimental e pronto: não consegui pensar em mais nada a não ser dançar e, depois de 3 meses de aulas, pedi minhas contas no trabalho para poder estudar mais a dança. Realmente alucinei. Minha professora na época, Simone Martinelli me mostrou alguns vídeos de dança para que eu pudesse conhecer um pouco mais e, então, ví a Rachel Brice dançando. O estilo me despertou um “algo a mais" e, com a ajuda da minha professora, comecei a estudar o Tribal. Na época era muito pouco conhecido no Brasil e quase não tinha fonte de estudo, mas quem procura acha! E foi assim que, no final de 2005, o Tribal ganhou uma nova discípula e a Dança do Ventre uma eterna admiradora.
BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
Estudei com muita gente boa e cada profissional me marcou de alguma forma; todos foram essenciais e muito especiais, mas, algumas professoras ainda me acompanham em cada passo, como:
Simone Martinelli,minha primeira professora, por me incentivar desde o primeiro movimento e nunca duvidar do meu potencial; seus conselhos e didática ainda me acompanham em casa passo da minha carreira.
Roxanne Roundtree,que foi minha professora de ATS® nos EUA e me fez apaixonar por este estilo; além de ter sido muito amiga e ter me proporcionado excelentes experiências com a dança fora do meu país.
Mira Betz por me ensinar que o melhor que posso fazer por mim é ser eu mesma.
Lady Fred por me dar o mais
perfeito exemplo de que a humildade e simplicidade são realmente o melhor
caminho.
Carolena Nericcio por ser um exemplo de força, disciplina e coragem. Seus ensinamentos me acompanham todos os dias.
Rebeca e Kristine Adams |
BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Fiz ballet quando pequena e alguns anos de ginástica olímpica. Fiquei muitos anos sem dançar e só me movimentava quando saía para dançar Forró Pé de Serra na minha cidade. Depois que comecei a Dança do Ventre logo conheci o Tribal e, desde então, estudo apenas este estilo e suas fusões, como Dança Indiana, Flamenco, etc. Comecei a levar a dança a sério na fase adulta.
BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Comecei a me apaixonar pelo tribal com a Rachel Brice, logo conheci o trabalho da Ariellah Aflalo, Mariana Quadros e Shaide Halim,etc. Assistia todos os dias o DVD do BellyDance Supe Stars em Paris! Tinha pouco material para estudo e pouca informação; na época, me inspirava principalmente na dançarinas que citei. Hoje com mais amadurecimento e conhecimento sobre o estilo, me inspiro com tudo que é percebido por meus sentidos. Procuro me inspirar nas dançarinas que admiro, com o que sinto e penso sobre o mundo e sobre a vida. Uma foto, uma lembrança, um sonho, um sabor, um amigo... tudo é inspiração. Acredito que o artista precisa estar sempre alerta ao sutil da vida.
Tudo o que eu precisava, me completou. Sempre tive como objetivo de vida ser feliz no trabalho e na vida; ter uma rotina diferente a cada dia e planos que se renovam sempre; e a dança me proporciona isso. Dançar me trouxe estabilidade emocional, saúde, desafios, amadurecimento, sensibilidade, amigos e muitos sonhos realizados.
BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
Falando especificamente do Tribal Fusion, o que mais aprecio é a liberdade que o estilo nos proporciona para que, finalmente, possamos ser nós mesmos. O estilo tem suas regras como qualquer outra dança, mas, dentro disso podemos ser únicos sem precisar copiar; ter liberdade é uma vantagem.
No ATS®, gosto da idéia de que cada dança será única e improvisada. Gosto de como ele nos torna seres humanos melhores e de como ele traz união e diversão na dança. Considero o ATS® uma das mais incríveis
criações e tenho pra mim que se ele tivesse sido criado na mesma época que
o Ballet, hoje os dois seriam conhecidos e dançados pelo mundo
inteiro com a mesma importância.
Na dança como um todo, aprecio tudo. Acho belo; acho que une as pessoas; que nos traz benefícios físicos e mentais; que nos torna seres humanos melhores (na maioria dos casos); e que faz esse mundo "paradão" se mexer. É a união perfeita entre música e corpo. Acho essencial, acho necessário.
Ego, ganância e
falta de respeito. Acho que estes três fatores são os que mais prejudicam
qualquer estilo de dança, qualquer tipo de arte e qualquer momento da vida.
Acho que o Tribal, assim como qualquer outra dança, arte, ou carreira, corre o
risco de se perder por esses fatores. Algumas pessoas não se importam em cair
nesses erros, cada um tem suas escolhas. Para aqueles que não gostam de
conviver com o ego, a ganância e falta de respeito alheio, é preciso se auto
avaliar todos os dias e fazer escolhas das atitudes que dizem 'não' a essas
coisas. O mais importante é sermos exemplos das atitudes que julgamos ser
corretas.
BLOG: Você já sofreu preconceitos no tribal? Como foi isso?
Sim, já passei
por poucas e boas. No início da carreira pensava que não, mas hoje vejo que
sim. Muitas pessoas julgam minhas decisões com a escola, julgam minha paixão
pelo ATS®, meu estilo de dançar o Fusion ou o simples fato de eu não ter
tatuagens e um milhão de brincos na orelha. São tantas situações
preconceituosas que chega a fazer parte da rotina. Precisei aprender a peneirar
informações e ter plena consciência de cada esforço que fiz para construir
minha carreira e posso dizer de coração tranquilo que não foi preciso pisar,
julgar ou prejudicar ninguém. O Tribal tem crescido muito, logo, as chances das
coisas boas e ruins aparecerem são bem maiores.
BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Sim, muitas indignações e muitas frustrações que me serviram de aprendizado.
BLOG: E conquistas?Fale um pouco sobre elas.
Conquistei e realizei muitas coisas com a dança e foi um dos principais motivos que me fizeram amar cada vez mais dançar. Ter sempre um novo desafio, trabalhar para conquistá-lo e, por fim conquistá-lo, é viciante!
Viajar para dançar e ministrar aulas em
eventos importantes de todo Brasil; fazer o meu primeiro DVD didático na
Ventreoteca e ser colunista oficial da Revista Shimmie; levar o Tribal pra Khan El Khalili; ter minha escola de dança, alunas fantásticas, ótimas parcerias; meu
grupo de ATS® - Pashmina Tribal; trazer a Carolena Nericcio-Bohlman para o
Brasil. Muitas coisas boas acontecem em minha carreira e me sinto abençoada. O
melhor é que tenho muitos e muitos planos novos que me motivam a seguir em
frente.
Como citei acima, conheci o Tribal Fusion em uma das dinâmicas da aula de Dança do Ventre que eu frequentava há 3 meses. Desde estão, “viciei" e comecei a estudar o estilo. Na época não tinha como eu estudar com alguma profissional do estilo e investi em DVDs didáticos. O que mais me fez apaixonar pelo estilo foi o que tem por trás daquele monte de pratas e movimentos lindos. Foi quando fiquei sabendo que com este estilo eu poderia ser eu mesma, do jeito que quisesse, que poderia sorrir ou não sorrir, que poderia dançar um samba, um jazz, um rock, que poderia me vestir de mil formas, que poderia ser eu, me redescobrir e reinventar.
BLOG: Como é o cenário da dança tribal em São Paulo? Pontos positivos,
negativos, apoio da cidade, repercussão por parte do público bem como pela
comunidade de dança do ventre/tribal?
O Tribal em São Paulo está crescendo muito. Novos profissionais surgindo, novas escolas dedicadas ao estilo. É realmente muito bom saber que tantas pessoas estão conhecendo e se interessando pelo Tribal. Acredito que os pontos negativos de hoje serão arrumados com o tempo. O Tribal passou por uma explosão e agora está se acertando, e nós profissionais do estilo precisamos de um tempo para absorver tudo isso. Acho que falta união, mas como eu disse, acho que isso se arruma com o tempo.
O Tribal em São Paulo está crescendo muito. Novos profissionais surgindo, novas escolas dedicadas ao estilo. É realmente muito bom saber que tantas pessoas estão conhecendo e se interessando pelo Tribal. Acredito que os pontos negativos de hoje serão arrumados com o tempo. O Tribal passou por uma explosão e agora está se acertando, e nós profissionais do estilo precisamos de um tempo para absorver tudo isso. Acho que falta união, mas como eu disse, acho que isso se arruma com o tempo.
Em São Paulo é bem complicado conseguir apoio e patrocínio por ser extremamente
concorrido. Por isso, os eventos acabam sendo julgados como caros, porque não
existe patrocínio a tempo da realização do evento. Teatro, iluminação, fotos..
tudo por aqui é bem caro.
O público está crescendo e se envolvendo cada vez mais. Posso dizer apenas pela minha experiência, mas sinto os shows cada vez mais lotados, procura por aulas e workshops cada vez maiores.
O público está crescendo e se envolvendo cada vez mais. Posso dizer apenas pela minha experiência, mas sinto os shows cada vez mais lotados, procura por aulas e workshops cada vez maiores.
A Dança do Ventre está aceitando muito o Tribal. Muito preconceito era por falta de informação. O Tribal sempre tem espaço nos shows e escolas de Dança do Ventre, e estou muito feliz por sentir que as pessoas entenderam que se pode amar os dois estilos ao mesmo tempo! J
BLOG:Em busca de aprendizado na dança tribal, você viajou aos EUA e esteve com o grupo de ATS® HipNotic Rhythm, dirigido por Roxanne Roudtree, por 5 meses. Conte-nos como foi essa experiência. Você acha que esse contato foi determinante para um melhor compreendimento da dança e seu maior envolvimento para com ela?
Rebeca e HipNotic Rhythm |
Com certeza foi determinante! Fui aos EUA para trabalhar como camareira, aprender o idioma e,como estava no "país do tribal", aproveitei para procurar uma professora na cidade que eu morava ( Myrtle Beach - South Caroline). Cheguei nos EUA conhecendo mais sobre o Tribal Fusion, e na minha cidade encontrei apenas uma professora que ensinava o ATS®, não conhecia muito sobre o estilo, mas, resolvi aproveitar a oportunidade. Eu não fazia ideia do quanto seria importante para mim! Ao longo dos estudos, fui reconhecendo o Fusion em vários movimentos e descobrindo que o ATS® era realmente o início de tudo. Estudei por 3 meses, duas vezes na semana e no quarto mês fui chamada para me apresentar com elas em alguns eventos que aconteceriam nos próximos 2 meses. Foi incrível! Me apresentei com elas quatro vezes e dancei tribal fusion duas vezes também.Aprendi muita coisa nesta fase: aprendi sobre o ATS®, sobre a cultura norte americana (que sabe valorizar a arte bem mais que o Brasil) e aprendi que é importante sempre dizer SIM a qualquer tipo de aprendizado. Após estes 5 meses vivenciando o ATS®, precisei mudar de cidade e passei por muitas mudanças que não me permitiram estudar mais pelos EUA. Voltei para o Brasil depois de 7 meses e, então, arregacei as mangas e comecei a dar aulas. O estudo e experiência com o ATS® me deram uma base sólida para o Tribal Fusion, voltei com uma bagagem muito boa e pude compartilhar esses conhecimentos. Foi uma fase linda, determinante e que dá saudade.
BLOG Você foi uma das primeiras bailarinas do Brasil
a se envolver com o ATS®, por que
você começou a querer ou ver necessidade em se aprofundar no ATS®? Como eram as
informações sobre o estilo na época em que você começou a pesquisar? Como era
visto o ATS® naquela época e como hoje ele vem se apresentando na cena
brasileira?
Como comentei acima, aprendi o ATS® sem querer.
Diante de sua importância, passei a respeitar muito seus criadores e regras.
Adotei o ATS® como minha principal fonte de estudo por sentir seu real valor
para o Fusion. Quando voltei dos EUA, fiz workshops com Sisters Studio FCBD®
como Isabel de Lorenzo e Mariana Quadros. Poucas pessoas conheciam bem o
estilo. Estudei muito os DVDs do FCBD® e arrisquei dar aulas de ITS. Comecei a
juntar dinheiro para realizar meu sonho de me tornar uma Sister Studio (foram 3
anos juntando, o que me provou que quando eu quero, consigo;que fique de
exemplo para quem deseja realizar esse sonho também... J ). Em dezembro de 2012, consegui me certificar e
foi então que tomei uma decisão: eu quero o ATS® como meu estilo principal e
não apenas um estudo. Hoje dou apenas aulas de ATS® e foco meus estudos nele. O
Fusion se tornou minha segunda opção, eu amo dançar Fusion, mas o ATS® hoje é
meu foco. J O prazer que sinto ao dançar o ATS® é indescritível.
Hoje nós temos muitas Sisters Studio FCBD® espalhadas pelo país. Em São Paulo é
onde se concentra a maior parte delas. O ATS® está crescendo muito graças ao
esforço de todas, desde as pioneiras até as mais recentes.
BLOG:Como é fazer parte de um grupo de ATS®? Qual a importância que
você vê no ATS®?
Essa pergunta mexe com vários pontos!
Fazer parte de um grupo é muito desafiador e gratificante. É preciso muita calma, compreensão, atitude e senso de humanismo. Ser integrante é uma coisa; ser diretora é outra. Como diretora preciso estar sempre atenta a cada integrante, as dificuldades e vantagens de cada uma, saber ser dura, ser amiga, ser legal e chata. É um misto de bem e mal, alegria e tristeza, amor e ódio. Ser diretora não é a coisa mais fácil do mundo, mas as alegrias fazem valer a pena! Com os ensaios e o tempo juntas, criamos uma amizade muito legal, nos divertimos ao dançar e isso torna tudo mais gostoso. É impossível dizer que é “só flores”, mas é gratificante e uma escola de vida.
A importância que vejo no ATS® é imensa! Acho que o mundo da dança deveria conhecer este estilo, a forma de improvisar, a filosofia. Acredito que o ATS® será eterno e conhecido por todos assim como o ballet. O estilo tem a capacidade de nos melhorar como seres humanos, de nos dar saúde física e mental, de nos dar auto-estima, sentir viva, compartilhar momentos com pessoas, vivenciar danças únicas. É contagiante! Uma das melhores invenções do ser humano e sem ele o movimento "Tribal Fusion" não teria começado; ele é importante, essencial e óbvio para a história do Tribal Fusion.
BLOG: O seu primeiro grupo de ITS foi o Ulan
Daban. Conte-nos como surgiu o Ulan Daban, a etimologia da
palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo e se ele sofreu alguma
mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado até agora.
O Ulan Daban surgiu da necessidade de fazer uma apresentação na festa de final da escola que eu estudava dança do ventre. Convidei três alunas minhas na época para esse desafio e elas toparam. Seria a primeira apresentação de ATS® do Brasil! Ensaiamos e nos apresentamos depois de 2 meses. Nasceu então o Ulan Daban com a idéia de ser um grupo das minhas alunas de ATS®. Com o tempo algumas novas alunas entraram no grupo e algumas sairam, a responsabilidade ficou maior e as invenções começaram a aparecer e então, quando nos demos conta estavamos bem distantes do ATS® e resolvemos desenvolver o ITS para poder continuar com as criações do grupo. Hoje, o Ulan
Daban não existe mais. Quando
encerramos nosso ciclo juntas éramos em 7 integrantes. Foi um grupo bastante influente
e que ajudou a divulgar o estilo. Me sinto honrada e orgulhosa por todas as
fases do grupo. Um ciclo foi encerrado para que outro pudesse começar.
Rebeca e Ulan Daban |
O nome Ulan Daban surgiu durante um bate -papo com um amigo,o Estêvão. Eu disse que precisava de uma luz para o nome do meu grupo e ele sugeriu “Ulan Daban” , que é uma montanha que fica em Altai, um lugar entre a Rússia ,China , Índia e o Tibete. Gostei pelo fato de ser uma montanha que representa força, estrutura, terra, suporte, natureza, grandeza, beleza, etc , e por Altai ser berço de muitos artistas e poetas
incríveis.
O Pashmina Tribal nasceu em julho de 2013 e da necessidade de vivenciar mais o
ATS®. Me formei em 2012 e depois de arrumar todas as novas informações na
cabeça, senti que precisava de mais prática e de parceiras que me ajudassem a
concretizar meus estudos. Convidei para participar do grupo 5 amigas e ao longo
do tempo 3 saíram ficando duas pessoas muito queridas e respeitadas por mim,
Keila Andreozzi e Samra Hanan. Fiquei um tempo apenas com as duas e então,
chamei uma aluna que se destacou muito nas aulas e que havia se tornado uma
grande amiga, essa é a Elis Borges.Não tenho a intenção de novas integrantes
por enquanto. Quero colocar pessoas que se encaixem no perfil do grupo. Somos
amigas e leves umas com as outras, isso julgo muito importante.
Meu foco com o Pashmina é desenvolver o ATS®, praticar os passos e filosofias.
Desde que foi criado passou por mudanças positivas. Somos um grupo novo e
acredito que a nossa personalidade ainda está sendo descoberta. O que mais me
agrada é saber que o Pashmina é um grupo de amigas, que gostam de dançar, que
se respeitam e compreendem. Nossos ensaios são alegres, divertidos e
desencanados. Gosto de trabalhos onde a boa energia impera.
O nome Pashmina veio como inspiração nos tecidos que usamos para fazer o
turbante. Sou apaixonada por turbantes e o nome remete a essa paixão. Foi
escolhido em comum acordo entre as primeiras integrantes.
Pashmina Tribal |
BLOG: Você é produtora do evento Campo das Tribos que se destaca em São Paulo, além de ser um dos principais eventos de dança tribal do Brasil..Conte-nos como surgiu a idéia do evento, sua proposta e objetivos, organização e elaboração deste,bem como a repercussão do mesmo para a comunidade tribal quanto para seu público no país. O evento , desde 2012, vem trazendo bailarinos internacionais. Esses artistas comentam sobre as fusões brasileiras que assistem nos eventos? Qual a reação deles com relação ao Tribal realizado no Brasil?
A primeira
edição do festival aconteceu sem a menor intenção de ser algo grande e já se
chamava Campo das Tribos.
Foi realizado no sítio do meu pai, apenas para as minhas alunas e os convidados
delas; essa era a idéia: ser um evento das alunas, algo bem pequeno e íntimo.
Mas o boca-a-boca é realmente a melhor divulgação e recebi e-mails de pessoas
pedindo para ter um evento aberto ao público. Avaliei os fatos e percebi nossa
carência de eventos voltados apenas para o Tribal em São Paulo. Foi então que
respirei fundo e arrisquei. No mesmo ano fiz a segunda edição que foi
aberta ao público e contou com a presença de profissionais de São
Paulo e Rio de Janeiro e... cá estamos!
Agora não consigo (nem quero)
mais parar! A cada ano ganho mais apoio de amigos e parceiros que
fazem a diferença, e a experiência é a melhor amiga sempre. O Campo das Tribos
agora também recebe atrações internacionais e se preocupa em sempre dar espaço
também as profissionais do Brasil. Tenho o festival como um filho e gosto de
pensar nele, de realizá-lo , saber que ele traz alegria as pessoas,
conhecimentos, oportunidades e que de alguma forma contribui para o crescimento
do estilo Tribal.
BLOG:Em 2012, você abriu uma escola
voltada à dança tribal e suas principais fusões e bases. Como surgiu a ideia
deste empreendimento? Como é ver este sonho realizado? Qual está sendo o
retorno para com a escola? E quais suas perspectivas para o futuro com relação
a mesma?
Desde que
comecei a dançar tenho este sonho e, após 6 anos de experiência,
consegui dar este passo. Sempre quis ter algo meu, meu negócio, algo que
eu pudesse “fazer do meu jeito" e quis realizar esse sonho com a
dança, mais especificamente com o Tribal. Além do meu amor e
dedicação ao estilo, via a dificuldade que os interessados encontravam
para achar uma escola, uma professora, um workshop. Resolvi facilitar,
centralizar, ampliar, dar mais oportunidade ao Tribal de São
Paulo. Me alegra hoje poder realizar workshops com profissionais
incríveis do Brasil e exterior, aulas com diversos profissionais, selar
amizades, ser um "porto" do tribal em São Paulo. Quero que a escola
espalhe o tribal. Quando olho para trás e lembro do tanto de coisas que já
passei ao longo desse tempo, vejo que valeu a pena passar por tudo para
conseguir fazer algo baseado nos erros e acertos do passado,tratando os
profissionais com respeito, fazer com que as alunas se sintam em
casa e sempre estou com o olhar lá no futuro. Minhas perspectivas são
enormes, planos que não posso contar, idéias a desenvolver, erros a reparar e
muitas, muitas coisas a fazer.
BLOG: Em dezembro de
2012 você esteve em uma imersão na Califórnia a estudos pela dança tribal e por
sua certificação em ATS® com a criadora do estilo, Carolena
Nericcio. Gostaria que nos explicasse melhor sobre o processo de
certificação( e como se alcança o tão estimado selo de Sister Studio. E qual importância de
conseguir tal certificação, em sua opinião.
FCBD® Studio |
Sim! Foi uma das melhores experiências que tive na dança. Vivenciar a rotina do
estúdio de Carolena, fazer aulas com as integrantes do FCBD® foi sem dúvida
incrível.
O processo de certificação é dividido em fases. Primeiro é preciso concluir o
General Skills (hoje dividido em Clássico e Moderno) e depois fazer o curso
Teacher Training. Após ser aprovada, se desejar, poderá solicitar ser uma
Sister Studio FCBD®.
Ser uma Sister Studio significa ter acesso a fóruns de estudo fechados, ter
atenção especial do FatChance para te ajudar nas dúvidas e no que mais
precisar. Significa que você tem o aval de Carolena Nericcio para dar aulas do
estilo. Ser uma boa profissional do ATS® independe do seu certificado. Um papel
não define o quando você dança.
Para fazer os cursos é preciso ter conhecimento em ATS®; quanto mais melhor. São
aulas intensas e deixar para aprender o estilo apenas nesse curso é muito
complicado. O estudo após a formação é
essencial. O ATS® é uma dança nova e sua criadora está viva e inventando coisas.
É importante sempre se reciclar por que ele muda muito.
Rebeca e Carolena Nericcio |
Ter o certificado mudou muita coisa pra mim. Muitas portas se abriram. Vivemos
em um país onde um diploma conta muito e essa certificação nos coloca nesse
“padrão social”, mesmo pensando como eu disse acima: um papel não define a
profissional que sou.
Diante da minha experiência posso concluir que se formar em ATS® é fabuloso, mas compreendi que os estudos mais intensos começam após o curso.
BLOG: Além da certificação, como foi a experiência
em estar na Califórnia, berço do Tribal e estudar de perto com os principais
ícones da cena? Compartilhe conosco um pouco da sua viagem e experiência
=D
Rebeca e Zoe Jakes |
Foi uma experiência incrível estar no berço do Tribal, mudou minha forma de
pensar. Senti o quanto o Brasil se preocupava na época com rótulos e na
Califórnia elas simplesmente são. Isso me aliviou e compreendi que é o processo
natural das coisas.
Sister Studio do Brasil e FCBD® |
BLOG:Você é colunista da Revista Shimmie. Como surgiu tal oportunidade? Como
você seleciona os temas a serem abordados na revista e os desenvolve? Como você encara esse espaço na revista para cena tribal brasileira?
Encontrava sempre as diretoras da revistas nos eventos e começamos a conversar. A oportunidade surgiu desses momentos. A revista muda de colunista a cada ano. Antes de mim, a Kilma Farias escrevia pra revista. Hoje apoio e escrevo esporadicamente, como a Kilma. Meu ano como colunista já foi encerrado, mas continuo parceira da revista. Os temas são sugeridos por mim ou pelas diretoras, conversamos a respeito e então a matéria é feita. Se o texto é escrito pela revista, eu ajudo a avaliar antes da publicação. Fazemos um trabalho em equipe. Escolhia meus temas em cima das necessidades que eu julgava precisar de informação.
Encontrava sempre as diretoras da revistas nos eventos e começamos a conversar. A oportunidade surgiu desses momentos. A revista muda de colunista a cada ano. Antes de mim, a Kilma Farias escrevia pra revista. Hoje apoio e escrevo esporadicamente, como a Kilma. Meu ano como colunista já foi encerrado, mas continuo parceira da revista. Os temas são sugeridos por mim ou pelas diretoras, conversamos a respeito e então a matéria é feita. Se o texto é escrito pela revista, eu ajudo a avaliar antes da publicação. Fazemos um trabalho em equipe. Escolhia meus temas em cima das necessidades que eu julgava precisar de informação.
Eu gosto muito do espaço que a Shimmie dedica ao Tribal. Graças a ela conseguimos muitas coisas que agregaram ao nosso estilo através de suas divulgações. Como colunista e parceira, sempre me senti respeitada e valorizada pela revista e sei o esforço de sua equipe para abraçar o Tribal.
BLOG: Em 2014, você
lançou seu primeiro DVD didático de Tribal Fusion, através da Revista Shimmie e seu projeto Ventreoteca, que possui outros títulos
com bailarinas renomadas da dança do ventre nacional. Como foi fazer parte do
projeto Ventreoteca? Fale um pouco
sobre o tema do seu dvd. Seria um sonho muito distante termos um Box da Ventreoteca somente de tribal ou um DVD
performático só de tribal com nossas bailarinas brasileiras?
Foi um convite que me surpreendeu muito. Sempre fiquei tímida na frente das câmeras a ponto de fugir delas o máximo possível. Ao receber o convite me senti honrada e vi que não poderia deixar essa oportunidade passar pelo meu medo. Aceitei e deu tudo certo! Gostei muito do resultado final e de como as gravações foram conduzidas. Foi um projeto muito gostoso de participar.
O tema do meu DVD fala muito sobre o ATS®. Optei por colocar o título "Bases do Tribal Fusion" para abraçar a todos do Tribal. Antes de preparar o conteúdo, quis a aprovação da Carolena Nericcio para gravar os passos de ATS® no DVD, graças a Deus ela disse sim!
Sobre a Ventreoteca, somente Tribal não posso afirmar nada, mas muitos projetos grandes estão por vir. Algumas coisas precisam ser feitas antes, mas não é um sonho distante, talvez mais próximo do que pensamos! J
BLOG: Em
2015, o Festival Campo das Tribos estará recebendo pela primeira vez no Brasil a criadora do ATS®, Carolena Nericcio.A lém disso, será a
primeira vez que teremos o TT e GS por aqui, possibilitando e facilitando a
formação de mais Sister Studios brasileiros. Conte-nos sobre esse grande projeto! Como
estão os preparativos e expectativas para sua vinda? Como serão os workshops e curso
ministrado pela mesma? Alguma curiosidade sobre a vinda da Carolena?
Finalmente ela virá! J
Tento trazer a Carolena desde 2010, mas precisei consquistar sua confiança para ter o “sim” da tão esperada mãe do Tribal.
Confesso ter ficado com medo da repercussão. Cheguei a pensar que não teria procura. Mas aconteceu exatamente o oposto, as inscrições foram encerradas em um mês e recebi inscritas de toda America do Sul. Megha Gavin também virá com a Carolena Nericcio e ambas ficaram felizes com o interesse nos estudos do ATS®.
O que eu penso a respeito? Alguém tem que dar a cara a tapa. Trazer uma
profissional como Carolena não é fácil. Corro o risco de prejudicar minha
carreira caso algo não ocorra como o combinado, mas, decidi abrir mão desse
medo e somar o máximo que eu puder para o mundo Tribal.
Realmente estou muito satisfeita e feliz. Sinto que trazê-la irá facilitar
muito o acesso ao estudo. Sei o quanto tive que investir para estudar com ela
nos EUA. Não me preocupo em gerar concorrência, muitas pessoas me chamaram de
“sem noção” por abrir espaço para mais Sisters. Isso não é um pensamento Tribal
e eu seria egoísta se dissesse não a Carolena por esse motivo. Vou fazer minha
parte e cada um que faça a sua.
Os preparativos estão a todos vapor. Bolando show, organizando tudo que for
possível para que em abril esteja tudo certo.
Estou me dedicando muito para que todos se sintam bem com o evento. Como eu disse, dei minha cara a tapa, mas o mérito é nosso. Trazê-la soma pontos positivos para o Brasil, isso é muito valioso.
BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?
Gosto da liberdade de poder ser eu mesma, de poder criar, mudar, inovar. Gosto de toda sua história, acho incrível como tudo se desenvolveu e desenvolve. Gosto também de tudo que citei em uma das perguntas anteriores. =)
BLOG: O quê você acha que falta à comunidade tribal?
Estudo, humildade
e respeito.
BLOG: Como você descreveria seu estilo?
ATS® - American Tribal Style e Tribal Fusion
BLOG:Como você se expressa na dança?
Costumo sempre respeitar minhas fases e humor do dia. Tenho o péssimo hábito de escolher minhas músicas quase no dia da apresentação; sofro quando tenho que escolher com 3 meses de antecedência. Gosto de dançar improviso, de ser honesta com o que estou sentindo naquele momento, naquele dia, naquela hora. Acho que é assim que me expresso, de acordo com meu momento da vida, do meu dia. Gosto muito de dançar músicas lentas, dramáticas, e sempre acabo optando por elas.
Tenho muitos projetos em mente, mas só os tirarei da gaveta e revelarei mais pra frente. :)
BLOG: Improvisar ou coreografar?E por quê?
Para mim,
improvisar. Por que é desafiador, verdadeiro, único. Gosto do ATS® por isso
e sempre improviso nos meus solos de Fusion. Estudo muito a música, penso
em algum tema, ensaio as apresentações improvisando e marcando alguns
pontos que eu desejar e no palco é “seja o que Deus quiser”... isso me motiva.
Mas é importante saber coreografar e dançar coreografado também. Respondi de
acordo com o que mais gosto de fazer.
BLOG: Você trabalha somente com dança?
Eu trabalho com tudo que envolve a dança. Não tenho um segundo emprego, mas se for separar as atividades do que é trabalhar "somente" com dança, no meu caso, tenho muitas profissões: empresária, dançarina, professora, realizadora de eventos, secretária, administradora, faxineira, publicitária, marketeira, cozinheira...O bastante para cansar! hahaha.
BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.
Estude a ponto
de saturar-se;procure professores capacitados; seja "foda" no palco e
humilde fora dele, lembre-se que o ser humano é limitado e não há motivos para
"se achar", humilhar ou competir. Corra atrás do que deseja alcançar,
pule todo e qualquer obstáculo que aparecer. Mantenha o foco, seja forte, chore
quando sentir vontade, sorria para quem te ama e para quem você ama. Entenda
que é preciso compartilhar, entender e respeitar o tempo das pessoas
e o seu tempo. Doe-se sem restrições. Lembre-se que muitas vezes
é sábio voltar ao degrau de baixo que subir no tempo errado. Tenha calma,
espere o seu tempo de brilhar, não force ao mundo sua arte, se ela for
realmente boa, cedo ou tarde você aparecerá, só precisa seguir em
frente. Seja vivo, seja amor, seja alegria, amizade e forte, pois ser
grande e reconhecido requer muito talento para prosseguir e não é fácil, mas
muito, muito gratificante.
Tel/cel: (11) 9 7511-7924
Website: www.campodastribos.com.br
Obrigada Rebeca pela maravilhosa entrevista! Adorei!!!Muito mais tribal e realizações a você! Beijos!
ResponderExcluirRealmente, muito inspirador!
ResponderExcluirSenti-me honrada em participar desse meio com uma professora tão apaixonada e dedicada!