[Estilo Tribal de Ser] Alphonse Mucha e o Tribal: A Beleza como Inspiração

 por Vanessa Froese 
Colaboração especial para coluna Estilo Tribal de Ser
Coordenação: Annamaria Marques

No início de 2021, o Centro Cultural do Banco do Brasil realizou a exposição “Mucha, o Legado da Art Nouveau” no Rio de Janeiro. Como grande admiradora desse artista e sabendo de sua grande influência na estética do Tribal Fusion, visitei a exposição para conhecer um pouco mais seu trabalho e poder observar suas obras de perto. 

Como resultado dessa visita, compartilhei algumas fotos e informações da exposição nos meus stories do Instagram, fazendo um paralelo de alguns posts do Mucha com fotos de dançarinas famosas do Estilo Tribal. Por conta disso, a Annamaria Marques gentilmente me convidou para compartilhar um pouco dessas informações em sua coluna do Coletivo Tribal. Muito obrigada Anninha!!! ❤

De antemão gostaria de informar que não possuo formação em artes, mas irei compartilhar com vocês algumas das minhas pesquisas e observações, além de disponibilizar algumas fontes interessantes para quem quiser conhecer mais sobre esse grande artista.

Alphonse Mucha foi um artista tcheco considerado como um dos grandes expoentes da Art Nouveau do fim do século XIX, cuja obra influencia até os dias de hoje diversos artistas em diferentes partes do mundo.

Conhecido pela criação de seus cartazes de teatro, por seus anúncios de produtos e pelos designs elegantes de painéis decorativos, o artista tinha a beleza como princípio que fundamentava suas teorias e filosofias da arte, ficando especialmente conhecido por seus cartazes de figuras femininas, conhecidas como Musas.

Como legado de ideais do artista, quero chamar a atenção para um ponto que considero importante e que, na minha concepção, faz uma ponte direita para o que vemos nos palcos e para a expressão da arte no Estilo Tribal.

“Mucha acreditava apaixonadamente que a arte é um bem essencial à humanidade e que deveria ser vista, e apreciada pelo máximo de pessoas possível.” Para ele, o objetivo da arte é a expressão da beleza e a missão do artista é colocar beleza no mundo e despertar, com sua mensagem, o interesse do espectador, "comunicar-se com a alma do homem". Embora esse entendimento da arte não seja algo incomum, muitas dançarinas famosas do Estilo Tribal já citaram essa questão como inspiração para criação de suas performances e desenvolvimento de seu estilo como a própria Rachel Brice e Mardi Love (ver referências). 

Além disso, a partir dessa ideia, Mucha demonstrava uma preocupação significativa em democratizar a arte. Segundo o próprio artista: “Eu estava feliz por estar envolvido em arte para as pessoas, e não para salas de estar privadas. Era barata, acessível ao público, encontrando espaço tanto em famílias pobres como em círculos mais abastados.”¹   Mucha acreditava que belas obras de arte elevariam o moral das pessoas e melhorariam sua qualidade de vida. Portanto, ele também acreditava que sua missão como artista era promover a arte para pessoas comuns. Por essa razão, se envolveu na criação de painéis decorativos que seriam amplamente disponíveis ao público.

A partir dessas informações e do incrível trabalho do artista fica um pouco mais fácil compreender porque diversas dançarinas (especialmente de Tribal Fusion) já declararam que se inspiraram no trabalho do Mucha para compor a estética de sua dança. Essa influência fica especialmente clara ao observar os adereços de cabeça dos figurinos de Tribal Fusion, mas certamente não se limitam a apenas esse elemento. A sobreposição das flores, a diversidade e variedade de elementos, o caimento de alguns tecidos nos figurinos e em ensaios fotográficos e a própria postura das dançarinas em determinados momentos parecem ter como inspiração muitas das obras do Mucha.

Seguem abaixo algumas imagens de exemplo:





Rachel Brice e Zoe Jakes


Nagasita, por Christopher Perez



Não é possível saber quais trabalhos exatamente foram inspirados em que, mas acredito que essas imagens podem servir como parâmetro do quanto a estética da nossa dança foi influenciada também por esse movimento artístico e pelo próprio Alphonse Mucha

Dificilmente vocês encontrarão muitas fontes na internet que tracem esse paralelo, porém uma rápida busca no Pinterest apresentará uma série de adereços de tribal à venda com os títulos “Mucha” e “Art Nouveau”. 

Por último (e especialmente importante), gostaria de trazer algumas das fotos do ensaio incrível feito pela Cibelle Souza com o fotógrafo Tiago Lima, fortemente inspirado no trabalho de Alphonse Mucha. Observem que no caso dessas fotos lindíssimas, a Cibelle incluiu também a cauda de tecido para compor as imagens, elemento presente na série “As Artes” de Alphonse Mucha, composto por 4 litografias coloridas a saber: Dança, Poesia, Música e Pintura. 

As Artes (1898)


Quem gostou de conhecer um pouquinho mais sobre esse artista e quiser se aventurar em sua obra, deixo abaixo diversas referências de pesquisa, inclusive a exposição virtual que visitei e ainda está disponível. Recomendo muito, pois o trabalho de Alphonse Mucha é extenso e vai muito além dessa breve demonstração aqui apresentada.

Caso identifiquem mais algumas similaridades, por favor, compartilhem com a gente ;)


Fontes:

¹As citações diretas foram retiradas da exposição Alphonse Mucha: o legado da Art Nouveau.

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Estilo Tribal de Ser

Vanessa Froese (Rio de Janeiro-RJ) é professora e dançarina de Estilo Tribal de Dança do Ventre no Rio de Janeiro com registro profissional pelo SPDRJ (DRT 55966/RJ). Pós graduada em Dança e Consciência Corporal, ministra aulas regulares de Estilo Tribal de Dança do Ventre (Tribal Fusion) desde 2017.É integrante do grupo de FCBD® Style, Zaman Tribal sob a direção de Aline Muhana e, além de manter seus estudos regulares de Tribal Fusion e FCBD® Style, também se dedica ao estudo do Datura Style™ Belly Dance.
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Annamaria Marques (Belo Horizonte-MG)
 é bailarina, professora, produtora do festival Tribal Core, dona do atelier InFusion e diretora da Trupe Andurá de ATS® e da Tribo Dannan de Tribal Fusion de Minas Gerais.Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

[Resenhando-SP] Outono: Sonhos e Pesadelos

 por Irene Patelli


Show de aniversário!!!!!!! Nós amamos porque nada melhor que comemorar fazendo aquilo que mais amamos. Eu pelo menos sempre que posso comemoro assim o meu, rsrs.


Primeiro desejamos à Natália Espinosa toda felicidade neste novo ciclo e que venha cheio de transformações maravilhosas!!!!!


Esse show aconteceu online no canal do youtube da própria Natália nos dias 29 e 30 de maio e nos dois dias o evento esteve recheado de apresentações de alunas e convidadas. Eu gostei muito, cada apresentação cheia de personalidade e feitas com muito carinho. Umas mais poéticas, outras divertidas, umas mais obscuras, outras coloridas.Teve apresentação para todo gosto, foi lindo de ver.


Quem já gravou algum vídeo na quarentena sabe que não está fácil pois além de pensar em todo o figurino, maquiagem, acessórios, música e coreografia, agora a gente tem que pensar também no local de filmagem, luz, som ambiente (sim, eu já briguei um bocado com o carro do ovo e as motocas pipocando por aqui, rs), toda a personalização do ambiente, foco da câmera, direção de si e da pessoa que filma, etc. Uma loucura diga-se de passagem.


Neste show foi muito legal ver que a maioria estava em casa, foi uma delícia notar o cuidado de cada uma com tudo, iluminação, figurino, detalhes do ambiente e muito mais, as edições estavam pra lá de ótimas, os cortes, as escolhas de música, as coreografias, desde a mais simples a mais rebuscada, foi muito bom. Fiquei encantada que até pijama foi usado de figurino, a criatividade imperou nesse evento.


Tenho que parabenizar a todas, alunas e convidadas, foi realmente muito bom!


Recomendo que assistam esse evento que foi feito com muito apreço, vide vídeo final das alunas de FCBD da Natália, foi muito lindo ver cada uma na sua casa mas juntas em energia, vibração.

A primeira parte do show contou com:


Helena Amynthas, Lenice Honorato, Isabela Antonelo, Thyara Matos, Márcia Fazion, Laís Belini e Aerith.

Aline Yuki, Ana Luiza Amaral, Jessie Ra’Idah, Larissa Caetano, Gabriela Rodrigues e Paula Braz.



A segunda parte com:


Aline Pires, Mônica Mendes, Bia Mota, Annamaria Marques e Diana Vasconcelos.

A aniversariante e anfitriã do show: Natália Espinosa



Larissa Holland, Carmilla Melusina, Karen Dias, Mari Garavelo, Mariana Quadros, Luisana e Aline Muhana



E as alunas da Natália Espinosa com FCBD₢:





Quem perdeu é só clicar no link e assistir as apresentações dos dois dias:


Parte 1:


Parte 2:




E é isso! Vacininha chegando e torcendo muito para em breve estarmos festejando todes juntos novamente.


E não esqueça de acompanhar as matérias super interessantes das várias colunas do Coletivo Tribal nas redes sociais.


Beijos e até o próximo Resenhando-SP!

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Resenhando-SP


Irene Rachel Patelli (São Paulo-SP) é técnica em dança formada pela Etec de Artes/SP, coreógrafa, bailarina/dançarina, performer, professora de tribal fusion, dark fusion e ATS. Formação em yôga, pesquisadora de ghawazee e zaar. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>

[Venenum Saltationes] Dark Cabaret - Casa 12

 por Hölle Carogne

 

Em 15/08/2020, estreou (no formato online) a 6ª edição do evento Dark Cabaret.

Dark Cabaret é um espaço voltado para a performance ritual, encabeçado por Bianca Brochier, Hölle Carogne e Patricia Nardelli (ambas de Porto Alegre/RS). Nasce para tratar de temas emocional e socialmente considerados difíceis. Pretende fazer isso através da expressão corporal, sem compromisso com o formato final dos seus trabalhos. Por performance ritual compreende-se o resultado de uma pesquisa que busca na própria psique os símbolos e estados corporais mobilizados por cada tema de investigação e os expõe diante de pessoas que observam, aqui compreendidas enquanto testemunhas de um processo de expurgo.

Em seu terceiro ano de existência o projeto resolveu compartilhar suas práticas e saberes através de um laboratório online e os alunos foram convidados a experimentar essa proposta de criação. Para esta edição do evento, escolheu-se o tema da Casa 12. 

A Casa 12 na astrologia é uma casa considerada maléfica, ou difícil, dado que não faz aspecto com o ascendente, e trata de temas tais como os cárceres, os tormentos e maus espíritos, internações e isolamentos.

Participaram do evento Patricia Nardelli, Danieli Spörl, Countess Lefay, Victor Prôa, Viih Alves, Amanda D'Arc, Julia Webber, João Vitor Dutra, Luana Ducerchi, Deleite, Joana Engel, Monique Xavier Simas, Camila Soufer e Hölle Carogne.

É necessário fazer login (confirmando a maioridade) para assistir ao vídeo, por motivos de nudez e gatilhos.

Aqui você testemunha esse trabalho que permanece tão vivo quanto antes:


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Venenum Saltationes

Hölle Carogne (Porto Alegre-RS) é  a alma por detrás do humano, do rígido. É curiosa, entusiasta e selvagem. Uma admiradora da arte, da dança, da literatura e da música.O "esquisito" a seduz. Seus poemas e seus movimentos estão impregnados de ideologias, de crenças. Compassos pouco convencionais, cheios de misticismo, de oposição, de agressividade.Ocultismo, caos e luxúria sendo mesclados às suas criações e retratados de forma crua, orgânica, uterina.



[Resenhando-PR] Mostra Paraná Junho 2021

por Esther Haddasa


O Mostra Paraná traz novidades do cenário Tribal Fusion Paraná, em especial o Dark Fusion, nesta edição.

Em 29/04, dia internacional da dança, o Instagram do Asgard Tribal lançou um teaser cheio de suspense, revelando-se na live do dia 01/05 que o Asgard Tribal se tornou o Underworld Fusion Dance.

A idealizadora Aerith em conjunto com suas co-diretoras Keila Fernandes e Rossana Mirabal explica os motivos da alteração, a escolha do nome e as aspirações desta nova etapa. Também aproveitam para apresentar a nova integrante do grupo: Esther Haddasa.



A live é descontraída e despretensiosa, mostrando que as Darkzeras têm senso de humor além de profissionalismo.

| Teaser | Live |


Em 15 de maio o Underworld Fusion Dance tem sua primeira Live oficiais pós mudança de nome! Nessa Live, Aerith e Keila falam sobre as simbologias da identidade visual e conceito do grupo.


Novamente a Live segue leve, com conteúdo coeso e muito rico.


| Link da live |


A última novidade envolvendo o Underworld Fusion dance é o curso de Dark Fusion 100% online desenvolvido e ofertado por Aerith, que até o momento de publicação desta edição, ainda está no período de inscrição e com vagas disponíveis. 




Outro destaque é Bety Damballah, que no dia 29/05 fez a Live Workshop : A Plenitude é uma Mentira- Matéria Escura: Expressando as emoções através da Dança urbana Tribal. 



| Link da Live |



Mesmo que ainda soframos com as ações que nos mantém nesta quarentena, longe dos palcos longe de nós, o Tribal no Paraná resiste.

Obrigado pela dedicação e iniciativa destas artistas.


Inté!

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Resenhando-PR


Esther Haddasa (Londrina-PR) é mineira de Conselheiro Lafaiete, graduada em Moda pela Universidade Estadual de Londrina, membro fundadora da cia Caravana Lua do Oriente, formada em danças árabes pelo método da Escola Rhamza Alli – Londrina ,PR.  Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

[Resenhando-BA] Festival Tribal Spin: Tecendo uma Teia em Arabesco

 por Camila Saraiva

Imagem de divulgação do evento, cedida pela produção


Quando uma mulher abre a roda, o círculo se fortalece, e tod@s giram. O Tribal Spin é um festival que acontece em Salvador – Bahia desde 2016 e foi idealizado pela professora, dançarina e coreógrafa Bela Saffe. Em parceria com a também dançarina, professora e coreógrafa Priscila Sodré na produção e realização - especialmente nas duas primeiras edições - o festival é um dos eventos mais importantes da Bahia, ao todo foram quatro edições (que ocorreram antes da pandemia do Covid-19). O Tribal Spin é um evento múltiplo, sua configuração mista composta por Mostra, Show, Workshops e até mesmo Palestras, confere ao festival uma potência de diversidade, acolhendo e apresentando diferentes propostas, espaços, discussões e artistas.

Para Bela Saffe o festival é uma continuação das ações que ela vem desenvolvendo ao longo de sua carreira, desde a sua participação na Caravana Tribal Nordeste, no Tribal Remix e em outros eventos que ela realizou anteriormente na Bahia. Em suas próprias palavras: “A ideia principal do Tribal Spin é fazer circular, é fazer os grupos se movimentarem, produzirem, criarem coreografias, fazerem aulas, se reciclarem, as professoras darem aula, terem mais visibilidade...deixar a dança viva! ” 

De fato, o festival é um acontecimento que faz as danças dos ventres, tribal, fusion (como queiramos chamar), girarem em Salvador nos últimos anos, proporcionando uma oportunidade de reunir amantes dessas danças para estudar, discutir, trocar e se apresentarem em um ambiente de acolhimento e respeito. É um evento bastante significativo, que vem promovendo maior visibilidade no campo para a Bahia, e para o Nordeste. Nos últimos anos foi o único evento específico de Tribal em Salvador de grande porte que tinha como uma das propostas uma Mostra, onde qualquer artista podia se inscrever e apresentar seu trabalho, sem necessitar de um convite para participar. As Mostras de Dança são de fundamental importância para oportunizar que estudantes, artistas marginais e até mesmo profissionais conhecidos apresentem suas criações numa atmosfera de experimentação e compartilhamento de ideias e processos em maturação. 

A riqueza de participantes tanto nas Mostras quanto nos Shows é realmente algo a se destacar! Artistas, estudantes e profissionais apresentaram danças diversas ao longo dessas quatro edições, escancarando como podemos ser tão bel@s, impactantes, potentes, criativos e diferentes ao mesmo tempo, no mesmo espaço, convivendo, coexistindo.


Show do Festival Tribal Spin 2018 no Teatro Sesc Pelourinho. Artista convidada: Piny Orchidaceae. Foto: Adeloyá Magnoni.


Em 2016 o festival começou com o foco numa escala local, as professoras convidadas foram profissionais residentes em Salvador:  Bela Saffe, Priscila Sodré, Adriana Munford e Karina Leiro. A roda foi crescendo e em 2017 as professoras convidadas foram Tamyris Farias (Recife - PE), Bia Vasconcelos (Feira de Santana – BA), Bela Saffe, Priscila Sodré e Karina Leiro, além da palestrante Carla Roanita (Salvador –BA) que apresentou a sua pesquisa de mestrado em dança, mais especificamente dança tribal fusion, no evento. Em 2018 o festival contou com a presença da convidada Piny Orchidaceae (Portugal). Em 2019 quatro profissionais internacionais participaram do festival como convidadas: Amy Sigil (Estados Unidos), Isabel de Lorenzo (Brasil/Itália), Kimberly Larkspur (Estados Unidos) e Catherine Taylor (Inglaterra). Em termos de participantes e inscrições o evento foi crescendo aos poucos, mobilizando cada vez mais artistas locais, mas não apenas. Nas últimas edições participantes de diferentes estados do Nordeste compareceram ao evento, até mesmo alguns participantes da região Sudeste do Brasil. 

Ciclo de Workshops do Festival Tribal Spin 2019 na Escola Contemporânea de Dança. Artistas convidadas: Amy Sigil, Isabel de Lorenzo, Kimberly Larkspur e Catherine Taylor. Foto: acervo da produção.


Mostra do Festival Tribal Spin 2019 no Teatro Sesc Pelourinho. Foto: Adeloyá Magnoni. 


O Tribal Spin foi tema da pesquisa de monografia de Priscila Sodré na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia onde descreve mais especificamente as etapas de produção da segunda edição do festival. Ela destaca em seu texto que as expectativas de produção foram superadas com relação a adesão da comunidade ao evento, isso lá em 2017: “Para a Mostra de danças foram registradas 21 inscrições, superando as expectativas e fazendo com que a produção ampliasse o número de vagas, incluindo todos os inscritos. Já as inscrições para as aulas de dança corresponderam a 84 vagas ocupadas.” (P.16). O número total de pessoas pagantes que compareceram aos shows foi de 197.

Show do Festival Tribal Spin 2017 no Teatro Molière. Foto: acervo da produção.

Produzir eventos, festivais de dança no Brasil, no Nordeste, na Bahia, de maneira autônoma, não é tarefa fácil, pelo contrário, é um grande desafio. Ressalto aqui a importância de valorizar e reconhecer as pessoas que corajosamente se colocam nesse árduo lugar da produção sem nenhum tipo de apoio financeiro, fomentando a cena, a formação e a produção artística na dança. Expresso aqui a minha gratidão enquanto artista baiana à Bela Saffe, essa mulher retada, pioneira na dança do ventre e no tribal fusion na Bahia que vem abrindo a roda, e tecendo essa teia em arabesco ao longo dos seus mais de vinte e cinco anos de carreira.

Fiquemos atent@s para como os eventos são realizados. A maneira como realizamos um evento acarreta em impactos em toda a comunidade da dança. Não precisa existir um modo único, padronizado, de realizar festivais e eventos, como não existe um modo único de dançar dança do ventre, tribal, fusion. A maneira como fazemos algo pode fazer toda a diferença na vida de outras pessoas, podemos vivificar outras existências quando escolhemos realizar algo de determinada maneira, ou não. E foi isso que pude perceber no Festival Tribal Spin, existências diversas convivendo e sendo vivificadas. "Enquanto que a maneira, de manus, pensa a existência a partir do gesto, da forma tomada pelos seres quando aparecem. Um modo limita uma potência do existir enquanto que a maneira revela a forma do existir, a linha, a curvatura singular, e assim mostra uma arte." (LAPOUJADE, 2017).

Portanto, devemos considerar cada um desses modos como uma arte de existir, esse é o interesse de um pensamento do modo como tal. O modo não é uma existência, mas a maneira de fazer existir um ser em um determinado plano. É um gesto, cada existência provém de um gesto que o instaura, de um arabesco que determina que será tal coisa. Esse gesto não emana de um criador qualquer, é imanente à própria existência. (LAPOUJADE, 2017, p. 14 e 15).


REFERÊNCIAS:

LAPOUJADE, David. As existências mínimas. N-1 Edições. São Paulo, 2017. SODRÉ, Priscila. Tribal Spin Festival. Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Comunicação como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação com Habilitação em Produção em Comunicação e Cultura, na Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2018.

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Resenhando-BA


Camila Saraiva (Salvador-BA) é artista da dança, baiana, LGBTQ+. Dançarina, professora e pesquisadora das danças dos ventres e suas fusões na contemporaneidade, com graduação e pós-graduação em Dança na UFBA. Atualmente é doutoranda em Dança pelo PPGDANÇA/UFBA e pesquisa a relação entre danças dos ventres, orientalismo, feminismos e estudos de gênero e sexualidade, numa perspectiva contemporânea.

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Resenhando-BA por Camila Saraiva

 Coordenação Região Nordeste - Núcleo Bahia:


Camila Saraiva é artista da dança, nordestina, LGBTQ+. Dançarina, professora e pesquisadora das danças dos ventres e suas fusões na contemporaneidade, com graduação em Dança e em Biologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA). É pós-graduada em Ecologia (Mestrado) e em Estudos Contemporâneos em Dança (Especialização) também pela UFBA. Atualmente é doutoranda em Dança pelo PPGDANÇA/UFBA e pesquisa a relação entre danças dos ventres, orientalismo, feminismos e estudos de gênero e sexualidade, numa perspectiva contemporânea. Natural de Salvador-BA, já morou em Petrolina-PE e atualmente reside em João Pessoa-PB, provisoriamente. Amante das danças dos ventres, se encanta com suas múltiplas e diversas possibilidades de fusões, de hibridações, e de existências. Começou pelas danças árabes há quinze anos e de lá pra cá vem estudando Tribal Fusion, ATS/FCBD, Indian Fusion, Flamenco, Dança Moderna, Técnica Silvestre, dentre outras danças. Seu interesse é por investigar abordagens, configurações contemporâneas para as danças dos ventres e seus fazeres artísticos-pedagógicos, tendo em consideração as implicações biopolíticas dessas práticas nas vidas de diversas mulheres e de pessoas LGBTQ+. 



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