[Make Off] Os nacionais que valem a pena

 por Sarah Raquel


Dentro de uma cultura de consumo, é comum ver um gasto desenfreado em produtos de maquiagem, principalmente com a crescente de influenciadoras(os) que apresentam novas possibilidades para dentro do mercado. São várias etapas: prime, base, blush e produtos para sua maquiagem ficar ainda mais fixam por muito mais tempo!

Eu acredito fielmente que uma boa maquiagem seja aliada da sua autoestima, e faz uma diferença grande no palco, mas o principal pensamento que eu faço é: o quanto vale investir dentro dos produtos do mercado?

No Brasil é possível ter uma qualidade superior de maquiagem com produtos daqui de casa, sem que você precise gastar tanto dinheiro com marcas internacionais. E hoje eu venho trazer indicações de duas marcas nacionais e produtos das mesmas, que valem a pena dar uma chance!


  • Ruby Rose

Ruby Rose surgiu durante esses anos carregando uma grande variedade de produtos tanto de skincare quanto para maquiagem. Ultimamente muitas influenciadoras deixaram de lado produtos internacionais para buscar produtos de preço acessível da marca.

Os mais conhecidos e recomendáveis de acordo com o site oficial:



  1. Sombra para Sobrancelhas [ link direto: https://www.maquiadoro.com.br/sombra-para-sobrancelha-ruby-rose-p1002962 ]

  2. Delineador em Gel [ link direto: https://www.maquiadoro.com.br/delineador-em-gel-black-ruby-rose-p1024201 ]

  3. Paleta Soft Nude Feels [ link direto: https://www.rubyrosemaquiagem.com.br/paleta-soft-nude-feels--ruby-rose-hb1045/p ]


  • VULT

Uma das marcas do grupo Boticário, mas que vem com produtos de qualidade e até vem com alguns dupes (um irmão gêmeo de produtos internacionais) que veio ganhando o coração de muitos influenciadores da internet. 


  1. Base Matte [link direto: https://www.maquiadoro.com.br/base-matte-vult-p998864 ]

  2. Delineador Líquido [link direto: https://www.maquiadoro.com.br/delineador-liquido-vult-p998923 ]

  3. Pó Compacto [link direto: https://www.maquiadoro.com.br/po-compacto-finalizador-matificante-vult-p1021722 ]


Lembre-se: uma pele limpa e hidratada sempre será o essencial para uma maquiagem ainda mais uniforme e de boa pigmentação em seu rosto.

Até a próxima!

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Make Off


Sarah Raquel (Fortaleza-CE) iniciou os estudos em danças orientais com a dança do ventre em 2015 e logo se redescobriu na vertente dark fusion, para melhor se expressar dentro desse estilo buscou estudar tribal fusion e o dark fusion. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

[Fusion Brasil] Corpo e memória no Fusion Brasil

 por Kilma Farias

Estandarte do Coletivo Fusion Brasil - direção de Kilma Farias

Durante os anos de pesquisa com o Tribal Brasil (Fusion Brasil) me deparei com múltiplas memórias; fossem elas nos corpos das bailarinas e bailarinos, fossem as memórias geradas no grupo de dança ou ainda as memórias tomadas de empréstimo pelas comunidades a serem estudados na cultura popular.

Dessa forma, fomos esboçando caminhos para desenvolvermos procedimentos criativos e compositivos em dança ao mesmo tempo em que trabalhávamos nosso autoconhecimento, o que chamo de “arte de si”.

Assim, deu-se a ver uma memória ligada à percepção individual, mais volátil, e que assume caráter de atualização do sujeito e da sua história.


Estandarte da Andreza Tenório


O tempo aqui é o próprio tempo da arte, o tempo do elemento éter enquanto espaço, um tempo “extemporâneo” que tá além da contemporaneidade e perpassa todos os tempos numa grande teia, um amálgama. Nesse tempo, destaca-se a impermanência das coisas, inclusive da própria memória; um tempo não linear e que só é possível senti-lo no aqui e agora do presente. É a completa entrega do ser que dança; entrega ao seu corpo cênico, ao seu estado de presença na dança-vida.


E como articulamos essas memórias para compor dança?


Sentindo, observando, expressando, traduzindo, criando, vivendo.


Atualmente, na turma de Fusion Brasil online, estamos trabalhando o Maracatu Nação no Fusion Brasil. E resolvemos, cada uma, produzir um estandarte que trouxesse nossas marcas de vida e memórias sobre o que estava sendo vivenciado no momento de vida de cada uma e na turma. O trabalho é terapêutico, pois olhar pra dentro e trazer pra fora através de fitas, tintas, miçangas e palavras, faz a pessoa se pensar a si mesma e se expressar verdadeiramente.


Estandarte da Karine Neves


O processo seguinte foi a construção das danças a partir dos estandartes construídos, dando sentimento e movimento às palavras estampadas em cada um deles. Também construímos um estandarte coletivo, nutrindo o pensamento de uma memória de grupo coletiva. 

Para os procedimentos compositivos em dança, utilizamos o Tanz-Ton-Wort (Dança-Tom-Palavra) de Laban, método que mais tarde inspira Pina Bausch em sua Dança Teatro com seu interesse pelo cotidiano, pela fragmentação do sujeito, pela repetição, pelas experiências de cada bailarino, pelas desconstruções e reconstruções, pelas narrativas.


Estandarte da Raquel Silveira

E assim, também seguimos no Fusion Brasil, transformando em dança nossas próprias histórias enquanto corpos estéticos e sociais, mas principalmente como seres humanos que se transformam através da própria arte.

Os solos da turma produzidos com inspiração no maracatu e uma videodança coletiva sobre o mesmo tema estão previstos para serem apresentados nas redes sociais no final de agosto. Acompanha a gente por lá!


Estandarte da Sirlei Oliveira

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Fusion Brasil - Identidade no Corpo

Kilma Farias (João Pessoa-PB) é bailarina, professora, coreógrafa, produtora e pesquisadora na área da dança. É formada em Licenciatura em Dança e Jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba. Mestra em Ciências das Religiões pela UFPB, desenvolveu dissertação voltada para a relação entre presença cênica e espiritualidade na Dança Tribal.  Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

[Resenhando-BA] Ousadia, Jogo de Cintura e Pé no Chão: Festival Bailares em Feira de Santana

por Camila Saraiva

Repare, se você não conhece o Festival Bailares, pegue a visão! Pense em um projeto corajoso, ousado e revolucionário. Quem conhece o Bailares sabe do que eu tô falando! O Bailares foi idealizado e é produzido pela Trupe Mandhala - grupo de dança étnica contemporânea composto por Andrea Farias, Antonia Lyara, Mary Figuerêdo e Viviane Macedo - com o intuito de incentivar o desenvolvimento das artes na cidade de Feira de Santa – BA. Essas mulheres feirenses retadas fazem acontecer esse grande evento, totalmente gratuito, que envolve em média quinhentas pessoas desde 2012. O festival traz a dança como linguagem primordial, propondo um espaço democrático e motivador da cultura e da cidadania.  Mobilizando artistas e amantes da dança locais, mas também de outras cidades, estados e até mesmo de outras regiões, contribui com a divulgação da dança na cidade e com o envolvimento da comunidade no circuito artístico. Com uma programação de cair o queixo, o Bailares reúne workshops, shows, mostras, palestras, rodas de conversa, vivências, exposições, e campanhas de doações em um só evento! Diga aí se a Trupe Mandhala não joga duro?! Passou batido ou você tá ligad@ que eu falei que o festival é inteiramente gratuito? Pois não durma no ponto, temos muito o que aprender com essas moças que com muito profissionalismo, competência, dedicação, talento e amor realizam um festival de dança que é um exemplo de resistência para nós artistes.



Imagem de divulgação do evento, cedida pela produção.


A cidade de Feira de Santana fica a apenas 115 km de Salvador, em média 1 hora e 30 minutos de carro, porém essa distância é muito maior do que menos de 2 horas de estrada para quem deseja acessar o que uma capital promove no campo da arte e no circuito cultural. Foi com o desejo de facilitar o acesso a eventos culturais e difundir a dança em Feira que a Trupe Mandhala idealizou o Bailares. Com o propósito de união da classe artista, aproximando amantes da dança, a Trupe acredita que todes devem ter o direito de aprender com diferentes profissionais da dança e que artistes diversos precisam de espaço para divulgarem seus trabalhos e terem seus talentos reconhecidos. Para que esse sonho pudesse se concretizar as moças da trupe precisaram ter muito jogo de cintura, afinal não é tarefa fácil conseguir financiamento para realizar um festival de dança, ainda mais em uma cidade do interior. Mas, com o pé no chão, elas conseguiram realizar quatro edições do festival, todas gratuitas, com captação de recursos via patrocínio, através de políticas públicas e privadas. O Bailares foi contemplado por três editais públicos de fomento à cultura e um edital privado também de incentivo à cultura. 


Cartaz de divulgação da primeira edição do Festival Bailares, em 2012. Cedida pela produção.

A produção do Bailares é de tirar o chapéu, reúne artistes não apenas da dança do ventre, do estilo tribal e do fusion bellydance, mas também profissionais de outras linguagens e técnicas de dança. O evento agrega diversos outros estilos e modalidades, como por exemplo dança de salão, dança afro, dança contemporânea, dança moderna, danças populares regionais, danças urbanas, swing baiano, dentre outras. Como já deu pra perceber, a programação de cada edição contou com uma grade bem diversificada de profissionais, os workshops tiveram temas variados, contemplando gostos, aptidões e interesses diferentes. Essa característica de ser um festival democrático, que preza pela diversidade, união e reconhecimento de diferentes estilos e artistes, proporciona à todes os participantes, seja estudante, público, plateia, dançarin@, professor@, uma experiência super rica. E não é só “gogó”, não é da boca pra fora, o Bailares é um evento múltiplo, que respeita e apoia a diversidade. Ao longo dessas quatro edições, que aconteceram em 2012, 2014, 2018 e 2021, ocorreram workshops de dança do ventre, tribal fusion, indian fusion, tribal brasil, tribal ragga jam, tribal afro urbano, popping no tribal fusion, flamenco árabe, waack fusion, vogue, stiletto, twerk, dança afro, kuduro, pagotech, street jazz, balé, dança moderna, dança contemporânea, dança de salão, quizomba, zouk, expressão corporal, condicionamento físico para dançarinos e etc. Pire aí com tantos estilos variados! É um ambiente muito propício para experimentar possibilidades de fusões com dança do ventre! Pra quem curte fusões, hibridações, contaminações, influências de outras danças, vivenciar um evento como esse é um grande laboratório. Em outras palavras, é babado!


Programação da segunda edição do Festival Bailares, em 2014. Cedida pela produção.

Só pra você não ficar por fora, dá um saque em alguns nomes de artistes da dança do ventre e fusion que passaram por essas quatro edições do Bailares dando aulas e/ou dançando: Fernanda Guerreiro, Angela Cheirosa, Janah Ferreira, Bela Saffe, Joline Andrade, Kilma Farias, Lukas Oliver, Caique Melo, Mel Brevilliere, Gilmara Cruz, Mitsuyana Matsuno, Sidinha Damasceno, Heron dos Anjos, Verônica Vanessa, Priscila Sodré, Camila Saraiva, Lais Amorim, Jessie Raidah, Raíssa Medeiros e a Trupe Mandhala, que além de produzir o festival, oferece aulas e prepara performances para os shows e mostras. Foram tantos profissionais incríveis que participaram do festival nesses anos que não daria para citar todes, listei aqui apenas alguns da dança do ventre e fusões, mas você pode conferir mais informações, bem como os temas das aulas e as apresentações ao final desse texto nas referências.

 

E falando em ser um evento múltiplo, vou largar o doce, eu mesma nunca vi um festival gratuito na nossa área com tantas atividades diferentes. Entre 2012 e 2021 (no formato online), já rolaram palestras, rodas de conversa, oficinas, workshops, shows, mostras, exposições e até campanhas para arrecadação de alimentos e de apoio a abrigos de animais. O Bailares vem ocupando diferentes espaços na cidade, teatros diversos e outros equipamentos culturais como o MAC – Museu de Arte Contemporânea Raimundo de Oliveira com palestra sobre Empoderamento Feminino com Angela Cheirosa e roda de conversa sobre Políticas Públicas voltadas para a Dança. Ocupou também lugares como o CRAS - Centro de Referência em Assistência Social de Feira de Santana, com vivências em dança do ventre em duas edições, uma com Mel Brevilliere e outra com Angela Cheirosa

 

Cartaz de divulgação da terceira edição do Festival Bailares, em 2018. Cedida pela produção.


 

Além dos shows e mostras específicas de cada edição, o festival também recebeu espetáculos que foram apresentados para toda a comunidade gratuitamente dentro da programação. O Balé do Teatro Castro Alves – BTCA (Salvador-BA) apresentou o espetáculo Delirium na segunda edição do festival. Em 2014 o Bailares também recebeu o espetáculo Feminino Plural da artista Kilma Farias (João Pessoa-PB). Na terceira edição, em 2018, o evento recebeu o espetáculo Cy Deusas da Própria História, dirigido pela artista Antonia Lyara, integrante da Trupe. Massa né? Essas moças brocam!

 

A edição mais recente do Festival Bailares foi em 2021, e por causa da pandemia do Covid-19 foi em um formato totalmente online. Os workshops aconteceram via plataforma Zoom e as apresentações do show e da mostra foram transmitidas ao vivo pelo Youtube. Você pode assistir a todas as performances dessa quarta edição no canal do Youtube Trupe Mandhala Oficial, bem como outros registros e vídeos na íntegra de performances de outras edições. Não deixe de acompanhar as redes sociais da Trupe e do Bailares no Instagram e no Facebook e fique por dentro, apoie e valorize iniciativas brilhantes como essa do festival. Veja também algumas divulgações nas mídias locais nas referências desse texto. Não dê mole, na próxima edição chegue junto e participe! Namoral, se eu fosse você, eu não perdia mais nenhuma edição! Falo por experiência própria, participei das duas últimas edições, conheço o trabalho da Trupe e fecho com elas, recomendo com orgulho! Elas me conquistaram desde a primeira vez que as assisti dançando, fiquei encantada. O apelido da cidade de Feira de Santana é “Princesa do Sertão”, e a Trupe Mandhala é majestade na produção cultural da cidade, merece toda a reverência. 

 

Cartaz de divulgação da quarta edição do Festival Bailares, em 2021 (Online). Cedida pela produção.

 

 

Referências:

 

http://bailaresfsa.blogspot.com.br/

Matéria TV UEFS: https://www.youtube.com/watch?v=8akEmIogS80

@bailaresfestival

@trupemandhalaoficial

Facebook Bailares

Canal do Youtube Trupe Mandhala Oficial

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Resenhando-BA


Camila Saraiva (Salvador-BA) é artista da dança, baiana, LGBTQ+. Dançarina, professora e pesquisadora das danças dos ventres e suas fusões na contemporaneidade, com graduação e pós-graduação em Dança na UFBA. Atualmente é doutoranda em Dança pelo PPGDANÇA/UFBA e pesquisa a relação entre danças dos ventres, orientalismo, feminismos e estudos de gênero e sexualidade, numa perspectiva contemporânea.


[Fórum Tribal] Nomenclatura

 Resumo do 1º Dia do Fórum Tribal -1ª edição

Tema: Nomenclatura

Data: 08 de novembro de 2020 às 15 Hs 

Tempo da reunião: 2 horas 

Integrantes da mesa mediadora: Sarah Belford (DF), Hollë Carogne (RS) e Maya Felipe (RJ)

A reunião se iniciou com a fala da mediadora Sarah Belfort, representante da região Centro-Oeste (Brasília) que enumerou os tópicos que serão debatidos, são eles:

  • Como a mudança da nomenclatura impacta a cena Brasileira ?

  • Como o fazer político influencia na mudança da nomenclatura ?

  • Como a mudança do nome pode impactar  a estética do estilo ?

  • Como a representatividade negra está influenciando esse processo ?

  • Como perpetuar a modalidade sem a introjeção de estereótipos ?

  • Como as subdivisões do estilo são afetadas ?


  Em seguida, a responsável pelo chat Hölle Carogne, integrante representando a região sul do país (Rio Grande do Sul)  fez sua apresentação.


A primeira pessoa a debater apresentou suas preocupações a respeito do assunto, sobre a importância de se ater ao tema devido ao amplo desdobramento de questões que poderiam ocorrer. Indagação : Porque o nome Tribal é tão inapropriado?  


Relato de definições e reflexões para o termo tribal: termo de alteridade que, da mesma forma que o termo étinico, propõe o olhar do outro ao outro (outro não hegemônico, não padrão, não branco, não europeu). Aborda a relação da história hegemônica com o olhar ao “outro” de forma excludente e somente inserida através da antropologia. Relata a temporalidade do termo e sua relação com a década de 70, sendo utilizado para indicar grupos unidos por uma afinidade para com algo. Na sua opinião o termo Tribal não deveria mais ser utilizado por carregar esses preconceitos expostos pelo olhar decolonial atual.

 

A primeira participante realiza o convite para que alguém da comunidade LGBTQ + e/ou algum representante que vivencia questões de negritude e/ou questões de minoria, que tenha reflexões a respeito, para falar sobre sua percepção do preconceito no meio e na utilização do termo Tribal em sua nomenclatura. 


Participante LGBTQ+: Aborda sobre a ressignificação de termos criando a ponte com a possibilidade de ressignificação do termo tribal dando exemplos sobre os ocorridos no meio acadêmico e não acadêmico.


Terceira pessoa a falar aborda o tema pelo olhar de mulher afro-brasileira / latino-americana: inicialmente aborda o tema pela visão latina colocando o Imperialismo e a colonização em pauta e questionando o como a comunidade latina deveria se posicionar quanto a mudança da nomenclatura. Aborda o sistema hierárquico do estilo FCBD style e suas características mercadológicas excludentes aos que não possuem poder monetário, acreditando que essas questões podem influenciar na nomenclatura. Concorda com a não representatividade do termo tribal por questões sociais, práticas e mercadológicas. Aborda a dificuldade da compreensão da natureza do fazer tribal para com editais e público em geral devido a nomenclatura originária que não define o fazer da dança para o leigo. 

Pela visão afro-brasileira aborda a necessidade de uma alternativa para que se possa experienciar a diversidade, se referindo a essas culturas de forma mais respeitosa. 


Quarta pessoa a falar também no lugar de fala da pessoa negra, inicia o discurso referenciando o livro : Antropologia da Dança, autora Giselle Guilhon - capítulos sobre os termo tribo e étinico, indicando a leitura para nossa comunidade de dança. Fala sobre a identificação da comunidade com o termo Tribal mesmo com seus entraves e sobre a sua opinião elegendo o termo Dança do ventre estilo tribal como termo de transição para a nova nomenclatura não definida. Aborda a importância da conversa com outros grupos e "etnias" que são comumente classificados como tribos, mesmo que os mesmos não se identifiquem como tal, para dar  lugar de fala a essas pessoas que são rotuladas como tribos e escutar sua opinião sobre a utilização do termo.  


A quinta participante aborda a necessidade de se aproximar da academia para uma discussão teórica sobre as terminologias, excluindo a questão do gostar ou não gostar do termo. A mesma indaga se a mudança da nomenclatura se dá por uma preocupação teórica ou epistemológica ou por uma questão de mercado? Indaga se existe sentido na mudança da nomenclatura dentro da nossa realidade de mercado brasileiro por questões inerentes ao mercado estadunidense. Qual a nossa relação com esse mercado estadunidense e o quanto essa pauta está ancorada em perspectivas liberais de pensamento (que perpetuam uma lógica capitalista e mercadológica excludente)? A mesma relata não gostar do termo tribo fora do contexto de dança e ainda enfatiza a disparidade de trocar o termo tribal por etnico já que os dois entram em uma mesma visão colonialista.


A sexta participante faz referência a fala de uma palestrante do evento Praksis  “O chicote duplo da colonização” e discorre sobre. Traz para a pauta a criação da nomenclatura pela observação de terceiros e não de pessoas referentes a criação do estilo. Relata sua visão sobre a dificuldade de debater o tema sem recorrer a materiais e questionamentos referentes ao mercado onde foi criado o estilo já que nossa realidade é toda outra.


A próxima participante a pedir a palavra enfatiza o desconhecimento do público geral e dos praticantes de outras modalidades de dança sobre o estilo, e o quanto a atual conjuntura de mudanças e utilização de nomes diferentes por profissionais renomados pode dificultar a divulgação / mercado de nosso estilo.  Relata que devido a nomenclatura atual possuir ampla possibilidade de associações/interpretações, a mesma sempre precisa discorrer longamente sobre a história do estilo para que o mesmo seja compreendido. 

 

A próxima participante cita as indagações da dançarina/professora/pesquisadora Donna Mejia e a sua influência no pensar o termo tribal da atualidade. Relata a sua percepção sobre as indagações da pesquisadora citada acima, onde interpreta que precisamos nos aprofundar no estudo das origens, dos povos e sua cultura devido às peculiaridades vinculadas ao estilo e não somente mudar a nomenclatura.


A nona participante discorre sobre o surgimento do tema da apropriação cultural em meados de 2010 nos Estados Unidos, e a dificuldade das grandes representantes do estilo em abordar o tema e se posicionar antes do posicionamento de Donna Mejia, que se enquadra em um amplo lugar de fala. Discorre sobre a maior dificuldade das dançarinas do estilo que se encontram na América Latina em estudar sobre a bases do estilo através de cursos com as precursoras, devido a sua concentração nos EUA, aos valores elevados, e a valorização do dólar. Apresenta sua preocupação com a ideia de algumas dançarinas de aderir a uma nomenclatura de forma isolada de acordo com as necessidade e peculiaridades da estrutura social local e se isolar do estilo que já possui praticantes em muitos países.

Expressa sua opinião sobre a necessidade de um termo consensual indicado pelos grandes nomes de referência e a necessidade de uma cobrança do grupo latino americano a essas representantes estadunidenses através de elaborações em conjunto de forma uníssona enfatizando a necessidade da nomenclatura para o fazer mercadológico. 


A décima participante enfatiza a questão da nomenclatura atual não ser descritiva, carregando um peso de “nome não oficial” desde sua criação. Traz luz a um dos porquês para dificuldade de se nomear o estilo : a dificuldade de definir o estilo tribal por sua ampla variedade de interpretações sobre quais são suas principais bases. Relata que na sua opinião o momento para o estilo é de extrema importância e pode agregar muito pelo pensar a dança, suas características, a pontuação das diferenças e semelhanças de cada uma das várias vertentes atuais do estilo. Mostra sua discordância com uma das participantes anteriores sobre o termo Tribal ser um termo acadêmico. Na sua opinião, o termo tribal está atualmente (nos últimos 10 anos) sendo discutido no meio acadêmico para a compreensão do que foi utilizado por pessoas leigas intuitivamente. 

Indaga se assim como o termo, se a dança em si moralmente falando, não é algo politicamente incorreto na visão atual. Na sua opinião ela não seria.

Exemplifica a adaptação a nomes inapropriados utilizando o termo Dança do Ventre e relata a adaptação do público ao termo com o passar do tempo e o crescimento da modalidade. 


A décima primeira participante enfatiza a dificuldade da escuta pelas estadunidenses, dos  países que abraçaram o estilo FCBD Style e sofreram grande impacto com a mudança da nomenclatura.  Na sua opinião, a mudança do nome sem a discussão sobre  apropriação cultural se caracteriza como uma “fuga” improdutiva.

Em sua opinião seria interessante haver maiores pontes, conversas, debates entre os países subalternizados sem a necessidade da constante consulta dos países centrais em relação ao estilo. Concorda com a opinião de participantes anteriores sobre a importância de se estudar e compreender o fazer do tribal ao invés de focar totalmente na identidade através da nomenclatura.


No chat do encontro uma participante perguntou: o que vocês acham do termo Transnacional fusion? e pede para que outras participantes discorrem sobre.


A  próxima participante faz uma ratificação por entender que não foi bem compreendida por uma das participantes que se baseou em sua fala. Ela enfatiza que o termo tribal não veio do meio acadêmico, porém o questionamento/ inquietação sobre a utilização do termo tribal  sim. Fala sobre o termo Tribo Urbana criado na década de 80 e sua influência na nomenclatura do estilo pela alargamento no conceito de tribo amplamente criticado atualmente pela academia. Aborda a importância do estudo do termo Tribal pelo olhar acadêmico sem a necessidade de o fazer academicista, gerando uma construção do conhecimento através da dialógica entre  academia e sociedade.


Em resposta ao questionamento no chat, uma das participantes responde:  Pontua que a pesquisa de Donna Mejía se iniciou em 2011 sem grande adesão de suas pesquisas pela comunidade da dança. Ela relata que a tradução/ intenção da utilização do termo transnacional seria ‘’para além das fronteiras’’, aproximando mais as pessoas. A participante discorda da utilização do termo pela não diluição das fronteiras culturais, visto que a mesma foi criada em meio ao paradigma cultural colonialista do fazer estadunidense. 


A próxima participante relata que o termo transnacional não foi criado por Donna Mejia, visto que o termo foi pensado na década de 90 pelas ciências sociais pela necessidade do pensar o colonial e o aculturamento dos povos colonizados, agindo para tirar o colonizado do lugar de passivo e trazendo o foco para a influência gerada pelo encontro das duas cultural simultaneamente.

Pontua sobre a percepção através de um olhar antropológico acadêmico de Donna Mejia como professora de dança para a eleição na sugestão do novo termo para designação do estilo. Porém, de acordo com a participante, o termo transnacional já não é bem aceito no meio acadêmico. Para finalizar, se posiciona discordando da fala de uma das participantes sobre o fazer da dança tribal não ser correto, já que a seu ver a dança só não é certa se não houver embasamento.


A próxima participante relata seu descontentamento com o termo transnacional e sobre a problematização em relação a trocar o nome da dança após ser utilizada por longo período. No seu ponto de vista o termo tribal atualmente já é reconhecido com suas particularidades corporais e estrutura visual e deixar de usar o termo seria uma grande perda do que já foi conquistado no mercado da dança. 


O último participante tenta resumir os conteúdos abordados. utiliza exemplos para trazer a pauta a tentativa atual de várias danças de buscar nomenclaturas mais fiéis às suas origem para definir de forma mais precisa as culturas estudadas, dando como exemplo o uso do termo Raq al sharq ao invés de dança do ventre e cavalo marinho no lugar de danças brasileiras, diminuindo assim a utilização de termos hegemônicos. Embasado nessa tendência, classifica o transnacional como hegemônico e inapropriado. Ratifica falas de participantes anteriores sobre a necessidade da maior conversa entre academia e conhecimento popular, mostrando a importância de ambos. 


Enfatiza a importância da decisão do nome apropriado para o estilo  devido a necessidade mercadológica dos profissionais da dança e discorre sobre o quanto as atuais discussões e o pensar o estilo junto a academia vão afetar o nosso fazer da dança.


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Fórum Tribal

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Fórum Tribal - Fórum Brasileiro de Dança Tribal e Fusões

 


Sobre a coluna:

Muito se fala em um lugar ideal, onde possamos olhar no fundo dos olhos e reconhecer algo de grandioso além-nós. Não me servem palavras desgastadas, então penso que esse lugar não tenha nome.

Entretanto, meu corpo ainda vibra quando penso em “comunidade”. Essa palavra que enche a boca e o coração. Comunidade me parece algo inteiro, construída de pequenos fragmentos. Míseros farelos. Ou ainda, grandes universos.

Penso que esse lugar, morada do que é comum, não exista e que, talvez, seja impossível criá-lo. Mas bem no fundo do meu âmago, acreditar neste improvável me dá forças para mudar o processo, o hoje, o agora.

Eu acredito nesse lugar! Eu acredito no impossível!

E hoje, eu não sou eu. Porque hoje, não estou sozinha.

Divido a dor e a alegria de acreditar na humanidade e me torno nós.

Nós, míseros farelos, não temos produto, nem serviço. Não estamos vendendo, não estamos divulgando. Nem nomes temos.

Somos como a virgem e nosso intuito é servir. Trabalhamos para proporcionar um espaço àqueles que sentem o chamado. Facilitaremos a sua manutenção para que vocês venham semear a terra.

Estaremos dispostas a doar, a cooperar, sem nada pedir em troca. Mas temos um sonho... Ver o recém chegado e o pioneiro, o aluno e o professor, o acadêmico e o autoditada, o curioso, o entusiasta. Temos o sonho de iniciar uma grande roda, com eixo imóvel, que nos permita o movimento.

Como a Estrela, nos ajoelhamos diante do rio e oferecemos nossas águas. Nuas, vulneráveis, mas cheias de esperança.

Venha! Escolha seu lugar na grande roda. Pegue um dos fios do novelo... Juntos, como iguais, carregando o sangue velho das avós, teceremos o amanhã!

Texto por Hölle Carogne



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