Na coluna deste mês gostaria de apresentar um pouco do legado da cultura africana na nossa sociedade através do conjunto ideográfico conhecido como Adinkra. Pertencente aos povos Akan da antiga Costa do Ouro (atual Gana), Costa do Marfim, Togo e outros países da África Ocidental, os Adinkras representam um grupo linguístico de ideogramas com significados específicos que visam preservar e valorizar as tradições africanas. São mais de 80 símbolos e cada um preserva e transmite não apenas um valor estético, mas principalmente a história e as normas socioculturais desses povos.
Presentes em documentos escritos, nas estampas de tecidos, na arquitetura, na cerâmica, em peças de madeira, objetos de ferro, bronze e etc, os Adinkra são símbolos gráficos utilizados para representar uma palavra ou conceito abstrato, estão relacionados a algum provérbio ou conjunto de ideias, fazem referência a algum evento histórico ou simplesmente expressam uma característica de um animal, vegetal ou simplesmente um comportamento humano. Eram muito utilizados em cerimônias formais e especiais como os funerais onde as roupas eram estampadas com os símbolos à mão para transmitir uma mensagem de despedida, como forma de homenagear pessoas importantes como líderes espirituais e da realeza. Adinkra significa “adeus à alma”, é a mensagem que se dá a um outro ao sair.
Homem estampando um tecido com símbolos adinkra
Um dos mais conhecidos Adinkra é o Sankofa, que representa a sabedoria de aprender com o passado para construir o presente e o futuro. Já comentamos um pouco sobre o seu conceito quando esta coluna foi criada, mas agora vamos aprofundar um pouco mais sobre o seu significado. Sankofa vem de “Sanko” que significa voltar, retornar, e de “fa” que significa buscar, trazer, procurar; é um provérbio tradicional do povo Akan que diz “se wo were fi na wo sankofa a yenkyi” (não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu). O símbolo Sankofa é representado por um pássaro que tem sua cabeça voltada para trás e carrega em seu bico um ovo, uma semente, que representa o futuro. Outro símbolo que também representa Sankofa é um coração estilizado muito similar ao desenho de coração que conhecemos.
Símbolos Sankofa
O principal ensinamento deste Adinkra é quanto a importância de se aprender com o passado, com as lições que a vida nos deu, para ressignificar o presente e construir o futuro. No Brasil, Sankofa está muito presente na história dos negros escravizados e na arquitetura do período colonial. Sendo a mão de obra majoritariamente dos povos africanos escravizados e seus descendentes, houve influência direta das suas raízes e memórias na construção e desenvolvimento das cidades brasileiras, como por exemplo o próprio Sankofa muitas vezes esculpido em ferro e que até hoje pode ser encontrado em portões e janelas antigas nas cidades construídas no período colonial.
Imagem 3 - Grade de janela com o "coração estilizado" na rua da Liberdade, em Salvador-BA
Sankofa do “coração estilizado” em portões
Acredita-se que naquela época muitas mensagens eram transmitidas através do uso dos Adinkra e que muitos desses símbolos se popularizaram sem ter o seu real significado conhecido pelos colonizadores, mas aqueles recém chegados do continente africano identificavam os símbolos de luta, resistência e preservação de sua história.
Ficou curioso(a) pra conhecer outros símbolos Adinkra? Então não perca as próximas edições desta coluna, pois vamos descobrir muito mais do rico legado africano.
Para saber mais:
NASCIMENTO, Elisa Larkin. GA, Luiz Carlos. Adinkra, Sabedoria Em Simbolos Africanos. Pallas, 1ª edição (11 setembro 2009).
WILLIS, W. Bruce. The Adinkra dictionary: A visual primer on the language of Adinkra. Pyramid Complex (1998).
SLOLEY, Patti Gyapomaa. Ghana’s Adinkra: Symbols from our African Heritage. Emmalily Ltd (17 dezembro 2012).
Monni Ferreira (São Paulo-SP)entrou para o mundo da dança com 10 anos de idade e durante toda a sua trajetória nesta arte teve a oportunidade de vivenciar diferentes estilos de dança, como: árabes, contemporâneo, afro, moderna, street dance, brasileiras, flamenco, indiana, ballet, entre outras.Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>
A
vida é amiga da arte, é a parte que o sol me ensinou
O
sol que atravessa essa estrada que nunca passou
(Gal
Costa)
Fonte: arquivo pessoal
Nos dias 27 e 28 de março/2021,
a Zambak Cia de Dança Tribal (AL) participou da Caravana Tribal Nordeste (CTNE)
2021 - Edição Especial com formato on-line, sob o financiamento da Lei Aldir
Blanc – PE, SECULT - PE. A participação se deu através de duas ações: palestra/oficina
e performance na mostra artística. Na figura de diretora da Zambak, desenvolvi
as referidas atividades, intituladas, respectivamente, “O pensamento Decolonial
e o Tribal no Brasil” e, o solo “Em que tempo sua dança está?”
A presente matéria aborda o
solo coreográfico e o processo de gravação para o evento CTNE. Este trabalho
artístico de 04 minutos, publicado no canal YouTube
da Carvalho Studio de Dança, expõe
um pouco das minhas experiências formadoras entrelaçadas pelo momento de
resiliência nos tempos atuais. A coreografia possui como base algumas das
técnicas que utilizo e as minhas desordens experienciadas na vida diária. Esses
elementos ocasionaram uma dança que só é possível acontecer quando encarnada
com os sentimentos e a própria realidade.
Assim, o solo apresenta uma
dança de si contaminada pelas informações do meio e, certamente, se constitui
como mais uma ferramenta artística para o acendimento do meu ser na conjuntura
contemporânea. Diante da minha dor e do luto coletivo por causa da COVID-19,
pergunto-me: em que tempo o meu mover se encontra? Tal mover não existe de modo
individualizado, mas está exposto a experiência com o mundo. “Essa movimentação
absorve fronteiras, cria um outro espaço de atuação e permite um fluxo de
continuidade entre diferentes modos de perceber e dialogar no mundo” (SETENTA,
2008, p. 62).
Nos últimos anos, tenho
pensado demasiadamente na palavra “tempo”. Seja na pesquisa acadêmica ou
artística, seja nas questões mais simples do dia a dia, o tempo penetra meus
devaneios. Percebi com mais profundidade que o tempo embora seja um aspecto dos
sujeitos, é elaborado por cada corpo de maneira singular devido aos
acontecimentos que o afetam. Então, é impossível dizer que o tempo da minha
dança é igual aos tempos de outras danças. Igualmente, não se trata de
qualidades de tempo, mas sim de diferentes vulnerabilidades corpóreas diante de
períodos tão incertos. Partindo dessa inquietação, provoco o público com a
pergunta/nome do solo, com vistas a mostrar que a dança não está descolada do
relacionamento com o tempo, nem afastada da existência.
Nesse contexto, prática
não é apenas o meio pelo qual criamos obras a serem analisadas na pesquisa, ou
processos de vida que passam a participar de procedimentos científicos. Mas
esses procedimentos passam a ser definidos pela prática enquanto corpo vivo
(soma) em pulsão espaço-temporal imprevisível. (FERNANDES, 2018, p. 187)
Fonte: arquivo pessoal
Para realizar esse solo que
representou a Zambak na Caravana Tribal Nordeste, convidei a artista alagoana Juliana Barretto, doutora em
antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco, que capturou
sensivelmente a proposta. A música “Força Estranha” do compositor Caetano
Veloso, cantada por Gal Costa foi escolhida por retratar experiências e
temporalidades do sujeito a partir de metáforas e certezas.
Força estranha expõe os motores de sua
potência: lembrar e esquecer – os arranjos narrativos daquilo que o sujeito viu
e viveu. A memória do sujeito narrador de Força estranha, sem a ordem
restritiva do cronológico, consagra eventos múltiplos e diversos. A
“organização” dessa unidade está mais próxima dos afetos [...] do que da
sucessão dos fatos. Está mais perto da invenção poética – e, por isso, real.
(REVISTA CAJU, 2016)[1]
Motivada pela canção e por
todo o conjunto vivido na contemporaneidade, debrucei no processo de criação do
solo. A seguir, destaco os aspectos importantes:
1. Proposta
de improvisação
Nesse
procedimento, adotei o ato de improvisar na tentativa de diluir e aterrar a sensibilidade.
O fato de escutar a música e trabalhar constantemente a improvisação permitiu
uma aproximação mais imediata com a proposta que elaborei para performar.
2. Estudo do pulso, do compasso e da pausa
O
pulso é a marcação relevante da estrutura, repetido constantemente. Uma vez que
a pulsação é o elemento do ritmo, passei a compreender o compasso que é o
definidor da marcação rítmica. Em seguida, direcionei o foco para a pausa, ou
seja, para qualquer silêncio que pudesse identificar. E assim, fazer escolhas
criativas.
3.Coreografia
Com
o repertório de movimentos da improvisação e o breve entendimento da música,
selecionei momentos que mais me agradaram e, consequentemente, exerci a
repetição como captura do mover. Cabe dizer que a ideia de repetição que se
aproximou da proposta foi a descrita por Deleuze.
A
repetição nem é a permanência do Uno nem a semelhança do múltiplo. O sujeito do
eterno retorno não é o mesmo, mas o diferente, nem é o semelhante, mas o
dissimilar, nem é o Uno, mas o múltiplo, nem é a necessidade, mas o acaso. (DELEUZE,
2000, p. 126)
4.Figurino, acessórios e maquiagem
A
cor predominante no solo foi o vermelho - saia longa e rodada, choli e flores. Cada elemento escolhido
foi um reforço a algum impulso interno ou alguma sensação e emoção, sempre em
consonância com o estilo tribal de dança do ventre. Como a minha
palestra/oficina foi sobre formas de decolonizar a dança, de modo mais sutil,
retornei a imagem da Frida Kahlo, não no sentido representacional, mas como potência
feminista. Não posso deixar de mencionar que a própria imagem da cantora Gal
Costa no disco “Gal Tropical” (1979), mesma imagem usada no Spotify, também provocou um certo desejo
não literal, mas de impulso organizacional. A maquiagem e o coque seguiram a
proposta superando as minhas expectativas. Ambas, foram concepções da
profissional alagoana Priscilla Lucena.
Fonte:arquivo pessoal
5. Cenário - Mirante São Gonçalo, Maceió (AL)
O
mirante São Gonçalo está localizado na cidade de Maceió e desenha um belo ponto
turístico. O mirante possibilita noções de profundidade do urbano e diversas perspectivas
criativas, por esse motivo foi escolhido.
6. Captura de imagens e edição
A
coreografia foi gravada numa tarde ensolarada e quente de uma segunda-feira. Seguindo
os protocolos de segurança, optamos por usar um dia de feriado na cidade, pois o
ambiente estaria vazio. Gravamos 05 vezes a mesma coreografia com ângulos
distintos, sendo a primeira gravação um teste simples. O segundo ângulo, mais
amplo e aberto, capturou toda a dimensão coreografada. O terceiro ângulo, com enquadramento
específico, conquistou a ideia de imagem de baixo para cima, tendo o sol como
plano de fundo. No quarto ângulo, me posicionei de frente para o sol e de
costas para a câmera a fim de salientar o trabalho natural dos raios de sol no
corpo. Por fim, o quinto ângulo que enfatizou os detalhes faciais e de alguns
gestos, escolhidos propositalmente. Na edição, obtive duas propostas da profissional
Juliana Barretto. A primeira, mais
focalizada como vídeo-dança com colagens criativas que transformaram a obra
coreográfica em quase que numa outra dança. A segunda versão, mais fiel à dança
coreografada com utilização de colagens respeitando à musicalidade. Optei pela
segunda edição como produto final para a CNTE 2021. Mas, confesso que também fiquei
encantada pela primeira versão.
Fonte: arquivo pessoal
A seguir, algumas imagens do
vídeo (solo):
Fonte: arquivo Caravana Tribal Nordeste
Fonte: arquivo Caravana Tribal Nordeste
Para finalizar, deixo o link
do solo:
Espero que tenham gostado
dessa matéria. Agradeço as profissionais Juliana Barretto e Priscilla Lucena
pelos trabalhos e afetos.
Na próxima matéria do RESENHANDO-AL almejo trazer a minha experiência como espectadora do belíssimo show – Mostra
Artística CTNE 2021.
DELEUZE, Gilles. Diferença e Repetição. Lisboa: Relógio
d’Água, 2000.
FERNANDEZ, Ciane. Dança Cristal: da Arte do Movimento à
Abordagem Somático-Performativa. Contribuições de Melina Scialom e Dalton
Carneiro. Salvador: EDUFBA, 2018.
SETENTA, Jussara. O fazer-dizer do corpo: dança e
performatividade. Salvador: EDUFBA, 2008.
Ana Clara Oliveira (Maceió-AL) é dançarina e pesquisadora do estilo Tribal de Dança do Ventre. Professora de Dança na Escola Técnica de Artes (UFAL). Doutoranda em Artes (UFMG) onde pesquisa a formação no Tribal. Mestrado em Dança (UFBA). Diretora da Zambak Cia de Dança Tribal ...Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>
Não sei vocês, mas eu estava
com saudades desta série.
Seguimos nossos estudos com o
Arcano V: O Papa.
É sempre muito difícil criar
uma postagem decente, sem muito material.
Então, sigo focando no próprio
Tarot, visto que as danças que são inspiradas por ele ainda são escassas.
Quem sabe este esforço de minha
parte não te instigue a criar, né?
Pintura de São Leão I Magno
O arcano V, “O Papa” também é
conhecido como O Pontífice, O Hierofante e O Sumo Sacerdote.
Nos baralhos da Suíça e sul da
França, esta figura é substituída por Zeus ou Júpiter.
Também existem referências que
vinculam a figura do Papa com o culto egípcio do boi Ápis e com a lenda de
Pasífae.
Foi somente a partir de Court
de Gébelin, que os escritores começaram a utilizar o termo “Hierofante”,
referindo-se ao grão-sacerdote dos mistérios eleusinos.
O Hierofante é o revelador da
Luz, o Instrutor. O grande mestre dos testes da vida. Ele clama pela mais alta
Sabedoria dos Antigos, para que possa dominá-la em sua totalidade. Comunica o
Conhecimento dos Sacerdotes como se fosse um touro, através da sua
inteligência, sua força e de sua sagacidade. Por ser o detentor de algum
conhecimento, ele manipula em seu próprio interesse. É o grande Buscador da
Sabedoria Divina, para deter a Sabedoria da Esfinge - saber, ousar, querer e
calar.
O Papa ensina (enquanto a
Papisa estuda). Ele mostra o caminho para a compreensão sobre a ligação do
homem com o Universo. É uma ponte. O mediador. Ele tem empatia.
Gringonneur
Correspondências:
Caminho da Árvore da Vida: De
Chokmah a Chesed.
Letra Hebraica: Vau (Prego).
Valor: 6.
Tattwa: Fogo e Terra.
Nome Místico: Mago do Eterno.
Signo: Touro.
Símbolos:
Menina: Exaltação do aspecto
venusiano, Sacerdotisa, aspecto lunar.
Lua Crescente: Fertilidade.
Rosetão: Feminilidade.
Cone: Símbolo fálico.
Letra Shin: realização do seu
desejo.
Serpente & Pomba: Os dois
caminhos.
Os nove pregos: Representa a
letra Vau.
A Chave: Sabedoria dos Três
Aeóns (Ísis, Osiris e Hórus - verde, amarelo e vermelho).
Elefante: Exacerbação da
Sabedoria.
A Criança: Ideia ou Ideal.
O Homem: Saber.
Águia: Calar.
Leão: Ousar.
Boi: Querer.
A Estrela invertida: Baphomet
(aquele que se supera).
Pentagrama & Hexagrama: a
união do micro com o macrocosmo.
Representação:
Tarot de Marselha
Marselha:
Um pontífice, de cabelos e
barbas brancas, está sentado em uma cadeira/trono com duas colunas ao fundo. Sua
mão direita está levantada e faz o sinal do esoterismo e em sua mão esquerda
tem a tríplice cruz do papado. Sua cabeça está coroada por uma tríplice coroa.
Tem veste azul, capa vermelha ornada de amarelo. Sua mão esquerda está fechada
e, na maior parte dos tarôs clássicos, coberta por luva que tem impressa uma
cruz dos templários.
Os outros dois personagens que estão de costas mostram a
tonsura (corte de cabelo cerimonial usado pelos bispos). Mostram-se como fiéis.
O da esquerda aponta sua mão direita para o solo, com os dedos separados. O
homem da direita aponta para o alto com sua mão esquerda, com os dedos juntos.
Rider-Waite
Rider-Waite:
Parece ter feições mais jovens e sua
vestimenta é vermelha. Está sentado entre duas colunas, mas não são as do
Templo que é guardado pela AltaSacerdotisa (o
Templo de Salomão). Está entronado e abençoa, com a mão direita
erguida, os dois monges ajoelhados. Com a mão esquerda empunha a cruz tríplice
e tem aos pés as chaves de São Pedro.
Thoth Tarot
Thoth:
Esta carta se refere a letra Vau, que significa Prego,
sendo que nove pregos aparecem no alto da carta, os quais servem para fixar o
oriel atrás da principal figura da carta.
A carta é referida a Touro, de sorte que o Trono do Hierofante é
circundado por elefantes, que participam da natureza de Touro, estando o Hierofante realmente sentado sobre um touro. Ao redor
dele estão as quatro bestas ou Kerubs (visão de Ezequiel), uma em cada canto da carta, visto que estes são os
guardiões de todo santuário. Mas a principal referência é ao arcano particular
que constitui o negócio maior, o essencial, de todo trabalho mágicko: a união
do microcosmo ao macrocosmo. Consequentemente, o oriel é diáfano, diante do
Manifestador do Mistério há um hexagrama representando o macrocosmo. E no
centro deste um pentagrama, contendo e representando uma criança do sexo
masculino dançando. Isto simboliza a lei do Novo Aeon da Criança Hórus, o qual
suplantou o Aeon do "Deus que Morre", que governou o mundo por dois
mil anos. Também diante do Hierofante está a mulher com a espada à cintura, que
representa a Mulher Escarlate na hierarquia do novo Aeon. Este simbolismo é
adicionalmente efetivado no oriel, onde, por trás da cobertura fálica de
cabeça, a rosa de cinco pétalas desabrocha.
O simbolismo da serpente e da pomba faz alusão a este
versículo de O livro da Lei cap.I, V.57: "...pois existe amor e amor.
Existe a pomba e existe a serpente."
O fundo da carta toda é o azul escuro da noite
estrelada de Nuit, de cujo útero nascem todos os fenômenos. Touro, o signo do
Zodíaco representado por esta carta, é ele mesmo o Kerub-Touro, ou seja, a
Terra sob sua forma mais forte e mais equilibrada.
O regente deste signo é Vênus, que é representado pela
mulher em pé diante do Hierofante.
No capítulo III de O livro da Lei, versículo XI, lê-se: "Que a mulher seja cinjida com uma espada
diante de mim". Esta mulher
representa Vênus como ela agora está neste novo Aeon, não mais mero veículo de
seu correlativo masculino, mas armada e militante.
Neste signo a Lua é exaltada; sua influência é
representada não só pela mulher como também pelos nove pregos.
É impossível na atualidade explicar esta carta na sua
inteireza pois somente o curso dos eventos poderá mostrar como a nova corrente
de iniciação funcionará.
É o Aeon de Hórus, da Criança. Embora o rosto do
Hierofante pareça benigno e sorridente e a própria criança pareça alegre com
desregrada inocência, é difícil negar que na expressão do iniciador há algo
misterioso, mesmo sinistro. Ele parece estar gozando uma piada muito secreta as
custas de alguém. Há um aspecto distintamente sádico nesta carta, e
naturalmente, considerando-se que ela provém da lenda de Pasífae, o protótipo de todas as lendas dos Deuses-Touros.
Estas lendas ainda persistem em religiões como o Saivismo e (depois de múltiplas degradações) no próprio Cristianismo.
O simbolismo do Bastão é
peculiar; os três anéis entrelaçados que o encimam podem ser tomados como
representativos dos três Aeons: de Ísis, Osíris e Hórus com suas fórmulas
mágickas que se entrosam. O anel superior está marcado de escarlate para Hórus,
os dois inferiores de verde para Ísis e amarelo pálido para Osíris,
respectivamente. Todos estes estão baseados no azul escuro, a cor de Saturno, o
Senhor do Tempo, pois o ritmo do Hierofante é tal que ele se move apenas a
intervalos de dois mil anos.
Pasiphae sits on a throne, Gaziantep Museum
Estrutura Mística:
É o arcano da bênção, da
iniciação, da demonstração, do ensino. Dever. Moral. Consciência. Santidade. Lei,
simbolismo, filosofia, religião. Evoca os níveis mais altos de consciência.
Posição
normal: Piedade, clemência, religião, família, inspiração, tradição.
Posição
invertida: Rancor, intolerância, falta de confiança em si mesmo e nos
outros, atos vulgares e instintivos.
Busca
de sentido, revelação, hora da verdade, confiança, indicações do caminho da
salvação.
Mental: O
Pontífice representa a forma ativa da inteligência humana, que traz
principalmente as soluções lógicas. Significa também os pensamentos inspirados
por um nível mais alto de consciência.
Emocional:
Sentimentos poderosos, afetos sólidos, solicitude, sem cair em
sentimentalismos. O Pontífice indica os sentimentos normais, tal como devem ser
manifestados na vida, de acordo com as circunstâncias.
Físico:
Equilíbrio, segurança na situação e na saúde. Segredo revelado. Vocação
religiosa ou científica. Especialista em sua área.
Desafios
e sombra: Indica um ser desconectado de sua razão e seus instintos,
na obscuridade, carente de apoio espiritual. Projeto retardado. Chefe
sentencioso, moralista, rígido, prisioneiro das formalidades, metafísico
dogmático, professor autoritário, teórico limitado, pregador da “boca pra
fora”. Conselheiro desprovido de sentido prático. Problemas com saúde,
indecisão, negligência.
Plataforma de caixão pintada com a imagem do touro Ápis
Trabalhos relacionados à dança:
Trabalho das bailarinas Irina Miridzhanyan, Kristina Eliseeva, Ekaterina Mednikova, Daria Alimova e Ilona Gorlova do Divon & Tarot Noir (Rússia):
Na descrição do vídeo diz:
“Somos cartas de tarô. Cada um de nós tem seu próprio significado e prevemos o
destino.”
A coreografia é nomeada com a
letra V, o que possivelmente faz alusão ao arcano O Papa. Mas o trabalho não
possui elementos simbólicos para que eu possa tecer algum tipo de comentário
sobre ele. É lindo. Então, apreciem.
Tribal Secrets Tarot Deck, de Anandha Ray:
Tribal Secrets Tarot Deck
Belo trabalho de fotografia e
edição, que traz a própria Anandha Ray como o Hierofante. Nota-se o manto
vermelho, a lua (que aparece tanto na edição da foto, quanto nos acessórios
utilizados pela bailarina) e duas gárgulas com cabeça de leão, que podem
referir-se tanto às colunas do Templo quanto à um dos Kerubs da visão de
Ezequiel.
Anandha faz uso de postura e
mudras das Danças Indianas, e somente graças ao auxílio da Mestra Krishna
Sharana, pude obter informações importantes quanto aos seus significados.
De acordo com a professora
Krishna, o mudra feito em direção ao chão é o “Varada Mudra” e simboliza
bênção, benevolência, o dar, o alcançar. O mudra feito na direção de cima
chama-se “Abhaya Mudra” e simboliza “não tenha medo”. Significados estes que se
alinham perfeitamente ao arcano V e são atributos do arquétipo do Hierofante.
Uma curiosidade interessante e
importante é que, geralmente, o “Varada Mudra” é executado com a mão esquerda e
o “Abhaya Mudra” com a direita, o que nos faz supor que possa haver alteração
dos lados por conta da própria fotografia.
Nota-se que a grafia do nome da
carta mostra-se diferente. Lê-se “Heirophant” ao invés de “Hierophant”,
deixando a dúvida de se foi, ou não, proposital...
Datura Tarot, de Rachel Brice:
Datura Tarot
Rachel, sempre impecável, traz
no seu trabalho de colagem uma figura central como O Hierofante e duas figuras
em segundo plano, representando os dois monges dos baralhos tradicionais. O
Hierofante parece estar sentado sobre uma pedra bruta que flutua sobre a água.
Interessante perceber que ela traz figuras de outra religiosidade, entretanto,
sem alterar em nada o sentido da carta. A simbologia das colunas do Templo e da
coroa foram mantidas e é interessante perceber a semelhança da coroa utilizada
por ela e a do baralho de Thoth. Mais interessante ainda é especular sobre
aqueles três círculos que estão em volta da coroa. Com muita imaginação dá para
associar à Sabedoria dos Três Aeóns, em virtude da semelhança das cores verde,
amarelo e vermelho. Será?
O ponto alto, na minha opinião,
é o selo/brasão/moeda de Calixtus III (1455-58), considerado o segundo dos
papas da Renascença. Objeto este que contém as chaves de São Pedro, a coroa
tríplice do papado e o touro, símbolos essenciais ao entendimento deste arcano.
Rachel é tão incrível, que
sempre penso que algo vai me escapar nas obras dela. É bem provável que
aconteça.
Analisem aí e troquemos
figurinhas!
Gratidão à todos que leram até
aqui e à Mestra Krishna Sharana, pela ajuda!
Hölle Carogne (Porto Alegre-RS) é a alma por detrás do humano, do rígido. É curiosa, entusiasta e selvagem. Uma admiradora da arte, da dança, da literatura e da música.O "esquisito" a seduz. Seus poemas e seus movimentos estão impregnados de ideologias, de crenças. Compassos pouco convencionais, cheios de misticismo, de oposição, de agressividade.Ocultismo, caos e luxúria sendo mesclados às suas criações e retratados de forma crua, orgânica, uterina.
Para essa segunda parte do autocuidado, trarei um pouco
sobre o segundo passo importante para começar uma rotina de skincare.
Caso não tenha visto a primeira, segue aqui a leitura.
A segunda etapa é nada mais que a limpeza adequada
para o seu tipo de pele. Analisamos na internet diversas marcas, inúmeros
produtos que nos deixam em um grande limbo de necessidade, mas o mais importante
é entender que o quanto mais simples, melhor.
Mas antes de tudo irei frisar sobre produtos faciais. A
pele de seu rosto tem uma textura diferente do seu corpo, produtos
corporais não funcionam da mesma forma para o seu rosto e com isso, os produtos
farmacêuticos produzem efeitos diferentes para ambas partes (cabeça e corpo).
Exemplo: Se seu rosto é oleoso, mas seu corpo seco, o seu
hidratante corporal funcionara bem, mas ao adicionar ao rosto produzira um
efeito contrário, acumulando e entupindo os poros de forma negativa, fazendo
seu corpo produzir mais sebo, causando efeito rebote. Com isso, é
importante utilizar produtos diferentes para cada parte.
Voltando sobre limpeza facial, a simplicidade das
etapas de uma skincare é apenas: limpar e hidratar. Simples assim. Mas será
que você realmente está limpando da melhor forma? Segue algumas dicas para
auxiliar nas próximas:
1) O
ideal é que demore em torno de 2 minutos passando sabonete facial, com cuidado,
utilizando as pontas dos dedos, em seu rosto.
2) Caso
sofra de cravos, foque nessa área durante 1 minuto.
3) Esfoliar
seu rosto duas vezes na semana, para ajudar na limpeza e retirar pele morta que
fica entupindo os poros.
4) O
efeito de um sabonete facial costuma demorar alguns dias.
5) Caso
sofra de acne nas costas, também é necessário limpar e hidrata-lo.
Nenhum produto é
milagroso, por isso teste e veja o que adapta melhor em sua rotina. Em caso de
dúvidas, consulte uma dermatologista para te ajudar e até identificar o
melhor tratamento para o seu rosto.
Sarah Raquel (Fortaleza-CE)iniciou os estudos em danças orientais com a dança do ventre em 2015 e logo se redescobriu na vertente dark fusion, para melhor se expressar dentro desse estilo buscou estudar tribal fusion e o dark fusion. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>
Em 12 de dezembro de 2020
rolou a 4ª edição da Mostra de Danças Inspirações, de Fernanda Zahira Razi! O
evento foi on-line e transmitido pelo You Tube.
Contando com 14
apresentações entre solos e grupos, tivemos não apenas Tribal Fusion, mas
também Dança do Ventre, Dark Fusion, Folclore árabe, dança experimental e até
mesmo dança irlandesa!
Separei algumas pra
vocês terem um gostinho - as edições para os grupos ficaram muito legais, em
tempos de distanciamento - mas logo mais no final do post tem a Mostra
completa, pra quem quiser conferir tudinho! :3
Confiram as demais apresentações abaixo, na Mostra completa, ou
isoladamente no canal da Fernanda, aqui!
Anath Nagendra (Esteio-RS) é bailarina, professora, coreógrafa e pesquisadora de Danças Árabes, Raja Yoga e, em especial, Tribal Fusion e suas vertentes. Hibridiza sua arte e percepção com grandes doses de psicologia, espiritualidade e ocultismo. Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >>