[Resenhando-SP] Projeto Sarasvati

por Irene Rachel Patelli & Shamsa Maharani


Dia 21/4 tive a honra de participar mais uma vez do Projeto Sarasvati que ocorre uma vez por mês no Madame Club, casa noturna gótica referência em São Paulo.

Esse projeto, idealizado e dirigido por Shamsa Maharani, tem como principal intuito levar a diversidade das danças ao conhecimento dos frequentadores do local. Infelizmente, já houveram críticas ao projeto, mas ele continua aí firme e forte para mostrar como inserir os vários tipos de dança num contexto gótico, sem perder a qualidade. Entre os frequentadores há pessoas com vários gostos e preferências, atingindo assim um maior número de espectadores e pessoas que acompanham o projeto.

Já ocorreram várias apresentações de vários tipos de dança como o ballet, dança indiana, flamenco, fusões, dança cigana, tribal fusion, ATS e inclusive performances com temas especiais ou livres. Os temas são os mais variados como o solstício dos Deuses, Brumas de Avalon, especial David Bowie, etc.



Em palavras da Shamsa:

“Costumo explicar as pessoas que o meu projeto não é gótico, mesmo sendo realizado na maior e melhor casa underground de São Paulo ele trabalha acima de tudo com diversidade e estilos de dança.

É isso que o público precisa ver conhecer vários estilos.

Foi no underground que tive o reconhecimento do meu trabalho .

Existe outros grandes projetos na noite como o Alquimia e o Fangxtasy, que são maravilhosos nas suas performances, no qual já tive a honra de participar.

Acredito que encontrei o meu lugar nesse cenário underground sou muito grata por isso.”


Essa noite em específico tivemos o especial Depeche Mode, banda aclamada dos anos 80. Cada música caiu como uma luva para cada bailarina, muito bem interpretadas por Dark Infusion (Dayeah Kalil e Samaa Hamraa), Ísis Máat e Shamsa Maharani. Sim, eu também me apresentei por lá nessa noite, muito feliz por ser convidada novamente pelo projeto para interpretar uma música da banda que amo.




Foi uma noite especial, a casa estava cheia, tanto lounge quanto pista

Para quem gosta de tribal é um prato cheio, sempre há pelo menos uma apresentação de tribal ou dark fusion com ótimos profissionais do ramo.

Para quem quiser conhecer o Projeto Sarasvati ou o Madame deixo os links abaixo:






Entrevista #47: Alinne Madelon (CE)

por Aerith Asgard
Foto por Kaori Lene
Nossa entrevistada do mês de maio é a bailarina de Fortaleza-CE, Alinne Madelon. Alinne nos conta sobre sua trajetória na dança tribal, suas conquistas, desafios, sobre seu studio e Cia Antique Soul. Vamos conhecer mais sobre nossa tribo?


BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como e quando você descobriu o tribal fusion e por que se identificou com esse estilo?

Meu primeiro contato com a Dança Oriental foi em 2001, na escola, e foi algo que ficou bem marcado na minha vida, mas sempre tive contato com danças de outros estilos. Participei de grupos de dança em igreja, grupos de dança popular tradicional e danças urbanas. Até que em 2008 entrei na aula de Dança do Ventre com Prof Sabina Colares. Desde a primeira aula ela me apresentou o Tribal Fusion e me apaixonei. Houve a identificação com os figurinos de cores neutras e rosas vermelhas no cabelo,a música totalmente moderna e fora do padrão que estava acostumada a dança.  O que mais me chamou a atenção no Tribal foram os movimentos super condensados e o estilo meio rockers das bailarinas, bem eu! Fiquei super triste ao descobrir que não tinha professora aqui na minha cidade do estilo. Sabina falou de Kilma Farias e, um tempo depois, a mesma esteve pra um workshop aqui, sendo assim, esse foi meu primeiro contato com Tribal Fusio. Encantada e profundamente desanimada em não ter professora pra estudar, resolvi iniciar meus estudos como auto didata, tive sorte de na época ter um trabalho que me possibilitava estar em São Paulo com frequência e, por isso, sempre marcava alguma aula ou participava de algum evento. Para poder ter oportunidade de estudar e de divulgar a dança na minha cidade, comecei a dar aulas e ensinar o pouco que eu sabia com incentivo muito grande de Kilma Farias. 

Foto por Kaori Lene
BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
Kilma Farias que foi quem me deu um rumo pra estudar sozinha. Joline Andrade pelo conhecimento e ensinamentos que ela passa. Lenna Beauty que é uma pessoa que admiro como mulher, mãe e bailarina, uma mestra maravilhosa.

BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Bem, o estúdio passou por algumas mudanças e eu tive que parar vários estudos, mas ano passado estudei Ballet Clássico, algo que quero continuar. Gosto muito, muito de dança contemporânea e leio, estudo e pesquiso sempre que posso. Acredito até que é algo muito forte e presente na minha dança. No momento, pratico Yoga nos meus tempos livres e pretendo voltar minha rotina normal de aulas assim que o estúdio estiver firme.

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Quando eu comecei a estudar Tribal adorava Sharon Kihara, Rachel Brice, entre outras bailarinas internacionais. Acredito que hoje grande parte das Tribal Dancer tem como inspiração a diva master Zoe Jakes né, e eu também!! Mas amo trabalhos de muitas. Poderia citar uma lista enorme, mas super me inspira: Tiana Frolkina, Olga Meos, Piny Orchidaceae, a hermana Julieta Mafia e por ai vai mundo à fora. Também tenho minhas inspirações nacionais: as minhas amadas Kilma Farias, Joline Andrade, Alê Carvalho, Antonia Lyara, Honora Haeresis, Gilmara Cruz, Caio Pinheiro, Jaqueline Lima, Carol Constantino, Caíque Melo, Bruna Gomes, todos os bailarinos e bailarinas que compõe a organização da Caravana Tribal Nordeste, hoje as Cias Mandhala, Aquarius e Lunay são pessoas que me ensinam muito sobre pessoas e ética profissional a cada edição da caravana, são pessoas que lutam por dança e que dançam com alma e vigor; todos me encantam demais e ali  dançar é resistência! E é logico: minha pupila Gabriela Farias, sempre me emociono ao ver ela dançar e é sempre um prazer enorme dançar ao lado dela, estaremos pela primeira vez dançando fora do pais juntas e é muito bom ter uma bailarina como ela tão talentosa ao meu lado.

BLOG: O que a dança acrescentou em sua vida?
Alinne & Gabriela Farias
Acrescentou mudanças interiores como sociais, auto-estima, resistência corporal, disciplina, sobretudo ela entrou na minha vida mudando tudo de lugar. Primeiro dentro de mim, eu encontrei uma mulher capaz de virar minha vida ao avesso e era eu mesma. A dança me mostrou que posso superar meus limites corporais e me deixou mais forte, corajosa e segura, estava num período muito delicado da minha vida e a dança foi meu porto seguro. Era onde eu estava por completo. Mudei vários conceitos e padrões durante esse percurso, tanto sobre arte como ser humano e caráter, além disso, mudei de profissão né...

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
O poder de auto conhecimento que ela proporciona e a liberdade de expressão que ela nos permite.

BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação? Você acha que o tribal está livre disso?
Eu já vi muito dentro da dança do ventre ares de competitividade em relação umas  com as outras, mas também percebo que isso está amadurecendo. Algumas bailarinas estão com propostas de trabalhos que envolvem Sagrado Feminino e isso super vem pra ajudar as bailarinas a se unirem. Acho que todas as mulheres precisam parar de se olhar como rivais e se olharem como parte de toda uma força que pode mudar muitos conceitos estabelecidos pelo patriarcado. A dança não precisa desse sentimento competitivo, desse olhar maldoso. É preciso se unir pra sermos mais fortes. Acho que o tribal não está livre disso não. Quantas tretas já rolaram e rolam por ego hoje em dia...

Foto por Samuel Lucas
BLOG: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal? Como foi isso?
Dentro da dança, tanto do ventre quanto tribal, não que eu percebesse, mas fora da dança sempre... Acho super falta de respeito perguntar se eu já dancei pro meu companheiro, isso acontece sempre e é uma bandeira que tanto Ventre como Tribal tenta desmistificar, né? É uma arte e o povo precisa ver como tal e em pleno seculo XXI ainda temos que escutar essa pergunta.
BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Várias (rsrsrsrs). Sou indignada com certas panelinhas dentro da dança aqui no meu Estado, com a falta de oportunidade pro novo sabe. Sou um pouco frustrada em não saber até onde a dança pode me levar aqui por conta dessa deficiência de incentivo pra artistas que não estão dentro de um certo convívio social.

BLOG: E conquistas? Fale um pouco sobre elas.
A cada evento promovido é uma conquista, né. Cada aluna nova, o espaço que temos hoje, os trabalhos que fazemos hoje e os estudos: tudo é conquistado com muito suor e resistência. Ano passado estive em vários eventos ministrando Workshop em São Paulo, Florianópolis e foi muito bom poder ter esse contato com outras pessoas tão diferentes da minha realidade aqui no Nordeste, foi bem reflexivo pra mim essas experiencias e, sem dúvida, uma conquista.

Foto por Samuel Lucas
BLOG: Como é o cenário da dança tribal do Ceará? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade/estado, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?

Então hoje eu tenho estúdio com duas professoras eu e Gabriela Farias. Temos a Thyara Matos, que também dá aulas regulares, e Lenna Beauty que dá aulas no estúdio dela de Flamenco Oriental, Kalbelya, entre outros. Acredito que cada uma tem uma forma de trabalho diferente e isso engrandece o cenário. Pontos negativos é justamente a falta de oportunidade de estar dentro de um circuito de artistas locais. Até hoje não tive problemas com as bailarinas da Dança do Ventre. Iniciei dando aula em estúdio de Dança do Ventre e sempre fui bem acolhida. Tenho algumas pessoas que apoiam meu trabalho que me ajudaram bastante e sou bastante grata pela oportunidade que foi me dada em cada tempo da minha caminhada,como Aisha Fahd, Natalia Capistrano e Juliana Jarraj.

BLOG: Em 2016, você realizou o Curso de Formação em Tribal Fusion com Joline Andrade. Conte-nos sobre sua experiência com o curso.

Esse curso da Joline é surpreendente! Do conteúdo prático ao teórico. Sempre tive vontade de fazer e trazer pra Fortaleza, ver tantas bailarinas estudando e se dedicando foi lindo. Pretendo fazer uma segunda edição, em breve!

BLOG: Anteriormente, você e Thyara Matos eram diretoras do grupo Mandalla Tribal. Como surgiu a ideia, qual era o estilo e proposta do grupo, assim como sua experiência e participação nesse período?


Foto por Kaori Lene
A ideia surgiu a partir da necessidade de divulgar a dança e de estudar de forma mais profunda e profissional. Éramos duas apaixonadas por dança tribal com proposta de conquistar um espaço dentro da dança, querendo disseminar a dança no Estado. Fizemos alguns eventos juntas, algumas apresentações e vimos que temos formas diferentes de trabalhar. Uma não é melhor que a outra, apenas diferente. Que fique claro, adoro a Thyara! Tenho admiração pela bailarina dedicada e estudiosa que ela é e ela sabe disso. Mandalla foi nossa escolinha (rsrsrsrs) e nos tornou as profissionais que somos hoje.

BLOG: Conte-nos como e quando surgiu a Cia Antique Soul, a etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo, se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado e o processo de introdução de novos integrantes?


Foto por Nando Espinosa
A Cia foi idealizada em 2014 e estruturada em 2015 por mim e pelas bailarinas Gabriela Farias e Camila Miranda (que hoje não faz mais parte da formação atual). Unir o novo e ancestral é o que queríamos fazer, assim como acreditamos ser a essência do Tribal Fusion. Antique Soul, na língua inglesa (nativa do Tribal Fusion) significa “Alma Antiga”. Então resgatamos essa ancestralidade em nós e miramos no horizonte sempre com novas fusões e propostas. A nossa cia sempre teve o intuito de trabalhar fusões étnicas, porém, temos uma linha de estudo forte no Tribal Brasil, fazendo parte da Caravana Tribal Nordeste. Todas as integrantes foram minhas alunas. Algumas tiveram passagem pela dança árabe, outras tiveram passagem por outros estilos. Unimos nossas influências e apostamos na originalidade. Hoje nossas integrantes são Gabriela Farias, Edzângela Medeiros e Cristiane Arrais.


BLOG: Além da Cia, você é proprietária do Studio Antique Soul. Conte-nos como você começou com tal empreendimento e quais são seus principais desafios para viver de dança. Quais dicas você daria para quem pretende viver de Arte no Brasil? 



Eu ministrava aulas regulares em vários estúdios, então houve um momento que eu senti necessidade de concentrar todas as alunas em um espaço só e em um espaço que tivesse foco em Dança Tribal. A partir disso tive a oportunidade de locar um dos estúdios no qual eu já dava aula e foi onde tudo começou como Studio Antique Soul.

Antes, um dos espaços que eu dava aula era um bairro na periferia onde mora meus pais em uma quarto e titulava de Studio Alinne Madelon, então, quando houve essa primeira mudança para um lugar mais central, resolvi deixar um nome que pudesse acolher todas as almas dançantes.

Não é fácil manter um espaço de dança hoje no Brasil. Arte em geral aqui tem pouco valor e poucos são os que tem acesso. É um leão por dia e nem pra todas a dança é prioridade. Então, a aluna entra hoje e sai amanhã. A gente não pode fazer nada, só se atualizar estudar, se qualificar e continuar tentando. A dica que eu daria hoje para alguém que pretende viver de Arte é: se você tiver oportunidade e condições de estudar dança hoje no nosso país, então, aproveite! Mas tenha foco e sempre um plano B porque não sabemos onde vamos parar com tantas injustiças sociais, tanta corrupção e tanto descaso com os artista daqui.

BLOG: Conte-nos um pouco sobre suas principais coreografias. O quê a inspirou para a formulação da parte conceitual e técnica das mesmas, assim como seus processos de elaboração dos figurinos e maquiagens. Como essas coreografias repercutiram na cena tribal?
Bem, meu primeiro trabalho que teve uma repercussão legal principalmente aqui no Estado foi um de 2015. Minha inspiração foi tentar mostrar o que eu tinha de melhor em técnica. Minha filha tinha acabado de nascer e eu estava meio em crise artística (rsrsrs) e me coloquei naquele estudo coreográfico com força total. Foi um renascimento pra mim aquele solo. 



Depois veio os dois solos que apresentei no Dramofone VII, edição 2016. São dois trabalhos bem híbridos com formas e desenhos bem diferente dos meus primeiros trabalhos. A parte técnica é nitidamente notável e bem mais aprimorada, a parte conceitual sempre vem do que passo ou sinto no momento... 




Por fim, meu trabalho de finalização do curso de Formação com Joline Andrade, é meu preferido até hoje! Parte de um estudo em dança contemporânea e um estudo em técnicas de improvisação. A partir disso, coreografei esse solo, e tive um repercussão muito boa dele, muitos elogios e eu coloquei muito sentimento ali. Por isso, ele se tornou tão especial e tão diferente de tudo que já fiz. 



BLOG: O evento Caravana Tribal Nordeste (CTNE) é um dos eventos que se destaca no país, unindo, ao longo do ano, a rota de cidades nordestinas membros do projeto. Conte-nos como surgiu a idéia do evento, sua proposta e objetivos, organização atual e elaboração deste, a introdução do núcleo no Ceará sob sua direção a partir de 2016, bem como a repercussão do mesmo para a comunidade tribal quanto para seu público no Nordeste Brasileiro.

A CTNE foi Idealizada pelas bailarinas Kilma Farias e Alexsandra Carvalho, que completa sete anos em 2018. O evento promove a interligação cultural de povo por meio da dança em um festival migratório, no qual as bailarinas residentes são responsáveis pela organização do evento e workshops. Eu e a cia já participávamos do evento antes de sermos convidadas para fazer parte da organização e representarmos o Ceará como sede. É um evento incrível! Sempre é um aprendizado, tanto quando estamos passando nossos estudos e conhecimentos quanto quando estamos aprendendo com todas as cias que admiramos muito. Nossa introdução na Caravana foi crucial para o nosso amadurecimento quanto companhia.

Foto por Samuel Lucas
BLOG: O Nordeste é uma das regiões mais ricas e criativas na dança tribal, mesmo estando distante do Sudeste que, geralmente, é o porto das principais informações e workshops. As bailarinas são muito técnicas e as coreografias muito bem desenvolvidas. Na sua opinião, o quê se deve esse destaque na dança tribal nordestina? Vocês realmente estão mudando a rota de eventos da dança tribal, tirando o enfoque do Sudeste e traçando uma rota para o Nordeste. Gostaria que comentasse um pouco esse processo na dança tribal no Nordeste Brasileiro.

Eu vejo o Nordeste com tantas influências africanas, indígenas, caboclas, de forma estética e corporal que fogem do arquétipo europeu. Fomos por muito tempo uma região forjada pelo trabalho braçal, pela mão de obra desse povos. Diferente do Sul, que foram regiões de “povoamento” com a forte imigração europeia de alemães, italianos e portugueses. Ambos os polos tem sua riqueza cultural, mas acredito que conseguimos fusionar nossas influências com o tribal de forma natural e nos distanciamos do padrão europeu e norte-americano, imprimindo uma roupagem diferente pra esse Tribal. Não melhor, apenas diferente. Temos muitos eventos importantes em riqueza e grandeza sendo realizados aqui no Nordeste. É um grande intercâmbio cultural. E torcemos, sim, para que não estejamos mudando a rota, mas sim, acrescentando!

Foto por Kaori Lene
BLOG: Conte-nos sobre o estilo Tribal Brasil como um dos estilos representados pelo seu trabalho. Como surgiu a afinidade por tal fusão? Qual a importância de estudá-la?

Como disse no início, a identificação veio logo nos primeiros meses de dança do ventre, quando fui apresentada ao Tribal. Tenho respeito infinito e agradecimento à dança árabe em geral, mas o Tribal me deu de presente uma grande oportunidade de fusionar, de me desconstruir e de me pôr em contato com muitas formas de pensar e se mover.

BLOG: Você considera a dança tribal uma dança étnica contemporânea? Por quê?
Considero sim! Precisamos compreender que o “Tribal Fusion” de Rachel Brice, o qual amo, não é o mesmo de 2018. E isso é um fluxo natural, assim como aconteceu com Jamila Salimpour lá atrás. Estamos em constante estudo e evolução. Hoje vejo o Tribal como uma dança Étnica Contemporânea.

BLOG: Em sua opinião, o quê é tribal fusion?

Dança étnica contemporânea um estilo em contante transformação.

BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?

A liberdade que se tem de se expresar de forma artistica, a tecnica, o resgaste ancestral.

Foto por Samuel Lucas
BLOG: Como você descreveria seu estilo?

Hoje vejo meus trabalhos e percebo que fluo muito dentro do contemporaneo. É sempre muito bom unir os dois, mas não gosto de me titular isso ou aquilo. Eu faço uma dança hibrida com varias influencias e com toda minha bagagem de estudos.

BLOG: Como você se expressa na dança?

Com todas as formas que estiver ao meu alcance, sou muito sensitiva então gosto de tocar as pessoas enquanto danço, gosto de manter as pessoas hipinotizadas assim como eu fico quando vejo minhas divas dançando, então a expressão é um sentimento transmitido.

BLOG: Sobre sua carreira, qual/quais seu momento tribal favorito ou inesquecível?

Quando participei da primeira CTNE com minhas alunas e vi o quanto grande são os bailarinos que fazem parte desse cenário e que honra tão grande eu sentia por estar ali.

BLOG: Quais seus projetos para 2018? E mais futuramente?

2018 já começou com mil mudanças... no momento quero voltar a rotina normal do Studio, estou promovendo um workshop de Joline em Agosto, e em estou escrevendo um Espetáculo de Dança Tribal junto da Cia Antique Soul para dezembro de 2018 o "Marias de Mandacaru", será nosso primeiro filho. Futuramente quero focar em estudos acadêmicos ou técnicos voltado para dança.

BLOG: Improvisar ou coreografar? E por quê?

Os dois! Improvisar é muito sentimento, além de existir algumas técnicas; é maravilho a entrega que o improviso te possibilita. Coreografar é necessário para o estudo, para o auto conhecimento como bailarina. Acho que a bailarina precisa estar preparada pros dois momentos.

BLOG: Você trabalha somente com dança?

Hoje sim, mas pretendo voltar a trabalhar com administração ou assistente de produção.

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.

Olá galera tribal que acompanha o blog Aerith!! Espero que eu possa ter passado um pouco sobre minha história dançante pra vocês e espero servir de incentivo pra você que está iniciando nesse universo que é a dança tribal. Pras manas de luta deixo meu abraço caloroso à todas que cruzarão comigo nessa caminhada. Esses dias escutei de uma amiga-aluna o seguinte: “Alinne tu não tem escolha tem que resistir não pode parar”... e digo isso à todas, por mas difícil que seja vamos nos unir e resistir. Estamos aqui pra salvar essa mulherada do patriarcado e dar auto conhecimento, dança e alegria na vida delas.  Vamos seguir e mostrar que juntas somos mais fortes!

Gostaria de agradecer imensamente a todas minhas alunas, sem elas eu não teria chegado onde estou, agradecer pelo carinho e por estarem comigo onde quer que eu vá! Sou grata pela atenção, ajuda e companheirismo que temos, todas as risadas, tristezas e agustias que compartilhamos todas as aulas; e dias bons e outros nem tão bons assim, mas estamos juntas pra dançar em todos eles. Amo todas vocês  💞


Foto por Kaori Lene

Contato

Tel/cel: (85) 98933124

E-mail: alinnemadelon@hotmail.com

Informações do Studio 
Rua Coronel Ferraz, 56, Centro (ao lado da Escola Pequeno Grande)
 (85) 98933124


[Ritmos do Coração] Decifrando o Whada Wo Noz

por Fairuza



Olá, tribo!

Vou dissertar a respeito de uma dúvida que muitos me questionam.

Ritmos lentos, a exemplo do whada wo noz, falado na minha última postagem, pode se tocar snujs?

A resposta é: depende. Depende do que for dançar.

  • Caso apresente dança do ventre tradicional ou tribal fusion, a resposta é sim, pois há uma liberdade de expressão nessas danças mencionadas.
  • Agora, caso apresente um ATS®, aí a resposta é não, pois como já falado, os ritmos lentos são utilizados para o repertório lento / lento dramático e não se toca snujs nesses mencionados repertórios.

Então, a minha dica será para quem dança dança do ventre e / ou tribal fusion:

Comece tocando, fazendo a marcação dos pontos fortes do ritmo, dessa forma:
D E D E D -  D E D
1 2  3 4  5    6  7 8

Dando pausa entre uma sequência e outra. Quando estiver sentindo uma certa facilidade, faça o seguinte toque:

D - DEDD - DEDD - DED - DED - DED  para destros.
E - EDEE - EDEE - EDE - EDE - EDE para canhotos.

Vídeo ilustrativo:

Desta forma, comece a executar estes toques, primeiramente, com os braços em postura média, sem muita movimentação, focando inicialmente ao desenvolvimento do toque.
Novamente, quando estiver sentindo uma certa facilidade, busque uma movimentação de braços, com desnível de altura, migrando da postura média para alta, alternadamente. 


Lembre - se sempre: somente a prática leva ao aprimoramento. Seja persistente.


Beijos tribo, até a próxima postagem.



[Resenhando-RS] Tribal na Mostra Outono de Dança 2018

por Karine Neves



A Mostra Outono de Dança 2018, promovida pelo Centro de Dança da Secretaria Municipal da Cultura da Prefeitura de Porto Alegre, aconteceu de 26 a 29 de abril de 2018, no Teatro Renascença com o objetivo de difundir a produção de dança de Porto Alegre e comemorar o Dia Internacional de Dança, que acontece dia 29 de abril.

Foram selecionados 53 trabalhos dos mais variados estilos. Entre eles balé, danças urbanas, tango, dança contemporânea, jazz, dança do ventre, sapateado americano, danças ciganas, danças folclóricas, tribal e fusões.

A noite de 27 de abril foi dedicada ao Grupo Experimental de Dança de Porto Alegre com uma mostra de coreografias de ex-alunos do GED e com o lançamento do livro comemorativo aos 10 anos desse projeto que vem trazendo formação gratuita em dança durante um ano com diversos profissionais da área no Rio Grande do Sul. A programação das demais noites contou com a participação de projetos coordenados pelo Centro de Dança como a Cia Municipal de Dança de Porto Alegre, a Cia Jovem de Dança e Escola Preparatória de Dança Senador Alberto Pasqualini, além de grupos e escolas de dança tradicionais da cidade como: Laboratório da Dança, Companhia H, Grupo Laços, Cia Claquê, Ballet Redenção, Suzana D'Avila Studio de Dança, Espaço de Danças Karine Neves, Naira Nawroski Centro de Artes Integradas, Aline Mesquita Dança do Ventre, CTG Vaqueanos da Tradição, Padedê do Samba, entre outros.

Segundo Airton Tomazzoni, coordenador do Centro de Dança da SMC, o programa de Mostras do Centro de Dança busca dar visibilidade para a produção da dança na cidade e integrar profissionais de várias linguagens juntos no mesmo palco. Depois do sucesso de duas décadas da Mostra de Verão foi lançada nesse ano a Mostra Outono de Dança para ampliar ainda mais a promoção da dança na capital.

Dos artistas da cena tribal da cidade, estiveram presente neste evento Daniela Oliveira, Hölle Carogne e Karine Neves.

Abrindo a mostra do dia 26, Dani Oliveira dançando pelo Espaço Nuit,apresentou a coreografia "Nada para Mim". O nome da coreografia vem do refrão de "Vienna", música da banda oitentista Ultravox. O conceito e dramaticidade que foi base desta apresentação é justamente de perda. Quando alguém já não é mais importante no nosso coração, ou alguma batalha que não vale mais a pena seguirmos insistindo. O desfecho de "Nada para Mim" não só pode soar como o fim de tudo que era importante, mas também a dor que sentimos quando nos damos conta que algo se tornará nada para você.


Foto de Dani Berwanger

Foto de Dani Berwanger
Foto de Dani Berwanger


Vídeo:



No dia 28, Hölle Carogne apresentou "Binamorph", trabalho de fusão que mescla dark fusion, dança contemporânea e butoh, abordando a simbologia da mariposa e a morte como forma de transmutação. O conceito trabalha o nascimento da mariposa, o crescimento de suas asas, sua atração pela luz e sua morte. "Binamorph" é um projeto de parceria dos artistas Hölle Carogne, Yuri Seima e Daniela Berwanger.


Foto de Martha Buzin 
Foto de Martha Buzin
Foto de Martha Buzin


Vídeo:


Na noite de encerramento da Mostra de Outono, Karine Neves apresentou "Correnteza". A coreografia faz uma alusão a uma correnteza, utilizando-a como uma metáfora para nossos sentimentos e como podemos ser "levados" por eles. Em um primeiro momento, através da fluidez dos movimentos com fanveils em "Batuque nas Águas" (por Naná Vasconcelos), a bailarina busca simbolizar o amor, como uma força propulsora para a vida, em que tudo flui em sintonia. Em contraste, na segunda parte, através das marcações do tribal fusion em "Chai" (por Kimyan Law), representa como podemos ser dominados por sentimentos negativos ou perturbadores, capazes de modificar nosso comportamento, levando o amor a sucumbir nessa correnteza.


Foto de Nando Espinosa Fotografia

Foto de Nando Espinosa Fotografia

Foto de Nando Espinosa Fotografia




Vídeo:








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[Retalhos de uma História] Nadia Gamal

por Ju Najlah


Há algumas versões diferentes sobre a origem de Nadia Gamal. Alguns dizem que ela é libanesa, mas morou no Egito. E outros dizem que ela é egípcia, mas logo mudou-se para o Líbano.

Segundo pesquisas de Lívia Jacob, do site Arabesc, Nádia Gamal nasceu no Egito, mais precisamente em Alexandria, na década de 1930. Filha de mãe italiana e pai grego, seu nome de batismo era Maria Carydias. Ela cresceu no meio artístico, pois sua mãe era bailarina e atriz, e apresentava um número no Casino Opera no Cairo, que pertencia à Badia Massabni. Quando pequena, Nadia já se apresentava com a mãe, como atriz, no Casino Chatby em Alexandria, quando era conhecida como Carry Days, e mais tarde como dançarina, fazendo números de danças europeias no Casino Opera. Além disso, como na época era proibido o trabalho de menores de 13 anos no Egito, suas participações em festas e casamentos eram consideradas informais.

Foi no Casino Opera, de Badia Massabni, que sua carreira como bailarina oriental realmente começou. Seu estilo era único, pois era treinada em balé, dança moderna, piano, jazz e sapateado. Diz uma lenda que sua primeira apresentação na dança oriental (seu pai a proibia de dançar em público por conta da sua idade) foi aos 14 anos, quando uma das bailarinas do casino da Badia ficou doente e não pôde se apresentar, sendo substituída por Nadia.

Mas Nadia também era muito estudiosa, falava 7 línguas diferentes e gostava de pesquisar a origem da dança do ventre. Sua grande missão era lutar contra a vulgarização dessa arte. Ela costumava enfatizar: "A Dança Oriental é uma arte, essa dança é a mais antiga da nossa civilização. Eu viajo pelo mundo para mostrar que é uma dança refinada, artística, tradicional e cheia de beleza."

Viveu no Líbano por muitos anos e adotou o país dos cedros como sua pátria, a pátria que ela escolheu e que a coroou como a "primeira dama da dança do ventre". Pode ser vista como grande expoente do estilo libanês de Dança Oriental.

Fez sucesso principalmente nas décadas de 50 e 60 e foi a responsável pelo surgimento da primeira escola de Dança do Ventre em Beirute, Líbano.


Como bailarina, ela se orgulhava de ser a única a ser convidada a se apresentar no famoso festival libanês Baalback, na década de 1960, onde, apesar do preconceito contra a dança do ventre, ela foi aclamada por 4 mil espectadores e sua apresentação é considerada memorável até hoje. Seu reconhecimento como bailarina excepcional também veio quando ela se tornou a bailarina do palácio do Shah do Irã e também do Rei da Jordânia.

Ela participou de inúmeros filmes e shows, tanto como bailarina quanto como atriz, mas não existe um catálogo oficial deles, apesar de ser possível achar muitos no Youtube. Uma das coisas interessantes desses vídeos é que eles englobam quase toda a carreira da Nadia, então é possível observarmos a sua evolução como bailarina, desde novinha até quase a sua morte em 1990.

Em 1965, Nadia já começou a fazer sucesso fora do mundo árabe (ela viajaria o mundo inteiro como uma espécie de embaixadora da dança oriental). Se apresentou em inúmeros países, incluindo diversos lugares da Europa, Estados Unidos e Canadá. Ainda nesse ano, Nadia participou de produções libanesas, como o filme "Al Seba wa Al Jamal", no qual sua dança aparece numa cena bastante familiar.

Era uma bailarina muito expressiva, de grande dramaticidade e incrível interpretação musical, chegando a ser chamada de "Isadora Duncan da dança oriental". Diferente de outras bailarinas de sua época, chegou a apresentar coreografias modernas, de outros estilos de dança, com leves toques orientais.


Também era comum a Nadia utilizar elementos em cena para a construção de sua dança, além de interagir e brincar com outros atores. Uma marca dessa bailarina era o seu poderoso trabalho de quadril, com movimentos amplos, além de um trabalho de mão diferente do que normalmente é visto. Teve uma longa parceria com o derbakista Setrak. Dançou e ministrou aulas nos Estados Unidos, Canadá e Europa.

Randall Grass escreveu sobre Nadia: “(...) uma grande bailarina é uma musicista cujo instrumento é o seu próprio corpo. Nadia Gamal realmente era um "great spirit" (grande espírito), tanto quanto um grande músico, uma artista que inspirava admiração naqueles que a assistiam. Contudo, ela é pouco conhecida fora do Oriente Médio e dos círculos de Dança Oriental, uma injustiça que eu senti que precisava ser corrigida."

Nadia foi casada 3 vezes, mas nunca teve filhos. Veio a falecer em 1990 de câncer de mama com muito sofrimento.

Fontes: 




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