[Tribal Brasil] Tribal Brasil de corpo e saia

por Kilma Farias

           

           A saia é uma materialidade bastante presente no universo das danças do Ventre e Tribal. Há muito me inquieto com as possibilidades de formas e movimentos que rascunham um possível feminino poético no espaço, se fazendo corpo juntamente com a bailarina ou bailarino.

            Ao lançar um olhar sobre as histórias da Dança Moderna Americana, encontro possíveis heranças e pontos de interseção. Pontos esses que começo a investigar no corpo enquanto história que se veste no tempo-espaço do movimento.

            As pistas pelas heranças dançadas da saia me levam a quebrar a cronologia para trazer um véu sobre meu olhar à Dança Moderna Americana; a skirt dance.

            A skirt dance deixa rastros na história da dança através do teatro burlesco e vaudeville no final do século XIX e início do XX, apresentando-se como uma forma de dança popular na Europa e América, influenciando o surgimento do can-can francês.

            Longas saias, inicialmente brancas, conferiam uma poética de pureza e feminilidade romântica às bailarinas. Posteriormente as saias foram ganhando inúmeros babados, mas seu manuseio permaneceu presente, embora no can-can as pernas das bailarinas passam a ser o foco principal de ação e a saia passa a assumir uma qualidade de moldura aos movimentos. Essa é uma questão que merece aprofundamento: os trânsitos das danças populares para os cassinos e cabarets através da exacerbação da sensualidade no corpo da mulher. Pois, a compreensão ocidental de gênero que temos hoje, onde o corpo da mulher é objetivado, inclusive nas danças ligadas a uma ideia de feminino, incluindo as danças do Ventre e Tribal, é reforçada nessa época. Por hora, irei apenas margear essa questão a partir do que me interessa na construção do imaginário da saia nas danças que me movem.

            Partindo desse interesse, observei que pioneiras da Dança Moderna Americana vão buscar no Orientalismo europeu e americano do início do século XX as motivações de seus movimentos e poéticas. Em suas formas de atualização e reelaboração, buscam questionar essa dita objetivação da mulher que reforça a desigualdade de gênero; e a saia entra como protagonista de uma assinatura feminina corporal.

            Judith Lynne Hanna (1999, p. 195) em seu livro Dança, Sexo e Gênero, no capítulo que enfatiza padrões de dominação, mais precisamente no texto “Dança para libertação das mulheres” afirma que: Denunciar, desmantelar e criar, coloca a dança moderna como o movimento que trouxe a resignificação do feminino. Esse movimento surge em libertação ao corpo da mulher e como uma “crítica das mulheres ao sistema do século XIX, que as excluía dos principais papéis econômicos e políticos [...] A afirmação e o controle feminino do corpo eram um impulso da crítica das mulheres” (HANNA, 1999, p.196). Embebidas nessa missão, as mulheres fizeram da dança moderna, em parte, um revide contra a dominação masculina vigente, tanto na dança quanto no dia-a-dia.

            Os movimentos pessoais foram colocados em foco e tudo poderia ser motivo de dança, que aconteceria em qualquer lugar, com ou sem música, com qualquer vestimenta, e não mais os espartilhos e sapatilhas que o ballet clássico da época impunha.
Enquanto o século XX progredia, aos poucos os tabus sobre as partes do corpo que podiam ser mostradas desapareceram. Com o advento dos maiôs e de novos movimentos de dança, os espectadores viram o corpo – entrepernas, nádegas, coxas e seios – de todo ângulo possível. (HANNA, 1999, p. 198).


            As precursoras desse movimento foram Loie Fuller, Ruth St. Denis e Isadora Duncan, dentre outras. Meu olhar chega à bailarina americana Ruth St. Denis (1879-1968) atraída pelo seu gosto e interesse pelo exótico. Ao observarmos a trajetória artística de Ruth St. Denis, vamos contemplar uma história de encontro com o espiritual através da dança, indo buscar fonte de inspiração em diversas estéticas a exemplo da egípcia, indiana, flamenca, tailandesa, chinesa, entre outras.

Na sua escola, a Denishawn School em Los Angeles, Califórnia, passaram nomes como Martha Graham e Doris Humphrey, expoentes da Dança Moderna Americana que influenciam até hoje grande parte de bailarinos do Ocidente, contribuindo com técnicas como contração-expansão e queda-recuperação, respectivamente.

Ruth St. Denis ficou conhecida pelos seus solos, a exemplo de Rahda (1909) e The legend of the peacock (1914), onde retratava a “complexidade e autonomia das mulheres.” [1] Esses solos em muito se assemelham à estética do que conhecemos hoje como dança Tribal. “A mistura do físico e da divindade nas coreografias de St. Denis levou que ela estudasse várias religiões ao longo da sua vida. Em sua opinião, a dança era um ritual e uma prática espiritual.” [2]

            “A complexidade e autonomia das mulheres” retratadas por essas bailarinas, na maioria das vezes através de arquétipos de deidades femininas com suas longas saias que se abrem no espaço nos remetem a uma cultura do feminino e suas implicações socio-histórico e antropológicas em diálogo com as discussões sobre gênero.

            Ao pensar os domínios estruturais e ideológicos das relações entre sexos, os historiadores sociais vão dizer que, para além de possíveis definições de papeis entre feminino e masculino, “O gênero se torna, aliás, uma maneira de indicar as construções sociais [...]” (SCOTT, 1990, p.7) bem como um lugar de legitimação de poder, constituindo-se como “uma categoria imposta sobre um corpo sexuado”. (SCOTT, 1990, p. 7).

            Desse modo, esse “corpo sexuado” dentro das danças do Ventre e Tribal propõe transcender sua condição humana buscando na condição de deidade seu poder simbólico para afirmar sua força enquanto feminino; e a saia passa a ser uma materialidade que impulsiona essa transcendência de condição.

            Essa compreensão nos faz perceber que “A história do pensamento feminista é uma história de recusa da construção hierárquica da relação entre masculino e feminino” (SCOTT, 1990, p. 19). E isso consequentemente contribui sobremaneira para a transformação de visão de mundo dos sujeitos, fazendo emergir o que Hall (2011, p. 34) chama de sujeito pós-moderno através do descentramento do sujeito cartesiano.
[...] o feminismo teve também uma relação mais direta com o descentramento conceitual do sujeito cartesiano e sociológico: ele questionou a clássica distinção entre o “dentro” e o “fora”, o “privado” e o “público”. O slogan do feminismo era: “o pessoal é público” (HALL, 2011, p.45).

            Sim, “o pessoal é público”. Penso que nossas inquietações e reflexões mais internas são laboradas através da arte, e isso ganha uma dimensão pública que busca levantar discussões sobre o que se fala e o que é silenciado em nós através de uma investigação em dança, e das materialidades que elencamos para dar corpo e voz às nossas subjetividades como, por exemplo, a saia.


            Outra influência a utilizar saias em seu trabalho é Margaretha Gertruida Zelle (1876-1917), mais conhecida como Mata Hari. Sua contribuição na dança é controversa, uma vez que se destacou muito mais como cortesã do que como bailarina. Suas saias, quando utilizava, traziam transparências, visto que o seminu foi bastante presente em suas composições. E justamente por esse motivo trago-a para essa discussão. Onde a ausência da saia também é um estado de presença dela.

Desse modo, pensar a ausência da saia enquanto lugar de potência para a ação também foi de fundamental importância no processo, visto que a própria vida se constitui dessa forma: presenças e ausências. Na arte não podia ser diferente: a música é feita de som e silêncio, a dança é feita de movimento e pausa. Na nossa própria respiração há um instante entre a inspiração e expiração. Assim, penso que a saia se faz presente tanto mais se procure deixá-la transparente, invisível, como quem funde a saia com o espaço.

            Mata Hari foi condenada à morte por prestar serviço de dupla espionagem para Alemanha e França durante a Primeira Guerra Mundial e fuzilada sem que fosse provada essa acusação.
A exótica espiã Mata Hari, começa sua carreira de bailarina em Java. Lá tomou os primeiros contatos com a cultura oriental. De volta a Europa, percebeu rapidamente que a experiência vivida na Indonésia poderia servir-lhe como trampolim para entrar na alta sociedade europeia, que carecia de exotismo para transcender a penosa situação econômica. Seu mito causa polêmica dado que a personagem Mata Hari se associou mais ao jogo da sedução, usada como arma política e social, do que à evolução da arte da dança. (PASSOS, 2011, p. 204).[3]
           
            Símbolo de ousadia e força do feminino, Mata Hari foi silenciada no corpo e na saia por seu poder simbólico atrelado à sedução. Não penso que “[...] se associou mais ao jogo da sedução, usada como arma política e social, do que à evolução da arte da dança” (PASSOS, 200, p. 204) porque não penso a arte da dança de modo evolutivo, mas simplesmente como um corpo coletivo em constante mudança, dada a condição de impermanência que nos é oferecida nesse planeta.

            Esse pensamento de impermanência me é trazido pelas práticas orientais das quais sou praticante, a kundalini yoga e o budismo. E que venho desenvolvendo em diálogo com o “cuidado de si” em Foucault, pensando a filosofia como espiritualidade, propondo em minha dissertação de mestrado (PPG-CR/UFPB) uma possível Arte de si através da dança Tribal. Essa impermanência é a experiência de ser fluxo no constante presente onde todas as coisas estão em permanente transformação. Desse modo, não há um passado, um presente e um futuro. Assim como não há o desejo de obter nenhum estado de presença na dança, pois isto seria projetar-se no futuro; e só há o presente num constante devir.

            Isso me motiva a utilizar a saia no Tribal Brasil e a transformá-la em diversas formas, passando por algumas citações corporais que me são caras, oriundas das danças populares e afro-brasileiras, mas também de personalidades femininas da história da dança, dando constante nascimento a essa materialidade, atualizando-a. Tenho encontrado na impermanência um modo poético de olhar para a arte e para a história.
Não pense que o tempo apenas foge. Não vejo o fugir como a única função do tempo. Se o tempo apenas fugisse, você estaria separado do tempo. A razão pela qual você não entende claramente o ser-do-tempo é porque pensa no tempo apenas passando. [...] Se o tempo continua indo e vindo, você é o ser do tempo exatamente agora (TANAHASHI, 1993, p. 92).

            Podemos pensar o bailarino como o “ser-do-tempo” quando consegue se manter exatamente no momento de seu gesto, com todos os seus corpos alinhados (físico, mental, emocional, espiritual) e completamente presente na ação constante da mudança. Assim, a percepção da impermanência implica na compreensão de um outro tipo de temporalidade. Por isso, sinto-me à vontade para ir do terreiro de candomblé às brincadeiras de criança, de Loie Fuller à Mata Hari, pois não há uma linha. Ao invés disso, há uma nuvem.

            Quilici (2015, p. 29) aponta para uma qualidade de ser a partir da impermanência e o cuidado de si: o sujeito extemporâneo. E para fundamentar, trás as “considerações extemporâneas” de Nietzsche. Este aponta para que vivamos nossas experiências do presente saindo do nosso tempo, buscando uma visão de estrangeiro em relação ao próprio tempo para que, ao enxergar perto demais não fiquemos cegos pela atualidade. Desse modo, o extemporâneo lança-se “[...] para fora do círculo fechado do presente histórico e do atual, habitando as margens do seu tempo, para sondar aquilo que ora se apresenta apenas como possibilidade virtual aos seus contemporâneos [...]” (QUILICI, 2015, p. 29). Esse ir e vir no tempo aciona memórias e estas são de fundamental importância no fazer o no pensar do que entendo hoje como sendo o Tribal Brasil.          Nesse sentido, a saia passa a ser um fio condutor do tempo entre tantas vozes e corpos femininos que imprimem suas estéticas e poéticas na história da dança.
           

Referências bibliográficas

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2011.

HANNA, Judith Lynne. Dança, Sexo e Gênero. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

PASSO, Patrícia. Fusión: el universo que danza. Madrid: Esteban Sanz Martinez Editorial, 2011.

QUILICI, Cassiano. O ator-performer e as poéticas de ta transformação de si. São Paulo: Annablume, 2015.

SCOTT, Joan. “Gênero: Uma categoria útil para a análise histórica.” Traduzido pela SOS: Corpo e Cidadania. Recife, 1990.

TANAHASHI, Kazuaki. (Org.). Escritos do Mestre Dogen: A Lua numa Gota de Orvalho. São Paulo: Siciliano, 1993.


[1] Disponível em <http://tribalmind.blogspot.com.br/2011/01/ruth-saint-denis.html> , acesso em 15 de mar. de 2017.
[2] Disponível em <http://tribalmind.blogspot.com.br/2011/01/ruth-saint-denis.html>, acesso em 15 de mar. de 2017.
[3] Tradução minha do original: La exótica espiá Mata Hari, empieza su Carrera de bailarina trás su estância em Java. Allí tomo lós primeros contactos com la cultura oriental. De vuelta a Europa, se percató rapidamente de que la experiencia vivida em Indonesia podría servirle como trampolín para entrar em la alta sociedad europea, que carecia del exotismo para transcender la penosa situación econômica. Su mito causa polémica dado que El personaje Mata Hari se asocó más al juego de la seducción, usado como arma política y social, que a la evolición del arte de la danza.


[Resenhando-PR] II Underworld Fusion Fest

por Jessy B.C




Nos dias 20 e 21 de agosto de 2016 ocorreu o evento II Underworld Fusion Fest, na Cidade de Curitiba. Idealizado por Aerith Asgard em parceria com Gilmara Cruz.

Fui representando a cidade de Fortaleza-CE, sendo a única que difunde profissionalmente o Dark Fusion na região. Fiquei imensamente feliz em saber desse evento de dança voltado a essa subcultura. Foi uma oportunidade única de me encontrar com outras dark souls espalhadas pelo Brasil. Todas juntas em um único e potente evento com uma proposta incrível.

Pude conhecer pessoalmente bailarinas como Long Nu e Saba Khandroma (ambas da argentina) que ministraram três workshops no evento. Após pesquisar a respeito delas e conhecer um pouco de seus trabalhos, fiquei atraída, intrigada, fascinada. Ansiosa por aprender um pouco de seus conhecimentos, que se encaixariam com o meus próprios.

Desde o início, eu busco fundir magia na dança em minhas performances. Quando soube do evento, no que aprenderia nos Workshops de Dark Fusion com teor ocultista, como também Butoh Dance, Caos Magic, vivenciar a divina La Diosa Escarlata, fiquei extasiada. Informações necessárias que iriam acrescentar meus estudos, ajudando a concretizar meus projetos de arte, magia e dança. 

Tive a oportunidade de fazer três workshops:

"Solve et Coagula" com Long Nu (Argentina)
"La Diosa Escarlata" com Saba Khandroma (Argentina)
 "Chaos Magick" com Long Nu & Saba Khandroma (Argentina)

Como também tive a magnífica experiência sinestésica, multissensorial de puder assistir ao show Occvltum Spectaculum, realizado no dia 20, como espectadora.

Na sexta dia 19 à noite, fui me encontrar com algumas das bailarinas no Fitz Patrick’s Pub. Pude com muita empolgação conhecer pessoalmente Aerith, Gilmara, Saba, Long, e outras participantes do evento. Nos divertimos, bebemos e conversamos ao som da banda Gaiteiros de Lume

Sábado, dia 20 de agosto:



Curitiba amanheceu em chuva, o que não nos desanimou, chegamos no Street Extreme Escola de Dança, fizemos nosso check-in, socializamos enquanto aguardávamos o inicio das atividades.Todas as gurias foram atenciosas, receptivas. Apesar de toda a correria percebi a dedicação nos detalhes. Para nosso conforto tínhamos lanches com café, chá, pães e bolos.

Conheci pessoalmente bailarinas que admirava de longe, como Hölle Carogne, Bruna Gomes, Gabriela Miranda e sua esposa Yoli, dentre outras participantes.



Até que chegou o momento do workshop "Solve et Coagula" com Long Nu (Argentina).A aula se baseou no princípio ‘’Solver e coagular’’ , fazendo da dança essa alquimia da transformação. Long Nu tem uma energia cativante, é simpática, dinâmica, ousada e inteligente.

Sua vivência no workshop me proporcionou o aprofundamento nesse tema, dando ferramentas para transformar minha dança, entrando em contato com partes profundas de mim mesma, aprendendo técnicas de conexão com o inconsciente para traduzir em performances. Foi ensinado como acessar nossas emoções e usar essas informações para compor uma coreografia e muito treinamento corporal!

Depois dos longos aprendizados, tivemos uma pausa para o almoço. Momentos de descontração, conversas, enquanto eu aguardava empolgadíssima a hora do próximo Workshop em que eu participaria.




Iniciamos o "La Diosa Escarlata" com Saba Khandroma, mulher de energia envolvente e misteriosa, de olhar antigo e confiante. Ela nos explicou sobre a temática, nos dando material para estudo com o passo a passo, posteriormente nos ensinou exercícios preparatórios para o Ritual à Babalon. Depois ritualizamos, dançamos, serpenteamos! O poder da Diosa Escarlata na magia e dança! Me senti profundamente conectada com a temática. Está em mim antes de eu mesma. Muito do desconhecido conhecia e do conhecido, reconhecia. Conhecimentos que se misturaram com minha memória e essência, jamais esquecerei. Foi mágico, literalmente! Não há palavras para descrever o que vivemos naquelas horas. Sem contar na trilha sonora maravilhosa.

Occvltum Spectaculum




Após o término fomos correndo nos preparar para o Occvltum Spectaculum, no Teatro Rodrigo D’oliveira.

Iniciando o espetáculo com um release, introduzindo a plateia ao submundo do II Underworld Fusion Fest. Tudo era escuridão. Mistério. A primeira performance era anunciada, chamada ‘’Evocação’’ da Cia Nuit feat. Aerith Asgard. Posteriormente uma música profunda, tenebrosa, penetrante, com uma voz daemonica que nos davam obscuras boas vindas. Feixes de luzes iluminavam misteriosamente os corpos no palco. Revelando aos poucos as feras que estavam por detrás da escuridão. Até que posteriormente, via-se nitidamente mulheres dançantes. Ritualizando. Em volta de uma fresta de luz que saia acima delas. Bela escolha das músicas. Coreografia intensa. Envolvente. Perfeito ritual de abertura para esse grande show.



 ‘’A widow's mourning’’ foi da bailarina Ana Paula Medeiros. Senti sua intensidade desde o release, como na forte escolha musical. Os efeitos no palco deram toda a dramaticidade necessária. Colérica, profunda, linda e confiante. Mistura entre técnica e emoção com criatividade. 





‘’Kundalini’’ das bailarinas Gabriela Miranda & Yoli Mendez. Me encantei por essas Lindas! Sincronicidade, conexão, amor. Além de criativas e com belos figurinos. Por alguns momentos uma parecia a outra. As dualidades complementares.


 ‘’Ismália’’da bailarina Mariana Tachibana. Uma viagem à uma noite de lua cheia com céu estrelado. Onde ela se movia leve, suave e delicadamente. Entre loucura e sanidade. Morreu e se libertou, estando ao mesmo tempo no céu e no mar.




‘’Hisses’’ da bailarina Ingrid Marina. Inicialmente uma fresta de luz à iluminava, posteriormente ia seguindo suas movimentações. Música inebriante. Seu olhar hipnótico me encantou, como também sua presença de palco e sinuosidade.



‘’Valtiel’’ da bailarina Long Nu (Argentina). Escuridão com flashes na penumbra vermelha, conseguindo avistar aquela criatura a movimentar-se, a aproximar-se. Angustiante, imprevisível, ousada e criativa! Me surpreendeu. Adorei a sua inspiração, os passos desconstruídos que se encaixavam na música. Assistam e sintam!



¨The Cult"  A bailarina Sara Félix está caída ao chão com uma música inebriante a tocar. Apresentação misteriosa e fantasmagórica, com um toque moderno. Adorei! (sem vídeo)

‘’Karma Katarse’’ da bailarina Anath Nagendra. Bela múmia a ressurgir. Performática, de pura entrega e muita encenação! A conexão com as melodias e todos os simbolismos. Lido de assistir e ouvir.



‘’Serissa’’ da bailarina She Rocha - aluna de Sara Félix. Ousada, pura expressividade nos movimentos, a música. Com bastante encenação e confiança!





‘’As Bruxas de Salém'', da Cia Obscure Fusion: Persephone LeFay, Francielle Martinelli, Ingrid Marina, Gabriela Guilguen com direção de Gilmara Cruz. O som introdutório, com vozes obscuras e penetrantes, sugerindo o inicio da performance, nos convidam para o ritual, com luzes e posições sugestivas. Tema obscuro e profundo. Adorei a estrutura e desenhos de palco. Criatividade em linhas, formas e cores com harmonia.



"In Suspiria De Profundis", de Hölle Carogne. Release e performance viscerais. Senti toda sua insanidade, a contorce-se em seu mundo, suas dores. Suas expressões corporais e faciais com movimentos traduzem sentimentos, angústias, sombras. A criatividade e ousadia, individualidade da atriz bailarina, foi imprevisivelmente apaixonante.





"Ephemeris" da bailarina Carina Schneider. O release lindo e tocante, vindo direto das estrelas. Encantadora em suas poses e formas. Brilhante e sinuosa!



''In Nomine Babalon'' da bailarina Saba Khandroma (Argentina). Da escuridão emerge-se uma névoa vermelha, avistando sua silhueta. Deusa escarlate: BABALON! Som e performance penetrante. Figurino deslumbrante. Devoção essencial. Palavras não descrevem!


''If I was your Vampire'', da bailarina Aline Castanhari. Com sua personalidade única, criatividade de movimentos e coreografia intensa ao som de Marilyn Manson. Adorei!




''Morrighan: Grande Deusa da Vida e Morte'', das bailarinas Cia Nuit, Gilmara Cruz e Persephone LeFay. De arrepiar, som e performance! Sem palavras para descrever. Simplesmente assistam! Arrasaram!



''O Jogo dos Tronos'', da bailarina Adriana Thomazotti. Com suas belas escolhas musicais e desenvolvimento da coreografia com espada! 



"Occultu" da bailarina Sara Félix. O próprio mistério personificado. Bela e inebriante! Lindo figurino e performance como um todo!



"Deusa Tríplice" do Chorus Corax Group: Mayara Vasconcelos, Naira Menezes, Thaisa Martins. Adorei a força, desenvoltura e a presença do grupo, com uma temática belíssima, como também figurinos e trilha sonora!



''Jogo do Copo'' da bailarina Bruna Gomes. Uaw! Autenticidade traduz essa performance. Adorei! Sem palavras. Vale a pena conferir!



''Dancing before sacrifice'' da bailarina Persephone LeFay. Amei a escolha musical e presença de palco! 


''Destino'' da bailarina Gabriela MirandaLindo e reflexivo release. A união entre as emoções e o corpo dançante, bela música e figurino. Emocionante!


''Hunger'' das bailarinas do elenco Cia Fávaro Tribal Fusion: Ana Paula Medeiros, Deizi Freire, Inês Andreia, Mariana Tachibana.  Adorei a composição no geral como também o envolvimento das bailarinas! 


''Obsessor'' da bailarina e idealizadora do Underworld Fusion Fest: Aerith Asgard. Sobre a penumbra negra via-se um vulto. Sons intensos. Performance de movimentos instintivos com bastante sensibilidade, delicadeza e melancolia! Adorei! (sem vídeo)

''
Vampiria'' da bailarina Gilmara Cruz. Na penumbra vermelha e som envolvente se avista ela...Performance forte, teatral e cheia de dramaticidade!


''Double Sigil'' do Metamorphose, composto pelas bailarinas Long Nu & Saba Khandroma. Performance de arrepiar! A união entre dança e magia. Adorei a encenação, música, figurino e iluminação. Orgulho de ter sido aluna dessas bruxas bailarinas!


''Hidden Strenght'' da bailarina Verena Vaz. Intensamente profunda e enérgica! Ousada e insana!



O encerramento ficamos no ''Puja''. Todas as Bailarinas reunidas dançando em gratidão. Senti arrepios, lindo demais, muito amor a essa arte! Parabéns a todos que de uma forma ou outra fizeram esse evento acontecer!



Uma coreografia mais surpreendente que a outra. Mal sobrando fôlego para refletir sobre o impacto que nos provocou. Os efeitos de palco também deram todo o charme necessário para essa proposta. Recordo-me sobre o que disse o artista Yuri Seima, que estávamos em um grande ritual, pois inicialmente a sala estava com temperatura amena, até que, durante o desenvolver do espetáculo esquentou, nos fazendo esquecer do tempo e espaço.

Após o término do show fomos comemorar no Gold Skull BarDecoração divertida, bebidas e comidas deliciosas.



Domingo, dia 21 de agosto:


Workshop "Chaos Magick"  com Long Nu e SabaKhandroma da Argentina | Foto de Long Nu

Cheias de vivências e cansadas da intensidade que foi o dia anterior, fomos para o segundo e último dia de workshops.

Eu participei do  "Chaos Magick" com Long Nu & Saba Khandroma (Argentina)

União entre o Dark Fusion, Butoh e Chaos Magick.



A aula se iniciou com uma introdução teórica para melhor entendermos os preceitos. Long nos explicou sua visão sobre o Dark Fusion. Ambas gostam de mesclar ao Dark Fusion o Butoh Dance. Permitindo que você pare de pensar um pouco, não se limitando a técnicas. Saba nos deu um resumo sobre a história da dança Butoh. Com ambas aprendemos exercícios de ruptura de corpo e mente, para reconstruir e criar algo novo, personalizado. Tivemos várias vivências individuais e em dupla, grupo. Para experimentarmos diferentes estados de movimentar o corpo, de senti-lo.

Com Saba Kandroma aprendemos as bases do Butoh, tendo vivências individuais e em grupo. Me senti conectada com essa forma de dança. O despersonalizar-se, a mente silenciando, o corpo sendo, sentindo, expressando-se, vibrando… O não ser, morto.

Em Chaos Magic, ambas se uniram para nos ensinar conceitos básicos para a aplicação do Chaos Magic na Dança.Pude sentir minha mente sendo alterada para os fins propostos por mim.Da vontade e da força de símbolos, do inconsciente e nos mundos internos e externos.Entramos em transe, lançamos nossos intentos, dançando densas melodias, ritualizamos, deixamos queimar e gargalhamos! ‘’lililililiilil’’




Sinto nostalgia de tudo o que pude vivenciar nesse final de semana. Agradeço as organizadoras, todos os que fizeram parte do evento, as bailarinas que ministraram os workshops. Tenho certeza de que todos foram incríveis. Deixando aqui minhas singelas vivências e opiniões. Que venham muito mais!



















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Informações para a edição de 2017:



- E-mail: 

underworld.fusionfest@gmail.com


- Site: 

- Grupo no Facebook:

- Instagram: 

- Canal no Youtube:



[Venenum Saltationes] Danse Macabre

por Hölle Carogne



"Por um período de tempo, enquanto nós acreditamos que ele seja perfeitamente imóvel, o corpo (carne sem vida) responde, se mexe e se contorce em um balé macabro final. São estes espasmos apenas movimentos erráticos ou eles ecoam as voltas caóticas e voltas de uma vida passada?"

Curta-metragem (que mescla cinema e performance) dirigido por Pedro Pires a partir de um conceito de Robert Lepage e uma ideia original de AnneBruce Falconer.


Danse Macabre é a coisa mais linda que já vi!


Estou extasiada!

Vejam com seus próprios olhos:





[Retalhos de uma História] Mona El Said

por Ju Najlah


Mona El Said é um estrela da era de ouro para o presente.

Mona Ibrahim Wafa nasceu em 1954. Começou a dançar profissionalmente aos 13 anos. Sua paixão pela dança fez com que fugisse do Egito para o Líbano, em 1970, para escapar da raiva de seu conservador pai beduíno. Ela tornou-se uma famosa dançarina do ventre e a bailarina principal de algumas das mais elegantes casas noturnas em Beirute, incluindo o night club de Farid el Atresh. Ao retornar ao Cairo, em 1975, ela já era uma grande estrela, tendo dançado em muitos dos melhores hotéis e casas noturnas, como o Cairo Meridian e Sheraton El Jazierra

Mona não foi influenciada por ninguém, não se apropriou do estilo de outras dançarinas. Seu estilo é único! Mona El Said pensa que é mais importante dançar com sentimento do que contando os passos. Ela se concentra no sentimento e emoção, com movimentos inovadores, cria magia no palco com sua energia. Tahiya Carioca a apelidou de a "Princesa do Raks Sharki", as revistas e os jornais egípcios a apelidaram de "Sa'mraa El Nile", que significa "O Bronze do Nilo".  As performances de Mona El Said são sempre acompanhadas por uma grande orquestra, como acontece com todas as grandes dançarinas egípcias. Mona El Said contratou os mais sofisticados músicos de seu tempo: Reda Darwish - que também tocou para o grupo de Nelly Fouad – na percussão, Samir Srour no saxofone, Dr. Saad Mohammed Hassan tocava violino, Omara Farahat por vezes era maestro e por vezes tocava violino, e o tecladista era Mohsen Adley. Ela acredita que deve haver uma compreensão mútua entre bailarina e músicos.

Mona El Said não costuma acelerar seus passos a não ser que a música peça isso. Suas coreografias são
precisas, cheias de emoção. Ela dança em perfeita harmonia com a música. Usa movimentos limpos, encarnando um sentido de ordem e método, em contraste direto com o tumulto que a rodeava. Mona é um bom exemplo de uma dançarina egípcia que está confortável com ela mesma como bailarina e que irradia alegria e paixão durante uma performance.

Mona dança principalmente entre Londres e Cairo. Seu estilo distinto fez dela uma das grandes estrelas da dança do ventre do século XX. Seu estilo único, graça e elegância inspira bailarinos em todo o mundo e impactam o mundo da dança do ventre de uma maneira enorme. Mona El Said estrelou um certo número de filmes egípcios, sendo sete deles como  estrela principal. Ela ganhou a admiração de seu público no Egito e no exterior. Muitos egípcios a consideram uma das lendas da dança oriental. Quando as pessoas pensam em glamour, elegância e moda das famosas dançarinas do ventre, Mona El Said é um dos primeiros nomes a vir à mente. Mona percorreu o mundo ministrando workshops. Ela deu muitas aulas nos EUA e Reino Unido, bem como em outros países e treinou muitas outras estrelas de dança.






Pesquisa feita nos seguintes sites:
http://www.belly-dance.org/mona-said.html, acessado em 22 de junho de 2013
http://www.bellydancefestival.net/teachers/eng/50/, acessado em 22 de junho de 2013



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