[Resenhando-RJ] Gothla Brasil 2015 - Workshops

Por Gilmara Cruz



E então chegou o tão esperado dia da minha viagem para o Rio de Janeiro rumo ao Gothla

Esse ano optei por estudar mais e, mesmo com todas as dificuldades financeiras, pude me esforçar para participar das aulas oferecidas. Fiquei encantada com todo o tema do evento e trabalho das bailarinas que se apresentaram na noite de gala. Mas gostaria de traçar alguns comentários sobre as aulas. Para começar, não gostaria de seguir uma ordem cronológica. 

Gilmara e Rhada


A priori ressalto que em um âmbito geral a mensagem mais importante passada a mim foi o de inovação! Não que ela fosse ausente antes, mas agora de forma mais consciente. Foi um tema bem tratado e incentivado pelas bailarinas/professoras. Palavras como: "desconstrução", "experimentação" e "inovação" estavam presentes nos vocabulários das aulas. 

O workshop da Rhada sobre o Corvo trouxe-me novas ideias e inclusive ela tratou muito sobre a desconstrução de movimentos e adaptação do mesmo para um fim desejado que, no caso dela, foi traçar movimentos baseados no corvo, e isso é bastante inovador.

Lady Fred e Gilmara
Os works da Lady Fred foram marcantes no sentido também de inovação, mas o assunto mais importante para mim foi o da memória muscular, algo que se fez novo para meus treinamentos. 

O da Gabi e Yoli me deu novas perspectivas de coreografia, mesmo sendo para duos, fez com que ideias aflorassem também no campo da inovação, experimentação, liberdade e identidade, não sendo a coreografia algo necessariamente executada igualmente por todos.

Saba, Gilmara e Long Nu
O da Raphaella ajudou bastante na ideia da consciência muscular para os breaks

E o Butoh me encheu de emoções esquisitas de tristeza e lamento (que comungam com meu ser) trazendo isso para uma dança expressiva e inovadora. Destaco a frase da Saba quando tratou sobre desumanizar o bailarino, bastante reflexivo e inovador! Entendo que a Dança é um veículo para expressão de sentimentos e, embora eu já tivesse aprendido isso com a Gabi, pude sentir isso despertar de uma forma natural durante o work sobre o Butoh.

Gilmara e April Rose


Animei-me bastante também com o curso de UNMATA ITS da April, que finalmente pude entender e tirar algumas dúvidas sobre o ITS. 

O work da Ariellah mais uma vez me trouxe a ideia de inovação e criações com experimentações, onde a construção e desconstrução dos movimentos estavam presentes.

Gilmara e Ariellah
De uma forma geral, todas as aulas foram bastante acrescentadoras, sendo até difícil assimilar toda carga de conhecimento passado. Mas resumindo, afirmo que foi uma experiência maravilhosa e que deu suporte para toda a liberdade que o Tribal nos proporciona. Inovar, construir, desconstruir, expressar, mesclar e ir além dos limites são hoje perspectivas que tenho em minha Dança de uma forma mais consciente do que antes

E, por fim, eu, um cadáver morto já falecido volta para casa zombizando e muiiiito cansada, mas com muitas ideias e empolgação para trilhar o caminho da Dança Tribal juntamente com as minhas colegas de trabalho, alunas e admiradores!

Por um ideal Tribal!


[Notícia Triball] Dark Star Dance Vlog

Fonte: Official Website
Recentemente, a bailarina britânica Darkstar (UK), um dos ícones do dark fusion mundial, divulgou seu mais novo projeto, que é um vlog no seu canal no Youtube. Você pode enviar perguntas sobre sua carreira, aulas, entre outros assuntos para ela responder em seu vlog.



Informações:

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[Resenhando - SP] III Steamcon Paranapiacaba - Steam Dancers - As bailarinas à vapor!

por Saille Samarah




Nos dias 8 e 9 de agosto de 2015, aconteceu a III edição da Steamcon, a Convenção Steampunk do Brasil, organizada pela Loja São Paulo do Conselho Steampunk na nevoenta cidade de Paranapiacaba.

Pra quem não sabe, embora o assunto já tenha sido abordado aqui no blog em outras matérias, Steam quer dizer "vapor" e o Punk vem do termo "cyberpunk", um subgênero da ficção científica. Sendo um retrofuturismo, questiona como seria o uso da tecnologia atual ambientado no passado, tomando como base a Revolução Industrial do período vitoriano(1837-1901), mas pode-se utilizar referências atemporais também.

Tendo cada vez mais pessoas que se interessam pelo assunto, em 2013 o Conselho Steampunk SP, organizou o maior encontro steampunk já feito.Surgiu assim a Convenção Steampunk, ou SteamCon (titulo emprestado das convenções estrangeiras), a convenção se tornou um evento anual e sempre é realizado dentro da Vila Ferroviária de Paranapiacaba.Sendo aberto ao público e com atividades gratuitas, inclui a recepção calorosa dos moradores e turistas, já que é um centro histórico.



A programação desse ano reuniu expositores, artistas, pintores, e aficionados pelo tema, e teve desde palestras e bate-papos, a oficinas, exibições de cinema, teatro, artes plásticas, ilusionismo e dança.O sucesso do evento é inegável e uma imersão cultural em meio ao clima da cidade que mescla a Arte do passado e presente envolto em névoa, ferrugem, madeira e trilhos que contam parte da história ferroviária do Brasil.

Entre as atrações, um momento esperado são as performances de dança! Na segunda edição, em 2014,eu tive o prazer de me apresentar com a bailarina Dana Guedes. Alternamos entre oito solos e uma dança improviso em dupla.

Quando descobri, por uma matéria dela, publicada em 2009, no blog do Conselho, a fusão dessas duas coisas que adoro: a dança e a inspiração steampunk, pirei! E desde então tinha vontade de fazer umas experimentações.Eu defino a Dança Steampunk ou Steam Dance como o termo que generaliza as performances inspiradas na temática Steampunk, seja na escolha de músicas, figurino, adereços e interpretação teatral. Não há uma modalidade de dança propriamente dita, e sim uma caracterização.Foi difundida através do Tribal Fusion, porém hoje manifesta-se em danças diversas em grupo, dupla ou solo.
  
Já sabia do trabalho de talentosas bailarinas no Paraná. E em um shopping de Campinas, numa reunião informal de amigos, o Carlos Machado (Capitão Escarlate), me questionou se eu tinha vontade, por que eu não dançava?!Aí eu pensei sério no assunto e percebi que podia usar meu repertório próprio de dança oriental árabe (dança do ventre), flamenco, balé e recentemente algumas aulas de tribal.Já me apresentei em saraus, espetáculos, festivais de dança, casas árabes, festas e encontros. A experiência de palco, técnica e criatividade eu tinha. Me faltava a fagulha que acendeu o fogo da caldeira como o Carlos fala rs.
E foi assim que me aventurei como Steam Dancer.



Foi muito gratificante e enriquecedor poder participar da Steamcon! Sempre são improvisos e a emoção é que se torna o que inspira os movimentos. Esse ano, fiz a performance da boneca mecânica e uma fada cyberpunk.Eu agradeço à Adriana e ao Candido sempre pela oportunidade!

Fiquei muito feliz também porque tivemos a participação de mais três lindas e talentosas bailarinas!!! Foi o máximo!!! Toda a interação e ajuda mútua, tornou o grupo unido e fez com que fizéssemos o público vibrar e despertar a vontade em muitas meninas de estudar alguma dança!



E reproduzindo um trecho da matéria da Dana me inspirou com uma leve adaptação: "(…) e com o crescimento também do movimento SteamPunk no país, quem sabe em breve não teremos mais bailarinas nacionais movimentadas a vapor, huh?! Yeap!”.

E aguardamos ansiosas a edição do ano que vem!
Beijos Vaporosos


  
As Bailarinas



Dana Guedes é escritora de literatura fantástica e publicou sua primeira obra Steampunk em 2011, o conto “Homérica Pirataria”. Em 2014, foi convidada para participar do volume II da antologia Vaporpunk, da editora Draco, com seu conto “V.E.R.N.E. e o Farol de Dover”, lançado na II Steamcon de Paranapiacaba. Paralelamente, sempre foi apaixonada por dança, especialmente a Dança do Ventre e o Tribal Fusion (uma vertente da dança árabe com misturas de hip hop, break, flamenco, dança indiana, entre outros). Por isso, precisou apenas de um passo para juntar suas duas grandes paixões, misturando os elementos fantásticos do Steampunk e suas engrenagens, na dança Tribal e sua vasta gama de estilos.


Fernanda Lira iniciou seus estudos em Dança Oriental em 2007 e em 2009 teve contato com o Tribal Fusion. Para aprofundar seus estudos, também estudou American Tribal Style®. Atualmente atua tanto na Dança do Ventre quanto no Tribal Fusion participando de apresentações e dando aulas.



Saille Samarah por ela mesma: 

“Em 2009, um dia depois do meu aniversário ganhei um presente pra vida toda: descobrir o prazer de dançar! E uma paixão de múltiplas formas, a dança do ventre, o flamenco, o ballet, e recentemente o Tribal.

Inspirada nas inúmeras possibilidades do universo steampunk tenho feito improvisos e experimentações em festivais de dança e na Steamcon. Estou muito feliz por ser uma das bailarinas a Vapor nessa viagem fascinante pelos trilhos 'Steamdance' !!!”



Samra Hanan é pesquisadora, coreógrafa, dançarina e professora de Danças Orientais e Tribal Fusion. Formada em Educação Física pela USP e pós graduada em Estudos Contemporâneos na Dança pela UFBA. Dedica-se aos seus estudos sobre Danças Orientais desde 1998. Desde então, fez aula com diversos mestres nacionais e internacionais em vários estilos de dança, destaque para: Lulu Sabongi (2000), Farida Fahmy (2003), Mahmoud Reda (2004), Raqia Rassan (2005), Mona El Said (2006), Kristine Adams (2013), Rebeca Piñeiro (2013), Kami Liddle (2013), Lady Fred (2013), Fifi Abdou (2014), Rachel Brice (2014), Megha Gavin (2015) e Carollena Nericcio (2015). Participou de vários eventos de Danças Orientais e Tribal, ano passado sendo premiada como melhor bailarina do CIAD-Bauru. Atualmente é professora de Danças Orientais, ATS®, Tribal Fusion e Tribal Brasil em sua escola Simbiose e na Escola Campo das Tribos, em São Paulo.


Yasmim Belly Dance por ela mesma:
“Comecei na dança do ventre por meio de um projeto social no bairro onde moro em Guarulhos-SP. Desde então, me interessei pela arte em si e busquei academias de dança especializadas para complementar e moldar minha carreira que está preste há completar cinco anos. Nesse tempo, procurei me formar em fusões. Minhas favoritas são as que têm rock, e nesse meio, minha predileta que trabalha a cultura pop japonesa. Essa maravilha consiste em unir o anime com os movimentos da dança do ventre clássica, deixando viva a característica do personagem no traje da bailarina. Já o apresentei em um evento aqui na cidade de Guarulhos, o Anime Guarulhos Festival.

Durante um passeio de escola em Paranapiacaba, descobri o evento Steamcon e sua ligação intensa com as diversas formas de arte, inclusive a dança. Resolvi viajar mais uma vez nesse intenso mundo do Steampunk, dessa vez com a dança do ventre.”


Vídeos:




Links e Créditos


Matéria Dana Guedes:
  
Matéria Dança Steampunk: 

[Resenhando-RS] Inauguração Tribal Skin Studio

por Gabriela Miranda




No dia 18 de julho desse ano junto com minha esposa, Yoli Mendez, e minha mãe, Rosalia Miranda, abri meu espaço na cidade que cresci, Tramandaí, no Rio Grande do Sul. A inauguração foi para convidados, família e amigos próximos, bem intimista... E tivemos a alegria de receber tanto minhas antigas alunas quanto algumas alunas de Sampa que vieram prestigiar o espaço e nos apoiar. Tivemos um coquetel e depois apresentações de ATS® e Tribal Fusion. Fiquei muito feliz de dançar com minha primeira professora de ATS®, a Barbara Kale, com quem vou seguir dançando agora aqui no Sul, e também com minhas alunas e, claro, com a Yoli. Foi muito especial para mim porque não dançava no Sul desde que fui embora, em 2009. Eu dava aulas de Dança do Ventre e Tribal em Tramandaí, Imbé e Osório quando decidi me mudar, e me encheu de alegria ver minhas antigas alunas e também minha família fazendo parte do meu novo momento na dança. Fazia muito tempo que minha família não me via dançar ao vivo. Foi emocionante para mim!




Nossa ideia com o espaço é proporcionar um lugar de autoconhecimento e autoconsciência, e também um lugar para desenvolvimento e aprimoramento pessoal. Temos terapias alternativas disponíveis com a minha mãe, Rosalia, que é terapeuta holística e psicoterapeuta reencarnacionista; rituais e vivências para as mulheres e mamães, com minha cunhada Camila Ceroni, que é artista plástica e doula; e práticas corporais para saúde física e mental, incluindo dança e Yoga, comigo e Yoli. E novos cursos e modalidades ainda serão acrescentados ao quadro a medida que novas parcerias de trabalho se constituírem.




Eu amei os anos que fiquei em São Paulo, eles foram maravilhosos... Mas no último ano passamos por alguns problemas sérios, inclusive um assalto que nos fez repensar onde gostaríamos de morar. Minha carreira com a dança ia muito bem e, por isso, eu ouvi de muitas pessoas que eu estava ficando “louca” de ir embora naquele momento. Mas instantaneamente me lembrei de quantas pessoas também me disseram que eu estava ficando louca quando decidi sair do Sul e me mudar para São Paulo em primeiro lugar, e sabe de uma coisa? Eu não estava louca, eu SOU louca. Louca porque sempre ousei seguir meu coração e nunca me dei mal por isso. Pelo contrário, quando decido não segui-lo e agir de modo apenas “racional” é que as coisas dão errado. Essa lição a vida já me ensinou. E por isso não tenho mais problema que me considerem louca, já que isso para mim virou sinônimo de pessoa verdadeira.







Eu também sentia muita falta da minha família, e meus dois irmãos tiveram bebês nesse ano, assim eu e Yoli queríamos fazer parte do crescimento dos nossos sobrinhos, e posso dizer que esse foi o motivo principal de termos nos mudado, o assalto foi mais um empurrão nessa direção.




Desde que fechei meu espacinho no Sul, onde dava aulas de Dança do Ventre e Tribal, para me mudar para São Paulo, eu nunca quis abrir novamente um espaço meu. Mas a Yoli pensava muito nisso e acabou me convencendo ao longo do tempo. Nós duas temos uma visão muito pessoal de como trabalhar com as nossas alunas, e ter um espaço nosso significaria ter também um lugar para experimentar nossas ideias. Em São Paulo havíamos pensado em abrir uma loja física do nosso Ateliê, mas abrir um espaço de dança por lá também implicaria em concorrer com os muitos lugares e pessoas queridas com quem trabalhamos, e essa nunca foi nossa intenção. Por isso que levar o Tribal para um lugar onde não tinha mais seria tão perfeito para o nosso momento de vida atual.





Continuamos indo mensalmente à São Paulo para dar as aulas do nosso curso mensal que é um curso independente, administrado pela Yoli e por mim, que já esteve em quatro diferente estúdios, por exemplo, e que oferece tanto aulas de ATS® quanto de Tribal Fusion, assim minhas alunas continuam fazendo parte da minha vida e eu das delas. Sou muito grata por cada pessoa que entrou na minha vida em São Paulo, pelas muitas que ficaram, e também pelas poucas que seguiram seu próprio caminho. Aprendi tanto, cresci e mudei muito também.




Com a vinda para o Sul, tudo que quero é fazer a minha parte, o meu trabalho, e viver em paz. Eu realmente voltei para o mar para ter isso: PAZ. A rotina de São Paulo me maravilhava, mas também me deixava muito tensa e estressada, tudo tem dois lados... E meu lado sereia ansiava por voltar para a praia. Com esse lado agora feliz de poder todos os dias respirar um ar com maresia, sigo com o coração mais sereno, e continuo dançando muito e com diversos projetos saindo do forno!




Com a abertura do nosso espacinho começa uma nova jornada, com muito mais liberdade, mas também muito mais responsabilidade. Depois de 6 anos em São Paulo eu volto pra Imbé/Tramandaí no meu Rio Grande do Sul com muita alegria e hoje vejo a sorte que tive de crescer na beira desse mar. Esse lugar é mesmo paradisíaco e queria muito que todos daqui enxergassem isso também. Obrigada São Paulo que foi tão generosa comigo, me concedendo muito amor, muita dança, muitos amigos e também muito aprendizado. Sou extremamente grata a cada pessoa e lugar que trabalhei e me relacionei, nunca vou conseguir agradecer o suficiente para demonstrar a gratidão que sinto dentro de mim, principalmente aos meus chefes todos pelas oportunidades e às minhas alunas que sempre me acompanham. Levo tudo no coração. Mas agora é tempo de plantar novas sementes, criar novos laços e reforçar laços antigos também. Os muitossss amigos queridos ficaram em nossa vida e continuam presentes mesmo apesar da distância, tanto em Sampa quanto no sul. Tenho muita sorte de ter tantos relacionamentos longos na minha vida... Das pessoas ficarem comigo e do meu lado apesar da minha vida cigana de ir para lá e para cá. Agradeço a cada pessoa que nos desejou boa sorte, coisas boas e também àquelas pessoas que disseram que esperavam que voltássemos para Sampa em breve. Obrigada por nos quererem por perto! Obrigada a cada aluna que me apoiou mesmo estando triste com a nossa partida. Obrigada a cada aluna que continua fazendo aula comigo, seja o curso mensal, particular, por skype ou planejando ir pro sul (vai rolar aquele intensivo de verão na minha cidade siiim, meninas!). Eu me sinto extremamente grata de ser tão apoiada por vocês, nem consigo expressar o quanto! Gratidão (gratidão sim, quem não gosta desse papo hiponga pode se pirulitar porque eu curto ser grata,rs) a todos que torcem por mim e pela Yoli. Estejam todos convidados a virem nos visitar no nosso espacinho, que é bem pequeno, mas cheio de amor e espera vocês com as portas abertas 
;) :*




















[Venenum Saltationes] Desvendando a videodança "Spectrum": Eternamente vagando em uma dança sombria

por Hölle Carogne

No terceiro capítulo da Série Desvendando, as bailarinas Aline Pires e Gilmara Cruz contam pra gente como se originou o videodança "Spectrum" e quais são os conceitos ocultos que rodeiam este trabalho! Vem conhecer esta história!  








SPECTRUM:

Eternamente vagando em uma dança sombria
 Eis que duas almas inquietas se encontram na cidade de Florianópolis - SC no verão de 2015. Juntas, essas almas manifestam seus sentimentos através da arte da dança, em uma Dança Sombria...

Em uma sensação de companheirismo e em um clima obscuro, eis que avoluma-se na terra o retorno de duas almas perdidas, despertando-se de suas tumbas e extirpando de seu âmago uma forte energia para serpentear a vida, causando uma majestática e horripilante dança. 
Em uma realidade não visível aos olhos humanos, o reino obscuro é aberto e poderes e energias aparentemente caóticas são libertadas através de um espelho negativo da luz e da ordem. Os portais estão abertos! O caminho perdido em vida agora evocado no "outro lado"... Eternamente vagando em uma dança sombria.

Por Gilmara Cruz

Ficha técnica:
Bailarinas:
Aline Pires
Gilmara Cruz

Direção, fotografia e release:
Gilmara Cruz

Câmeras:
João Marcus Alves
Agostinho Gugoni

Edição:
Aline Pires








Venenum Saltationes: Quando e como surgiu a vontade de criar Spectrum?
Gilmara Cruz: Bem, meu interesse pelo lado oculto e místico também está presente em minha Dança que é uma arte que considero ritualística. Mas a ideia desse vídeo surgiu de última hora, em uma viagem que fiz à Florianópolis em janeiro de 2015. Lá entrei em contato com a Aline Pires, bailarina que eu já tinha contato pela internet e propus nos reunirmos para trocar conhecimentos de teoria e prática da Dança Tribal. Nisso propus criarmos uma coreografia de Dark (gosto de ambas) para fazermos um duo e daí foram surgindo as ideias de local e temática para o vídeo.
Aline Pires: Como a Gil mencionou, a ideia surgiu quando ela entrou em contato comigo e pensávamos em treinar juntas, para aproveitar sua estadia aqui em Florianópolis. Decidimos o tema, locação e músicas, e nos encontrávamos pela manhã nos dias que tínhamos disponibilidade, durante o pouco tempo que ela permaneceu. Foi bem acelerado, acredito que por possuirmos gostos semelhantes, tudo fluiu bem apesar do pouco tempo. Estudamos as músicas, e então criamos uma coreografia duo, incrementando-a com alguns improvisos solo.
Venenum Saltationes: Do que se trata este trabalho? Qual o assunto abordado?
Gilmara Cruz: O assunto tratado é a ida ao Sitra Ahra, ou seja, o “outro lado”, o “lado sinistro” a partir do pós mortem. O Sitra Ahra é o mundo primordial, reino da escuridão que precede a luz, é o reino dos poderes femininos que criam e geram a luz na escuridão. Seria o retorno de duas almas que entre o “lado de cá” e o “lado de lá” ficam vagando pelas tumbas executando uma dança sombria pela eternidade.
Aline Pires: São duas almas inquietas, que rompem a barreira entre o terreno e o sobrenatural, e ao se encontrarem se comunicam através de uma dança macabra. Uma forma de expressarem seu sofrimento no submundo, usando poderes sombrios para se manifestarem no reino material, onde a luz dá espaço para as trevas.
Venenum Saltationes: Existe alguma linguagem oculta por trás de Spectrum?
Gilmara Cruz: Posso dizer que existe uma atmosfera oculta.
Aline Pires: Talvez uma linguagem que apenas os mortos entendem. Assistindo o vídeo, acredito que em vários momentos nós estávamos próximas do véu que separa os dois mundos, assim como a Gil mencionou, uma atmosfera oculta, algo que não compreendemos, mas que estava lá, era quase palpável. Houve bastante conexão durante a dança.




Venenum Saltationes: Com quem Spectrum tenta se comunicar? E o que quer dizer?
Gilmara Cruz: Indiretamente posso dizer que há uma comunicação com o reino da escuridão, o reino sinistro, afinal, o local era bem propício para isso. Não quisemos dizer muito, mas nos propomos a experimentar um ambiente sombrio, dark, unindo a nossa dança e dividimos isso com quem tem interesse pelas Artes Negras e se sente bem com esse “lado”. Rsrs...

Aline Pires: Bom, as almas em agonia, representadas por nós, buscavam se comunicar com o plano material. Então poderia ser uma comunicação entre o plano material e o plano da escuridão. Não há muito mais por trás do que está no vídeo, o que queremos dizer está representado ali, a manifestação do sobrenatural no plano terreno. E também mostra a nossa essência como bailarinas.

Venenum Saltationes: Comentem sobre os processos de criação de Spectrum.
Gilmara Cruz: Na parte coreográfica, buscamos movimentos mais sombrios, movimentos do Dark Fusion e Tribal. Foi tudo muito rápido, criamos em poucas horas e não tivemos tempo de treinar, mas pelo pouco tempo que tivemos saiu melhor do que eu esperava. Os processos de gravações foram bem simples, usamos o que tínhamos conosco, celulares, câmeras, tripés e afins. Até o figurino saiu de última hora, pois eu não havia levado nada para a viagem, hahaha. E para completar o clima estava tendo enterro! Sobre a edição, como não tínhamos um editor profissional, a Aline se dispôs a aprender a editar e o fez com maestria. Baixou programa, estudou e fez. Criamos as cenas juntas vendo o que ficava melhor e como, e fui orientando com minhas ideias de videodança, pois eu já havia participado de uns e foi tudo bastante prazeroso e sombrio! Rsrs...

Aline Pires: Durante os treinos, trocamos conhecimentos e vimos o que poderia ser utilizado para montarmos a coreografia. O material de filmagem foi aquilo que tínhamos a disposição, e levei a Gil no cemitério no dia anterior para procurarmos locais que nos traziam uma atmosfera de outra época, como se o vídeo fosse de tempos idos. Foi muito bom trabalhar com a Gil, ela tem ótimas idéias, além de experiência com videodança. Nossos pensamentos são congruentes, afinal somos duas apaixonadas pelo Dark Fusion, e as ideias foram tomando forma rapidamente. Tínhamos a questão da edição e, como eu conhecia alguns programas, me propus a realizar esta parte, afinal, à distância ficaria difícil fazermos juntas. Foi uma experiência que acrescentou muito, pois tive que aprender em pouco tempo e fazer um tipo de edição que nunca havia feito antes. Quem se interessa por edição talvez se identifique – a gente pensa que sempre poderia ser melhor e sempre há algo para consertar. Rsrs... Mas surgiram elogios, e acabei por me desprender um pouco desses pensamentos. Agora até surgem pedidos de edição.






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