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[Entrando na Roda] Pioneira da Roda: Aline Muhana

 por Natália Espinosa


Quando a Natália me pediu pra escrever esse texto eu tive um misto de sensações. Algo entre “Que legal! Querem ouvir a minha história!” e “Socorro! por onde eu começo?”. E por uma brincadeira do destino fui convidada pela Laila Garbeiro pra participar da edição especial do Simpósio Práxis de fevereiro de 20121 para falar justamente de…memórias do início do Tribal no Brasil! 


Foi um momento muito propício porque eu estava preparando a minha mudança pra São Paulo e todas as minhas coisas estavam à mão, no meio da arrumação do que levar para casa nova. As pastas e caixas com os certificados, recibos, flyers, credenciais de eventos estavam todas ali. Memórias físicas do que aconteceu, e não só fotos em redes sociais mortas e drives externos abandonados. 


Os remanescentes de figurinos canibalizados, bases e peças que eu não me desfiz com o passar dos anos, materiais que caíram em desuso por conta das modas e preferências atuais, peças que se desfizeram ou que não cabem mais. Foi um momento bem propício pra olhar pro começo, no meio de todas essas coisas que já foram protagonistas na minha história. 


E no início de tudo (pelo menos pra mim) tiveram esses dois vídeos: de um grupo de mulheres dançando no que parecia ser uma feira medieval muito animada (o palco era na frente de um rio, e tinha uma barquinho passando, nunca tinha visto uma apresentação de dança ao ar livre) e outro vídeo de uma mulher que não parecia real. Ela se movimentava de uma maneira não natural e vestia o figurino mais impressionante que eu já tinha visto (apesar da qualidade de imagem ser péssima naquela época). Depois de muito tempo eu descobri que o grupo se chamava Daughters of Durga e a mulher se chamava Rachel Brice. Cheguei a esses vídeos através de uma plataforma para artistas que eu usava na época, o Deviantart


Depois da minha formatura como bacharel em Artes Plásticas pela UFRJ em 2004 eu fiz muitas coisas, não me contentei em traçar uma carreira apenas como pintora. Eu ilustrava, dava aulas de desenho e pintura, costurava, criava performances e arte digital, então criei um perfil nessa plataforma e entrei em contato com outros artistas de várias partes do mundo. E no perfil de uma moça da costa Oeste dos Estados Unidos eu vi o link para esses vídeos. Ela usava o nome de Danya e dançava nessa trupe Daughters of Durga, e tinha como colega Tori Halfon (ela mesma, a criadora do Tribal Massive!) em 2006. O próximo vídeo que apareceu na pesquisa do Youtube foi um solo de Rachel Brice com o percussionista Tobias Robertson em uma edição do Tribal Fest. E eu pirei mais ainda. Fiquei muito impressionada com a estética dos vídeos e me interessei em saber mais sobre aquilo. 


Nessa época eu praticava Dança do Ventre por conta própria, sozinha em casa, com o auxílio de revistas, cds, e lembranças das apresentações que eu via na tv (eu morei em Foz do Iguaçu - PR dos 5 aos 17 anos, uma das maiores colônias libanesas do Brasil. Tínhamos canais libaneses na tv a cabo, eu tinha colegas libaneses na escola. A dona da escola que eu estudei era libanesa. Toda festa do folclore da escola tinha roda de Dabke.  Enfim…fui exposta  à cultura por um bom período de tempo, mas sem me aprofundar) E esses vídeos foram mais um incentivo para procurar aulas regulares, apesar de eu não saber bem o que era aquilo, mas achar parecido com algumas coisas que já tinha visto. 


Cheguei em 2007 ao Asmahan Escola de Artes Orientais por indicação de um amigo em comum que eu tinha com a fundadora da escola: Jhade Sharif. E qual foi a minha surpresa ao encontrar no site da escola algumas fotos dela com esse figurino diferente (e até meio parecido com o das americanas) em shows da escola e em restaurantes! Achei o que eu estava procurando  a um ônibus de distância da minha casa e descobri o nome daquele estilo diferente de dança do ventre: Dança Tribal. 


Olhando pra essas memórias 14 anos depois me dou conta de que o  que se colocava como Dança Tribal naquela época era muito mais fruto de pesquisas pessoais de profissionais expostos a essas performances, que chegavam sem explicação nenhuma e fora de contexto, (as pessoas não sabiam ainda do poder da internet de difundir conteúdo indiscriminadamente)  fora a barreira do idioma. Não existia nenhum tipo de unidade nem de conhecimento do que outras pessoas faziam, e a produção artística nacional apesar de já estar ocorrendo em vários lugares,  passava despercebida da maioria. A informação de que o Tribal Fusion (que foi adotado depois, pois não se fazia diferenciação) era derivado do antigo American Tribal Style (que foi difundido no Brasil muito depois) era inexistente.

 

Através de pesquisas numa rede popular entre as tribalistas americanas da época  chamada Tribe.net descobri essa e muitas outras informações sobre o estilo e iniciei um blog que se chamou “ATS e ITS” em que comecei a traduzir informações sobre a história do estilo, os códigos de vestimenta do ATS, as diferentes vertentes de improvisação coordenada (ITS) e as últimas notícias da comunidade americana. O blog durou alguns anos, mas com o tempo e a demanda de trabalho com aulas e o atelier deixei de publicar atualizações. 


No Tribe.net também conheci outras artistas americanas do estilo e no youtube e orkut descobri o trabalho das nacionais Cia Halim (SP), Kilma Farias (PB) , Nanda Najla (MG), Bruna Gomes (RS) e de Victoria Vasquez (Chile), além de Nadine Fernández (Alemanha) (que Jhade tinha acabado de convidar para workshops no Asmahan, pouco antes de eu entrar pra escola). 

Meu estande do Tribes Brasil I  (Tribal.fest / Festival Tribal do Rio) - 2008

O primeiro momento em que pude ver alguns destes nomes nacionais juntos, mais a companhia Shaman, Rhada Naschpitz e Nadja el Balady (que dividiu a produção do encontro com Jhade) e outras artistas que não fui capaz de recordar foi no primeiro encontro que ocorreu no Rio em julho de 2008. A primeira edição do Tribes Brasil (Tribal.fest / Festival Tribal do Rio). Participei como expositora no que seria o embrião do meu atelier (Nataraja Designs) e dancei com mais duas amigas de aulas no show de mostras. Depois disso tudo mudou, e novos eventos exclusivos de Dança Tribal  com esse caráter de encontro começaram a surgir em outras regiões do país.  


Tribal.fest / Tribes Brasil I, 2008. Eu, Sarah Bott e Carla Nar


Foi muito interessante ver as expressões individuais das outras artistas brasileiras, traduzidas em figurinos e escolhas musicais. Acho que foi a primeira vez que vi ao vivo um figurino incorporando elementos nacionais como crochê e chitão, de Kilma, Cia Halim e das Shamans. 


Naquela época a joalheria indiana importada que hoje é tão comum de se encontrar (apesar do preço) era extremamente rara, e só quem viajava para o exterior tinha acesso. Os sites de venda ainda eram poucos e muitos não enviavam para o Brasil. Mesmo as lojas de bijuterias não tinham a variedade de peças com inspiração oriental que temos hoje com a moda Boho em alta, então o impacto de ver figurinos ricos e bem feitos com produtos nacionais foi ainda maior!


Eu frequentava feiras de antiguidades e brechós  pra conseguir algo interessante e conseguia verdadeiros achados, a custa de muita paciência e barganhas. Comprava bijuterias antigas, às vezes até achava alguma peça indiana legítima, roupas com tecidos interessantes para reaproveitar e acessórios como xales, luvinhas de crochet e broches. 

Existiam pouquíssimos ateliers de figurino para Tribal, era muito difícil conseguir um figurino completo em pronta-entrega,  muitas vezes tínhamos que criar acessórios e figurinos por conta própria ou com a ajuda de costureiras. Foi aí que surgiu o meu atelier inclusive.


Primeira tentativa de look ATS Old School - Figurino completo Nataraja Designs - 2009


As tendências de figurino nesse início eram muito inspiradas no visual do contingente tribal do BellyDance SuperStars (a principal fonte de referência da maioria de nós) e de alguns dos poucos vídeos que chegavam a nós pelo youtube. Aos poucos o figurino tradicional de cintos de franjas de lã e calças boca de sino foram sendo substituídos pelo visual mais vintage usado pelo The Indigo no seu show recém lançado Le Serpent Rouge.

Carol Schavarosk, Sarah Bott, Eu e Karine Xavier em figurinos tribais criados e executados por nós mesmas (excetuando o da Karine). Al Khayam - 2009

Um dos pontos altos do Tribes e dos outros eventos que seguiram nessa tendência foi a troca de conhecimento entre as artistas nacionais através de workshops. Muitas de nós, dessa primeira geração do Tribal do Brasil, tivemos oportunidade de fazer aulas umas com as outras e contribuímos efetivamente para a formação conjunta da nossa comunidade.  Nesse primeiro contato da comunidade consigo mesma foi fundamental aprender as diferenças e similaridades dos trabalhos das colegas e até desenvolver nomenclaturas e afinidades estilísticas. 

Os workshops eram todos grandes exposições das pesquisas artísticas pessoais de cada bailarina, seguindo uma linha individual de desenvolvimento totalmente independente. Não existiam ainda os formatos pré-estabelecidos (como Datura ou DanceCraft) e não havia ninguém com conhecimento mínimo de ATS para dar aulas (apesar do método já existir e os DVDs já serem comercializados no mercado “informal”, vulgo Pirataria). A primeira brasileira a dar aulas de ATS no Brasil só viria no ano seguinte (Isabel de Lorenzo, em 2009). 


Os dvds pirateados foram primordiais para muitas de nós termos o primeiro contato  contextualizado com a produção americana do estilo. Apesar do idioma, muitas de nós conseguiram ultrapassar esse obstáculo e pudemos entrar em contato com os primeiros vídeos didáticos explicando o conteúdo das aulas e a importância de temas como o estudo do Yoga, fundamentos técnicos do estilo e suas variações. 


Com a vinda das primeiras bailarinas americanas ao Brasil no ano seguinte ( Sharon Kihara, Mardi Love e Ariellah no Tribal Y Fusion/2009 -  produção Adriana Bele Fusco)  houve esclarecimento de alguns destes  tópicos e uma difusão ainda maior desses fundamentos por todo território nacional a partir das participantes do evento, que foi de quase 200 bailarines de todo o país. Foi um momento de descobertas e de compreensão muito grande para a cena brasileira.

Jhade Sharif , Nadja el Balady e eu - 2009 - Tribal y Fusion - Primeira apresentação da Tribo Mozuna - primeiro grupo de ATS do Brasil.


Existia um senso de comunidade e um otimismo muito grande nesses primeiros anos, uma preocupação em criar um ambiente receptivo e de suporte mútuo que era perceptível nos corredores dos eventos, salas de aulas e camarins. Tudo era muito novo e a sensação de encontrar alguém que compartilhava aquela mesma dança inebriava  e empolgava a todes. Ainda hoje me sinto como se estivesse “visitando a família” nos grandes eventos, onde tenho a oportunidade de encontrar esses rostos familiares de tantos anos.


Nestes 14 anos houve uma evolução muito grande em todos os aspectos da nossa cena: Integração, variedade, qualidade de performance e instrutores e a quantidade de praticantes, frutos de muito trabalho e dedicação tanto das gerações mais antigas quanto das mais novas, nossas alunas e ex-alunas. As reflexões atuais geradas pelos simpósios, coletivos e grupos de estudo (que floresceram durante a pandemia) trouxeram aprofundamento das discussões teóricas, históricas e sociais e amadurecem ainda mais nossa comunidade, nos colocando no próximo estágio de evolução da dança do país.


E basicamente esse era o cenário quando comecei a “dançar tribal”, nos primeiros anos da difusão do estilo no país. Espero que tenha sido uma experiência boa esse passeio pelas minhas memórias! 


Grande beijo!

Aline Muhana


Para conhecer mais o trabalho de Aline Muhana, acesse:


| Instagram | Entrevista no Blog |



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Entrando na Roda

Natália Espinosa (Campinas-SP) é dançarina e professora de Estilo Tribal de Dança do Ventre e ATS®.Tornou-se Sister Studio FCBD® em 2013 e está cursando o programa The 8 Elements™ de Rachel Brice. Natália orienta o Amora ATS ® e participa do TiNTí, grupo profissional de ATS® composto por sua professora Mariana Quadros e por Anna Pereira. Sua grande paixão é ensinar e seu palco é a sala de aula.  Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 


[Entrando na Roda] Pioneira da Roda: Isabel De Lorenzo

por Natália Espinosa


Vivo em Roma há mais de vinte anos e me defino uma artista da Dança. Meu trabalho cotidiano é multifacetado: sou, principalmente, professora de FCBD®️Style e dirijo uma escola de danças do mundo, a San Lo’, situada no coração de Roma. A escola vai completar vinte anos em 2023, mas na verdade, desde março de 2020 está fechada devido às restrições que a Itália vem sofrendo com a pandemia do coronavírus, o que nos obrigou a migrar quase inteiramente para o setor online. Também organizo o Roma Tribal Meeting, festival que reúne anualmente artistas do mundo todo em torno da ideia de comunidade nas danças “estilo tribal”. Sou membro do Dance Sisters Collective, que tem trabalhado desde 2013 com o FCBD®Style aplicado a sofisticados projetos de performance, à distância e em presença. Dou aula em inúmeros eventos e festivais pelo mundo afora. Apaixonada pelo teatro-dança, já colaborei com algumas companhias de dança contemporânea como atriz e dançarina, muito aprendi com essas experiências e acabei criando e produzindo meus próprios espetáculos teatrais, Al-muallaqat | Le sospese (2007), Frida Suite (2012) e Bambola (2018).


"A coluna quebrada" - Frida Suite | Foto: Fabrizio Caperchi (2012)


Poster Frida Suite (2012)

Violet Scrap em Bambola, um espetaculo de Isabel De Lorenzo | Foto: Donatella Francati (2018)



Poster Bambola (2018)




Danço desde os oito anos, quando minha mãe me matriculou no balé, em Araraquara, SP. Não me achava talentosa para a dança apesar de desejar continuar, e lutei com essa contradição durante anos, até parar com a dança clássica e moderna quando entrei para a Faculdade de Letras na USP. Trago dessa primeira etapa na dança bons ensinamentos sobre o uso do corpo, espírito de grupo e gosto pela cultura artística em geral.


Meu primeiro encontro com a dança oriental aconteceu em São Paulo em 1987. Nesse ano, junto com minha amiga Yasmin Nammu, tomei aulas com a Márcia Nogueira, uma das professoras mais alternativas da cena paulistana na época. Eu tinha curiosidade tanto pela dança árabe quanto pelo flamenco e pela dança indiana, mas faltou perseverança e acabei voltando ao mero estudo das Letras. Mas minha amiga prosseguiu e, alguns anos depois, eu me tornei uma de suas primeiras alunas; desde então frequentei o estúdio Yasmin Nammu por anos a fio, com grande paixão pelo estudo da dança do ventre. Minhas primeiras apresentações, muito tímidas, se deram nesse período, entre 1991 e 1997 quando me mudei para Roma, capital da Itália. 


Teatro Municipal de Araraquara (1980)


Bellydancing - Roma (1997)

O que havia de mais interessante na cena romana era o estilo egípcio autêntico, com professores do naipe de Saad Ismail - um dos herdeiros do mestre Mahmoud Reda. Não era o meu estilo preferido, mas era “consistente”; então me matriculei num curso com Saad que me ajudou a fazer contatos e encontrar meus primeiros trabalhos como professora e dançarina. Passei muitos anos “bellydançando” na noite arabe-romana, mas ao mesmo tempo meu gosto pessoal foi migrando definitivamente para o estilo tribal. E assim se passaram mais de dez anos de muito estudo, tanto no estilo oriental como no tribal. Eventualmente era possível participar de workshops; mas na maioria das vezes o estudo era através de vídeos. Com o tempo, a dificuldade de se encontrar vídeos didáticos foi amenizando... acredito ter vivido em cheio a passagem entre os anos 80 em SP - quando encontrar um vídeo didático (da Salimpour por exemplo) era ouro! - e os anos 2000, que trouxeram a internet em casa e com ela um acesso mais democrático ao estudo da dança. 


Reda Style: Saad Ismail Dance Company,  Roma (1999)


Encontrei Carolena Nericcio e Megha Gavin pela primeira vez em Milão em 2005 e 2006. Elas viajavam dando cursos na Europa, mas o público ainda era naquela época bem restrito. As Bellydance Superstars também passaram pela Itália e tive oportunidade de participar de diversos workshops (aliás, até co-organizei um ramo da tournée de workshops com elas, em 2007).  Tudo isso culminou com a minha ida para San Francisco em 2010, numa viagem extraordinária junto com minha então aluna e depois parceira Silvia Grassi. Dali em diante eu resolvi me dedicar somente ao ATS® . Nossa turma de General Skills e Teacher Training era razoavelmente pequena, fizemos amizades e trocas importantes. Todo mundo que fez este percurso de alguma maneira sabe o quanto é transformador. E assim foi comigo. Logo pedi para ser Sister Studio de FatChanceBellyDance®  e tenho honrado, espero, este papel. Recentemente passamos a assinar Partner Studio, em apoio às mudanças que estão pedindo para acontecer na sociedade e que atravessam certas nomenclaturas. Nossa troupe, Carovana Tribale, foi fundada em 2003, teve várias formações e hoje em dia é antes de mais nada um container para quem quiser dançar conosco: todas as alunas são bem vindas, assim como as colegas, sem vínculos de nenhum tipo. Temos consciência de que a troupe tem um nome “antiquado”, que traz em si tanto a ilusão orientalista na palavra “caravana” quanto o controverso atributo “tribal” - e talvez, quando chegar a justa inspiração, iremos mudá-lo. Tem sido difícil para todo o mundo, artistas em particular, tomar decisões para o futuro; assim temos tentado, durante esta pandemia, manter o corpo são e a calma mental, dando espaço à pura dança como prioridade nossa de cada dia.


FCBD Studio - San Francisco (2010)

Carovana Tribale (2007)

Carovana Tribale (2016)

Com alunas de Carovana Tribale | Foto: Roberto Radimir (2018)


Minhas relações dançantes com o Brasil não foram muito intensas nestes mais de vinte anos, mas foram constantes e houve alguns episódios memoráveis. Em 2010 fiz uma viagem mochileira com minha amiga Geneva Bybee (dançarina americana que tinha sido pioneira da Tribal Fusion na Europa). O evento itinerante se chamava Tribal Tour e nosso objetivo era criar redes e lançar as bases para uma comunidade estilo tribal no Brasil. Fomos para Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Além de ter sido extremamente rica como experiência pessoal, esta tournée alcançou em grande parte seus objetivos: a rede de contatos, de amizade e de estudo permanece viva até hoje e com certeza deixamos bons sinais, especialmente no Rio e na Bahia. De toda maneira, eu vou ao Brasil praticamente todo ano e tenho alunas na minha região (Araraquara, interior de SP), podendo citar a Mariana Esther que atualmente é uma excelente bailarina, estudiosa e professora de FCBD®  Style. No Rio, Nadja el Balady e Aline Muhana me receberam muitas vezes para workshops e eventos; o mesmo na Bahia com a Bela Saffe e sua maravilhosa comunidade. Também houve bailarinas brasileiras que vieram a Roma, conheceram minha escola e até participaram do Roma Tribal Meeting como a Dayeah Khalil, a Bela Saffe, a Joline Andrade e outras. Tenho muitas amigas na cena da dança brasileira e espero que seja em breve possível revê-las, conhecer novas pessoas e continuar espalhando a semente da dança por aí afora.


Tribal Tour com Geneva Bybee, Brasil (2010)


Um aspecto muito gratificante do meu envolvimento com o FCBD®Style passa através do Dance Sisters Collective. Este coletivo europeu (com Philippa Moirai, de origem Sul Africana vivendo no Reino Unido, Gudrun Herold da fronteira Alemanha/França e Silvia Grassi da Itália) nos levou a trabalhar efetivamente com o conceito criado por Carolena Nericcio, de que a linguagem compartilhada do FCBD®Style possa se avantajar sobre a multiplicidade de outras linguagens da comunicação humana. Cada bailarina do coletivo tem seu próprio idioma materno, moramos em países diversos, temos bagagens culturais bem variadas e mesmo assim trabalhamos juntas desde 2013, utilizando videoconferências e outras técnicas de comunicação remota que só agora, em tempos de pandemia, se tornaram mais comuns. A dança acima de tudo.


Dance Sisters Collective | Foto: Federico Ugolini (2014)


Dance Sisters Collective | ATS Homecoming, San Francisco, 2017


Enfim, vou tentando me manter como profissional da dança aos 53 anos de idade. Minha jornada se divide entre tudo isso: o ensino, ao qual me dedico com grande amor, a convivência com minhas alunas, assim como a preparação dos meus cursos e workshops são sempre momentos muito importantes. A gestão da escola, a San Lo’, também requer muita energia, começando com a constante troca de informações com nossa equipe de professores, colaboradores e alunos, até a divulgação - eu mesma faço os sites, o material gráfico, os vídeos e a organização geral de todos os eventos, enquanto minha sócia Lara Rocchetti se ocupa mais da administração. A projetação, organização, produção de cada evento, como por exemplo o Meeting, ou o festival de fim de ano da escola, um open day de início dos cursos ou um evento de danças de fusão como o La Divina Commedia Project® que estou preparando para o segundo semestre de 2021 - tudo isso requer apenas um cérebro e centenas de horas sentada em frente ao computador. Quando o corpo padece, pilates e bicicleta são meus antídotos. Música, teatro, literatura, filosofia, cinema nutrem o pensamento e a vida. Meu desejo maior para o futuro é o de permanecer no campo artístico, poder - quem sabe - escrever, dirigir mais espetáculos, viajar e novamente abraçar todo o mundo.


Em casa durante a pandemia



Para conhecer mais sobre o trabalho de Isabel DeLorenzo, acesse:

| Contato | | Entrevista no Blog |


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Entrando na Roda

Natália Espinosa (Campinas-SP) é dançarina e professora de Estilo Tribal de Dança do Ventre e ATS®.Tornou-se Sister Studio FCBD® em 2013 e está cursando o programa The 8 Elements™ de Rachel Brice. Natália orienta o Amora ATS ® e participa do TiNTí, grupo profissional de ATS® composto por sua professora Mariana Quadros e por Anna Pereira. Sua grande paixão é ensinar e seu palco é a sala de aula.  Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 

[Estilo Tribal de Ser] Figurinos pelo mundo - Parte 1

por Annamaria Marques

Rebeca Piñeiro & grupo no ATS Homecoming

Olá, pessoal!


Espero que estejam bem!


Hoje  quero compartilhar com vocês o primeiro de uma série de artigos trazendo um pouco de como são os figurinos de Tribal Fusion Bellydance e estilo FCBD® pelo mundo. 


Acho maravilhoso poder ver como cada grupo pelo mundo traz um pouco de sua personalidade para seu visual na dança! Detalhe culturais  regionais podem ser vistos tanto no visual quanto na escolha das músicas, mesmo quando há um dresscode como no estilo FCBD e é isto que vou compartilhar com vocês. Caso queiram sugerir grupos ou solistas com figurinos  interessantes, mandem para nós!


Espero que gostem desta viagem!




1) Dance Together Tribal (China)





















Na China a cor vermelha tem um significado muito importante: representa alegria, boa sorte e proteção. Por isso que vemos esta cor presente em ocasiões importantes. 


| Fonte:




2) Free Tribal band (Ucrânia)



Performance de FCBD® Style, com estética homenageando a boneca nacional Motanka, que, segundo a dançarina Karna May membro do Free Tribal Band, é um amuleto antigo de proteção para mulheres e famílias.


Boneca Motanka



| Fonte:



3) Nourah (Japão)




Solista usando o chapéu tradicional Amigasa, comum em danças sazonais tradicionais.


Amigasa é um chapéu de palha tecido a mão, em forma de disco circular dobrado ou meia-lua, feito de fibras de bambu. Em membros femininos da dança tradicional japonesa Awa Odori é usado de forma que o vinco saia da frente para trás, mergulhando para a frente para cobrir parcialmente o rosto da dançarina. Dança-tema do festival folclórico da província de Tokushima, comemorado durante as festividades de verão.


Amigasa  - Chapéu tradiconal japonês

| Fonte: Amigasa



4) Inspirações brasileiras para FCBD® Style


Outro exemplo lindo é o da Tribo Corpo Raíz, grupo mineiro de FCBD® Sytle lindamente trajadas com um figurino remetendo às nossas cores locais.
 

E também do grupo acompanhando  Rebeca Pineiro no ATS Homecoming:



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Estilo Tribal de Ser



Annamaria Marques (Belo Horizonte-MG)
 é bailarina, professora, produtora do festival Tribal Core, dona do atelier InFusion e diretora da Trupe Andurá de ATS® e da Tribo Dannan de Tribal Fusion de Minas Gerais.Clique aqui para ler mais post dessa coluna! >> 


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