[Resenhando-BA] Curso de Formação em Salvador com Joline Andrade

Por Priscila Sodré [1]

Foi dada a largada para o Curso de Formação em Salvador com Joline Andrade, nível intermediário!


Estou feliz de estar nessa turma, aqui se encontra um belo grupo de dançarinas dedicadas ao estilo tribal na Bahia.

Há um tempo que venho sentindo necessidade de conversar mais sobre a origem do tribal, suas reverberações, processo histórico e ramificações, é a cabeça se rendendo ao que o meu corpo já sacou faz tempo. Nesse primeiro encontro no Curso de Formação com Joline iniciamos a aula assim, após a leitura de vários textos, conversamos sobre o que estávamos fazendo ali. Estamos permitindo que o tribal se manisfeste em nossa dança e por quê? O que nos seduz, nos desafia, qual o impacto político de nossa dança? 

Divido em dois módulos. A primeira aula foi a maior parte prática, onde foi mostrado combinações de movimentos polirítmicos, sugestões de exercícios, com uma precisão técnica própria de Joline, alguém que se dedica de maneira amorosa ao que faz. 

Uma característica muito preciosa desse curso é o incentivo à novas hibridações por meio da dança. Nos dividimos em grupos onde iremos propor discussões e mostra prática do que sugerimos como pesquisa. Meu grupo propôs pesquisar as possibilidades de fusão entre a Dança Tribal e a Arte Circense. Estou animada, essa mistura muito me agrada, pois tenho flertado com ela!

Veja em: 
https://www.youtube.com/watch?v=Rl8AEInzosM 
https://www.youtube.com/watch?v=sG9x279kiZg 

O aprendizado se dá em diferentes níveis. Os movimentos desenham um corpo estranho a ser descoberto, desafia nossos lugares comuns. Eu, Gilmara Cruz, Tatiana Mello, Kátia Suzane e Gabriela Nunes aceitamos o desafio! 


Tenho trilhado no caminho das artes cênicas. A dança me acompanha desde sempre, seja sob a forma de dança contemporânea, afro, moderna, contato improvisação, quando era apenas uma atividade recreativa ... A dança tribal chegou num momento muito importante de minha vida; momento no qual tomei a decisão de me qualificar para viver do que me faz feliz, me energiza, me alimenta de uma maneira mais completa: a arte. Veio num momento justo, quando o campo da dança tribal precisa se desenvolver, (!!) o quanto caminhou sem incentivos, muito por conta da paixão das dançarinas... E também o quanto temos de oportunidades de sermos melhores! Quanto mais faço mais percebo quanta sorte termos de ter Joline tão próxima, uma pessoa que se dedica integralmente ao estilo e generosamente nos auxilia, descortinando os mistérios dessa dança.

Este ano me dedico à minha qualificação de maneira mais aprofundada. E quanto está me fazendo bem!! Precisamos de desafios para seguir! Sigo com as aulas regulares e com o Curso de Formação Nível Intermediário com Joline em Salvador. Agora tenho a oportunidade de participar do VI Festival Campo das Tribos em São Paulo, onde farei 19 horas de aulas e me apresento no Show de Mostras, entre os dias 01 e 04 de maio.

Também participarei do EtnoTribes Festival, produzido por Joline Andrade também em Salvador ( a Bahia bombando na cena tribal brasileira !!! ), onde me dedicarei à minha formação e também à produção executiva.

É... este ano é um ano de muito trabalho! Se envolve o coração, estou dentro! 
Sigamos! 




Priscila Sodré - Em 2013 aprofunda sua atuação na área da dança, pesquisando capacidades criativas através da dança Tribal Fusion. 

Frequenta aulas regulares com Joline Andrade, também participa do seu Curso de Formação em Salvador-BA em 2014. Participou do VI Festival Campo das Tribos em São Paulo (como aluna e dançarina); participará do Festival EtnoTribes em Salvador (como dançarina, aluna e produtora executiva).

Registro profissional
DRT (Atriz): n° 4012 | DRT (Produtora): n° 0298
- Registro Fotográfico de alguns trabalhos:
- Vídeos:
- Blog:



[1] Priscila Sodré ¹ é atriz, dançarina e produtora.
Graduanda do curso de Produção Cultural – UFBA, atua no cenário artístico desde 2007, perpassando funções de produção, dançarina, atriz e palhaça. Em 2011 decide investir em sua formação de atriz que se desenha de forma independente. Participou de diversos cursos de artes cênicas, como: módulos I e II do Curso de Teatro com Tato Zátara (Argentina), XVII Curso Livre de Teatro (UFBA) módulo I, Oficina Fluxorgânico com Maurício Assunção, Oficina Palhaças – Bem Vinda Sois Vós, com Felícia de Castro, oficinas de palhaçaria com Demian Reis e João Lima (Bahia), Chacovachi (Argentina), entre outros. Encenou a peça Mar Morto, direção de George Vladimir, vencedora do Prêmio Braskem 2013 categoria Revelação, espetáculo Dramofone – dança tribal de outras hibridações, direção Joline Andrade, atuou no vídeo-clipe Efeito Colateral da Banda Os Infames (SP-BA), no Cabaré do Riso, direção Demian Reis, em números cômicos no Anjos do Picadeiro 12, entre outros.
Entre 2008 e 2011, fez aulas de dança moderna, contemporânea e afro na Escola de Dança da FUNCEB; e Contact Improvisation na Escola de Dança da UFBA. 


Resenhando - Região Nordeste
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Coodenação Gilmara Cruz


O Turbante



por Surrendra
 O turbante (do persa دلبنت dulband, em turco tülbent) consiste em uma grande tira de pano de até 45 metros de comprimento enrolada sobre a cabeça, e de uso muito comum na Índia, no Bangladesh, no Paquistão, no Afeganistão, no Oriente Médio, no Norte da África, no Leste da África (principalmente no Quênia), no Sul da Ásia e em algumas regiões da Jamaica.
A origem do turbante é desconhecida, mas sabe-se que já era usado no Oriente muito antes do surgimento do islamismo
Os turbantes também faz parte o universo feminino. E foram muito usados na década de 20 por nada mais nada menos que Coco Chanel e Carmen Miranda. Na década de 50 ele foi bem popular entre as mulheres e atualmente, esta vivendo um revival.


Na dança do ventre ele introduzido por Masha Archer. Sua intenção era fazer com que o público admirasse a dança e não apenas a dançarina para entretenimento masculino. Com esta ideia, Masha cobriu as pernas das bailarinas com calças pantalonas, trocou o sutiã decorado por um choli indiano modificado e escondeu os cabelos com um turbante.  Queria chamar atenção para o grupo deixando-o com uma aparência mais homogênea e o turbante era a resposta para esta aparência uniforme. 


O turbante dá ao grupo uma aparência muito mais real, elegante e unificada no palco, uma vez que ninguém em um grupo tribal tem o mesmo cabelo.



Ao criar o ATS®, Carolena Nericcio manteve muitas características aprendidas com sua professora Masha, inclusive o turbante.Mas, ao longo do tempo, o turbante foi caindo em desuso por diversos fatores. Há alguns bailarinos que o acham quente e meio desconfortável.


Meu amigo Igor Kischka, bailarino de dança do ventre clássica em Belo Horizonte, fazia grande uso de turbantes em suas performance. Fui percebendo que, pouco a pouco, foi retirando o turbante. Indaguei-o sobre o motivo, já que o turbante era uma característica marcante em sua dança. Ele me respondeu que o turbante era incomodo e por varias vezes teve dores de cabeça após alguma apresentação.


Vale ressaltar que Igor usa movimentos fortes e impactantes com a cabeça. Seu turbante era bem preso para não se soltar durante a performance.

Um outro fator que contribui para o não uso do turbante nas trupes de ATS foi o ataque de 11 de setembro. O uso de turbantes desencadeou algumas hostilidades e até crimes nos Estados Unidos, em conseqüência dos atentados de 11 de setembro de 2001, uma vez que os estadunidenses passaram a relacionar as pessoas portando turbantes com a religião muçulmana e esta com o terrorismo. 


Com o passar do tempo a hostilidade com o povo árabe foi diminuindo e mesmo nos EUA temos varias trupes que usam o meio turbante ou turbante completo. É o turbante voltando com gás total.
Meio turbante
Aqui no Brasil, várias trupes usam o turbante. Eu mesma, que não tenho muito amor por ele, me vejo incentivada pela minha professora de ATS, Natalia Espinosa, a experimentá-lo.
Num futuro não muito distante, quem sabe... =)



Fontes:

Wikipédia




http://aerithtribalfusion.blogspot.com.br/2014/03/estilo-tribal-de-ser-por-anamaria.html


Estilo Tribal de Ser
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Divinópolis, MG

Sobre o Flamenco - Origens - PARTE 2

Parte 2 de 4 | por Karina Leiro

Soneto de Luna Clara (PE) | Fotos de André Ferreira

Terminamos a postagem anterior falando sobre a chegada dos ciganos à Espanha. Sobre isso, vale acrescentar que os teóricos das origens se dividem em “ciganistas” e “andaluzistas”. Para os teóricos “ciganistas”, somente o que é por eles considerado canto cigano tem garantia de pureza. Os demais cantos, que eles consideram “flamencos ou aciganados” não tem valor intrínseco, e os intérpretes não ciganos são meros aprendizes. Para os andaluzistas, os ciganos que se instalaram em Andaluzia foram apenas transmissores do canto andaluz, às vezes intérpretes geniais. Atualmente, seriam meros atores de um drama do qual tomaram posse, e do qual, segundo Arrebola (2005) “reproduzem, presos a uma tradição tribal, ecos, ressonâncias mecanizadas, artificiosas de algo que pode ter sido, em suas origens, tragédia vital e espontaneamente comunicável” (tradução do autor).

Na formação do flamenco houve um confronto entre a cultura espanhola e a cultura dos ciganos, árabes e até mesmo dos judeus, principalmente na época da reconquista pelos reis católicos (onde todos os não católicos foram perseguidos). Os elementos opostos das culturas tendem a se excluir, se opor uns aos outros ao mesmo tempo em que se interpenetram, conjugam e identificam. Daí emergiu essa manifestação artística e cultural, da interpenetração e conjugação de contrários.
Sevilha
O rastro flamenco se dilui nos três séculos posteriores, durante os quais Sevilha, importante cidade de Andaluzia, tornou-se, como porta de saída para a América, um movimentado centro europeu de negócios. A estreita comunicação entre os dois lados do Atlântico permitiu, além do comércio, o intercambio cultural. Assim começa o caminho de ida de cantos e danças andaluzas, que depois de passar pela peneira nativa e mestiça (e, portanto, africana) traria de volta as guajiras, milongas, rumbas, etc., gêneros mesclados que foram popularizados a princípios do século XX por grandes cantores da época.

As poucas alusões escritas sobre o folclore andaluz nesse grande período, estão dispersos na literatura espanhola compreendida entre os séculos XVI e XVIII. La Gitanilla de Miguel de Cervantes, mesmo autor de Dom Quixote, retrata Preciosa, uma ciganinha que poderia ser considerada protótipo da posterior bailaora e cantaora (bailarina e cantora flamenca). As Cartas Marruecas de José Cadalso dão, já na segunda metade do século XVIII, o que muitos estudiosos consideram o primeiro testemunho escrito sobre o flamenco. Nessa mesma época surgem registros dos primeiros artistas de flamenco. A partir de EI Planeta, cantor natural de Cádiz, vão aparecendo, no triangulo Sevilha, Jerez e Cádiz, três importantes cidades de Andaluzia, outros nomes do canto, da dança e da guitarra.


Soneto de Luna Clara (PE) | Fotos de André Ferreira

        A partir do século XIX começa a existir documentação mais consistente a respeito da história do flamenco, razão pela qual, muitos estudiosos tomam essa época como seu início. São os jornais da época e o olho observador dos viajantes românticos que começam a gerar esses registros.

 Acesse a Parte 1, clicando aqui!

http://aerithtribalfusion.blogspot.com.br/2014/04/flamenco-das-origens-fusao-por-karina.html




Flamenco, das origens à fusão
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Recife, PE

Entrevista #26: Lilian Kawatoko



Nossa entrevistada do mês de maio é com a bailarina Lilian Kawatoko de São Paulo! Lilian nos conta sobre sua trajetória entre a dança do ventre, tribal fusion e o ATS®; além de nos contar um pouco sobre o Nomadic, seu ateliê e projetos futuros. Confira! =D



BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como tudo começou para você?
Bom, o inicio mesmo foi aos sete anos de idade no Ballet Clássico, então já fazem quase 21 anos (Rs). Estudei também ballet contemporâneo e jazz. O porquê, nesta idade eu não saberia dizer, mas agradeço todos os dias pela sensibilidade dos meus pais em ter me concedido diversos estudos na área da arte desde muito nova.

Jauhara Oriente
Em 2006 me interessei por danças orientais e aqui há uma questão curiosa, pois procurei a dança oriental para tratar minha auto-estima, sem ter a mínima idéia que esse pequeno passo me levaria as minhas profissões de hoje. Comecei a Dança do ventre na cidade de Cotia – SP com a professora Ammura El Mizar, que tem muita base em folclore árabe, o que foi maravilhoso e me colocou em contato direto com as raízes desse estilo. Mais tarde morei por quase 4 anos no Japão, onde fiz parte do grupo Jauhara Oriente, o primeiro grupo de dança do ventre brasileiro a mesclar bailarinas de várias nacionalidades, também foi uma experiência única e enriquecedora. Nessa mesma época tive meu primeiro contato com o Tribal Fusion e minha identificação com a estética foi imediata. Voltando ao Brasil procurei buscar mais sobre o estilo fazendo alguns workshops, entre eles: Ariellah Aflalo, Mardi Love e Sharon Kihara. Conheci o ITS e comecei a estudar os 2 estilos juntos com Rebeca Piñeiro e na mesma época fiz parte do grupo Ulan Daban. Mais tarde descobri o ATS® com Mariana Quadros e já estava tão envolvida com o estilo que decidi buscar informações na fonte.

 Em Novembro de 2012 me formei na Califórnia, no Studio FCDB® e desde então vivo a filosofia do ATS® e me proponho a ensinar no formato FCBD®. Entre os workshops que participei destacam-se: Mira Betz, Ariellah Aflalo, Morgana Guibelalde, Zoe Jakes, Rachel Brice, Carolena Nericcio, Kae Montgomery, Kristine Adams, Anita Lalwani, Marsha Paulin, Sandi Ball e Wendy Allen.

Atualmente sou integrante do grupo Nomadic Tribal de ATS®, grupo de direção coletiva pioneiro em São Paulo.

BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
 
Marisa Escher – Minha professora de Ballet Clássico pela extrema disciplina.
Ammura e Jauhara – Por me mostrar o melhor das danças orientais.
Zoe Jakes – Ainda a aula mais enérgica que tive na vida.
Todas as professoras do Studio FCBD® – Que confirmaram tudo aquilo que sempre pensei sobre a filosofia do ATS®.

BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Fiz ballet clássico por sete anos; jazz e ballet contemporâneo.
Recentemente fiz dança contemporânea e yoga; atualmente pratico também Kung Fu (além de Tribal Fusion e ATS).

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Primeiras inspirações na dança: Roseli Rodrigues, Rachel Brice, Suhair Zaki e FatChance Belly Dance. Primeiras inspirações na Moda: Alexander McQueen e John Galliano.

Atuais inspirações na dança: Zoe Jakes, Kae Montgomery, Collena Shakti entre tantos artistas maravilhosos que conheço a cada dia. Atuais inspirações na Moda: Ronaldo Fraga entre outros
 
BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?
Maneiras de expressar, de pensar, de sentir. Dançar é falar com o corpo, é a maneira mais nua de expressão.

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
Aprecio as possibilidades, de criação e interpretação. A sensação muscular, a adrenalina enquanto nosso corpo se move é uma sensação indescritível!

BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação?Você acha que o tribal está livre disso?
Bom, vejo que tem uma coisa que prejudica não só a Dança do Ventre, como também o Tribal e a vida em geral, que é competitividade associada ao ego. Não é uma competitividade natural que nos impulsiona a crescer, é algo que atrapalha e faz com que as pessoas falem demais e estudem menos.

BLOG: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal ? Como foi isso?
Preconceito mesmo não que eu saiba, mas sempre ouvi pessoas que praticam a dança do ventre falarem mal do tribal e vice-versa, o que para mim não faz sentido algum, pois o Tribal tem muita base na dança do ventre e também todas as pessoas são livres para procurar o estilo em que se sintam mais felizes.

BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Ando meio decepcionada com o cenário tribal atual. As pessoas parecem querer provar tanto que estão corretas que sabem disso ou daquilo, sem notar que todos nós fazemos parte de um estilo em formação ainda.

BLOG: E conquistas? Fale um pouco sobre elas.
Nossa, conquistas!! Conquista deve ser uma das minhas palavras favoritas...Como é bom ver o resultado de um trabalho, como é bom planejar, projetar. Creio que sou uma pessoa muito abençoada e determinada nesse sentido, pois tenho uma vida cheia delas.
BLOG: Como é o cenário da dança tribal em São Paulo? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?
São Paulo tem uma coisa boa, que é uma gama de oportunidades, um cenário cultural rico e uma concentração de pessoas que conhecem Tribal, além de cursos, etc.

Um ponto negativo seria uma saturação disso, uma concentração que não se abre a novos públicos e caminhos para espalhar a nossa arte. Um dos objetivos do Nomadic Tribal foi sair claramente dessa cena que já conhece o Tribal e levar esse conhecimento a todas as pessoas, participando de eventos culturais, eventos noturnos e plantando um respeito e admiração pela nossa dança, fazendo com que as pessoas que não nos conheciam não nos confunda com odaliscas e coisas do tipo, realmente com o intuito de levar alegria e esclarecer nosso trabalho. E com certeza deu muito certo.


BLOG: Em 2012 você criou juntamente com alguns ex-membros do Ulan Daban, o Nomadic Tribal . Como é fazer parte de um grupo de ATS® e qual a importância que você encara no estudo do estilo? 
Para uma praticante do estilo, ter um grupo faz toda a diferença. Eu costumo dizer as minhas alunas que é completamente diferente você praticar em aula e você sentir a emoção de uma apresentação de verdade, por isso sou totalmente a favor de minhas alunas montarem grupos e se apresentarem, isso faz parte do crescimento delas. Enquanto grupo, existe uma coisa consistente e mágica no Nomadic que é difícil de conseguir e se conquista com um tempo de convivência: Intimidade, liberdade e aceitação. Isso é conquistado a muito custo, depois de chateações e processos, pois sem esses pilares nenhum grupo consegue se manter; a intimidade na hora de dançar faz absolutamente toda a diferença, a leitura corporal da sua parceira de dança, a conexão. A liberdade de se expressar e falar suas opiniões também é algo que se resolve e morre ali, assim conseguimos nos adorar e continuar preservando nossa interação. E a aceitação do outro e das opiniões do outro, pois a mágica está em dançar em um grupo onde todas possam pensar diferente e se completar; e não todas ficarem condicionadas a um estilo ou a um pensamento só, mas é claro, isso é uma opção.

BLOG: Conte-nos como surgiu a Nomadic Tribal, a etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo e se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado até agora. 


 
A história do Nomadic é interessante. Após o Ulan Daban terminar por várias questões, nos reunimos em um jantar para saber o que estávamos fazendo da vida e conversar, afinal éramos amigas já. E para nosso espanto descobrimos que entre nós seis nada tinha mudado. Continuávamos com vontade de dançar juntas, partilhávamos do mesmo ideal de grupo e pensamos “Por que não ter um grupo de direção coletiva?”. Assim nasceu o Nomadic (nômade) e esse nome demorou para ser escolhido. Ele foi tirado de um antigo ateliê de figurinos da Amanda Preisig (integrante do grupo). O Nomadic não sofreu nenhuma mudança estrutural de estilo desde que foi criado, exceto pelo fato de eu e Valdi Lima, recém formadas da Califórnia, sentarmos com o grupo e decidirmos  que o que queríamos fazer no Nomadic para sempre é o ATS® mesmo. Com muitas pesquisas e levando o grupo para fora do circuito dos festivais tribais muitas pessoas nos associam com balkans, mas na verdade só prestamos uma grande homenagem a esses povos que também fazem parte das raízes que criaram o ATS®, só são menos conhecidos que as tão faladas raízes: flamenco, indiano e árabe. Se você estudar a fundo, tantos povos nômades do oriente médio, Argélia entre outros, compõem as inspirações do ATS®, que seria uma pena não prestar uma homenagem a esses povos.



BLOG: Em 2012, você obteve sua certificação em ATS® com a criadora do estilo, Carolena Nericcio. Gostaria que nos explicasse melhor sobre o processo de certificação(General Skills/ Teacher Training1 e 2) e como se alcança o tão estimado selo de Sister Studio. E qual importância de conseguir tal certificação, em sua opinião?



Sem dúvida estudar com a Carolena é uma experiência única, pois ela é uma mulher fantástica que nos trouxe o ATS® nesse formato e vem trabalhando nisso desde a década de 80; ela tem mais de 20 anos de experiência em como trabalhar em grupo. Mas é interessante e bom falar sobre isso. Percebi a pouco tempo que começou a rolar um alvoroço sobre o título de sister, já me perguntaram porque uma sister seria melhor que uma estudante de ATS e etc. E é bom deixar claro que o título de SisterStudio / BrotherStudio é um aperfeiçoamento para pessoas que pretendem dar aulas no formato FCBD®. Por quê faz diferença? Simplesmente porque eu teoricamente posso passar aquilo que eu aprendi com meu professor(a) e posso saber ensinar tudo certinho, mas no curso existe uma metodologia de ensino do FCDB®, ou seja, teoricamente todas as Sisters/ Brothers do mundo tem uma metodologia muito próxima de ensino e, justamente por isso, existe entre nós um código de ética de nunca corrigir outra sister/brother em aula, pois aprendemos exatamente no mesmo formato e na mesma fonte. Para ter um grupo e dançar você não precisa ir até a Califórnia tirar esse certificado (ou outro país) apenas se você quiser  ser um professor dedicado a ensinar nessa metodologia  e com toda a responsabilidade que se tem quando se propõe a seguir uma linha.



Sobre a estrutura do curso, ele era dividido em 3 partes quando eu me formei (atualmente o formato mudou um pouco):

General Skills -  Onde se aprende o repertório clássico e moderno do ATS (matéria que Sisters/ Brothers estão aptos a ensinar após a formação).

Teacher Training I – Onde recebemos conselhos e metodologia de ensino, damos aulas e nos aprimoramos enquanto professores.

Teacher Training II -  Onde falamos sobre negócios, grupos, dúvidas e problemas do meio.
 

BLOG: Além da certificação, como foi a experiência em estar na Califórnia, berço do Tribal e estudar de perto com os principais ícones da cena? Compartilhe conosco um pouco da sua viagem e experiência =D 
Quando estive lá foi que percebi que faltava muito para viver de dança, rs. Pois não é apenas viver de dança como trabalho; é viver a dança, respirando dança todos os dias. As aulas tem um ritmo muito bom, são puxadas, cheias de informação; é visível a disciplina no estudo e é emocionante estar no berço onde tudo nasceu. Não só no Tribal, a Califórnia é um núcleo de estudos em dança, né? Não podia ter me sentido mais feliz e realizada.

BLOG: Como surgiu a oportunidade de dançar no Gas Gas e Madame; como foi a experiência de dançar em lugares com temáticas tão diferentes? A repercussão do público é diferente de uma festa para outra?
Desde que o Nomadic Tribal nasceu, o Espaço Romany se tornou nossa casa e criamos vários projetos. A DJ Lita Almeida (responsável pela festa GAS GAS) viu nosso material e nos chamou para a primeira edição da festa. A parceria deu tão certo que nunca mais paramos de dançar na Gas Gas. A festa tem uma discotecagem balkan onde todos dançam muito a noite toda, nossa proposta foi super bem recebida com respeito e admiração. 

No Madame o Espaço Romany introduziu um projeto chamado “Romany no Madame” e nossa proposta era levar dança para lugares alternativos. No início havia uma preocupação de como isso seria recebido, mas o projeto educou o público de uma maneira impressionante, logo após a primeira edição, muitas pessoas já iam para o Madame esperando assistir os artistas e conseguimos impor respeito sem que as pessoas ficassem se aproximando de nós com outro intuito, foi uma quebra de tabu e um sucesso!


BLOG:Você é criadoras da loja Khalidah, destinado a figurinos para o Tribal. Como surgiu a idéia ou oportunidade de formá-la? Como é o processo criativo para os figurinos e suas inspirações para a composição dos mesmos? Há alguma curiosidade a respeito da confecção de alguma peça? Em 2013, a loja deixa de ser apena virtual e passa a ter um espaço físico. Quando surgiu a oportunidade para  isso?
Sim, eu sou formada em Design de Moda pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e não haveria como abandonar o Design, pois ele e a dança juntos realmente me completam. A marca começou a ser idealizada em 2011, sendo impulsionada por amigas da dança que descobriram que eu estudava Moda. Comecei a fazer peças em casa, estudar e pesquisar o que o mercado estava precisando, mas eu nem sabia que a Khalidah viria a ser o que se tornou hoje. Passei 2 anos fazendo as peças em casa , tendo mais um emprego e ainda a faculdade (e o grupo de dança e aulas e projetos, rsrsrs), até que chegou um momento que a demanda ficou tão grande que tive que decidir entre seguir carreira em lingerie (trabalhava no estilo da Marisa na época) ou tomar coragem e seguir meus instintos. E foi isso que eu fiz: larguei meu salário estável e abri a loja física Khalidah.

Desde sempre tive vontade de trabalhar ao máximo com criação, com personagens, tinha muito medo de me formar e ter que trabalhar copiando modelos importados, sem exercitar minha mente, sem colocar para fora minhas idéias,mas a marca me proporciona isso diariamente. Eu sou uma curiosa e gosto de pesquisar, construir, então cada figurino para mim é uma história nova que muitas vezes me consome, mas me dá infinito prazer. Tem algo melhor que estar em um local com dança, arte, vivendo cada dia uma história nova? =D

BLOG: A confecção de figurinos para a dança tribal é muito diferente das roupas cotidianas? Gostaria que comentasse a maior dificuldade de confeccioná-los e se há algum ou alguns figurinos favoritos.
Sim, são infinitamente diferentes. No figurino você constrói uma história para apenas um personagem (quando não é um caso de grupo) você pode ousar, pode fantasiar e uma vez que você tem a confiança do seu cliente, você está livre para criar. Você pensa na luz, muitas vezes na cenografia, claro, respeitando o estilo de dança para o qual você está criando. Quando você desenvolve uma coleção de Moda, você tem um tema que muitas vezes seu cliente nunca ficará sabendo, pois ele é uma inspiração pessoal, você muitas vezes não sabe o biótipo do seu cliente, existe todo um estudo sobre a atualidade, sobre o processo histórico que as pessoas estão passando, sobre mercado. São coisas muito diferentes. Tenho alguns figurinos que gostei mais de desenvolver, em geral gosto sempre dos mais complexos rsrsrs.






BLOG: Final de 2013 você defendeu seu TCC, relacionando Moda com a dança Tribal e Indiana. Gostaria que comentasse um pouco sobre a escolha do tema, o desenvolvimento conceitual, o processo de elaboração dos figurinos , sua inspiração  e referência para os mesmos. Como foi a experiência e repercussão da sua defesa na área acadêmica sob esta perspectiva? 

Sim, para variar me comprometi em algo super complexo e para desenvolver precisei estudar muitas áreas, pois além de falar do Design e Moda, eu precisava falar de uma dança não conhecida academicamente e de uma filosofia hindu que não poderia cair no quesito religião. Meu tema foi Shiva-Shakti e suas Personificações. Me inspirei primeiramente em Kali como ícone para os figurinos. Estudando, descobri que Kali, Parvati, Durga entre outras eram a mesma Deusa e que elas eram o lado feminino de Shiva. Complexo, não? Mas foi ótimo. Meu desafio era desenvolver peças para o Tribal inspiradas nas Shaktis, então as cores eram difíceis de encaixar, era tudo muito dourado, muito amplo, muito rosa, muito brilhante, mas no final consegui levar para a banca uma explicação do estilo, que eles entenderam e muitos adoraram, conseguindo desenvolver as peças de acordo.E o melhor  é que tenho uma pesquisa sobre dança, design e hinduísmo, a qual me enriqueceu como pessoa e profissional para sempre. =)




BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?
Gosto da liberdade de música, de movimentos. Gosto da atitude e das possibilidades de fusão.

BLOG: O quê você acha que falta à comunidade tribal?
Acho que falta se informar mais, disciplina, ler e estudar mais (e eu me enquadro nisso também, já que para mim nunca será o suficiente).
 
BLOG: Como você descreveria seu estilo?
Tenho dançado menos fusion ultimamente, por opção mesmo, pois me foquei tanto no estudo do ATS® que não gostaria de apresentar um solo de ATS® em uma apresentação de fusion, rs. Mas percebo que meu estilo tende muito ao que estou vinculada na época de cada performance. Quando estava fazendo dança contemporânea se eu não tomasse cuidado, aquilo tomava minha performance de um jeito que virava uma performance contemporânea, tenho buscado um equilíbrio.

BLOG: Como você se expressa na dança?
Bom, se é uma coreografia costumo escolher uma música que me expresse primeiro e dali eu crio; quando é um improviso não consigo pensar em uma história, eu deixo fluir e o final ninguém sabe, rs. Mas é claro que existe sempre uma linha, uma personalidade que é sua marca.


BLOG: Quais seus projetos para 2014? E mais futuramente?
Muitos!! Rsrs
  
Estou lançando o projeto Lab.In agora em 2014 que pretende desenvolver bastante a área em figurinos e Moda alternativa, mantendo alguns ideias que já trabalho na Khalidah e várias inspirações em parceria com outros estilistas. O projeto será um laboratório para desenvolver peças para o cenário cigano, steampunk, medieval e etc.

Meu projeto pessoal: Propagando o ATS® no Brasil, que foi escrito em parceria com Marcela Mendes e pretende expandir o ATS pelos estados brasileiros para que a nossa arte seja conhecida e praticada em todo o País. E o Nomadic que sempre tem muito projetos acontecendo.


Futuramente pretendo fazer o meu mestrado em História da Arte e da Indumentária, para complementar o trabalho com figurinos. E sigo com os projetos do Nomadic

BLOG: Improvisar ou coreografar?E por quê?
As duas coisas, pois depende da situação. Improvisar no caso do ATS® é uma delícia, uma sensação maravilhosa, mas não gosto quando preciso só improvisar em solo, principalmente se for por falta de tempo, sinto que minha performance fica jogada, a coreografia traz mais segurança.

BLOG:  Você trabalha somente com dança?
Hoje me dedico a dança e ao Design

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.
Estudar e pesquisar ainda é o melhor caminho. Ter a mente aberta e estudar vários estilos com vários professores não só amplia nossa área de conhecimento quanto agrega a nossa arte. Na minha mente não cabe ensinar sem estar estudando, reciclando, evoluindo, então, meu conselho seria se concentrar mais nos estudos e se envolver menos em discussões. Tudo, absolutamente tudo é valido, até o que é ruim é válido para o nosso aprendizado, então vamos somar experiências. ;)


Contato
Tel/cel: 
(11) 97093-3943 /
 (11) 3360-1031 Espaço Romany
E-mail: 
 liliankawatoko@yahoo.com.br
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