[Fórum Tribal] Formação

 Resumo do 3º Dia do Fórum Tribal - 1ª edição



Tema: Formação

22 de novembro de 2020 às 15 Hs 

Tempo da reunião: 2 horas    

Integrantes da mesa mediadora: Samra Hanan (SP), Ana Clara (AL), Mimi Coelho (MG / EUA (OR))


A reunião se iniciou com a fala da mediadora Samra Hana (SP) que deu as boas vindas aos participantes, introduzindo as integrantes do grupo mediador GT3. Ana Clara (AL) e Mimi Coelho (MG / EUA (OR) que falaram brevemente, apresentado-se e saudando todos presentes na reunião.


Em seguida, Samra também se apresentou e ressaltou o fato de que cada uma das três componentes do GT3 traçou um caminho diferente na dança até à sua atuação neste estilo. Ela elucidou que na verdade não há um padrão de formação validado no meio como oficial ou exigido para se definir um profissional como autêntico. Há múltiplas possibilidades de formação de um profissional de dança para trabalhar com este estilo. 


Assim, Samra explicou, sem a pretensão de responder ou solucionar qualquer questão, que o grupo mediador GT3 optou por compartilhar alguns pontos discutidos anteriormente ao dia do Fórum através de Slides com os seguintes apontamentos:


SLIDE 1: "Não há saber mais, nem saber menos, há saberes diferentes". Paulo Freire, 1987.


SLIDE 2: Não existe 1 ÚNICA formação que dê conta da pluralidade das manifestações e atuações na Dança Tribal/ Tribal Fusion/ Fusion Bellydance.


SLIDE 3: FORMAS DE ATUAÇÃO : PERFORMANCE X PROFESSOR [o que estudar para "ser professor"]

Saberes docentes

Conhecimento sobre o corpo/ movimento

Técnica específica (estilo)

Conhecimento teórico


SLIDE 4: AMBIENTE DE ATUAÇÃO [como o local de atuação altera as "exigências"curriculares]

Universidade

Escolas (ensino formal)

Estúdios e Academias

Teatro e Editais


SLIDE 5: RAÍZES E DEFINIÇÃO DO ESTILO [como a (in)definição do Estilo Tribal influencia na formação]

  • É necessário estudar/ ser profissional de DANÇA DO VENTRE para ensinar Tribal Fusion?

  • De que DANÇA DO VENTRE tratamos no Fusion?

  • É necessário estudar/ ser profissional de outros estilos de Dança para ensinar Tribal Fusion?

  • Métodos/ selos internacionais


SLIDE 6: TALENTO X FORMAÇÃO [o valor do "tempo"de dança]

  • Tempo de prática como aluna (não negligenciar a importância do tempo)

  • Valorização da relação PROFESSOR E ALUNO

  • Esvaziamento de significado dos certificados

  • Carência didática e metodológica


SLIDE 7: FORMAL X INFORMAL [pluralidade de "locais"onde se construir a formação profissional]

  • Pluralidade de cursos técnicos e de graduação

  • Qual o peso/valor dos workshops na formação?

  • Existe uma duração e conteúdo mínimo para um curso de formação?

  • Importância da formação continuada

  • Credibilidade por contexto histórico/ cultural

  • Cursos sistematizados em ambientes não-acadêmicos


SLIDE 8: INQUIETAÇÕES [resumo]

  • Qual seria a formação "mínima"esperada para se começar a dar aulas?

  • Como dialogar os conhecimentos teóricos acadêmicos e os conhecimentos práticos de sala de aula?

  • Qual a importância dos cursos internacionais?

  • Como reduzir os danos e confusões causados pela atuação profissional sem uma formação "sólida"?

Toda esta introdução foi colocada como uma possibilidade de norteamento para a discussão deste tema “Formação” que é muito extenso. Objetivou-se também pontuar que aceitar esta pluralidade de formação existente é também respeitar as diferenças de saberes.

Samra em seguida passou a palavra para que os participantes pudessem contribuir com as suas colocações.


A primeira pessoa participante, graduada em dança, expôs que há essa confusão, essa dúvida comum no campo das artes como um todo acerca de como os seus profissionais se instauram. Ela expôs que apesar de querer trabalhar com dança, não havia um anseio por dar aulas de uma modalidade dentro de um estudio ou academia, mas sim uma vontade de abranger um cenário maior. Daí a sua procura pela academia para se formar. Enfatizou, então, a importância da reflexão sobre o que é uma graduação em dança. A academia não oferece a formação em estilos de dança ou o aprendizado sobre como ensinar modalidades, estilos específicos. Um curso de Licenciatura em Dança (curso este oferecido na maior parte das universidades federais e particulares do país) abrange a forma de ensino para crianças na escola, como integrar a dança no desenvolvimento delas. Já o Bacharelado em Dança (um curso já menos ofertado em Universidades do país) é mais voltado para coreografias, para aquelas pessoas que querem virar coreógrafos. Ainda, há o curso de teoria da dança que abrange a história, a antropologia da dança e que vai formar aquele profissional pensador da dança, o curador, o crítico. Entretanto, em nenhum desses cursos oferecidos pelas universidades, há aquele que vai formar o dançarino deste estilo “Tribal Fusion” ou o professor do mesmo.


A segunda participação também foi de uma pessoa do meio acadêmico que iniciou sua fala expondo que geralmente antes de entrar na academia a maioria das pessoas já possuem uma experiência antecessora em dança e que, por vezes, o desejo de se fazer um curso acadêmico parte da busca por se suprir algumas ausências na formação informal. Enfatizou, então, que na verdade há uma necessidade de vivência dos dois lados da formação, o informal e o formal. Explicou que o informal, dito aquela formação que não está em um meio universitário, se constitui muitas vezes por um viés de mercado. Isto é, seriam os workshops e como eles são vendidos,  os cursos de curta duração que incorporam alguns entendimentos que buscamos e que a academia não oferece de fato. No entanto, enfatizou-se a importância de se estar no meio acadêmico porque, primeiro,  a área da dança está se expandindo e ganhando uma relevância substancial; segundo, como uma ação política, principalmente, diante da atual conjuntura que vivemos, para se colocar a área da dança como constituinte de formação, de pesquisa e de ensino. Isto não implica e não está em conformidade com o discurso de que a formação obtida na academia seja superior àquela adquirida através do ensino informal. Aliás, deve-se romper com tal entendimento. A academia deve reconhecer o ensino informal como uma estratégia de extensão, ou seja,  o conhecimento da universidade se estendendo para a sociedade. Mas, ainda há uma urgência de comunicação entre os dois lados. Na verdade, as formações informal e formal são complementares. A universidade não possui o conhecimento sobre o que estamos abordando no campo informal. A fim de se quebrar a hegemonia do campo clássico e do contemporâneo, extremamente forte no meio acadêmico, existe uma necessidade de se fazer entender que sim há conhecimentos que somente são constituídos em nosso campo de atuação da dança, fato este que atribui um caráter de extrema importância ao diálogo entre os dois lados.


Ainda nesta segunda fala, abordando algumas das provocações iniciais expostas pelo GT3, pontuou-se que o Tribal Fusion não precisa vir da dança do ventre, mas que esta sim constitui um elemento fundamental para o mesmo. Contudo há o entendimento que a constituinte de fusão já está sendo colocada em nosso meio há algum tempo. Existem artistas contemporâneos que estudam diversos estilos e formas de se mover que já carregam uma ideia de fusão e que não tange a dança do ventre, não se passa à dança flamenca ou aos conhecimentos que temos em nosso meio.


Isto tudo se constitui em um estímulo para se pensar que a formação deve ser refletida na forma em que se vai atuar. Optando-se por ser professor, uma busca por uma licenciatura pode ser interessante, mas sabendo que a formação acadêmica possui estas constituintes e que o campo de atuação geralmente será o informal. Ao passo que se o objetivo é ser um teórico, um pesquisador, o mestrado e o doutorado são os campos de atuação. Por exemplo, a UFBA é o único doutorado público em dança existente no mundo. Daí a importância da ação política de ingressar em um curso como este.


A formação informal concebida no mercado também é válida. Os cursos com os grandes nomes atribuem um peso às pessoas que participam do mercado. Diante disso, é importante refletir em quem valorizamos no mesmo. Com tantas insurgências que estão acontecendo no mundo, as atuações profissionais  precisam dialogar com as mesmas. Faz-se urgente a reflexão sobre racismo, intolerância religiosa e cultural. Isso integra a nossa formação enquanto pessoas, enquanto profissionais. Há que se atribuir um cuidado especial a essas questões, principalmente, no campo informal, já que na academia há uma exigência natural de um posicionamento mais crítico por parte dos profissionais.


A terceira fala também partiu de uma profissional acadêmica que também possui uma vivência extensa na área informal. Ela pontuou algumas inquietações, a começar pelo tempo de formação mínima ideal para se ensinar o estilo de dança. Externou sua preocupação e citou o exemplo do estilo clássico de Dança Indiana, o Bharatanatyam, que embora seja de um contexto diferente, de uma cultura diferente, em que os princípios das estruturas são totalmente distintos, existem diretrizes específicas que pontuam este tempo de formação como requisito condicional para ensinar a dança. Por exemplo, há a exigência neste estilo de dança de que o profissional professor seja proficiente na execução de movimentos, bem como, tenha base sólida dos conteúdos e, caso, faça parte de uma sucessão discipular (aqui foi enfatizado que não há a pretensão de que isto exista no Tribal Fusion) há a necessidade da autorização direta do mestre. A participante, então, explicou que não há uma intenção de que tal realidade seja transferida para o estilo tribal, uma vez que este possui outras características de formação incluindo um viés emancipatório, o que não dialoga com tais diretrizes. Entretanto, levantou a importância de se refletir sobre o papel do professor do estilo e suas responsabilidades para com o mesmo, o que isto significa em termos de tempo de formação, o quando começar a ensinar, a sua importância para nortear esse conhecimento. Ressaltou a necessidade de se levar o estímulo a esta reflexão para a sala de aula, guiando, norteando a próxima geração que está no processo de formação.


Passando para a questão que aborda o ensino formal e informal, reforçou o quão importante é o papel da extensão universitária. Destacou sua experiência pessoal, o ensino de Tribal Fusion dentro da UFAL como um curso de extensão, o qual construiu e constrói saberes. Enfatizou que estes saberes não são conhecimentos vindos de fora, são saberes da universidade em relação com a comunidade. Atualmente, possui alunas em Alagoas que ministram aulas de tribal, comprovando a importância do papel da universidade.


Destacou ainda, pelo fato da história da dança não ter começado dentro de uma universidade, e por todas as bagagens significantes que carregamos de nossas vivências anteriores, há sim a grande relevância de um diálogo concomitante entre os meios, assim como entre alunos e professores.

Em seguida, abordou a questão da capacitação internacional, a qual considera importante, mas não fundamental nos dias de hoje, visto que precisamos pensar sobre o decolonial. Explicou que no Brasil há a presença de professores que possuem muito conhecimento que podem ajudar nessa formação continuada. Entretanto, há sim o entendimento de que deve haver um diálogo com o eixo originário do estilo, não sendo a favor do total desprendimento do mesmo.


A quarta participação trouxe uma fala externando suas inquietações através da exposição de sua própria vivência. Enfatizou que se sentia insegura sobre atuar enquanto professora, mas que após um curso de capacitação com sua docente passou a ensinar dança do ventre. Fez uma licenciatura em dança após este fato e já estudava tribal antes mesmo disso. Ainda assim, sentiu muita dificuldade em termos de legitimação para ensinar o estilo Tribal Fusion. Mesmo trabalhando com algumas fusões, sempre carregou o medo de nomear as mesmas como Dança do Ventre estilo Tribal, justamente por ser um estilo que nasceu nos Estados Unidos e também por não ter feito aulas diretamente com estadounidenses. Destacou que para as pessoas nordestinas o custo de participação de eventos, programas e workshops no Sudeste e no Sul é praticamente inviável. Dessa maneira, pontuou um problema de acessibilidade que acentua a questão da falta de legitimação e insegurança acerca de se auto considerar e atuar como professora do estilo, ainda que tenha na sua bagagem vivências substanciais que ancoram sua competência enquanto profissional. Para finalizar ressaltou a importância de se entender que para uma dança ser considerada fusão, não há a necessidade de se estudar ou de se passar pela dança do ventre, pela dança flamenca ou pela dança indiana. Esta fusão pode utilizar elementos e técnicas de diversos outros estilos como o hip hop, o contemporâneo, dentre outros, como já foi feito no passado e ainda é feito no presente pelo mundo da dança em geral. Expôs seu desconforto diante da capacidade dos EUA gerarem produtos, mercadoria e venderem para os brasileiros, impondo sua hegemonia sobre todos. E os brasileiros compram tanto a ideia de superioridade do que é gerado nos EUA como o produto/serviço mercantilizado. O Tribal Fusion, dessa maneira, não seria contra hegemônico. Nem tudo que não é ballet é contra hegemônico. O próprio capitalismo se reinventa de forma a vigorar as leis hegemônicas de mercado.  O Tribal Fusion é um estilo que nasceu nos EUA, fato que ela questiona muito. Argumentou, então, que ser “Underground“ em New York é totalmente diferente de ser periférica no Nordeste do Brasil, pontuando que este universo dito “Underground“ não a representa. Ainda, encerrando a sua fala, esclareceu que após cursar a faculdade de dança se sente mais segura em afirmar que ensina fusões, dada a instabilidade do mercado. Aponta que ficar a mercê do mercado não é uma posição que a agrada ou que incentiva de alguma forma, especialmente enquanto uma representante da comunidade LGBTQ+.


A próxima contribuição foi realizada pela própria mediadora, que compartilhou com todes sua história e suas experiências. Ressaltou que todas as oportunidades de estudos nacionais e internacionais em dança do ventre e Tribal (ATS ou Fusion) foram extremamente enriquecedoras para sua carreira profissional, entretanto, não a certificou ou formou como professora deste estilo. Argumentou que como o estilo não é formalmente e tecnicamente bem consolidado, a formação é menos ainda. Este assunto o qual estamos tratando ainda está aberto, vivo e em transformação constante, o que na opinião dela é problemático. Expôs que por muitas vezes, ao longo de sua carreira como professora do estilo, questionou-se se realmente estava ensinando o que seria o “correto” Tribal Fusion e não somente o que seria a bagagem dela em dança do ventre e fusionando de maneira caricata para chegar na ideia do estilo. Citou então sua vivência de estudo com a Rachel Brice que a conduziu à conclusão de que a estilização neste estilo é própria de cada profissional, cada um vai ter o seu viés dentro do que se reconhece como Tribal Fusion. Essa visão libertou-a de todos os questionamentos e a deixou fluir mais leve para desenvolver sua linha dentro desta linguagem de dança. Destacou ainda que por volta de 2008, quando iniciou sua carreira no estilo, todas as informações foram lançadas superficialmente na cena brasileira, o que era visto como uma dança do ventre não usual começava com bases frágeis por falta de acesso a informações e certezas do que era realmente esta nova linguagem de dança. Os profissionais tinham que lidar com as incertezas diante de tantas indefinições e dificuldades de acessibilidade para se adequar a uma nova demanda do mercado. Essa realidade atualmente não se diferencia muito deste passado não tão distante. É um mercado ainda vinculado à dança do ventre. Disse ainda, que hoje ela faz as pazes com o fato de que sim está relacionado à dança do ventre e sim é compatível com este corpo que tem a dança do ventre incorporada nele, o que corresponde à sua realidade. Aponta que o estilo Tribal Fusion é a fusão de cada um, no corpo de cada um, somando-se às experiências particulares do mover de cada um. A fusão carrega toda esta informação tornando o estilo peculiar e particular a cada um que o desenvolve. Essa peculiaridade define a condição de teste que o estilo ainda hoje carrega. O Tribal Fusion ainda é uma dança viva que se forma de acordo com a raiz de cada profissional, o que novamente se traduz em uma construção de fusão particular a cada um e até mesmo a cada turma a que se ensina, porque os alunos agregam à fusão do professor também.


A sexta participação também traz uma fala sobre experiências pessoais, enquanto uma profissional historiadora (acadêmica) e também estudante de dança. Se colocou como uma pessoa que sempre busca cursos que habilitam, explicitando seu propósito de estar sempre embasada por estudos e informações consistentes. Pontuou, então, que não há um curso técnico de formação para a área de dança do ventre, há cursos oferecidos pela área técnica da dança, mas que não formam professores da área. Como sempre acreditou que há a necessidade de se desenvolver uma didática em sala de aula, embasando-se em um material teórico a ser repassado aos alunos e uma forma correta de se traduzir as informações pelo corpo ao conduzir os alunos pelos ensinamentos, ressaltou a importância de se atentar para essa defasagem de um curso técnico específico que englobe estes objetivos. Apontou a cultura usual no meio da dança do ventre de que a aluna de estúdios de dança assim que evolui dos níveis básicos para o intermediário começa a dar aulas. Havia, então, a exigência de um registro profissional para tal atividade de ensino em estúdios. Inicialmente, devido a ausência de cursos de formação em dança nas universidades, exigia-se o registro profissional de educador físico para se lecionar em estúdios e academias. Porém, em sua opinião, para dar aulas de dança a exigência de se cursar Educação Física parece um tanto problemática. Ainda relacionado a isso, passa-se à exigência de um DRT profissional para que então a professora seja considerada apta à função de educadora. Entretanto, se analisarmos o que está escrito na carteira nota-se a descrição Artista Dançarino e não professor. Este fato também lhe causa estranheza, uma vez que o artista pode ser contratado para se apresentar em eventos, mas não para o ensino especificamente de dança. Destacou que no Estado do Rio de Janeiro há um DRT específico para a profissional de dança do ventre, outro para ATS e Tribal Fusion e até aquele direcionado às danças folclóricas para se incluir as danças masculinas. Tal fato parece a ela muito inconsistente, pois há uma mistura de nuances estruturais entre eles e acaba por gerar dificuldades especificamente para o nosso meio e estilo quando se pensa em termos de legitimação de trabalho e formação.


A próxima contribuição traz a reflexão sobre investimento financeiro. Trouxe duas perguntas: Por qual motivo estamos investindo dinheiro em determinados cursos ditos de formação? E o que esperamos que seja o nosso retorno?


Argumentou que não é pelo fato de se cursar estes cursos e ter um certificado em papel que o número de alunos em nossa sala de aula vai aumentar, que a nossa clientela vai crescer mediante tais feitos. Isso seria uma ilusão que temos. A ilusão, muito comum dentre os brasileiros, de que quando adquirimos estes certificados somos pessoas diferenciadas. E o mesmo pode ser dito pelo diploma universitário. Expôs que se formou na faculdade de dança exatamente igual ao que era antes de começar. Por isso, enfatiza a importância em se refletir nas razões de se fazer cursos como estes. É importante que façamos nossas escolhas de forma correta para nós mesmos. Vivemos uma pressão de que temos que fazer aulas com as dançarinas que constituíram as bases do estilo (Rachel Brice e por aí vai), alimentando esse “motor” capitalista. Construímos falas internas como a de que o estudo com elas é necessário para maior visibilidade ou para ampliar os contatos e etc. Entretanto, o fundamental seria o questionamento dos motivos para tais investimentos e o que desejamos como retorno. Essa é uma confusão pela qual todes nós passamos. A transição de Tribal Fusion para Fusion Bellydance permite que todos os formatos e fusões sejam abarcados gerando uma pressão imensa relacionada a quanto temos que pagar para sermos considerados inseridos. É uma exigência sem fim, uma necessidade de se pagar eternamente. E este é um movimento que não dá frutos, não dá resultados. Enfatizou novamente que é necessário refletirmos o por quê de nossa formação e o modo que estamos nos formando. Existe essa confusão muito grande sobre essa especialização. Existe hoje academicamente o mestrado profissional em dança, no qual a exigência é de que a pessoa tenha experiência de campo, isto é, seja profissional há mais tempo. Hoje temos este mestrado na UFBA, que é público, e na Angel Vianna, que é privado. Tudo isso que envolve investimento que não é só financeiro, mas também emocional, de tempo, de saúde, de vida, de sonhos. Será que estamos nos fazendo a pergunta certa? São questões necessárias para se perguntar e se refletir.


A oitava participação envolveu também a questão da formação do professor, em termos de como e de quanto tempo. Alertou para o problema de precarização das condições de trabalho dos profissionais na dança e o quanto é necessário resiliência por parte de quem atua no meio para permanecer ativo. A confusão em torno de quais cursos de formação e ou acadêmicos a se ingressar parte muito dessa própria precarização das condições de trabalho. Sobre os cursos lá fora, expôs que não há retorno financeiro. As pessoas ingressam nesse caminho porque entendem que é importante para sua formação não somente enquanto professores, mas também para alimentar seu dançarino profissional. Explicitou, ainda, que não se pode pensar neste tipo de discussão sem considerar o viés que se tem, pois são pouquíssimas pessoas que se sustentam somente através de seu trabalho com a arte e dentre elas ainda há aquelas que possuem um respaldo financeiro suporte. Tudo seria mesmo um reflexo da precarização e é importante se considerar isso.


A próxima fala traz novamente as inquietações expostas no princípio. Começou pelo ponto que abarca o tempo de formação mínima para se dar aula. Pontuou que nunca estamos totalmente prontos quando começamos a dar aulas. Afirmou que mesmo após anos na profissão ainda não estamos cem por cento prontos para dar aulas. Entretanto, ressalta que o princípio é muito delicado, expondo a importância de se apoiar os nossos próprios alunos, de estarmos presentes quando estes começam na estrada do lecionar. Este apoio seria fundamental para se resguardar o suporte a este educador que está surgindo, oferecer também o que poderia se identificar como monitoria. Ao invés de se encarar estes alunos que começam dar aulas como concorrentes, dedicar a eles um suporte sabendo que a cena está se fortalecendo através da sua atuação. É extremamente relevante introduzir estes licenciandos na área através de sua tutela. O professor deve estar entranhado nesse processo. Expôs a sua opinião pessoal de que cada profissional, ainda que faça aulas com muitos professores diferentes, deve escolher um único professor, em quem confia e com o qual se identifica, para ser uma espécie de guia que vai conduzir o profissional pelas atividades estimulando a desenvolver o melhor que pode ser. Ressaltou como de fundamental importância, o trabalho de se desconstruir a ideia do novo profissional como concorrência. Assim, a partir disso, seria possível também desconstruir as situações em que o aluno pensa que o professor não trabalha ou deseja sua evolução, sendo uma ameaça à sua carreira. Isto pode ser ilustrado pelas ocasiões em que o professor diz ao aluno que o mesmo não está pronto e de que é necessário mais estudo e trabalho, sugerindo monitoria. Através desse discurso, enfatiza mais uma vez o quão relevante é o tratamento carinhoso, emocional dentro de sala de aula.


Sobre a importância dos cursos internacionais, apontou que depende muito sobre o pensamento de cada pessoa e o objetivo. Ressaltou que curso internacional não é faculdade e que faculdade também não significa a garantia de nada. Há muitas pessoas que cursaram dança na faculdade e que não possuem tanta experiência quanto os profissionais que atuam na área e no estilo por muitos e muitos anos. Argumentou que os cursos internacionais devem ser considerados sob um olhar muito prático do dançarino brasileiro. Acredita-se que como o estilo tribal surgiu nos EUA é muito importante de alguma forma estar lá. Afirmou que esta foi a primeira mentalidade que seguiu, pensava que era relevante estar lá para entender como funciona. Estar lá, no entanto, revelou o quanto era importante estar no Brasil. A fim de ser uma profissional sólida, não havia esta condição de estar nos EUA, como imaginava primeiramente. Admitiu que sim, acrescentou muito para ela a experiência, mas também lhe tirou muito. Embora não tenha ido pela visibilidade como tantos, esperou aprender muito. Entretanto, mencionando o programa “The 8 Elements” que cursou nos EUA, tudo que foi abordado ali ela já tinha aprendido com sua professora Mariana Quadros que é brasileira. Aquilo pelo qual pagou em torno de dois mil reais, que exigiu o sacrifício dela de comer somente uma vez por dia dentre outros, não lhe acrescentou o esperado, pois abordou informações e conhecimentos que já possuía. Dessa maneira, pensa que é importante sim se todo esse esforço e vivência fizerem sentido para o dançarino. Não há porém a necessidade disso. O Brasil possui profissionais bons que podem proporcionar a mesma experiência ou até mesmo superior.


Com relação aos danos e confusões causados pelos profissionais sem uma formação sólida, enfatizou o que mencionou no início sobre a necessidade de se ter professores empenhados em apoiar os novos, sabendo que eles vão cometer erros. É comum os professores cometerem erros. Todos cometem ao longo de sua profissão. Estes novos professores precisam de ajuda nessa formação. Isso é de extrema importância para o nosso meio, os professores precisam dar um suporte aos novos.


Passando-se para a décima contribuição deste dia de Fórum que também trouxe o compartilhamento da experiência profissional. Destacou o quanto foi positivo ter professoras que a ampararam no início de sua trajetória como professora do estilo. Embora tivesse esse suporte, muitos questionamentos surgiram culminando na reflexão sobre se estaria contemplando ou não o que seus alunos demandavam. Assumiu então seu estilo próprio e viu como uma maneira de proporcionar mais conteúdo às suas alunas, que assim demonstravam interesse por outras formas dentro do estilo, a possibilidade de indicar outras professoras. Um fato que a libertou muito e que a fez sentir como parte de um todo maior.


Sobre a exigência de registros profissionais de educador físico para atuar como professor de dança, apresentou sua opinião contrária. Acredita que profissionais formados em dança precisam ter uma formalização necessária para legitimá-los enquanto profissionais atuantes da área.


Com relação aos programas internacionais, colocou a reflexão sobre o retorno que isso tem para as bailarinas estadunidenses que criaram esse produto com todo esse apelo mercadológico. É sofrido para os brasileiros pagar o montante pedido. Elas têm retorno não somente financeiro, mas também de importância e visibilidade na área.


A próxima fala veio acrescentando neste último ponto, afirmando que estes programas ofertados nos EUA, são uma forma para manter a renda delas e de se sustentar com o trabalho em dança. São programas que evoluem em preço e visibilidade, e é muito específico da cena dela, uma forma de renda fixa. Elas ganham visibilidade através do nome que construíram pelo fato de serem pioneiras, por estarem na base de quando ocorreu o surgimento do estilo. Citou a Rachel Brice que menciona o interesse de todos pelo seu trabalho justamente pelo fato de ela ter participado do início do estilo. Explicou ainda que por muitas vezes atentou aos profissionais dos EUA para o fato de que pagar em dólar quando se ganha em real é delicado e que para obter uma renda de professor de dança e ainda de dança do ventre estilo tribal precisa de um sacrifício bem maior para quem trabalha no país delas. Estas profissionais atuam de acordo com a realidade que vivem no país delas. E fazem todas suas estratégias seguindo o conhecimento dessa vivência, que é muito diferente da nossa no Brasil. Enfatizou o fato de que estes profissionais desconhecem e mais que isso, não conseguem imaginar a situação de um profissional de dança do Brasil, ou de uma pessoa que ganha menos que um salário mínimo em nosso país. As estadunidenses estão tão habituadas a serem o padrão que é difícil elas saírem desta posição e imaginarem outra situação que não a delas. Finalizou essa reflexão, com a afirmação de que estes cursos não são feitos e pensados para países subdesenvolvidos e que é necessário despertar para cursos que são concebidos e direcionados para nós.


Concluindo, abordou a questão do nome “curso de formação” apontando-o como extremamente problemático. Explicou que no Brasil acredita-se que uma vez concluído estes cursos têm-se a falsa ideia de que não há necessidade de mais nada, o profissional está apto a atuar. Não há, entretanto, a preocupação em se estabelecer e desenvolver a educação continuada. Mesmo que se atentem para este fato, as pessoas ainda se atraem pelo curso que oferece o papel/certificado de Curso de Formação. Enfatizou mais uma vez que as pessoas precisam abandonar essa ideia que após vivenciar um curso com o certificado, passa para a condição ideal de profissional pronto. Entretanto, é de conhecimento geral, não há profissional pronto, não existe essa possibilidade. As pessoas precisam entender que estudos e formações são processos que devem ser constantes e contínuos ao longo da vida inteira. Trata-se de um processo, uma trajetória contínua sem fim.


A décima primeira contribuição vem complementar a anterior, partindo de uma profissional que trabalha com a capacitação de profissionais da cultura e turismo. Pontuou que no Brasil o ideal para quem trabalha nessa área é não utilizar a palavra “formação”, pois a formação está relacionada à ideia de um curso técnico que vai proporcionar uma habilitação. Assim, seria mais adequado a utilização das palavras capacitação e/ou aperfeiçoamento.


Em seguida, a próxima contribuição trouxe a reflexão sobre o professor desse estilo e quais os saberes anteriores seriam necessários, a organização didática e as ferramentas necessárias para o aprendizado dessa linguagem de dança. Muito mais que o conteúdo, deve-se debruçar sobre a formação didática, metodológica para ser um professor. É necessário entender como se organizam as informações e o sequenciamento metodológico. Existe um campo enorme de pesquisadores que estudam isso. Quem faz um curso formal esse pensamento metodológico já é comum, incorporado em sua organização de aula. Há uma carência do dito ensino informal sobre os saberes de um professor, os saberes sobre dar aula e depois os saberes sobre dar aula de dança, para então se pensar no conteúdo específico do estilo. Deixou a provocação sobre como pensar o organizar, o ensinar com didática, o sequenciar e a importância de se entender como a transmissão de conhecimento ocorre como necessário de reflexão, já que recebe pouca importância em comparação com o conteúdo em si.


Passa-se à décima segunda fala que traz também a experiência e vivência pessoal individual da participante, explicitando como foi sobreviver na dança enquanto bailarina profissional, com um biotipo específico e forma de se mover bem característico deste corpo brasileiro. Explicou que em sua trajetória procurou formas de estar na dança, sem muito sucesso, inclusive o curso acadêmico de dança. Sofreu preconceitos por não ser adequada ao ballet clássico e por ter a formação no ballet clássico. Explicou que ainda que seus professores a desencorajaram, ela permaneceu resiliente em sua busca. Contou que na dança do ventre sofreu preconceito por possuir a base clássica e isso ocorreu também no estilo tribal. Assim, na busca por legitimação, procurou vias, meios de estudo que a amparasse em sua luta pela dança. Descreveu que no programa de Rachel Brice aprendeu a lidar com os saberes mencionados pela fala anterior. Aprendeu como sequenciar conteúdos, como repassar conhecimento, como aceitar o próprio corpo e o próprio mover. Esclareceu que ao final do curso, ainda não conseguiu a legitimação como dançarina de dança do ventre tribal, o que ocorre do lado da dança clássica também, permanecendo entre os diversos estilos de dança, lutando para sobreviver com o seu mover, independente da linguagem. Ressaltou acreditar neste corpo dançante que pode abraçar múltiplas vertentes e que na prática permanece resiliente na busca pela sobrevivência na dança. Pela sua vivência e intensa busca, explicou que foi pressionada a sair do país por essa luta na dança e que ver todos da cena argumentando pela volta ao Brasil e a seus profissionais no país é doloroso pessoalmente, mas totalmente compreensível.


A fala seguinte começa pela provocação sobre o que é ser um profissional de sucesso. Há uma necessidade de entendimento das formas possíveis para nos validarmos enquanto profissionais. Tal busca, no entanto, deve  também passar pela ética. Explicou que a validação como profissional de sucesso aquele que tem validação externa não ajuda a cena.  Como o estilo nasceu nos EUA, estudamos com as profissionais estadunidenses, qual seria a melhor forma de atuação? Destacou que para muitas pessoas que constituem o público de alunos, no mercado o profissional de sucesso é quem está nos eventos externos como o Tribal Massive, quem tem vídeo nos eventos de fora, quem fez curso com Rachel Brice. E todos nós precisamos sobreviver disso. A questão que deixou para o grupo foi: O que fazer com isso? Como proceder? Copiar? Reproduzir? Desvincular?


Seguindo com outras provocações, apontou para a necessidade de conhecer o que foi criado na base, mas saber avaliar o que faz sentido para cada um. Seria o saber avaliar e utilizar a técnica para se libertar e não para se aprisionar.


Um terceiro ponto atentou para o cuidado em não esvaziar o tema com afirmações do tipo “ninguém forma ninguém”, “universidade não forma ninguém” e etc.. Apontou que existe uma maneira de se construir capacitação e profissionalização e isso muitas vezes favorece vertentes que podem ser consideradas pouco éticas. Afirmou que o curso de formação representa uma problemática real, em sua vivência comprovou que não há formação.


Atentou, em seguida, para a ética e responsabilidade de todos nós como professores. Ressaltou o quão difícil é para o aluno quando não se tem apoio e afeto na relação professor aluno. O professor precisa entender seu papel enquanto facilitador. Apresentou a provocação sobre o papel do professor enquanto mediador e a situação do aluno que não é súdito, mas sim parceiro. Apontou para a necessidade de se acender a chama do aprendizado e do cuidado para não se minar pessoas.


A contribuição que seguiu trouxe o argumento que há a correspondência de por exemplo cursos no exterior, um curso na faculdade, um DRT com certos níveis de hierarquização no mercado. Para ilustrar trouxe a seguinte fala: Se não for Sister Studio não pode dar aula de ATS. O que não corresponde com a verdade. E esses mitos e hierarquias surgem para favorecer financeiramente e em visibilidade alguns profissionais. Entretanto, isso é o que corresponde com a verdade da maioria. Apontamos em nosso currículo todos esses cursos, certificações e etc., justamente para nos adequarmos ao mercado. O nome “Curso de Formação” ainda que não signifique mais conhecimento, acaba por sobrepor às outras experiências. Dessa forma, apontou que é necessário trabalharmos juntos e não utilizarmos de títulos para a exclusão uns aos outros. A academia não foi o berço do tribal. Pontuou, então, que não podemos nos ranquear e nos hierarquizar. É necessário lembrar que buscamos experiências nestes cursos e não papéis de certificados.

A participação seguinte aponta que se há a necessidade de se buscar esta validação pela busca de cursos no exterior, por que não recorrer aos cursos com os povos das culturas que utilizamos?

A última participante traz a provocação de que se estas formações no exterior fossem realmente necessárias, elas não estariam no campo da dança e não ensinariam o estilo. Explicou que não possui condições financeiras ou de tempo pra isso. Que ainda que fizesse economias ou deixasse de fazer certas atividades, ainda assim seria inviável para ela participar de experiências no exterior. Atenta para o fato de que isso é sim um privilégio e que não faz parte de sua realidade econômica social. Ressaltou ainda que fazer faculdade de dança também representa um privilégio que não corresponde a realidade que vive. Explicou que ser professora de ATS exige um dispêndio financeiro que foge de suas possibilidades, o que a impulsionou a desistir de dar aulas do estilo.


Apontou então, para a necessidade de se esclarecer o objetivo da formação. Seria para desenvolver o artista, formar o bailarino ou o professor? Os propósitos são múltiplos. Expôs que acredita que nenhuma formação será suficiente o bastante para se exercer uma profissão. Alertou que quem acredita no oposto está sujeito a se iludir e se frustrar.


Com relação ao nome do curso, explicitou que qualquer nome seja capacitação, formação ou qualquer outro, o resultado será a ilusão de pessoas. Dessa forma, não há realmente uma diferença em se buscar alterações ou não.


Afirmou que qualquer profissional de qualquer área precisa de educação continuada.


Deixou o questionamento sobre a real intenção em sermos professores, ressaltando a importância de se saber o que esta função abarca, não somente em termos de atividades, mas também responsabilidades. Além disso, aponta para a necessidade de se saber o propósito de suas aulas conforme o perfil de suas turmas.


Abordou então a questão da metodologia, ressaltando a importância da experimentação para se alcançar a metodologia adequada, não sendo, portanto, dependente de somente um estudo teórico.

Finalizou, apontando que assim como as pessoas que fazem um curso acadêmico em dança, as pessoas que cursam os programas internacionais se colocam acima de profissionais como ela, que não possui acesso ou condições de acessar tais formações.


A mediadora então encerrou o encontro, agradecendo a todos e lembrando a citação inicial de Paulo Freire: “Não há saber mais, e nem saber menos, há saberes diferentes.“ Explicou que a construção destes saberes se dá em diversas vias, é contínua e sem fim. Não existe uma formação única, mas que haja uma formação, lembrando das responsabilidades e incluindo cumplicidade e sinceridade na relação professor-aluno.

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Fórum Tribal


[Fórum Tribal] A Importância de estudar Teoria para a Dança

Resumo do 2º Dia do Fórum Tribal - 1ª edição



Tema: Importância de estudar Teoria para a Dança Data: 29 de novembro de 2020 às 15h  Tempo da reunião: 02:30 Integrantes da mesa mediadora: Priscilla Sodré (BA), Larissa Elias (GO), Ana Terra de Leon (SC)


Priscila abriu o encontro dando as boas vindas a todes, relembrando as regras de boa convivência e iniciou a exposição dos tópicos sugeridos para a discussão do dia. Após essa breve exposição, as outras integrantes do GT se apresentaram. Os pontos para a discussão foram os seguintes:


  • Eu preciso estudar teoria na Dança?

  • Eu preciso estudar teorias (da Dança, teatro, anatomia, questões sociais e culturais, política, apropriação cultural, orientalismo, feminismo, racismo, políticas públicas, história, decolonialismo etc) para dançar? 

  • É necessário fazer faculdade de dança para dançar? 

  • Como as teorias do campo da dança afetam meu Tribal? 

  • Quais os entrelaçamentos entre teoria e prática? 

  • Estou dançando quando faço aula teórica? 

  • Até que ponto estou embasando minha opinião? 

  • Ela é o suficiente para me colocar na cena?


E então fez uma breve introdução propondo uma reflexão pessoal para fundamentar o debate, envolvendo tópicos como os impactos Revolução Industrial na divisão do trabalho desde este momento, adentrando Descartes e o racionalismo, que colocam um paradigma de dualismo entre mente e corpo, entre razão e emoção- que, segundo ela, foram herdados por diferentes correntes da pesquisa científica.


Em seguida, fez questionamentos sobre o tipo de pesquisa desempenhada na dança, introduzindo os paradigmas de pesquisa (qualitativa, quantitativa e performativa), utilizando como fonte o artigo “Manifesto pela pesquisa performativa”. Segundo a explicação, a pesquisa performativa expressaria seus resultados em dados que não são numéricos, mas simbólicos, incluindo a prática de dança - ao vivo ou online!



A palavra em seguida foi passada a participante A, que expôs algumas preocupações em relação à manifestação de hierarquia em relação à entrada acadêmica versus abordagem de bailarinas não-acadêmicas: para ela, o acesso ao diploma (em dança) não deveria constituir automaticamente em autoridade para quem o detém, lembrando o fato de que não praticamos uma dança que nasce na academia. Defendeu, por fim, uma relação horizontal entre bailarinas pesquisadoras/formadas e entre o restante das profissionais - segundo ela, em sua maioria pessoas que não tem uma formação “formal”. 


Em seguida, Participante B trouxe para o debate os seguintes pontos: muitas vezes o interesse em teoria não virá num primeiro momento numa sala de aula de dança. Para ela, seria possível perceber que a teoria é geralmente confundida com algo destinado às alunas avançadas, e a partir disso ela levanta o questionamento: como poderíamos deixar a teoria mais palatável para alunes iniciantes? Levanta a importância de compreender sobre os povos e que originam as danças que praticamos e como o conhecimento teórico traz densidade para a prática da dança. Porém assinala que é compreensível e que está tudo bem querer “só dançar”. Por fim, defende que o prazer de estudar teoria pode ser ensinado. 


A seguir, Participante C assinalou que há um equívoco em pensar que estudar teoria é sinônimo de conhecimento acadêmico. “Pensar que a busca pelo conhecimento vai além do fazer acadêmico é fundamental. Quando um indivíduo estuda o movimento produzido por seu corpo ele está estudando teoria - uma teoria produzida pelo corpo. Estudar teoria não se resume a estudar a cronologia histórica de nossa dança. Instigar alunes a assistir filmes, ler textos, colocar em contato com o questionamento: questionar é um fazer teórico! Precisamos alargar nossa compreensão do fazer teórico”.


Participante D colocou que desenvolve o trabalho com Tribal numa universidade e que, no caso dela, este trabalho começou justamente com a teoria, e que o público dela era amplo - desde pessoas que trabalham e estudam na universidade até a comunidade em geral. Estas pessoas chegaram a ela por meio de uma palestra. “Na universidade é muito mais ‘tranquilo’ sensibilizar alunes para o fazer teórico”. No entanto, ela assinala, mencionando a participante B, que sempre haverá alunes que não se interessam, ao que ela coloca, fazendo coro à participante C “O que entendemos por teoria”. Menciona a autora Marcia Strazzacappa, que diria que é necessário parar pensar teoria e prática em oposição. Coloca, ainda amparada nesta autora, que o que chamamos de teoria seria uma “teorização”. Depois, trouxe o que Priscilla comentou no início do encontro sobre pesquisa performativa e salientou a importância da pesquisa qualitativa e quantitativa em dança, que a performativa seria uma das possíveis mas que é necessário cuidado para não excluir as outras. Voltando a pensar a sala de aula, menciona que fez muitas aulas em que não houve discussão sobre textos, ou mesmo momentos de conversa, mas que houve teoria o tempo todo: salienta, por fim, que teoria, em dança, não é apenas discutir em torno de termos. Que o próprio fazer da dança carrega em si teorias próprias que saem desse lugar comum do texto e da discussão sobre conceitos.


Participante E trouxe três aspectos. Sobre a relação entre teoria e prática, trouxe como referência o teórico marxista Paulo Freire, que discorre sobre a práxis. Paulo Freire trabalhou com alfabetização de idosos de áreas rurais e utilizava palavras conhecidas do cotidianos de seus alunos para possibilitar o processo de alfabetização. Nesse sentido, traz um teórico da história alemão chamado Jorn Rüsen, que assinala que para ensinar o professor precisa compreender o que o aluno conhece - seus conhecimentos prévios. Assim sendo, tanto Paulo Freire quanto Rüsen validam os conhecimentos que os alunos já tem. Portanto, à pergunta “como despertar o conhecimento de alunes em relação a teoria?” ela responde: “perguntemos a alunes o que já sabem”. Outra questão que trouxe foi que teoria não é necessariamente algo relacionado à escrita: sociedades orais também fornecem teoria para que possamos pensar nossa dança - a exemplo das músicas que utilizamos: quando ensinamos sobre música, também estamos fazendo teoria. Teoria não passa necessariamente pela escrita e não é necessariamente acadêmica.


Participante F também possui formação acadêmica, mas assinala que seu objeto de estudo relaciona-se às culturas populares - demonstrando que esta já se lança como uma tendência possível mesmo dentro da academia, um ambiente que geralmente privilegia danças europeias. Salienta que a dança, dentro da academia, há também a formação para o campo da teoria - o que se difere da prática mais comum da dança tribal. Todos os espaços onde as danças são feitos tem seus conhecimentos próprios (usa o exemplo do ATS - existe todo um estudo que foi teorizado para ser compartilhado e ainda assim não passou pela academia. O que eu acho que é importante, estando neste ambiente acadêmico também, entender que minha dança se transforma quando estou em contato com esses outros ambientes -  se meu contato é maior com o ambiente acadêmico ela vai provavelmente vir acompanhada de discussões próprias desse ambiente - e essas discussões serão incorporadas na minha dança. O que não quer dizer que eu não possa viver a fantasia de vestir vários adereços ou dançar o ATS mas essas informações estarão incutidas no meu fazer - como a participante E colocou - ou seja, tudo que estou constituindo ao longo de minha experiência de vida e minha formação estará inserido na minha dança.


Participante C retomou a palavra. Gostaria de voltar numa das perguntas iniciais: “Eu preciso estudar teorias (da Dança, teatro, anatomia, questões sociais e culturais, política, apropriação cultural, orientalismo, feminismo, racismo, políticas públicas, história, decolonialidade etc) para dançar?”; minha resposta é não: eu não preciso aprender essas coisas pra dançar, eu preciso aprender essas coisas pra ser um ser humano! Afinal estou inserida numa sociedade - e isso vai perpassar nosso fazer em dança. Não cabe mais dançar sem essas leituras porque não dá mais pra ir pra rua sem ter essas discussões. Esta é inclusive uma discussão recente na minha vida - e mesmo estando dentro da faculdade, acredito que não é necessariamente a faculdade que vai me ensinar esse tipo de coisa - é, principalmente, minha experiência em relação às vivências aos outros. 


Participante A retomou a palavra, complementando algo que a participante C trouxe: quando ela fala sobre essas questões “preciso pensar em x pra dançar”. Sempre fui muito atenta às movimentações da comunidade internacional. Percebo que temos algumas dançarinas de tribal “cala a boca e dança”, “não discuta política”, “votei no trump e não me sinto bem vinda na sua aula” etc. Enquanto praticante, para dançar você pode escolher, em nível individual, não se atentar para isso. Mas como educadores, devemos nos atentar para essas questões sim, mesmo que sua escolha individual seja não se importar com isso - afinal quem ensina acaba influenciando quem é ensinado e a dança não acontece num vácuo, toda dança tem contexto além do palco, do figurino, do momento em si da prática de dança. 


Participante G gostaria de falar sobre a teoria para não cometermos erros grosseiros. Quantas vezes estereotipamos outros povos - muitas vezes ante a justificativa de que “esta turma é iniciante, não precisa de teoria desde já”, sendo que é ideal que se comecem os estudos teóricos desde o início para aprender certo desde o início! O medo de perder alunes por falar sobre teoria não pode nos impedir de abordar questões pertinentes em detrimento das técnicas que estão na moda - claro que vamos querer aprender isso, mas o aprendizado da técnica de dança não deveria anular as discussões teóricas (inclusive as teorias sobre o corpo!, para seu fortalecimento e alongamento, para que você não se lesione etc) desde o princípio. Outra questão é que precisamos explicar para essas pessoas que aprender as técnicas é um processo que leva tempo - nossas referências não aprenderam a fazer cambret em um dia, foi um processo de anos. Lembrando que, muitas vezes se diz “tal movimento que fica bonito nesta bailarina estadunidense/russa não fica bonito em um corpo brasileiro”: será que o movimento não fica bonito, ou será que continuamos, veladamente, dizendo que certos corpos são melhores e mais adequados que outros? Isso também é política. Quando eu questiono se o movimento da bailarina internacional x ficará bonito na minha aluna y, estou pensando isso por que? Por que ela não tem condições de realizar, ou porque ela tem barriguinha? Com alongamento, fortalecimento e bom treinamento, qualquer movimento é bonito, não importa o corpo - o importante é que ninguém se lesione!”


Participante B retomou a palavra quando escolhemos não politizar o aluno acabamos alienando esse aluno do processo artístico. Temos que utilizar todas as oportunidades possíveis de sensibilizar as pessoas para determinadas questões sociais - já que nem todo mundo terá oportunidade de fazer isso em outro lugar que não seja na sala de dança. E quando falo isso também estou me referindo a teorias do corpo. Aliás, estudar as teorias do corpo é importantíssimo. Como pedir de alunes um shimmie acionando a crista ilíaca se essa pessoa talvez nem saiba o que é a crista ilíaca. Se oferecemos a alunes a oportunidade de conhecer seu corpo, oferecemos a oportunidade de a pessoa se apoderar de sua prática - em suas limitações e possibilidades.


Participante D abordou a questão do lugar de fala. “Estou falando a partir do meu recorte, do meu lugar de fala”. Retomando a fala da participante E, concorda que temos que incluir teorias que envolvem povos com culturas oralizadas. Mas assinala que precisamos tocar nas teorias acerca do racismo. Em nossa sociedade, no sistema-mundo ocidental capitalista eurocêntrico e patriarcal, conhecimentos acadêmicos teriam muita validade. Questiona o que, em nossa sociedade, é valorizado, respondendo que com certeza não é o conhecimento oral. “Nas danças indianas, que eu pratico, percebo que é fundamental ouvir os gurus. Mas isso funciona na Índia: no Brasil, o que funciona? Quando falo na importância dos conceitos teóricos, estou querendo dizer que em nossa sociedade isso é o que é valorizado em detrimento do conhecimento oral - e eu adoraria que não fosse assim!” Ressalta que para ser professora, para estar na universidade, enquanto mulher preta, tem que estudar muito, mais que as pessoas brancas - porque antes, não era ouvida, mas no momento em que é validada como professora de universidade, passa a ter valor. “Quantos trabalhos de pessoas negras a gente vê? Quantos artigos de pessoas negras a gente lê? Por que nós temos esse corre pra publicar mais que pessoas brancas? Então minha questão aqui não é fazer essa oposição entre conhecimento oral e teórico, mas, em nossa sociedade, e dentro do tribal, temos que abraçar esse arcabouço com toda a força do mundo porque se não não somos reconhecidas. Com o corpo negro o ‘buraco é um pouco mais embaixo’.”


Participante C retomou a fala, lembrando uma das perguntas do GT “Até que ponto estou embasando minha opinião?” e relacionando com a fala anterior: “No caso especifico do racismo, por exemplo, todes concordarão que o racismo é horrível, mas continuamos perpetuando porque além de ser estrutural, nós não compreendemos o que é racismo de fato. Como eu, enquanto branca, posso agir de maneira antirracista?”. Responde que seria colaborando com a fala de mulheres pretas - e não querendo falar por elas - criando espaços onde elas se sintam à vontade de falar. Relaciona isso com a dança porque a dança estaria inserida nesse fazer, e que se no passado relevamos a apropriação cultural, em certa medida, das pioneiras do tribal, hoje em dia isso já não cabe mais. Cita Helena Katz, uma autora da dança, que fala sobre a questão das redes sociais. “Quando abrimos o Facebook, ele pergunta ‘o que você está pensando?’; e isso nos dá a falsa sensação de que o que estamos pensando é o que o vale, e que as únicas pessoas do mundo que interessam e validam o que pensamos são o ‘me, myself, and i’ - eu, eu, eu. Não dá pra gente falar somente pela nossa perspectiva/opinião, e não podemos mais ser produto de um passado que não cabe mais. E isso também é teoria na dança”. 


Participante E retomou a fala para responder as colocações da Participante D - “Aproveitando que você fez a réplica, vou fazer a tréplica! De forma alguma me oponho ao que você diz! Quando Rüsen assinala a importância de compreender os conhecimentos prévios dos alunos não é para estagnar nestes conhecimentos - é justamente para expandir.” Segundo ela, não existe processo de aprendizado que não incomoda, e não se constrói conhecimento sem expandir nossos horizontes. Ressalta novamente que práxis é justamente essa relação dialética entre teoria e prática - o que nossa sociedade, envolve a leitura. Chama atenção para o fato dos conhecimentos orais (seja da nossa ou de outras culturas) também serem teóricos, mas evidentemente que a formação do conhecimento passa também pela escrita e esse lugar ainda é muito privilegiado. Entende e justamente por isso compreende que quando partimos do lugar da branquitude nossa validação já está posta, e isso é muito sério. O ideal é que compreendamos que existem teorias que não as escritas inclusive para que essa diferença não exista mais. Para Paulo Freire “É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática”. Lembra que sua perspectiva é justamente uma que permita que se vislumbre este problema: por que a realidade de uma bailarina branca e uma bailarina preta é sentida de formas diferentes? “Se eu puder sempre perguntar antes de fazer, poderei compreender as diferenças e incluir elas no meu planejamento enquanto professora”. 


Participante H retoma as falas de E e D utilizando o exemplo do yoga: “Só me senti validada para dar aulas de Yoga depois de fazer a formação. Tenho colegas que não se sentem aptos a falar desse lugar mesmo tendo feito a formação. Meu questionamento é: como a gente se aproxima de outras culturas e o que valida nossa fala em relação a estas culturas? Venho pensado muito nas questões do lugar de fala, do racismo, do preconceito, e me coloco como um apoio - mas o lugar de fala está dado. Só que eu não nasci na Índia, por exemplo, e pratico Yoga. E é a prática a resposta que me acalma um pouco: poder falar disso, dançar, e penso dança e yoga como práticas corporais (acredito que muitas de nós aqui praticam yoga) e, no yoga, temos muito esses questionamentos! Algumas linhas de yoga são voltadas para o desenvolvimento da consciência, num entendimento de que a consciência é algo mental, por exemplo. Em outras linhas, a prática corporal é voltada para o desenvolvimento da energia corporal. Porém existe atualmente uma tentativa de superar essas relações dicotômicas entre corpo e mente, porque consciência é energia e energia é consciência. Então, por meio da prática, desenvolvo minha consciência, e minha consciência desenvolve minha prática. Eu, particularmente, compartilho desse movimento que vê as coisas de maneira integrada. Trago esta questão para mostrar que esta discussão também se faz presente em outras práticas corporais”.


Participante I retoma alguns pontos, pensando que para além do lugar que a teoria ocupa na prática de dança de cada um de nós enquanto indivíduos, o quanto isso é importante ou como lidamos com isso enquanto professoras. Menciona o sentimento de que a quantidade de conhecimentos disponíveis e pelos quais se interessa é avassaladora. “O quanto é responsabilidade minha ou é meu dever ou o quanto eu sou capaz de transmitir isso em sala de aula. Isso permeia muito meu fazer como professora - me interesso por muitas coisas e estudo vários assuntos e logo quero passar para minhas alunas. Uma coisa que me interessa é pensar a sala de aula como esse espaço de troca, alinhado com o que Participante A disse: de não ser necessariamente esse lugar em que a professora é quem detém o conhecimento, mas um lugar em que todos possam preencher os espaços com suas experiências. Às vezes não me sinto com conhecimento o suficiente pra conduzir essas discussões mas eu tenho achado bem positivo e interessante essas trocas - mas a reflexão que mais fica é esse assoberbamento de teorias e conhecimentos que temos que agenciar para levar para nosses estudantes”. 


Participante J fecha o segundo dia apontando novamente para a questão do racismo, retomando o que a participante D falou. Se colocando como mulher preta, aponta para o fato de que as falas de mulheres negras são cotidianamente invalidadas. Quando falamos sobre teoria e prática geralmente nos concentramos justamente no fazer profissional em dança e nas relações em sala de aula. “O que fazemos é o que falamos? Isso é válido na dança. Passar algo só como prática é impossível. A teoria é inerente à dança. E a própria teoria não é dissociada da prática. Em relação ao corpo, creio que precisamos levar em consideração os diferentes corpos - inclusive os corpos negros! Por exemplo: a questão do “encaixe” de quadril Fui muito prejudicada em relação a isso por conta das características anatômicas do meu corpo na minha passagem pelo balé por conta dessa propagação da ideia de que se deve “encaixar’ o quadril apra dançar. Quem criou essa teoria? Ela serve para todos os corpos? Está levando em consideração as diferenças anatômicas de cada um? Enquanto professoras temos que nos preocupar com isso. Sobre a relação entre teoria e prática, para quem leciona é até uma questão de honestidade: precisamos dizer de onde estamos tirando as informações que passamos. Hoje em dia foco no autoconhecimento, na segurança e na autoconsciência, e precisamos parar de separar teoria e prática, como devemos parar de separar corpo e mente. 

Conclusão da Reunião


Pode-se concluir que todes concordam com os efeitos negativos da dicotomia entre teoria e prática e com a  necessidade de uma integração entre estes fazeres. Evidentemente a ideia de lugar de fala e as discussões sobre racismo ganharam um espaço interessante no decorrer da atividade. Pode-se perceber uma tendência pela busca do fim da hierarquia entre saber formal e não-formal, bem como a disseminação de saberes teóricos por parte de professores. Uma preocupação também da função da professora ser a de alguém que orienta alunes para uma caminhada mais autônoma na dança. A maior parte das perguntas propostas pelo GT foram levantadas por participantes, e as discussões se encaminharam para a questão da formação, tema do encontro que viria a seguir no GT seguinte. 

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