[Danças & Andanças] Dancecraft: O Formato Zoe Jakes de Dança

por Mimi Coelho

Em maio de 2017 tive a grande oportunidade de vivenciar dias intensos de estudo e prática de dança com uma de nossas grandes referências do Tribal Fusion Bellydance, Zoe Jakes. Essa foi mais uma de minhas aventuras como bailarina estudante, a qual me rendeu momentos incríveis ao lado de pessoas maravilhosas com inúmeros desafios físicos e mentais para fortalecer a postura resiliente que a vida de dança nos exige, como bem sabemos. Tive a grande oportunidade de fazer os dois níveis do Dancecraft seguidos, devido ao meu esforço concentrado para passar nos testes do primeiro nível (que não foram nada fáceis), e o direito a uma bolsa de estudos oferecida por minha amiga da dança Lesley Inman (que, infelizmente, devido a uma lesão não pôde comparecer ao curso). Muitas bênçãos podem ocorrer pelos caminhos de quem dança se nos abrirmos para as lindas amizades que se apresentam por eles, mas isso é uma conversa para outro artigo!

Se você admira a Zoe como uma grande performer e a tem como inspiração técnica e artística o Dancecraft é certamente o investimento ideal dentre os programas atualmente oferecidos. O objetivo deste artigo é lhes oferecer um panorama deste formato, esclarecendo sobre a abordagem de dança e o estilo de ensino que ele envolve. Vem comigo?


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[1] Para maiores esclarecimentos acesse http://zoejakes.com/dancecraft/ .



Dancecraft: Um programa de desafios

Desde o princípio Zoe esclarece que o que ela ensina em seu programa constitui sua visão e versão de Tribal Fusion Bellydance, o que implica que outras diversas formas abordadas por diferentes profissionais desse estilo não são cobertas em seu curso. Ela nos oferece uma vivência que constitui o resultado de todas as suas experiências e descobertas ao longo de sua carreira em forma de dança.

O formato Dancecraft, sem dúvidas, desafia os dançarinos em suas habilidades físicas e mentais e traz como foco principal o estilo de dança apresentado em palco pela Zoe. Os alunos devem estar preparados para intensas práticas físicas por horas seguidas (normalmente são 3 horas antes do almoço e 3 horas após o mesmo), com pequenas pausas entre exercícios para água, “belisquetes” e banheiro. São trabalhados força muscular, flexibilidade, estamina, técnica, musicalidade, coreografia, pensamento crítico, análise criativa, trabalho em grupo, história da dança do ventre e criatividade.

Neste momento você deve estar se questionando: “Ah, okay Mimi, mas como assim 3 horas seguidas de prática? É como uma aula normal de dança do ventre onde se explicam os exercícios e depois os executa?”.

E aqui eu pauso um pouco a explicação para alertar àqueles que têm o objetivo de investir no formato Dancecraft. Por ser um programa intenso e muito técnico, Zoe recomenda enfaticamente que os dançarinos tenham um mínimo de 3 anos de prática da dança do ventre ou que antes de se inscreverem para o primeiro nível realizem o curso preparatório para o Dancecraft oferecido por ela. Eu pessoalmente concordo com essa recomendação. Por ser uma pessoa que já possuía 3 anos de dança do ventre antes de me inscrever para o Key of Diamonds e que também realizou o curso preparatório, posso afirmar que as aulas são extremamente desafiadoras em relação tanto à resistência física e preparação, quanto à execução de movimentos extremamente complicados, como: “layers incomuns” (em que os comandos do cérebro não são usuais para determinadas partes do seu corpo), pop, locks muito rápidos, ooey gooyes (tradução livre desta expressão: "gelatinoso e super ligado, como se não tivesse osso") lentíssimos, “shapes” inesperados. Além disso, as aulas da Zoe são extremamente rápidas. Claro, que isso é uma opinião pessoal! E por isso deixo a critério de cada um a sua análise e opção.

Retorno, assim, à explicação geral do programa repetindo que as aulas são muito dinâmicas e mais práticas do que teóricas (embora os laboratórios durante a noite sejam mais sobre teoria). Todos os dias há inicialmente um aquecimento - uma mistura de preparação física, em que se trabalha força, estamina e flexibilidade - o qual evolui para as práticas de isolamentos (os famosos “drills”) em que são trabalhadas as técnicas em “shapes” com variação de qualidade e intensidade dos movimentos. Gradualmente somos direcionados, então, dos drills para os layers e a cada dia o nível de dificuldade aumenta. Após tudo isso, Zoe nos conduz pelos repertórios de passos que chama de “old school” e pelas frases curtas de autoria própria, os quais devem ser completamente memorizados e executados com bom nível técnico (principalmente se o aluno pretende realizar o teste final). Ela ainda trabalha a execução dos movimentos com o acompanhamento de Zils (Finger Cymbals ou Snujs, nomenclatura mais popular no Brasil) com diversos padrões de toque e, por fim, uma coreografia desenvolvida para cada nível do programa (que também deve ser memorizada e executada com boa técnica). Essa descrição toda corresponde a um dia inteiro de aula que normalmente se repete por 5 a 6 dias (a depender do nível) e termina com o teste e o hafla em comemoração ao seu grande esforço e desempenho!

Ao final de tudo, a sensação é maravilhosa! Terminar uma semana intensa de curso e perceber que você se transformou pelo trabalho que desenvolveu ali com sua professora uma grande inspiração e também uma das referências da dança é realmente uma emoção indescritível. Sim, haverá dores por todo seu corpo (o que eu particularmente sou viciada, acho simplesmente energizante), e sim, o seu cérebro se sentirá cansado, mas também revigorado por tantas informações e conexões novas adquiridas. São transformações positivas que você desenvolve e que, com consistência de trabalho, perpetuam-se em sua carteira de habilidades.




Primeiro Nível do Dancecraft – Key of Diamonds

O diamante do nome deste primeiro nível representa o que vem da terra, a base, os fundamentos.

Neste nível Zoe ressalta a importância de se constituir uma base sólida de habilidades e conhecimentos para, então, agregar movimentos mais desafiadores, coordenados, rápidos e em composições mais difíceis. Trata-se de uma introdução de todos os princípios pelos quais ela constrói o seu estilo, revelando a raiz da sua estilização e da estética da sua dança.



Segundo Nível do Dancecraft – Key of Spades

As espadas mencionadas no nome deste nível fazem referência ao Tarot e simbolizam determinação, trabalho duro e disciplina. Zoe assume que os alunos retiveram o profundo e sólido entendimento da linguagem desenvolvida no Diamonds e os conduz por um trabalho mais desafiador, o qual resulta em um maior acúmulo de habilidades e técnica apurada.

Neste nível, há um  grande salto de dificuldade técnica. Todos os isolamentos e layers exigem dos alunos maiores precisão, força, flexibilidade e estamina. Além disso, eles devem ser capazes de executar passos de extrema dificuldade, enquanto tocam diversos padrões de Zils (snujs). Há também uma coreografia complexa em que se utiliza os mesmos. E finalmente, neste nível também se trabalha composição de dança e colaboração coreográfica para espetáculos.



Zoe Jakes e aulas regulares

A experiência com Zoe Jakes  no programa Dancecraft é única e corresponde diretamente com o que ela realiza em palco, sejam coreografias ou improvisações. Após estudar o formato, o dançarino consegue identificar cada forma, qualidade, movimento que ela executa e isso é muito interessante!

Zoe é uma professora intensa e dinâmica o que corresponde com a sua personalidade no dia a dia. Talvez ela seja uma das profissionais referências mais acessível, por interagir sempre diretamente com o aluno sem muitas restrições e com muita humildade. Ela divide todos os seus conhecimentos abertamente e aplica em suas aulas novas experiências corporais que agregam diariamente em suas práticas pessoais de acro yoga e circo. Sua forma de ensinar, então, sempre recai sobre os desafios que a motiva e sobre a sua vontade de sempre desenvolver os alunos para superar essas dificuldades. Estes, por sua vez, sempre se sentem encorajados a arriscar algo novo, algo desafiador e, por isso, há um progresso visível e constante de sua turma.

Como uma dançarina que sempre estuda, vivenciei diversas oportunidades de aprendizado com essa grande profissional. Por isso, afirmo com propriedade que os workshops que ela ministra em diferentes ocasiões, as aulas regulares em Oakland e o programa Dancecraft são experiências distintas com algumas poucas semelhanças entre eles. Zoe é extremamente artista e criativa, com um conteúdo amplo de movimento na sua bagagem e sabiamente consegue reparti-lo em experiências múltiplas para os alunos que a acompanham.

Zoe inspira a todos em suas ações diárias de busca. Não há crença de idade, pré condições ou tantas outras limitações usuais que se espalham pelas mentes dos dançarinos. Para ela há o desejo, a motivação, o trabalho, a superação dos limites e um desenvolvimento claro de novas habilidades. Ela é um movimento constante, simplesmente não para e por isso está sempre se superando. Sou muito grata por ter presenciado o movimento dela ao longo do ano de 2017 e posso dizer que só vi resultados extremamente positivos. É inspirador!

Esperança, determinação e coragem são muito importantes... e acreditar em si mesmo e no seu caminho verdadeiramente lhe traz a lua e as estrelas”– Fonte: @thedaturaonline





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Entrevista #45: Lucielle Le Fay

por Aerith Asgard

Nossa primeira entrevistada do ano é a bailarina carioca, Lucielle Le Fay. Lucielle nos conta sobre sua trajetória na dança tribal, sobre sua visão sobre a dança, seu grupo, conquistas, realizações, projetos para 2018 e muito mais! Bora conhecer mais sobre quem faz parte da nossa cena? Boa leitura. 

BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como  e quando você descobriu o tribal fusion e porquê se identificou com esse estilo? 

Minha trajetória na Dança do Ventre/Tribal começou em meados de 2002. Na época, aos 12 anos, fui seduzida como a maior parte das adolescentes e pré-adolescentes pela novela “O Clone”. Matriculei-me em uma turma de Dança do Ventre e me apaixonei perdidamente pelos movimentos e pelo aspecto místico relacionado à dança que ainda estava em alta naqueles anos no Rio de Janeiro. O Tribal surgiu cinco anos depois em minha vida quando minha professora de Dança do Ventre abriu uma turma desse estilo. Rapidamente comecei a devorar os vídeos da Rachel Brice e da Zoe Jakes no YouTube, além de comprar DVDs didáticos e iniciar os estudos em Hatha Yoga. 

Acredito que a identificação com o Tribal Fusion ocorreu por causa de aspectos da minha personalidade que se encaixaram com o estilo. Sou muito analítica e reflexiva nas minhas ações e sempre gostei de destrinchar minuciosamente cada movimento para compreendê-lo em sua totalidade e executá-lo com perfeição. Vi que essa prática era bastante pronunciada no Tribal e me senti “em casa” dançando-o. Além disso, sou muito introspectiva e não ter que ficar sorrindo o tempo todo durante uma performance é maravilhoso (rs). É interessante como eu me sinto mais à vontade no Tribal para expressar facialmente estados de espírito gerados pela execução detalhada e profunda de cada movimento. É simplesmente incrível.

BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?  

Todas as professoras me marcaram, cada uma à sua maneira. Dara el Kanaan, minha primeira professora de Dança do Ventre, era muito atenciosa com a técnica dos movimentos e nos fazia repeti-los milhares de vezes até que ficassem limpos. Agradeço muito a ela por me dar o ensinamento da persistência. Nadja el Balady, com a qual estudei Dança do Ventre e Dança Tribal, é uma artista de grande visão e abarca em seu corpo a linguagem de várias danças. Direta ou indiretamente, ela me ensinou a estudar DANÇA e não só suas subdivisões. Jade el Jabel, com a qual realizei um curso de aperfeiçoamento profissional, constrói uma relação íntima com a música durante vários meses até apresentá-la, além de prezar pela qualidade dos movimentos e não pela quantidade. Com ela  aprendi que menos é mais e a me concentrar nas minhas criações, sem ser atropelada pela correria dos tempos atuais. Liane de Luna, primeira professora de Flamenco, extremamente emotiva, ensinou-me a sentir mais a dança e não ficar só fissurada na técnica. Thereza Canário, atual professora de Flamenco, cheia de energia e vigor em sua dança, ajuda-me a criar uma performance com a força e a paixão que só a Dança Flamenca sabe expressar. Só tenho a agradecer a essas mestras e a todas as outras que não citei aqui.

BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo? 

Fiz Ballet e Jazz na infância e atualmente faço Flamenco há 4 anos. A busca pelo Flamenco foi motivada pelo estudo do ATS ®, na expectativa de compreendê-lo melhor no que concerne a forma como a Dança Indiana, Dança do Ventre e Dança Flamenca estão fusionadas dentro dele.

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações? 


Minhas primeiras inspirações internacionais – e acho que da maioria das dançarinas de Tribal – foram a Rachel Brice e a Zoe Jakes. Ambas trabalharam no sentido de construir um estilo muito próprio e são incríveis dentro dele: Rachel com um conhecimento absurdo sobre o próprio corpo e Zoe com uma construção cênica/teatral genial. No Brasil, minha primeira inspiração foi Mariana Quadros, pois vi em sua dança uma desconstrução do ATS® extremamente inteligente, além da postura e dos lindos movimentos de braços. 

Atualmente, as dançarinas que me inspiram são Joline Andrade, Rocío Molina e Heather Stants. São três estilos completamente diferentes mas que causam em mim aquele estado de espírito provocado quando você está de frente para uma grande obra de arte. A Joline é uma grande dançarina e a quantidade de estudo que eu consigo ver em cada segundo de seus solos me impressiona tanto que inspira a ser tão estudiosa assim nos meus. Rocío Molina, que está na vanguarda do Flamenco, é uma bailaora a qual desenvolve espetáculos em volta de uma temática e que vão muito além de uma única linguagem artística. O foco no processo investigativo durante a criação de suas obras, o diálogo criado entre música, dança e teatro me fazem ampliar a visão para pensar arte e não só dança. Já a Heather traz um estudo de linhas com o corpo pelo espaço e uma simplicidade nos figurinos que me agradam bastante.

Percussão é algo que me inspira também. Comecei a estudar derbake há alguns anos para entender melhor a música árabe e agora inicio meus estudos em cajón, por causa do Flamenco. O uso de música mecânica foi e é muito importante para que a dança ganhe espaços todavia levou a uma distanciamento entre essas linguagens que precisa ser reduzido (caso a intenção da performance seja realmente fazer uma leitura da música). Nesse ponto, o Flamenco em sua íntima relação com o tempo através de palos que se desenrolam sobre determinados compassos tem muito a ensinar.

BLOG: O que a dança acrescentou em sua vida?
A dança é uma ferramenta de autoconhecimento muito poderosa na minha vida. Quando comecei nunca imaginei que trabalharia com ela. Minha intenção desde pequena era ser cientista tanto que me graduei em biologia. Quando terminei a faculdade, em 2014, a sensação de não estar dando o meu melhor nem para a biologia e nem para a dança, que já era a minha profissão desde 2008, estava me consumindo e tive que optar por uma delas. Optei pela dança, não porque já dava aulas há muitos anos, mas porque não consigo viver sem. 


BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?

A dança não precisa de nenhuma extensão corporal (instrumento, pincel, …) para existir. Nem da música. Por muitos anos ouvi que a função dx bailarinx/dançarinx era ler a música com o corpo e hoje, após ter contato com a Dança Contemporânea, entendi que não é bem assim.  O corpo basta. Sem contar a quantidade de caminhos que podemos seguir dentro da dança e as possibilidades de fusão. Acho interessante como aprender um movimento novo ou criar um diálogo entre danças traz a possibilidade de expressar algo que até então não era possível.

BLOG: O que  prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação? Você acha que o tribal está livre disso?

O primeiro ponto é um problema que prejudica a dança como um todo: a preocupação por sobrevivência dentro do meio nos obriga a pensar mais nos meios de produção e lucro do que na dimensão artística do nosso trabalho. O segundo ponto é que muitxs dançarinxs não se reconhecem enquanto profissionais. Logo, a categoria é muito fraca no que concerne à luta política pelas nossas condições de trabalho. Poucxs sabem qual é a legislação que rege a atuação dx dançarinx, quais nossos direitos, qual o papel que a arte desempenha na sociedade…

No caso da Dança do Ventre soma-se a isso tudo que em pleno século XXI não sabemos lidar bem com sensualidade e sexualidade, o que leva a muitas visões deturpadas que nós dançarinxs nos deparamos a cada “olha, você faz dança do ventre, não quer fazer um show particular para mim?”. Por último, eu acrescentaria o desprestígio que a dança tem dentro das artes e que as danças orientais tem dentro da dança. O Tribal não está livre de nenhum desses pontos que apontei. Temos muito trabalho aí pela frente para mudar isso.

BLOG: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal? Como foi isso? 

Dentro deles não, mas durante o meu trabalho sim. Comecei a lecionar Dança do Ventre aos 18 anos e não era levada muito à serio por algumas alunas com mais idade que eu. Ao longo das aulas elas observavam minha postura profissional e passavam a me respeitar como professora. O outro preconceito, como apontei na pergunta anterior, veio de dentro do meio da dança, por pessoas que olham a Dança do Ventre como coisa de gente amadora, que nunca vai chegar a ser o que o Ballet é por exemplo.
  
BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança? 

Eu me indignei muitas vezes como aluna com minhas colegas de sala que estavam ali só para fazer “terapia” e ter uma distração. Elas achavam que não precisavam se empenhar o que causava um rendimento fraco da turma. Isso me levou a ser bastante autodidata estudando também em casa porque percebia que podia ir além. Infelizmente meus pais não tinham condições de investir tanto dinheiro pagando mais aulas de dança, então tive que me adaptar. Hoje como professora diria que o maior desafio é mediar esse ambiente tão heterogêneo que é a sala de aula, de uma maneira que não desmotive esses alunos que assim como eu querem aprender e não só passar o tempo.

BLOG: E conquistas? Fale um pouco sobre elas.

Poder trabalhar em quatro estúdios de dança do Rio de Janeiro além das aulas particulares é uma grande conquista para mim, principalmente porque três deles foram convites que recebi de seus donos, os quais viram minha atuação no meio. A possibilidade de ter ido ao Egito em 2015 e fazer aulas com uma professora de lá; ter concluído o curso de formação em ATS® com Carolena Nericcio em 2015, tornando-me Sister Studio FatChanceBellyDance®; e passar novamente para uma universidade federal (dessa vez para estudar História da Arte) foram as maiores conquistas dos últimos anos. Além dessas, destacaria as oficinas de Dança do Vente e de Dança Tribal que ministrei na Semana da Dança do Sindicato dos Profissionais da Dança do Rio de Janeiro (SPDRJ) durante três edições do evento, a entrevista que concedi ao canal do YouTube “Papo bom com gente boa” e ficar em cartaz por um final de semana no Centro Coreográfico do Rio com o espetáculo Rosas de Andaluzia da academia Sol y Luna Danzas, na qual trabalho.


   
BLOG Você foi uma das primeiras bailarinas do Brasil a se envolver com o estilo tribal. Como eram as informações sobre o estilo na época em que você começou a pesquisar? Como era visto a dança tribal naquela época e como hoje ela vem se apresentando na cena brasileira? Na sua opinião, o quê precisa ser melhorado, aperfeiçoado e, até mesmo, mudado no comportamento da(o) tribalista(o) brasileira (o)?

Quando eu comecei a estudar o estilo tribal, em 2007, o YouTube estava se popularizando no Brasil. Grande parte das informações que tínhamos vinham dele, em vídeos de apresentações do Bellydance Superstars e do extinto Tribal Fest (EUA) que naquela época já estava na sétima edição. Como sabemos, YouTube é uma ótima ferramenta para conhecer e não para ensinar. Então ficava aquele burburinho sobre o que era aquela dança hipnotizante que ninguém conseguia definir. Foi quando, nesse mesmo ano, a Sharon Kihara veio para o Brasil ministrar um workshop no II Encontro Bele Fusco, em São Paulo. A vinda dela foi crucial para fomentar a pesquisa e dar uma clareada no que se sabia sobre Tribal. Além desse evento, o Tribes Brasil, organizado pela Jhade Sharif e pela Nadja el Balady no Rio de Janeiro em 2008, foi fundamental para reunir as profissionais de vários estados brasileiros que já tinham uma pesquisa consistente em Tribal. As oficinas oferecidas nesse evento foram muito valiosas para pessoas que, como eu, eram alunas na época.

A outra forma de ter acesso às informações era através de DVDs didáticos que rapidamente copiávamos e repassávamos. Nosso repertório era pequeno, então fazíamos coreografias inteiras com os movimentos ensinados nos DVDs ou reproduzindo os que víamos no YouTube. Nesse sentido, as coisas começaram a mudar quando conhecemos o ATS® e os DVDs do FatChanceBellyDance®. Além de poder criar a partir da desconstrução do ATS®, nós começamos a entender a evolução do Estilo Tribal e a dar mais solidez para o nosso trabalho.

Naquela época, pelo menos no início, a dança tribal era vista como uma “dança do ventre com roupa esquisita” (rs). Um conjunto de movimentos sinuosos executados com uma roupa preta e expressão facial fechada (o famoso “carão”). Felizmente, hoje ela vem se apresentando múltipla e com várias possibilidades de fusão.

Sobre o comportamento dx tribalista brasileirx, eu destacaria uma rixa que surgiu na época que comecei entre a Dança do Ventre e o Tribal. Era comum ouvir comentários depreciativos por praticantes de ambas modalidades sobre a quantidade de glamour e exibicionismo existentes na Dança do Ventre de um lado e sobre a “esquisitice” do Tribal por outro. À nível individual, isso pode até ajudar com que a pessoa decida qual estilo quer estudar, mas numa discussão ampla sobre dança esses julgamentos não levam a nada. Dança do Ventre e Dança Tribal são parentes próximas, e não inimigas. O segundo ponto, válido para qualquer estudante de dança, é: estudem mais. Fazer meia dúzia de aulas não te dá a formação para lecionar Dança Tribal. Há dez anos, com a escassez de material que tínhamos, era até compreensível que pesquisadores com pouco tempo de estudo de Tribal se tornassem professores do estilo, mas hoje não. 


BLOG: Como é o cenário da dança tribal do Rio de Janeiro? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade/estado, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?

Crescendo a passos lentos. O Rio de Janeiro é uma cidade muito cara o que atrapalha bastante a realização de eventos. Os teatros cobram aluguéis abusivos, fora os custos de iluminação, som, marketing… O estado não paga em dia seus servidores que dirá investir em show de dança. O Tribal está presente em festivais de Dança do Ventre, em shows de academias e na Convenção Carioca de Dança Tribal e Fusões, cultivando um público ainda pequeno. Infelizmente o cenário econômico do nosso estado não vem ajudando a mudar esse quadro.
  
BLOG: Conte-nos um pouco sobre suas principais coreografias. O quê a inspirou para a formulação da parte conceitual e técnica das mesmas, assim como seus processos de elaboração dos figurinos e maquiagens. Como essas coreografias repercutiram na cena tribal? 

Minhas principais coreografias, pelo menos os solos, são geralmente inspiradas pelas minhas deficiências (rs). É importante conhecer a si mesmo e identificar os movimentos que o seu corpo faz com facilidade para não entrar numa zona de conforto. Se eu quiser ficar nela vou dançar parada, fazer cambret e movimentos sinuosos em todos os meus solos (rs). Meu ultimo trabalho, o solo “Estudo 1”, veio imbuído do conceito de linhas de forma que me desafiasse a explorar meus pontos fracos: deslocamento, explosão muscular e trabalho de chão. Os figurinos e maquiagens prezam sempre pela não limitação dos meus movimentos o que me leva a reduzir cada vez mais a quantidade de acessórios, por exemplo. Ficar preocupada com um bracelete que pode agarrar ou um arranjo de cabeça que pode cair num giro são coisas inadmissíveis para mim. Preciso estar inteira e consciente durante a performance. Por isso venho usando malhas e body chains largos tanto nos meus solos quanto nas coreografias do meu grupo, a Tribo do Rio. A repercussão tem sido interessante porque venho recebendo comentários de profissionais que não são só do meio tribal, mas também do Flamenco e do Contemporâneo.



BLOG: Conte-nos como surgiu a Tribo do Rio, a etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo e se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado. 
  
A Tribo do Rio surgiu como um laboratório de experimentação dentro da minha turma de alunos intermediários. Optei por esse nome pela sua simplicidade e eficácia para definir o que somos. "Tribo" é um agrupamento humano unido por seus costumes e "Rio" identifica que somos do Rio de Janeiro. Somos um grupo  de quatro integrantes (Ananda Botelho, Leonardo Martins, Lucielle le Fay e Pilar Castro) que faz fusões tribais utilizando o ATS® como base. No início eu desejava restringir o estilo do grupo ao Tribal Contemporâneo e assim nasceu nossa primeira coreografia, “Keep your distance". Pouco tempo depois veio a vontade de aplicar meus conhecimentos sobre Flamenco e assim nasceu nosso Tribal Flamenco. Percebi que meu trabalho como coreógrafa de grupo é muito melhor quando atende minhas vontades criativas e não quando se fecha em um único estilo. 



BLOG: O evento Criações, sob sua direção e produção já possui quatro edições realizadas na cidade do Rio de Janeiro. Conte-nos o quê a inspirou para a formulação da parte conceitual  e qual é a história por de trás do mesmo? Como foi o processo de  elaboração das coreografias e figurinos, bem como a repercussão do mesmo. 



A inspiração para o Criações foi proporcionar uma oportunidade para que xs alunxs experimentassem a sensação de se apresentar para um público com mais tranquilidade, fora dos grandes eventos de dança. A emoção de uma apresentação só pode ser sentida quando a fazemos. Você pode falar sobre suas experiências no palco, dar dicas, aconselhar, mas no final das contas xs alunxs só aprendem mesmo quando passam por si mesmxs. Minha intenção, então, foi criar um ambiente de carinho e acolhimento para elxs terem sua primeira experiência. O público é composto em sua maioria por pais, amigxs e namoradxs que estão ali para apoiá-lxs. As três primeiras edições do Criações (2013, 2014 e 2015) foram compostas por estilos estudados em sala de aula (clássica, folclore, moderna, tribal fusion, …) mas me incomodava o fato dos números não serem agrupados em torno de um tema. No ano retrasado (2016) fiz o primeiro Criações temático, no caso "Anos 70", no qual reuni músicas da década que mais amo e as coreografei. O resultado foi fantástico e grande parte do público e dos alunos pediu um outro show com o mesmo tema. Atendendo a pedidos, o Criações de 2017 foi  "Anos 70 - parte 2". Em 2018, o foco será outro.

As coreografias e os figurinos foram elaborados de acordo com o estilo de dança nas três primeiras edições (Balady, ATS®, Tribal Fusion, ...) e de acordo com o tema do show na quarta e quinta edições. Nestas abusamos das calças boca de sino, dos acessórios hippies e de toda estética apaixonante dos anos 70.


BLOG: Qual a importância que você vê no ATS®?  Como é fazer parte de um grupo de ATS®? 

Para mim, é de importância vital. O ATS® é a base das fusões tribais que fiz e quero fazer e foi muito construtiva a noção de sintonia entre xs dançarinxs que ele me deu. Sei que o Tribal Fusion vem evoluindo para um distanciamento do ATS® e de forma alguma sou contra xs dançarinxs que decidiram distanciar-se dele, mas eu, muito provavelmente por ser Sister Studio e amar o ATS®, não desejo fazê-lo. 

Fazer parte de um grupo de ATS® é criar um conhecimento sobre o corpo dxs colegas de forma que o cue mais sutil é percebido por todxs. ATS® é uma linguagem totalmente não verbal o que te obriga a usar outras formas de sinalização durante uma performance.  Quando o grupo se conhece e desenvolve bem essas outras linguagens parece mágica.


BLOG: Em abril de 2015, você esteve em uma imersão em São Paulo, realizado pelo Festival Campo das Tribos, a estudos pela dança tribal e por sua certificação em ATS® com a criadora do estilo, Carolena Nericcio, e Megha Gavin. Gostaria que nos explicasse melhor sobre o processo de certificação (General Skills/ Teacher Training1 e 2) e como se alcança o tão estimado selo de Sister Studio. E qual importância de conseguir tal certificação, em sua opinião. 




O processo de certificação é bem pesado porque envolve várias horas de aula por dia para revisarmos os principais movimentos do ATS® durante o General Skills clássico e moderno. Digo os principais porque os movimentos dos DVDs 8 e 9 do FatChanceBellyDance® não são trabalhados nesses cursos (pelo menos não no ano que fiz, 2015). No Teacher Training, o foco é a didática específica para o ensino do ATS® e a Carolena e a Megha trazem muitos exemplos de situações que ocorrem em sala de aula, com dicas valiosas para todxs que desejam ensinar esse estilo. No último dia do curso, a turma fica dividida em subgrupos e cada integrante sorteia um movimento. Criamos então uma situação hipotética em que x integrante deve dar uma aula sobre tal movimento para o resto do grupo. No final, o grupo dá um feedback para x “integrante professor(a)” da vez, com comentários sobre o que já está bom e o que pode melhorar.  O selo de Sister Studio FatChanceBellyDance® pode ser alcançado por todos que concluem o Teacher Training e que desejam se comprometer com uma série de regras que ele implica. Após concluir o curso, recebemos um e-mail com o regulamento para quem quer se tornar Sister Studio FatChanceBellyDance®. Se você concordar, deve enviar uma resposta dizendo que está de acordo, comprometendo-se a seguir as orientações.

Para quem quer dar aula de ATS® a certificação é fundamental. Eu estudei muito os DVDs didáticos do FatChanceBellyDance®, mas tinha milhares de dúvidas que só consegui esclarecer no curso. No General Skills vemos cada movimento detalhadamente, além de praticá-los várias vezes com a turma. O curso como um todo vale cada centavo.

  
BLOG: Hoje contamos com diversos recursos de estudos. O próprio FCBD® vem lançando materiais muito bons nos últimos anos. Em relação ao estudo de ATS®, que dicas você daria para aqueles que ainda não podem estudar com uma professora do estilo, mas que gostariam de aprender mais sobre o mesmo, tanto na teoria quanto na prática? 

Primeiramente, que comece a estudar os DVDs didáticos do FatChanceBellyDance®, mesmo que não saiba falar inglês. Se for muito ruim entendê-los, estude-os visualmente observando e tentando reproduzir os movimentos. Uma olhada no vocabulário básico de anatomia em inglês ajuda bastante também porque aos poucos vai saltando ao ouvido um “elbows” (cotovelos) ou “shoulders” (ombros) com o assistir contínuo dos vídeos. Participar de grupos de discussão de ATS® no Facebook e assistir vídeos de apresentações no YouTube são ótimos também. O próprio canal do FatChanceBellyDance® no YouTube tem vídeos de sequências de treino que podem ser reproduzidos pelx estudante.
  
BLOG: Conte-nos como surgiu a ideia de criação do Curso de Qualificação para Instrutores de Dança (CQID), voltado para a dança tribal no Rio de Janeiro. Como é o formato do curso e sua proposta. Qual seu diferencial e o que as alunas inscritas podem esperar?

A ideia do curso é fornecer para x alunx as ferramentas necessárias para que elx possa conduzir seu próprio estudo. O curso está dividido em dois módulos (ATS® e Tribal Fusion),  sendo o módulo ATS® o mais extenso. A intenção disso é dar uma boa base para xs alunxs que desejem experimentar as fusões. No módulo Tribal Fusion, vemos algumas possibilidades como o Tribal Fusion Belly Dance e o Tribal Gypsy. Meu curso é voltado para formar dançarinxs  e instrutores pesquisadores. Para isso, preocupei-me com um conteúdo que xs permita ter uma base sólida para serem capazes de fazer suas pesquisas individuais conscientemente. 

BLOG: Além de ser bailarina e professora de tribal fusion, você também é de dança do ventre. Na sua opinião, há dificuldades em coexistir as duas modalidades? Quais são os benefícios da dança do ventre para o tribal fusion e vice-versa? 

Não há dificuldades, e sim vontades. Tem épocas que sua inspiração está mais voltada para o Tribal e outras para a Dança do Ventre. Eu entendi que isso vai sempre acontecer e respeito esses momentos, extraindo deles o máximo criativo que posso. Minha única preocupação é manter um mínimo de excelência nas duas modalidades.

A Dança do Ventre beneficiou os movimentos de quadril no Tribal Fusion ao passo que este reacendeu a busca pelo isolamento corporal e pela limpeza de braços. As duas práticas podem coexistir em nós e só tem a acrescentar.

BLOG: Apesar de estar cada vez mais se consolidando e ganhando força, a dança tribal ainda é recente no universo da Dança no país. Como a dança tribal está ganhando espaço na cena acadêmica? E o quê você considera importante ainda ser trabalhado no âmbito acadêmico para a dança ser mais valoriza e reconhecida? 

Como comentei anteriormente, temos muito trabalho pela frente. Vejo que a Dança Tribal é levada para a cena acadêmica por dançarinxs que se apresentam em eventos na universidade ou que escolham abordar esse tema em seus trabalhos de graduação. É um trabalho de formiguinha, mas que aos poucos vai ganhando força e cutucando as danças “consagradas” dentro das faculdades de dança. Sinto falta de teóricos da dança, dançarinxs mesmo que problematizem seu fazer enquanto artista e que produzam textos acadêmicos sobre as especificidades da nossa arte. Sempre que leio algum artigo relacionado à dança o autor ou é jornalista, atuando como crítico de arte, ou de alguma área que capta a dança como objeto de estudo, como a História da Arte ou a Psicologia às vezes fazem. Não tem jeito: meio acadêmico funciona por textos, pela realização de simpósios, congressos, mesas-redondas… Xs dançarinxs pesquisadores precisam ocupar esses lugares para a dança ser conhecida e reconhecida.


BLOG: Qual importância da prática do Yoga para a dança?



Sinto que a prática do Yoga fornece um condicionamento físico e mental perfeito para a dança. Se levada à sério, propicia encontros com você mesmo onde podemos nos centrar e pensar o que somos, onde estamos e o que queremos enquanto dançarinxs. Essa reflexão dá sentido à profissão que escolhemos e plenitude durante o exercício.

BLOG: Você considera a dança tribal uma dança étnica contemporânea? Por quê?

Sim. A proposta da Dança Tribal é ultrapassar fronteiras existentes ou que nós criamos entre estilos de dança, navegando pelas etnias e promovendo seus diálogos, trocas e sínteses. O termo dança étnica contemporânea resume bem o que a dança se propõe a ser.

BLOG: Em sua opinião, o quê é tribal fusion

Tribal Fusion é uma estilo de dança que desconstrói o ATS® para fusioná-lo com outra dança ou estética que você deseja dialogar.


BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?



A possibilidade infinita de fusões, a liberdade de criação, a abertura para emergir um estilo próprio e, principalmente, a possibilidade de aplicar seus conhecimentos sobre outras danças, evitando que fiquemos engessados num lugar comum.


BLOG: Como você descreveria seu estilo?

Meu estilo é um conjunto das linguagens que passaram pela minha formação, das experiências de vida que tive, das percepções que tenho sobre o meu corpo e de como eu me entendo enquanto artista. 

BLOG: Como você se expressa na dança?

Expresso-me pelas minhas coreografias, que refletem minhas inquietações artísticas e a busca incessante pelo desafio.

BLOG: Sobre sua carreira, qual/quais seu momento tribal favorito ou inesquecível? 

Pensando em shows que fiz e workshops que ministrei, lembro que os melhores momentos foram aqueles em que recebi um abraço apertado de alguém da plateia após alguma apresentação, agradecendo pela performance que executei. Ou o sorriso dxs alunxs ao conseguirem executar um movimento que julgavam impossível. Dão aquela sensação de dever cumprido, sabe? Sou muito grata por esses acontecimentos.

BLOG: Quais seus projetos para 2018? E mais futuramente?

Em 2017 fiz  parcerias com artistas de outras áreas para sair um pouco das falas características do nosso meio e experimentar outras possibilidades com a dança. São projetos em andamento que devem florescer em 2018. Futuramente, pretendo ingressar na Licenciatura em Dança e produzir um material teórico mais extenso, já visando uma possível pós-graduação.

BLOG: Improvisar ou coreografar? E por quê?

Improvisar e coreografar. Gosto de deixar um trechinho dos meus solos sem uma coreografia fechada, de forma que ele se desenrole de acordo com o  meu estado de espirito no dia da apresentação. 

BLOG:  Você trabalha somente com dança? 

Sim.


BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.

Reflitam sobre seus objetivos na dança e caminhem na direção deles. Durante o caminho, evitem comparações, pois cada um sabe da sua trajetória. Mantenham o foco: a vida está cheia de distrações visuais e midiáticas, não se percam nelas.  Conheçam/escutem os seus corpos e se orgulhem de cada progresso ao invés de ficar sempre se pressionando pelo que ainda falta alcançar. Pensem a si mesmos como ARTISTAS e não apenas dançarinxs. Nós criamos fronteiras entre as artes que na verdade não existem, principalmente no momento da criação. Por fim, desejo que vocês sejam inquietxs, curiosxs e eternxs pesquisadorxs. A Dança - ou qualquer área que decidam seguir - agradece!   =)



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