por Aline Pires
Hail, bravos guerreiros(as) e donzelas!
A Medieval SC, festa que já se tornou tradição na ilha, teve sua 5ª
edição nos dias 30 e 31 de Julho em um lugar especial da ilha chamado Camping
do Rei, localizado no bairro Canasvieiras em Florianópolis. Várias atrações
fizeram do evento um momento mágico, contribuindo ainda mais para o clima
medieval aflorar durante estes dois dias de festa. Para participar, todos
precisam estar preferencialmente caracterizados de acordo com as vestimentas do
período que corresponde entre os séculos V e XV aproximadamente, mantendo assim
a temática da festa e fazendo com que todos realmente se sintam em um ambiente
medieval. As edições da festa vêm acontecendo desde 2012, sendo sempre um
sucesso entre os medievalistas, historiadores, e interessados na idade média em
geral.
Agora um pouco sobre a festa..
Lutas Medievais
Pesquisadores de artes marciais trazem para o evento
demonstrações de técnicas de luta com espadas, vestindo armaduras feitas com
placas de metal e também a cota de malha (feita com elos de metal), além de
demonstrações de tiros ao alvo com arcos, que poderia ser experienciado pelos
participantes da festa. Este é o grupo SCAM - Sistema de Combate com Armas
Medievais, que tem o objetivo de estudar os cavaleiros medievais e guerreiros
de épocas passadas recriando técnicas e equipamentos, e tendo como base de
operações a UFSC, atraindo praticantes de todas as idades. Outro grupo
semelhante a fazer demonstrações foi o Sala de Armas Desterro, que estuda as
técnicas de artes marciais historicas européias (HEMA - Historical European
Martial Arts) através de manuais escritos na idade média por esgrimistas
especializados como Johannes
Liechtenauer, por exemplo, e traz para o publico a réplica das
técnicas com precisão e bastante acuracidade histórica. Já pratiquei esgrima
medieval com este grupo e posso dizer que o estudo da esgrima auxilia muito no
uso da espada na dança oriental, principalmente pelo fato de aprender quais
movimentos fariam sentido ou não em um contexto de luta, o que faz com que você
a utilize de forma correta também na dança do ventre. Enfim, vale a pena
procurar saber! Infelizmente não há fotos deste grupo ainda, mas você pode
encontrar informações em facebook.com/saladearmasdesterro.
Em cada ponto da festa haviam estandes. Um deles era da
Sociedade Histórica Destherrense (Nossa
Senhora do Desterro era o antigo nome de Florianopolis), que atua na cidade
como referência na prática do living
history - reconstrução do passado através de
experiências que estimulem os sentidos humanos. A SHD promove eventos
culturais, palestras em escolas, passeios e piqueniques para entusiastas da
recriação histórica e para aqueles que querem reviver o passado.
Vendedores de itens medievais aproveitaram para expor seus
produtos. As comidas da época são sempre servidas na Medieval, não deixando
passar as bebidas tradicionais como o hidromel e o vinho, as quais os
participantes da festa muitas vezes procuram tomar em chifres (na foto) ou
canecas. Escritores da cena medieval também aproveitaram para vender seus
livros, dando destaque para a escritora Tatiane Grellmann, que vendeu bastante
na festa, autora de A Princessa de Ferro e o Senhor dos Espelhos.
Música
A musica ficou por conta das bandas Jornada Ancestral, Eldhrimnir, Gaiteiros de
Lume e Thunder Kelt, que fizeram as pessoas dançarem muuuito, e o grupo de
dança celta que falarei a seguir fez uma grande roda, se esbaldando com seu
estilo de dança no gramado. O estilo tocado por estas bandas passa por Música Tradicional
Galaica, Musica Folk, Musica Celta, até Folk Metal. Confira o vídeo da banda
Jornada Ancestral, de Curitiba, abaixo das fotos.
Vídeo - Banda Jornada Ancestral:
Dança
As apresentações de dança sempre tiveram um destaque especial
na festa, principalmente a dança tribal. Desde 2013, o Grupo Valkyrjas realiza
apresentações de tribal fusion, mesclando-o às danças medievais, ou seja,
criou-se uma fusão medieval. Na 4ª edição realizada em 2015, além da fusão
medieval teve a estréia do ATS® na festa, também com o Grupo Valkyrjas, que
surpreendeu por ser um estilo que em Florianópolis ainda não era tão conhecido.
O grupo Waris, coordenado por Naiade Sharkey, fez uma participação na 3ª edição
da medieval, trazendo a dança do ventre com wings e com espada. Também na 3ª
edição, o grupo Bedaiah Tani de Lana Shazadi participou com apresentações de
dança do ventre. Este ano, o Grupo Valkyrjas que marcou presença em 3 edições
consecutivas ficou impossibilitado de participar. Neste ano grupos bem
diversificados e também com bastante bagagem cultural se apresentaram na festa
com várias performances que agraciaram os espectadores. Confira os grupos que
marcaram presença na edição 2016:
Flores do Nilo
O grupo coordenado por Julieta Furtado trouxe o estilo de dança
Andaluz, que recebe influencias do norte da africa e espanha, chamado Mowashahat.
As integrantes do grupo estrearam na festa nesta edição, e você pode conferir
abaixo as fotos, e o vídeo do solo de Julieta, que é bailarina e professora de
tribal fusion na lagoa da conceição:
Video - Solo de Julieta Furtado dançando Lamma Bada:
Ambar Tribal Troupe
O Ambar Tribal Troupe é um grupo de ATS®, coordenado pela
sister studio Cintia Vilanova, professora na escola de dança Panambi. Pela segunda vez na Medieval SC, o
ATS® se fez presente e agradou a todos. Em 2015 o estilo foi apresentado por
Tamiris Madeira e Aline Pires do Grupo Valkyrjas, e deixou o público
entusiasmado tanto por ser um improviso quanto pela estética da dança e dos
figurinos. Nesta edição de 2016 não foi diferente, o ATS® foi mais uma vez bem
representado, desta vez pelo grupo Ambar Tribal Troupe, que fez uma bela
apresentação e também levantou muita curiosidade, o que sempre contribui para
difundir o ATS® em Florianópolis e em SC. "Eles elogiaram muito, e as
pessoas perguntavam o que era, então a gente pôde também propagar mais o que é
o ATS® e as influências que ele tem." - disse Julic, integrante do Ambar e
proprietária do Espaço Devas. Cintia, coordenadora do grupo, relatou que os
figurinos foram pensados de forma a se adequarem à festa, mantendo claro o
padrão do dresscode, e as músicas também foram escolhidas de acordo com a
temática medieval. Já Renata Ardah, bailarina e professora de dança tribal,
disse que no domingo dia 31 o grupo Ambar foi o unico a se apresentar, e isto
deu um destaque maior para o estilo. “Estamos também honradas e animadas a
voltar no ano que vem com muito mais ATS®” diz
Renata. As integrantes se mostraram muito
felizes com esta participação, e com a identificação do publico em geral.
Grupo
Arallec'h de Danças Celtas
O Grupo Arallec’h vem do Rio Grande do Sul e trouxe uma oficina
de dança celta, além de dançarem durante os intervalos de apresentações
enquanto a banda tocava, o que animou ainda mais a festa. Foi formada uma
grande roda, como se pode ver na foto abaixo, o que trouxe a participação de
quem não é dançarino também, experimentando um tipo de dança diferente. A
apresentação do grupo foi animada, e foi a primeira vez que a festa medieval
pôde contar com danças celtas.
Grupo Andança - Dança
Cigana
O grupo Andança é um grupo de dança cigana, que oferece todo
ano oficinas de dança na UFSC. O grupo se apresentou no Sábado, e as saias
rodadas fizeram sucesso como sempre, com suas cores exuberantes ao se
movimentarem. A dança cigana abrange várias épocas, e com certeza se encaixa na
proposta da festa, pois o povo cigano recebeu influências e também influenciou
muitas culturas pelo mundo.
Solos
Os solos foram com as bailarinas: Jaqueline Miranda, Renata
Ardah, Raisa Segredo, Selena Fatin e Julieta Furtado.
Organização
A organizadora do evento é Amanda Haitmann, da empresa Culture
World, que realiza eventos culturais. Porém não posso deixar de citar Giovanna
Ferraro, que hoje mora na Irlanda, e foi a idealizadora da Medieval Floripa
(antigo nome da festa) que tomou forma em 2012. A cada edição a festa toma uma
proporção maior, graças ao esforço da organização e dos colaboradores, e cada
vez mais atrações de outros estados estão presentes trazendo sua dança, música
e produtos medievais para Santa Catarina. Parabéns à Amanda por mais uma
Medieval SC de sucesso, e que venham outras edições! Com isso, encerro a
resenha do mês de Agosto, e convido os que se interessam pela era medieval a
ficarem atentos à Medieval SC do ano que vem, pois vale a pena. Caravanas de
vários estados sempre se organizam para vir a Florianópolis para a medieval,
então se você quer dançar/se apresentar, vender produtos ou apenas curtir a
festa, você encontrará informações de contato e venda de ingressos na página https://www.facebook.com/medievalSC/.
Abraços a todos!