[Resenhando-PR] Fusion Art Festival

por Aerith



No dia 28 de novembro de 2015 aconteceu a primeira edição do  Fusion Art Festival, em Curitiba-PR, no Teatro Cine Glória, realizado por Sara Félix e o Tribal Art Co. O evento contou com a participação de Aerith, Mariáh Voltaire, Trio Taksim, Gabriela Miranda (RS) e Yoli Mendez (SP).

O festival foi realizado com muita dedicação e carinho, percebendo isso pelo afinco da anfitriã pela passagem de som, de palco e dos mínimos detalhes para que estivéssemos acolhidas . Chegando ao camarim, todas bailarinas lindas se arrumando com seus figurinos e adornos; além disso, havia aperitivos para ninguém entrar em cena como estômago vazio! Chegando a hora do espetáculo, Sara reuniu  todas para uma confraternização pré-show, direcionando a palavra à convidada Gabriela Miranda do Rio Grande do Sul. Gabi decide, então, realizar o Puja, ideologia elaborada e realizada pelo ATS®. Pedi autorização a Gabriela para reproduzir os dizeres do Puja que ela mencionou no dia. Caso você o utilize, não deixe de dar crédito à Gabi pelo texto:

O Puja ou Pranam é uma homenagem a uma das danças que compõem o Tribal,  o estilo clássico Indiano. É chamado também de "Moving Meditation" (meditação em movimento) e é usado principalmente para se concentrar antes de dançar. Não é uma prece nem algo religioso de forma alguma, é apenas uma maneira de reconhecer os elementos necessários para que nossa dança aconteça com gratidão e amor. Do fundo de nossos corações agradecemos:

 - O espaço que dançamos;
- a flor de lótus, que nasce da sujeira, linda e brilhante, como uma metáfora para nos lembrar que tudo bem cometer erros, faz parte do processo de aprender a dançar e também viver ;
- o chão onde dançamos;
- a música que dançamos;
- as professoras que nos ensinaram;
- os ancestrais que vieram antes de nós;
- começamos e terminamos com o namastê  (o Deus que habita em mim reconhece e reverencia o Deus que habita em você ).



Tribal Fusion Art entra em cena para uma abertura de empoderamento feminino! Lindas, poderosas e prontas para mostrar todo seu potencial na dança!


Logo em seguida entra o Sis Tribal, composto pelas bailarinas Gabriela Miranda (RS) e Yoli Mendez (SP). O ATS® sempre evoca o lado mais transcendental e primitivo da dança. Sempre saio arrepiada e emocionada por tanta energia.



A primeira aluna de Sara a solar é She Rocha, com a coreografia Sopro, fazendo uma apresentação com muitos arabesque e piruetas, muita influência do ballet e jazz.


A turma iniciante de Sara Félix veio com uma apresentação dramática e ritualística. Eu acompanhei os ensaios e pude ver de perto o talento dessas meninas! The Cult traz a essência obscura dos rituais sob a forma de dança e utilização de elementos cênicos.



Nayara Oliveira, aluna de Sara, trouxe uma apresentação exótica, irreverente, forte e técnica ao som do dubstep. O título da coreografia Elephant in Collors foi bem utilizado por Nayara em seu figurino, como os brincos lembrando as presas de elefante, o cinza do sutiã remetendo a cor do animal; além da calça colorida, dos dreads e pinturas nos braços remetendo ao país nativo dos elefantes, a África.



A seguir, Gabriela Miranda (RS) tomou conta do palco. A última vez que vi Gabi dançando foi em 2012 e, depois disso, apenas acompanhando seu trabalho virtualmente. Três anos depois e vejo o quanto Gabi se tornou um ícone para a cena tribal brasileira. Com certeza uma profissional completa em técnica e expressão. Gabi me emocionou muito por cada palavra que seu corpo transmitia com sua dança, cuja coreografia se chama Ghost Town. Um corpo que fala, que grita e nos faz quebrar em um ebulir de sensações.



Sara Félix e Katita Iwanowski realizaram a apresentação Sublime, disponível no Youtube (clique aqui para assistir). O duo foi bem intenso e hipnótico.



Jessy Lais, aluna de Sara, mostrou uma apresentação muito rica de passos e transições com a coreografia Star Angel.



Em seguida, eu estaria no palco. Infelizmente não posso dizer muito sobre minha apresentação. Minha pressão caiu durante a execução e perdi a direção. #bad =( Enfim, espero poder ter outra oportunidade de apresentar essa performance posteriormente.



Logo depois veio a grande Mariáh Voltaire com sua coroa tribal linda(e como pesa!) e que chamava atenção pelo design. Ela ganhou o palco e o público com um figurino super rico e reluzente. Super técnica e despojada, Mariáh destruiu tudo com seus breaks e shimmies com a coreografia Cholera (clique aqui para assistir!).



Sobe ao palco a turma intermediária do Tribal Art, bem estilo balkan, com a coreografia Garnet Blue enchendo o palco com muita animação e beleza.


Em seguida, a aluna Thea Bellator vem com uma explosão de energia e alto astral, com a coreografia Chà Moui Tatak.


O trio Taksim, composto pelos músicos Bia Cervellini, José Manrique e a bailarina Rosa Carina fizeram uma apresentação tocante. A música ao vivo sendo desenhada pelos movimentos da bailarina tomavam forma de poesia para quem apreciava a essa apresentação.



A seguir, o duo Gabriela Miranda (RS) e Yoli Mendez (SP) entram em cena com a apresentação Desire (clique aqui para assistir!) desenvolvida para o enredo do Gothla Brasil. A apresentação é de muita entrega, conexão e sincronia.



A seguir, a dupla Marlen Mirta & Thea Bellator veio ao palco com uma energia muito gostosa através da coreografia Opethara. O público conseguiu sentir como elas estavam a vontade e felizes de estarem dançando entre si. Uma apresentação muito rica pela diversidade de movimentos apresentados!


Encerrando o espetáculo, Sara Félix nos hipnotiza com sua presença. Movimentos bruscos, técnicos, misturando-se com a suavidades dos leques de pluma e a sensualidade da performance Essence!



Desta forma, o  Fusion Art Festival fecha suas cortinas deixando-nos com "gostinho de quero mais" pela qualidade dos trabalhos apresentados, entrando, com certeza, na rota dos eventos nacionais do estilo de dança tribal.

Teaser:
por Hellinson Palmonari


Fotos oficiais por Thiago Dea:

Fan Page:

[Venenum Saltationes]Desvendando a Coreografia “Angel”

por Hölle Carogne

Fotografia: Kaori Lene 
Desta vez quem se desvela de forma magnífica é o Grupo Hexen de Fortaleza!

A coreografia de Dark Fusion “Angel” é o primeiro trabalho do Grupo e eu já estou afoita esperando um segundo, um terceiro, um quarto... :D Aline Bulkan, Jessy BC e Larissa Monteiro revelam um pouco do mundo oculto de Angel e contam tudo sobre esta concepção artística!

Confira!!!

Eu estou aqui, apaixonada! <3


Venenum Saltationes: Como e quando surgiu a idéia de criar tal coreografia?    

A coreografia Angel se desenvolveu de forma natural, instintiva. Surgiu do nosso desejo mútuo de criar algo envolto na temática do Dark Fusion, que se encaixasse com o ritmo da música escolhida por nós (Angel do Massive Attack) e com as emoções, sensações e impressões imagéticas que ela nos provocou.

Ansiando por criar e estrear como grupo, decidimos, de última hora, nos apresentar no próximo evento de tribal que ocorreria na cidade, o Psycho Circus. Nosso desejo de dançar foi muito forte, nossas idéias estavam em sincronia. Buscávamos criar algo com personalidade, que chocasse e saísse do tradicional, do comum.

Fotografia: Kaori Lene



 Venenum Saltationes: Do que se trata este trabalho? Qual o assunto abordado?

Angel foi “assumindo vida própria”, sendo o que ela é, dando norte ao caos da criação com a razão momentânea. Inspiramo-nos na letra da música e seu som, transcrevendo-os com o corpo. Usamos simbologia ocultista como uma forma de invocação de poder e para acentuar a atmosfera mística da dança. Transformamo-nos em arquétipos pessoais de Deusas Negras, “Mulheres-Demônio”.

Sabemos que a mulher, nos primórdios da civilização, era vista e cultuada como Deusa, seu corpo e seus dotes criadores sacralizados. Ao longo da história, principalmente após a ascensão do Cristianismo, passou a ser demonizada, desvalorizada e reprimida. Baseando-nos também nisso, quisemos trazer à tona esse arquétipo da Deusa enfurecida, da mulher forte e sensual que se liberta das amarras da sociedade e, revertendo os papéis, a subjuga, enfeitiça, exercendo seu verdadeiro poder, reivindicando seu posto.



Venenum Saltationes: Existe alguma linguagem oculta por trás de tal coreografia?
Várias. Se revelarmos, perderá todo o mistério.



Venenum Saltationes: Com quem vocês tentam se comunicar? E o que vocês querem dizer?
Nossa coreografia não se direciona a nenhum público específico e, como toda forma de arte, pode ser interpretada de modos diferentes por cada expectador, mas pretendíamos tocar de forma visceral e intuitiva quem quer que a visse, através de um discurso sinestésico que despertasse emoções subconscientes primitivas.  



Venenum Saltationes: Comentem sobre os processos de criação deste trabalho; além destas perguntas, um resumo de como se conheceram e resolveram criar o grupo e cada uma falando um pouquinho sobre seu trabalho pessoal.



O desenvolvimento de Angel durou em torno de dois meses. Tínhamos pouco tempo para montar a coreografia, o que por consequência nos fez optar por um processo criativo mais espontâneo, sem muito escrutínio. Foi um trabalho construído com a participação livre das três integrantes, cada uma contribuindo com fragmentos de passos, sequências que aos poucos se encaixavam. Estávamos conectadas, falávamos a mesma linguagem. É uma dança que aborda a temática do estilo Dark Fusion, com  elementos do Tribal Fusion, com dança moderna, movimentos instintivos que cada uma criou e foi sendo modificado até sua conclusão.

Percebemos, ao assistir às filmagens que fazíamos dos ensaios, que havia movimentos executados de forma particular, diferente, por cada bailarina. Decidimos então respeitar essa linguagem corporal pessoal, preservando a individualidade em vez de exigir gestos idênticos. Acrescentamos também alguns improvisos.
 
Fotografia: Kaori Lene


O  grupo Hexen foi criado, no fim de 2014 com o intuito de reunir estudantes de dança Tribal de Fortaleza que partilhavam da paixão pelo Dark Fusion e outras formas de expressão artística obscura. Foi idealizado como um grupo de dança e de estudos, no qual se poderia dividir conhecimento e aprimorar o que já se sabia através de pesquisas. Além disso, seria um modo de estabelecer uma conexão entre pessoas com gostos parecidos. Larissa e Aline tiveram a ideia inicial, aos poucos, foram chamando outras meninas, que já vinham demonstrando, em suas performances, uma inclinação ao estilo, como foi o caso da Jessy. Sendo composto de outras bailarinas além de nós três.

Fotografia: Kaori Lene




Um pouquinho das integrantes:

Aline Bulkan:



"Meu primeiro contato com a dança ocorreu cedo, por volta dos 5 anos de idade, em aulas de ballet e, mais tarde, jazz na escola onde estudava. Descobrindo nesta atividade uma aptidão natural e uma fonte de prazer, levei-a adiante até mais ou menos os 13 anos, me apresentando com frequência em festivais da escola e em outros eventos.

Conforme aquela modalidade e rotina específicas já não me satisfaziam mais e outras prioridades da vida cotidiana exigiam atenção, fui deixando de lado a bailarina em mim e me dedicando a outras formas de arte, até descobrir o Tribal Fusion, há cerca de três anos. A identificação foi completa e imediata, e passei a fazer aulas regulares (inicialmente de dança do ventre, até o Tribal ser trazido à cidade pouco tempo depois) e workshops.

Meu fascínio pelo sombrio e minha necessidade de incutir à performance uma maior dramaticidade me atraíram para a vertente mais obscura desta dança, o Dark Fusion. Hoje vejo no Tribal uma parte intrínseca de quem sou; nele me encontrei por inteiro. Tenho-o como uma forma não só de expressão artística plural, mas de conexão direta e íntima com meu eu interior em suas mais diversas facetas – embora, no que concerne principalmente à dança, seja na sombra, no “lado negro” de minha essência, que encontro minha força. É com ela que me sinto mais à vontade para dialogar e criar, e é por meio dela que comunico com mais clareza minhas emoções e minha visão particular de mundo."

Fotografia: Marcelo Cunha



Jessy BC:

‘’Meu trabalho pessoal com a dança está no inicio. É cedo para definir-me. Posso dizer que amo profundamente essa Arte, o Ser expresso no corpo em movimento. Recordo-me sobre minha infância, sempre gostei de dançar e criar minhas próprias coreografias. Na adolescência, despertei o interesse para a dança do ventre, senti afinidade com os movimentos, algo fazia sentido no meu íntimo.

Meu primeiro contato com o Tribal Fusion foi ao assistir um vídeo de uma grande bailarina, me tocando indescritivelmente. Em 2012, participei de um workshop do estilo. Posteriormente fiz aulas regulares. Durante esses 3 anos fiz cursos de Tribal Fusion, Bellydance, American Tribal Style, Flamenco, Kalbelya, Ghawazee, Dança Africana, Dança contemporânea... Além de estudos sozinha. Tenho especial interesse na vertente Dark Fusion, onde posso expressar-me autenticamente. Desvendando faces de meu Eu mais profundo e misterioso, A Sombra.

A dança me transformou. Trouxe sentido de Ser. Procuro o contínuo autoconhecimento. Nela posso praticar e unir vários dons criativos. Desenho, crio meu figurino, maquiagem, coreografia. Uno corpo, mente e espírito. Com ela entro em transe, medito. Trabalho meu Sagrado Feminino. Minha ancestralidade.

Busco o intitulável, o autêntico, o ousado, o chocante, o único. Tenho sede por aprender todas aquelas danças que despertem meu âmago. Anseio por conhecê-las, entender suas origens, resgatando assim minhas próprias. Cada uma tem sua típica estrutura, busco compreendê-las para assim procurar a minha própria forma essencial de expressão.’’



Larissa Monteiro:

"A minha história na dança teve início no ano de 2010 quando, por curiosidade, passei a praticar aulas de dança do ventre com a maravilhosa projessora Juliana Jaraj. Logo ‘de cara’ senti o impacto que o Bellydance causa. A beleza da dança, os benefícios trazidos ao corpo, o florescer da feminilidade e o despertar da consciência da existência de uma Deusa-mulher que habita em cada uma de nós.

Com o tempo, minha paixão pela cultura árabe/oriental só aumentava e foi então que, ao ir num evento de Belly, assisti pela primeira vez uma apresentação de Tribal Fusion. Encantei-me mais ainda e decidi começar a praticar aulas. Ao conhecer o desenrolar da história do ATS-ITS-Tribal Fusion fiquei maravilhada e decidi mergulhar totalmente nesse universo de possibilidades.

Hoje pratico Tribal Fusion há três anos e sinto cada vez mais vontade de me aperfeiçoar e conseguir explorar meu lado mais ‘Dark’, assim como expor todos os meus sentimentos através dessa arte que é a dança Tribal."


Fotografia: Samuel Bendix




[Papo Gipsy] Papusza

por Sayonara Linhares | Texto de Janusz R. Kowalczyk

Papusza

Bronislaw Wajs, Papusza - poeta cigana que escreveu na língua Roma (dos ciganos). Ela veio de um grupo de etnia Roma Polaco (Roma, planície polaco). Ela nasceu em 17 de agosto de 1908 ou 30 de maio de 1910 em Lublin, morreu em 08 de fevereiro de 1987 em Inowrocław.


Vida na estrada
A caravana em  que nasceu e cresceu Bronislaw Wajs, vagou em torno das terras de Podolia, Volyn e nos arredores de Vilnius. A família Wajsów consistia-se principalmente de músicos, a maioria harpistas. Eles viajavam através de cidades e vilas, tocando em tabernas, feiras ou casamentos.
O futuro dela seria  decidido na  terceira noite após o nascimento. Os ciganos diziam que apareceria um espírito para alertar sobre o mal e o bem que ocorreriam na vida da criança que viria. Como a mãe estivesse com medo, foi acompanhada toda a noite por uma das matriarcas do clã.. O espírito lhe disse –palavras que  ninguém poderia repetir. Apenas sussurou: "Ou ela vai trazer muita honra  ou uma grande vergonha.
Levou a menina através da floresta para ser batizada na aldeia. Mas no campo, todos diziam que a menina era adorável e por causa desta beleza que a chamaram Papusza, que em romani significa 'boneca'. 
- Minha mãe me chamava de “bonequinha”. Eu era saudável,  pequenas mãos, torso magro. Eu era esbelta. Rosto bem corado, cabelo longo como de uma grande senhora, penteados em arranjou em tranças (Ela nunca os cortou, por toda a vida). Eu gostava de dançar, cantar, eu era muito alegre. Sempre com saias costuradas com flores, faces cor de cereja, ágil como esquilo. "
[Angelika Kuźniak, 
"Papusza" , Czarne Publish House.  Wołowiec,  2013]

Bronislaw Wajs "Papusza" com seu filho Tarzan, fotografia da coleção de George Ficowski, fot. Cortesia do Museu Regional em Tarnów


A futura poetisa foi uma das poucas mulheres ciganas que chegaram a aprender a ler e escrever – por si.

“Eu nunca fui para a escola. Eu queria aprender a ler, mas meus pais não se preocupavam comigo - Papusza lembrou anos mais tarde. - O padrasto ficava bêbado, jogando cartas, minha mãe não tinha idéia do que eu precisava aprender, do que era educar uma criança. (...) Pedi às crianças que iam à escola, elas me ensinavam umas poucas palavras. E assim foi. Em seguida, roubava  alguma coisa e eu lhes levava e assim fui ensinada. Eu morava perto de uma comerciante judia. Eu peguei um frango e eu dei a ela, e ele me ensinava a ler. E então eu li um monte de jornais e vários livros. Sou capaz de ler bem, mas escrever - feio, porque eu escrevi pouco, e eu li um monte ". 
Bronislaw foi casada quando tinha dezesseis anos com um homem 24 anos mais velho que ela, irmão de seu padrasto, Harper Dionísio Wajs. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela  se escondeu dos nazistas com seu grupo nas florestas do oeste da Ucrânia. Depois da guerra, os ciganos das fronteiras polonesas  mudaram-se para os territórios recuperados e Papusza  também fez parte desse grupo.
Depois de anos peregrinando com as caravanas, ela se estabeleceu em Zagán em 1950. Por um longo período,  de 1954-1981 viveu em Gorzow Wielkopolski, one as caarvanas ciganas paravam por provisões. Em 1981, velha e doente, a poeta ficou sob os cuidados de uma família de Inowrocław.
Na comunidade de Roma, Papusza foi rechaçada, porque não cumpriu com o papel tradicional de uma mulher cigana. Rejeitada por causa da infertilidade, acusada de trair os segredos tribais, ela foi excluída da comunidade. Essa rejeição lhe causou uma série de transtornos psiquiártricos que a levaram a buscar tratamento periódico em instituições psiquiátricas.

Poemas
Fotografia de George Ficowski, primeiro à esquerda, com o violino: Charles Siwak, terceiro, sentado com a harpa: Dionísio Wajs, à direita, com um acordeão: Edward Dębicki de 1949 Foto cedida pelo Museu Regional em Tarnów.

Em 1949, Jerzy Ficowsky se uniu à caravana de Dionísio Wajs. Ficowski era um foragido da polícia, poeta aspirante, fascinado pelos costume e língua ciganas. Ele ouviu sobre Papusza  "Este é Bronka Wajsowa, a esposa do velho com o bigode grisalho, que eles chamam Papusza, ela faz canções ciganas e é  poeta!"  Rapidamente ele reconheceu o valor de canções e improvisações  literárias de Bronisława e a convenceu-a a divulgar sua escrita.
O princípio do conhecimento Papusza de Ficowski coincidiu com um divisor de águas para o período de ciganos poloneses de cima para baixo liquidação fim owski comunista-imposto. O motivo natural de criatividade Roma poeta tornou-se então um mundo perdido de liberdade e errantes campos. Em sua poesia, que decorre de canções folclóricas ciganas, ele comemorou o destino de seu povo, expressou seus hábitos e saudade.Seus poemas, sem um ritmo regular, às vezes se aproximando contos.
O início do relacionamento entre o dois coincidiu com uma crise e período de longo sofrimento imposto aos ciganos pelo regime comunista, o que trazia muita inspiração para os poeta ciganos.
Sua poesia, inspirada nas canções folclóricas ciganas, não tinha um ritmo regular e se aproximava muito da prosa. 
Ela fez sua estréia , traduzida do romani por Ficowski, na revista "Nova Cultura" em 1951.

Eu olho para cá,  eu olho para lá -
como as águas cálidas que a lua banha,
uma jovem cigana
num córrego perto da floresta

O que acontece?
Tudo desmorona.
Enquanto o  mundo está rindo. "
["Eu olho para cá, eu olho para lá" ("Dikchaw dar, caminhada dikchaw"), de 1951]
Após a publicação, em 1951, de seu livro de poemas Papusza se tornou famosa. Ainda assim, ele vivia modestamente,  mantendo a família através da leitura da sorte, com o marido doente e criando um menino que adotou, carinhosamente chamado Tarzan.
Embora amigos tenham tentado fazer com que ela recebesse algo pelos poemas publicados, isso era algo que ela nem cogitava.
Papusza nunca aprendeu a escrever corretamente. Ficowski tinha que decifrar rabiscos, manuscritos borradas, cheio de erros e palavras, em que faltavam sílabas inteiras.  Para que ela não se desistimulasse, ele nunca pediu ajuda para esse trabalho.
Toda produção literária de Papusza se resume a cerca de 40 poemas manuscritos. Deixou poucos textos em prosa descrevendo a vida cigana.

Desde 1962. Papusza pertence a Associação Polonesa de  Escritores. Seus poemas receberam traduções em  Alemão, Inglês, Francês, Espanhol, Sueco e Italiano.

"Falorykta" ou penalidade
Família Bronisława Wajs fotografia "Papusza" da coleção de George Ficowski, fot. Cortesia do Museu Regional em Tarnów

A misteriosa palavra "falorykta" na língua dos ciganos é um julgamento, condenação, a pena para revelar os segredos para pessoas de fora da sua própria cultura. Papusza tinha medo de rejeição por parte dos ciganos, o que significava que ela não se considerava um poeta, mas apenas como uma leitora da sorte.
Nos anos do pós-guerra, no ambiente cigano, vigorava uma restrita proibição para conceder aos estrangeiros qualquer informação sobre as tradições ciganas, rituais, proibições costumeiras e língua cigana. Após o aparecimento em 1953. do livro "ciganos poloneses", em que Ficowski descrevia suas crenças, leis morais e compilou um pequeno dicionário de romani, o amigo de Papusza foi acusado de traição.
Depois disso, voltaram muitas acusações contra ela, numa pressão que acabou por afetar sua saúde mental. Mas a amizade com Ficowski se manteve.
Devido às acusações, ela foi excluída da comunidade cigana, longe da qual viveu seus últimos trinta anos. Só seu marido não a abandonou.
Ficowski disse que ele teve a grande sorte de conhecer Papusza e passar à história como seu descobridor. Papuszae teve a infelicidade de se encontrar com ele.
Excluida da comunidade cigana, ela parou de escrever. Os últimos de seus poemas foram publicados em 1970. Muito do que ela escreveu antes, queimou junto com cartas de amigos, entre outras coisas.
“Se eu não tivesse feito a estupidez de ter aprendido a ler e escrever,  eu teria talvez sido feliz "- ela disse no final da vida. 

Papusza - vida após a vida
Bronislaw Wajs fotografia "Papusza" da coleção de George Ficowski, fot. Cortesia do Museu Regional em Tarnów
Em 1974. Maja e Ryszard Wojcik fizeram o documentário filmado "Papusza", escrevendo seu próprio roteiro e convidando como consultor Ficowski.
Em 1991, foi realizado outro documentário "História dos ciganos", escrito e dirigido por Greg Smith com música de John Cantius Pawluśkiewicz . Ele inclui, entre outros, memórias da própria  Papusza, de George Ficowski, de sua irmã Janina Zielinska, de seu filho Wladyslaw (Tarzan) Wajs e de seu médico Maria Serafiniuk.
Em 1994, no  Blonie Park Amphitheater  da Cracóvia se realizou uma estréia do poema sinfônico compostoo por John Cantius Pawluśkiewicz, intitulado "Harp Papusza", em língua romani, uma ópera com um grande elenco de estrelas com Gwendolyn Bradley no comando. A peça dirigida por Krzysztof Jasinski , um especialista dos grandes espetáculos ao ar livre.
Em 2013, foi lançado o filme "Papusza", escrito e dirigido por Joanna Kos-Krauze e Krzysztof Krauze.
 

[Resenhando-AC] “Dançar é só o começo”

por Janis Goldbard



No dia 30 de Outubro de 2015 começou o 1º Seminário de Dança do Acre, o “Seminário História da Dança no Acre”, que foi até o dia 07 de novembro.

A história da Dança no Acre é muito antiga como todos podemos imaginar,  já que o homem através de sua relação com a natureza dançava em busca de uma aproximação com as divindades.

Apesar de a dança já estar estabilizada como um segmento organizado e representado desde 2008, somente se separou das Artes Cênicas na câmera setorial a dois anos. Nesse meio tempo até a data presente, o movimento foi agregando a todos os bailarinos, professores e pesquisadores da dança para se unirem  e tomarem  mais consciência  das ferramentas possíveis e disponíveis para poderem elevar a um grau cada vez mais alto a dança do estado.


Link da entrevista- globo:



A programação foi extensa e foram nove dias de trabalhos: palestras, mesas redondas, apresentações e oficinas; tudo voltado para os amantes, estudantes da dança e para aqueles que possuem intenção de se aproximar das políticas públicas que possam auxiliar a realizar um projeto de dança.

E por falar nisso, esse projeto foi resultado do Prêmio Klauss Vianna de 2014 o qual Valeska Alvim, em sua generosidade, transformou-o em um prêmio coletivo e idealizou esses nove dias de muita informação e que com certeza será um divisor de águas na história da Dança no Acre. Profissionais renomados de outros estados estiveram presentes nas mesas redondas,  representantes da área de cultura do estado, representantes do MODA (Movimento de Dança do Acre), incluindo a classe de artistas presentes debatendo para buscar soluções, caminhos e melhorias para valorização de uma dança mais representativa no Brasil.


Entre eles: 
Karla Martins -  Diretora Presidente da Fundação Elias Mansour de comunicação; 
Neyla Maria – Representante do Minc no Acre;
Elderson Melo - Historiador e doutorando da USP;
Rodrigo Forneck – Presidente da Fundação Garibaldi Brasil;
Fabiano Carneiro - Coordenador de dança de dança da Codança Funarte;
Regina Cláudia - Historiadora e pesquisadora em dança;
Valeska Alvim - Professora da UFAC e doutoranda da UNB;
Christian Morais - Bacharel em Arte Cênicas e professora da Rede Pública

O seminário vem também com uma proposta de engajar pesquisas e investigações que visam, além de reunir pessoas que fizeram e fazem parte da história da dança no estado, aproximar os municípios e organizar para que a capacitação e a profissionalização da Dança aconteça o quanto antes.Esse processo todo visa também “compor afetos, traçar alianças e descobrir caminhos” para que a Dança do Acre seja vista, estudada e registrada.

“Registro e memória” foram um dos temas abordados durante o seminário e há pouquíssimos registros da dança feita aqui no estado; e se há, ainda está disperso. Em algumas modalidades quase não se sabe nada além de não ser encontrado nada em bibliotecas ou em museus.

No caso da dança do ventre, apesar do grande número de imigrantes do Líbano e da Síria terem se estabelecido no Acre no final do século 19, não se tem registro de nenhum(a) descendente dando aulas ou mesmo se apresentando, o que é ,no mínimo, curioso. Há restaurantes árabes e libaneses,  mas  bailarinas dançando? Nenhuma! Não há registrado nenhuma bailarina/dançarina que tenha feito algo artisticamente  para ser mostrado em público o que me leva a imaginar que somente entre eles se dançava e a dança não era vista como um meio de expor a arte e a cultura deles como meio de aproximação com o povo e a cultura local, ao menos aqui no Acre.

Entre as minhas colegas Professoras que nasceram aqui ou que estão aqui a um tempo em se tratando de registros da Dança do Ventre, há muitas informações vagas e nenhum registro e ou  pesquisa feita. Uma pena por um lado, mas, por outro, um campo  rico e vasto para pesquisadores e investigadores. 



Uma pesquisa séria da Dança do Ventre feita aqui na região é um assunto urgentíssimo a se tratar. Por que se faz necessária essa pesquisa? Resposta: para o reconhecimento da dança do ventre no Acre, para uma organização e uma melhoria no nível da dança, o que vai ser bom para todo mundo não somente para as professoras.

Na verdade, eu penso que  no caso aqui do estado, seria melhor ainda para as praticantes que almejam se profissionalizar ou mesmo melhorar sua técnica na dança, pois, como em toda cidade pequena, as possibilidades de se atualizar na própria modalidade é mínima e quando não,é caríssima ou se tem de fazer cursos a preços elevados quando alguém de fora ministra ou se tem de viajar para fora. Em alguns casos se para de dançar ou fica estudando sozinha como muitas que vejo; e ainda há aquelas que se sentem a vontade fazendo a mesma coisa a vida toda com a mesma professora, mas isso teria de ser opção da bailarina e não imposição, como acontece em lugares que não se tem um curso profissionalizante de dança.
  
Na proposta da Mostra de Pesquisa Coreográfica  que aconteceu no dia 31 de outubro,
às 19:00h, foram convidados alguns representantes das modalidades existentes e que possuem representatividade no estado, como Dança Contemporânea, Balé, Dança de Salão, Popping dance, break dance e Dança do Ventre.

Como trabalho com a expansão, estabilização e pesquisa do Tribal Fusion desde 2012, através de oficinas, worksopps e aulas regulares, fui convidada a representar a Dança do Ventre com o Tribal Fusion , pois se entende entre meus companheiros de dança, que Tribal Fusion também é Dança do Ventre.

A minha proposta foi juntar alguns fragmentos de coreografias baseadas na minha pesquisa antes da minha viagem a Índia e pós-Índia. Processo maravilhoso, cada vez me encanto mais com a dança indiana e meu sonho é poder estudar dança indiana clássica e bollywood. Então foi prazeroso, gostoso, divino e gostei da composição porque eu tenho sim um grau de criticidade que todos nós temos de ter, mas, além de tudo, eu sei  como é difícil dispor de tempo, disciplina, aulas regulares, elementos facilitadores como uma boa sala, espelho, ar condicionado e etc para construir e criar uma dança de nível elevado.


Nome Coreografia: Índia em 4 Tempos
Coreografia: 1ªparte –Janis , 2ªparte- Janis, 3ªparte – Sharon kihara e 4ªparte- Janis


  • A 1ª parte escolha da introdução veio por insight. Eu tinha planejado outra introdução, mas essa combinou melhor com a proposta; além de mostrar que é possível dançar algo brasileiro colocando elementos de dança indiana.
  • A 2ª parte foi experimento com técnicas de kuchippudi, dança clássica indiana que aprendi na Índia; claro que transportado de certa forma para o fusion, já que a técnica ainda está sendo aprimorada.
  • Na 3ª parte resolvi colocar um pedaço da coreografia da Sharon Kihara porque ela é uma inspiração pra mim e essa coreografia dela é simples e complexa ao mesmo tempo. Eu senti que ela me deu uma firmeza no meu propósito e uma leveza pois sempre quando a estudo ela está sorridente e leve.
  • A 4ª parte e última foi a minha primeira coreografia inspirada na Índia as quais usei recursos que já estavam em minha maneira de sentir e fazer dança, claro que pesquisei, mas sabe quando captamos um movimento espontaneamente? Foi assim, tentei lembrar todo movimento que eu gostava e sabia fazer, depois coloquei na coreografia.




Foram várias as fontes de pesquisa desde Bollywood, kuchippudi, katak , jazz; além de aulas regulares no projeto “Expressões Contemporâneas” criação e visibilidade que vem transformando minha maneira de criar, de dançar e de pensar dança.

Como eu pontuei, “Dançar é só o começo”, pois o estudo e a pesquisa vem logo em seguida. Todas as grandes bailarinas do ventre e/ou de outros estilos que eu conheço possuem isso fortemente arraigado em suas criações, pois de outra forma só seria um corpo que balança.

A história da Dança no Acre vem de muuuuuito longe, mas aqui estamos nós (tribalistas) fazendo nossa parte,  agregando valor e novas maneiras de se pensar a Dança do Ventre no Acre.


Pesquisa:

siria-e-libanesa

  

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