[Resenhando-SP] Tribal Rock

por Maria Badulaques



TRIBAL ROCK, baby!!!

Evento organizado pelo Stúdio Fallahi Belly Dance, no último dia 29 de março, sob a direção da impagável Beth Fallahi.

Como nome já sugere tudo "xerava", inspirava e seduzia os expectadores ao som de muiiito rock nas veias do pulsante. Um gala espetacular composto por todos que se dispuseram a comparecer ao Terraço (Vinhedo-SP), assim foi nosso encontro tribalizado.

Vimos fusões, bellydance fusionado, tribal fusion, ATS®, corações acelerados e os solos de guitarra em dueto com os dançarinos. Falando em solo, o que era aqueles snujões assinados por Jamila Salimpour?! Uau, som nababesco, estilo 5 snujs em um só!!!




Minha sensação enquanto dançarina e resenhista é que se cumpriu o objetivo de qualquer evento tribal:a aclamada conexão, camaradagem e felicidade em rever os amigos. Técnica, dança...sua criação, deve (lógico) estar presente, mas o que nos une e deve ser a grande motivação é o sentimento de tribo (lililililililiiiiiii); e ele estava lá. O mais interessante é que passamos uns dias com a sensação de bem estar reverberando no corpo e isso nos alimenta e nutre até o próximo reencontro.

Vi algumas apresentações ao vivo e outras só pude ver quando liberados os vídeo. Congratulo a todos pela participação, afinal, dar a cara-a-tapa é sempre coisa "pra macho" (expressão da nossa querida Fallahi Sênior :) ); e a nós, expectadores cabe aplaudir a irmã em cena, felicitá-la e lembrar que a dança é arte em movimento (Isadora Duncan). Você não precisa gostar de tudo que vê, mas respeitar e parabenizar é de lei. 




Enquanto tudo rolava, meu pensamento ficava a mil. A dança me move e, como também danço, fico a mil e um por hora, afinal quero ver, quero dançar, ter que controlar a ansiedade e eis que vejo uma Beth de bigode surgindo...Pronto, sorri alto (lembrei que precisamos sorrir mais na dança :) SEMPRE)! E isso Beth arrancou de nós, muitos sorrisos leves, soltos, animados e sincronizados com seus snujãos-jamila-salimpour, pois assim a senti. Ser bem recebido onde vamos, sentir que somos especiais e que nossa presença faz diferença. Essa é a fórmula com que fomos recebidos no eventos dos Fallahi, eu os reverencio por isso. _/I\_

A noite de puro rock reuniu Marcelo Justino (Jundiaí-SP) em solo ao som de música composta por Bruno Fallahi (que chiiiiic) e em trio com suas alunas, Eneide e Tatiana;  Dalila Galchin (Vinhedo-SP) do Estúdio Fallahi; Kcall Fallahi em solo e dueto com Mariana; Paula Fallhahi; Beth Fallahi em solo e dueto com Viviane; eu, Maria Badulaques e Heli Luiza da Trupe Gira Ballo (Indaiatuba-SP); Melissa do Melissa Belly Dance; Tati Araújo (SP); Esther e Laila em dueto; Nanda Nayad, Julia, Telma, Paloma e Andrea em grupo; Juliet, Alessandra e Bruna em trio; Doolunay Mooinaa; Karina Christmas e Tata Correa (SP) em dueto. Aquele abraço apertado, seguido de xero gostoso de até breve!!! Parabenizo todos presentes!!! E aos ausentes, em outubro tem mais...




Agora, a conversa de bastidor com Paula e Kcall sobre figurino precisa ser publicada; ri de rachar: 

- Então, que figurino lindo é esse Kcall! (eu)
- É tribal-reciclado (Kcall)
- Oi? (eu)
- Que gastar dinheiro o que! Peguei a cortina de casa! (Kcall)
- Olhei pra Paula e pensei que ela pegou o centro de mesa (a Paula é um chaveirinho)

Bem... vamo que vamo! Pensando na próxima peça da casa que vai virar objeto de figurino....Já tô de olho na colcha de crochê que veste minha chaise long. U-huuuuuuuuuu!!!!


A Saia


E a saia? Noooosssaaaa, Beth sabe mesmo gerar expectativa! Houve o sorteio de uma saia de ATS® by Ateliê Fallahi.  Espadas foram postas à mesa, ameças abertas e veladas a quem seria destinada tal bela peça de vestuário, unidas pelo espírito da individualidade, fomos informadas que a União faz o açúcar e nisto mesmo com juras de macumba, peixeiras, etc...a saia foi para Viviane do Estúdio Fallahi. Sei não hein, acho que o garçom pegou uma carta marcada. Dalila e eu saímos na certeza do dever cumprido: intimidar a concorrência. kkkkk E que venha o próximo evento com muito humor, diversão e a dança coroando tudo. 


Por mais eventos como o Tribal Rock, por um tribal com espírito de Tribo!!!

Destaco ainda a equipe técnica que nos presenteou com fotos e filmagens gratuitas, genial. Agradeço, agradeço, agradeço:

Equipe técnica composta por Gustavo Cenaque e Bruno Fallahi.
Fotos de Fernando Baesso e Gustavo Cenaque.
Filmagem: Beth Fallahi.

*Vídeos do evento você encontra no You Tube, Tribal Rock 2015, aqui segue alguns:





Super xeros no pulsante, vamo que vamo
Maria Badulaques.

Fotos do evento:


































[Notícia Tribal] Canal Steampunk por Debora Puppet

Debora Puppet é steamer da Loja Paraná  e seu canal no Youtube é voltado para a cena Steampunk.O canal está bem bacana, pois aborda desde dicas simples (como montar seu costume com o que você tem), como cobertura de eventos, opiniões sobre assuntos relacionados e muito mais! 

Se você curte Steampunk, vale a pena conferir!


[Notícia Tribal] PENSARAÇÃO com Lukas Oliver



O bailarino Lukas Oliver participou do projeto de conclusão de curso de Design Digital, que tomou a forma de um livro, cujo objetivo é apresentar "ao leitor uma visão não tão aprofundada em aspectos pontuais, que consegue atingir um amplo conhecimento, sobre o que é e o que envolve a criatividade. Com a intenção de inspirar e gerar a reflexão sobre os hábitos individuais na hora de buscar soluções e ideias."

Para conhecer mais sobre o livro, você pode visualizá-lo através do Behance.

[Notícia Tribal] Improvisa! com Pedro Françolin



















O músico e percussionista Pedro Françolin lançou recentemente o Improvisa!, projeto super inovador de um canal no Youtube, em que ele, toda terça-feira, divulga um vídeo com dicas para melhorar as apresentações de bailarinas que desejam solar ao som de um derback; além disso, ele passa exercícios para você treinar improviso, musicalidade, ritmo e muito mais! Vale a pena conferir semanalmente o canal .




Daemonia Nymphe

por Hölle Carogne



Nesta postagem, compartilho com vocês o incrível trabalho da banda grega que tem feito a alma sedenta da Hölle suspirar!

O que mais me encanta no trabalho do grupo são as performances lúdicas criadas para os concertos...É uma linda mistura de música, dança e teatro. As fantasias e máscaras soberbas causam uma estranha sensação de contemplação a personagens místicos e instintivos.Um universo que une paganismo e helenismo, com generosas pitadas de teatralidade.Como em um ditirambo, os integrantes cantam, dançam e interpretam, em constante celebração.



Daemonia Nymphe é uma banda de “Ethereal World Music” formada na Grécia (Atenas) em 1994, por Spyros Giasafakis e Evi Stergiou. Atualmente, o grupo tem sede no Reino Unido.

Para a criação da sua música a banda utiliza instrumentos gregos antigos, como a cítara, a lira e o “varvitos”, todos artesanais, com design e materiais autênticos de sua época. Seu estilo tem um apelo, melodicamente e visualmente, universal.

Várias compilações por selos europeus e internacionais incluem canções do Daemonia Nymphe, que apareceram junto com faixas de artistas como Lisa Gerrard, Loreena McKennitt, Ladytron e outros. 



Os músicos: Victoria Couper, Vaggelis Paschalides, Christopher Brice, Stephen Street.
Fabricante dos instrumentos: Nikolaos Brass.

Espero que gostem e sintam-se inspirados por esta trupe de artistas magníficos!

Eu, há tempos, estou extasiada! 















[Notícia Tribal] SPECTRUM: Eternamente vagando em uma dança sombria


Eis que duas almas inquietas se encontram na cidade de Florianópolis- SC no verão de 2015. Juntas, essas almas manifestam seus sentimentos através da arte da dança, em uma Dança Sombria...

Em uma sensação de companheirismo e em um clima obscuro, eis que avoluma-se na terra o retorno de duas almas perdidas, despertando-se de suas tumbas e extirpando de seu âmago uma forte energia para serpentear a vida, causando uma majestática e horripilante dança.

Em uma realidade não visível aos olhos humanos, o reino obscuro é aberto e poderes e energias aparentemente caóticas são libertadas através de um espelho negativo da luz e da ordem. Os portais estão abertos! O caminho perdido em vida agora evocado no "outro lado"... Eternamente vagando em uma dança sombria.

Ficha técnica:
Bailarinas:
Aline Pires
Gilmara Cruz

Direção, fotografia e release:
Gilmara Cruz

Câmeras:
João Marcos Alves
Agostinho Gugoni

Edição:
Aline Pires

Calça Gênio

por Anamaria



O festival está para começar. O teatro está repleto e as luzes já se apagaram. Todos ali aguardam em silêncio. Quando as cortinas se abrem, ela entra em cena, caminhando pelo palco com passos sensuais e ritmados com o samai de Lamma Bada. Os seus movimentos se soltam expansivos diante dos olhares de todos; fluem plenos e livres sob a encantadora ondulação que a dança dela reverbera no panejado hipnotizante do shalwar que ela veste; ela cria em torno de si uma atmosfera de enlevos bem diante do público que ela tem cativo sob seus fascínios.




Para este texto, vou começar dificultando um pouquinho a vida de vocês quanto ao tema escolhido, evitando ao máximo o uso de determinados termos por razões que mais tarde explicarei.



As calças bufantes – conhecidas como “calças Aladdin”, “calças gênio”, “calças balão”, entre outros – foram introduzidas à moda Ocidental por Paul Poiret por volta de 1909. Muito embora elas tenham sido inspiradas em modelos orientais existentes há cerca de 2.000 anos – em calças turcas chamadas “şalvar”, “shalwar” ou “charval” – o termo mais popular para designá-las acabou sendo mesmo “calças harém” quando as procuramos em fontes de idioma inglês.


Ilustração 1: Século 19 - Mulher da Argélia com trajes tradicionais


Assim, temos que, em 1909, o estilista Paul Poiret introduziu na moda essa peça como parte de seus esforços para reinventar e “libertar” a moda  feminina ocidental dos opressivos paradigmas da moda de sua época. A peça acabou causando um certo desconforto da sociedade, pois, até então, era convencionado que mulheres ocidentais não usassem calças. Além disso, a referência feita por Poiret à cultura oriental ao fazer uso de imagens de haréns e sultões para romantizar o novo estilo foi considerada imoral e inapropriadamente sexualizada, já que ela ligava mulheres à fantasia de liberdade – inclusive sexual – inspirada pelo imaginário em voga, bem como pela sensação bem real de amplitude gerada pela roupa solta e folgada que, diga-se de passagem, é muito diferente daquela causada pelos espartilhos da época. 


Ilustração 2: O modelo de Poiret

Como não poderia deixar de ser, houve críticas vindas também de parte dos outros estilistas, acusando-o, inclusive, de apropriação cultural; porém esses mesmos acabaram lançando coleções influenciadas pelas criações de Poiret. Prova disso é que há quem diga que ele não foi o único a trazer este estilo de calças para a Europa, pois estilistas como Jeanne Margaine-Lacroix e Bourniche também apresentaram peças semelhantes nos idos de 1910. 



E tem mais! Antes desse “boom” ocorrido nos anos 1900, podemos encontrar as calças bufantes sendo usadas já em meados dos anos 1800 por ativistas dos direitos femininos – destaque aqui para Amanda Bloomer – tendo “bloomer” até se tornado um dos nomes ingleses para esse tipo de calças que acabaram popularizadas como indumentária icônica na luta pelos direitos das mulheres!



Ilustração 3: As calças na época de Amelia Bloomer


Mas, sigamos adiante e entre idas e vindas,  veremos que as "calças Aladdin" não deixaram mais a moda ocidental, sendo especialmente apreciadas por bailarinos, haja vista que elas proporcionam a eles plena liberdade de movimento.


Ilustração 4: Uso na moda contemporânea





Tá. Até aqui, tudo bem. Mas o que que a dança tem a ver com as calças?



Encontrei as "calças Aladdin" ou balão sendo usadas na dança árabe andaluz – Raks al Andalus – no American Tribal Style® e no Tribal Fusion. No ATS® as calças podem ser usadas sozinhas ou sob as saias rodadas e em uma infinidade de variações de conjunto: com cholis e tops de moeda, com túnicas, com cintos, com xales, xales de pompom (tassels). A preferência mesmo é de que elas sejam feitas com tecidos firmes como o tafetá, podendo também serem feitas em veludo e cetim.


Ilustração 5: Raks al Andalus



No livro The Tribal Bible, Kajira Djoumahna nos relata sobre o que aprendeu de Carolena Nericcio sobre o figurino para ATS® e os porquês da escolha de cada peça que compõe o figurino. Carolena fala sobre isto novamente na revista Tribal Talk - The Voice of FatChance BellyDance quanto a razão de não se chamar a peça pela alcunha de “calças harém” e – adendo meu – do porquê as bailarinas não deveriam chamar a si próprias de odaliscas: 

“Tenho certeza de que nem todos compartilham minha opinião, mas talvez eu consiga explicar meu ponto de vista. Quando eu comecei a dançar e depois a ensinar dança, eu queria aprender absolutamente tudo sobre a dança do ventre. O que eu descobri (20-25 anos atrás) foi uma porção de livros sobre as mulheres do Oriente Médio e Norte da África, mas nada relevante sobre a dança do ventre. Então, eu me contentei em ler as entrelinhas e coletar informações. Parte daquelas informações se tornaram o estilo eclético que virou o Tribal Americano e a outra parte alimentou minha paixão pelo feminismo e pelos direitos das mulheres. Daquela cultura peguei os belos trajes, músicas, uso de cores e formas e apliquei-os na dança. 
(...)


Ilustração 6: As calças ficam bem para todos! | by Angie Never

As pinturas orientalistas que retratam haréns cheios de belas mulheres repousando em almofadas foram pintadas por homens que nunca viram o interior de um harém. Por mais belas que sejam, essas pinturas apresentam um ponto de vista distorcido. No mínimo, elas não retratam o tédio e a incapacidade de sair por livre-arbítrio. Pelo lado pior, o que elas não retratam é o tédio que leva à loucura e à pena de morte por tentar fugir.
(...)
Os haréns não eram lugares românticos cheios de dança e calças diáfanas. Como Fatema Mernissi reitera em seus livros, um harém é uma prisão. Não associemos isso à forma de arte que estamos apresentando." (1)


Ilustração 7: Irie Tribal


Assim, o uso dessas calças no Tribal foi pensado para resgatar a ideia de fortalecimento ou empoderamento feminino, além dos objetivos práticos de darem volume às saias, protegerem as pernas nos movimentos de chão e de deixarem as bailarinas mais à vontade para dançar e girar com suas saias amplas sem o medo de exporem mais pele do que desejam.


Ilustração 8: The Indigo e calças bufantes






Vídeo: Calças bufantes em ação





Fontes:
(1)Texto por Carolena Nericcio. Traduzido com autorização por Mariana Quadros. Publicado originalmente em
Tribal Talk - The Voice of FatChance BellyDance e foi escrito em novembro de 2001


Mais informações sobre a dança Raks al Aldalus:
https://cadernosdedanca.wordpress.com/tag/andaluzia/ (acesso em 30/3/2015)

Revisão do texto e epígrafe:
Eber Machado


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