Tribal Fest 14 - Vídeos Comentados SEXTA-FEIRA


 Este ano eu decidi aproveitar a nova fase do blog e convidar alguns dos colaboradores a participar desta idéia. Então, eu , Carine Würch do blog Nossa Tribo & Nossa Dança, Dany Anjos e Valdi Lima,ambas do Nomadic Tribal, comentamos  sobre alguns vídeos do Tribal Fest 14. Para facilitar a leitura e dar tempo de vocês assistirem aos vídeos com calma, dividimos o post em três partes.



Opening Ritual

Aerith: A abertura do festival começa com a Kajira e mais duas bailarinas. O figurino é bem xamânico. Visual ficou bem pagão, chifres de cervos, penas e dreads. As saias vermelhas foram uma boa escolha, pois ficaram bem elegantes. As duas bailarinas da ponta carregavam taças com velas e Kajira,no meio, tocava um sino.  A simbologia do sino está ligada a magia, com o intuito de marcar o início e  fechamento de um ritual, para invocar seres mágicos.Além disso, é tocado quando se deseja afastar coisas malignas e restaurar energias positivas.O círculo entre as três lembra rituais de magia. E isso é bem interessante!

Carine Würch:Se pelo vídeo eu me deixei levar por estas bênçãos que estavam sendo proclamas para aquele evento, e já me emocionei, acho que ao vivo eu tinha borrado completamente a maquiagem... Muito lindo este sentimento de união, de invocação de uma força maior, uma intenção, do que o simples “se apresentar”. Acho muito bacana quando as coisas são feitas assim, pois eu creio que realmente tocam as pessoas, mesmo vendo os vídeos meses, ou até anos depois. Como tudo na Kajira e no grupo é um exagero, não era de se esperar nada menos que um figurino à altura! Caracterizou bem elas, e acho que é a sua marca resgistrada...


Dakini Rose





Aerith:A primeira parte do vídeo é bem interessante. Ela aparece encapuzada com um tecido pesado, parece ser veludo(mas não tenho certeza) com uma máscara dourada. Ela tira a máscara e a manta com capuz e mostra ser uma feiticeira. Começando seu ritual. Figurino muito bonito. Gostei muito da escolha das cores da saia. =) Entram as outras bailarinas. Depois do Apsara,parece que esse lance de "sacerdotisas de Avalon" virou moda ,né? rsrs =P Entra a parte da fusão indiana (também na moda). Fan veils também não podem faltar hehehe E cobra! A parte mais legal, para mim, foi o trio com as cobras e o final. O final ficou bem interessante, pois pareceu uma pintura em movimento.

Carine Würch: Como eu gosto destas apresentações ritualísticas, esta logo me chamou atenção. Achei tão lindo o figurino, gostei da vibe do grupo, dos desenhos coreográficos no palco. É algo mais teatraal, mas achei bem bonito.
 

Donna Mejia


Aerith: Adoro ela!  Visual sempre bem afro e clean ao mesmo tempo. Cabelo com dreads. Visual valorizando os movimentos. Ela escolhe muito bem os movimentos com o seu tipo corporal e técnica. Adoro a técnica dela. E para sua idade de mulher madura ela faz muitas coisas loucas, como nos mostrou no início da apresentação. Ela mostra muito do gingado afro, mostra sua personalidade na dança! É algo que as pessoas não reproduzem por ai. É único e com certeza deveria ser mais estudada, principalmente aqui no Brasil em função das nossas origens ;) Talvez uma boa pedida de workshop para a galera, não? Eu gostei muito da segunda música onde ela mostra mais do folclore...posso estar enganada, mas é dança da Núbia? Ela se desequilibrou uma hora e fiquei até pensando se era parte da coreografia ou não rsrs Mas ela consegue contornar muito bem o ocorrido de forma bem descontraída =)

Carine Würch:Vindo dos seus estudos das danças africanas, ela fez uma apresentação forte, cativante, com movimentos muito bonitos e precisos. Gostei das várias misturas musicas.




Ebb & Flow




Aerith:O vídeo começa e você pensa "Conheço essas pessoas..." Ai você se liga que são bailarinas do FCBD xD rsrs Eu adoro essas saias do Rajastão. São lindas! Acho que é uma boa pedida para os ateliês brasileiros importarem hohoho =P


O que me chamou a atenção neste vídeo foi por volta de 4:07, em que as bailarinas do coro de trás mudam de parceiras e estas bailarinas começam a fazer cada qual uma coisa...fiquei pensando... "Pode isso , produção?!" O legal foi quando todas se encontram na dança, por volta de 4:40, todas de costas. As bailarinas da frente começam a dançar e vão para trás e as bailarinas de trás vão para frente. Gostei muito dessa idéia para o ATS! Gosto muito das novidades coreográficas que o Tribal Fest nos mostra. Novas possibilidades! E não aquela coisa de estar "seguindo a cartilha". Depois quando todas se alinham em uma mesma sequência vemos claramente que elas montam seus grupinhos, mesmo estando em linha reta! Vemos claramente 3 grupinhos: os dois da ponta com duas pessoas e o do meio com três. Ai elas parecem fazer uma brincadeira daquela de potinhos onde você coloca um objeto embaixo e embaralha para saber em qual potinho está o objeto (escravos de jó!): "Há! Te peguei!! Onde está minha parceira?" Depois elas rodam, uma por uma , acompanhando a música! Adoro esse tipo de leitura musical *___*

Carine Würch:A música é a primeira coisa que chama muita atenção!! Bonita movimentação e formação do grupo, com trabalhos no solo também. Grupo lindo e cativante. Adorei os joguinhos entre os grupos que se formavam, a movimentação no palco.

Jaydee Amrita



Aerith: O figurino é perfeito!  O melhor figurino com a temática egípcia que já vi!! *---* Adorei o início de perfil, remetendo aos desenhos feitos pelos egípcios e tal perspectiva. Tudo estava lindo até 4:04, quando ela começa a fazer fusão... indiana?! Não entendi!! O tema é Egito ou Índia? Não gostei porque fugiu de mais a proposta inicial. A dança em si é boa. Mas como um todo, deixa a desejar.

Carine Würch: Lendo a explicação do vídeo você até entende o que está acontecendo, mas de início, eu entrei pra olhar o vídeo e vejo alguém com figurino (lindo) egípcio, dançando com uma fusão indiana? Aquilo me deixou confusa! Rsrsrsrs  Movimentos precisos e bem limpos. Tirando esta confusão visual que me incomodou um pouco, eu achei muito legal a apresentação

Lucine Dance



Aerith: O figurino é lindo. A escolha das cores, marrom e dourado combina e me agrada. O sutiã com faixa transversais ficou legal.Uma peça interessante que me chamou a atenção foi o uso de franjões de canutilhos, retornando a algo bem cabaret, no sentido de dança do ventre, mas vale o duplo sentido tabém rsrs A única coisa que não curti muito do figurino foram as estrelas, por parecer que a inspiração foi meio demais para o Gold Star Company da Kami Liddle...acho que estrelas na cabeça e no cinto foram exagerados, mesmo justificando o tema e nome da coreografia "Bathed in Starlight"; mas gostei do cinto de fivela , ficou charmoso. 



A música é fofinha e realmente lembrando estrelinhas tilintando. Gostei muito de toda a coreografia. É muito bem executada; não dá sensação de cópia.  Tem momentos em grupo e mini - solos, mostrando um pouco da personalidade de cada bailarina.



Carine Würch:Achei uma apresentação bem gostosinha de assistir!!! O figurino e a música estavam bons, e elas estavam bem sincronizadas, e tinham carisma pra me prender. Filhotinhas do Datura estão seguindo bem os passos! Hehehehe




Mardi Love & Friends


 



Aerith: Mardi sempre elegante! Mardi é a elegância e bom gosto em pessoa. Acho que nunca a vi usar um figurino esquisito. Ela divou com seu assuit em tons claros. Uma peça que sempre confere elegância e acho que já virou a marca registrada da Mardi, ao meu ver, além dos lenços pendurados do peito a cintura. Dessa vez ela mostra um design diferente da amarração do lenço: os dois presos em cima, arredondando embaixo, próximo a cintura.Quando ela gira você repara que o lenço está amarrado atrás e preso ao cinto. Ao girar dá um efeito bacana entre os lenço da parte anterior e posterior. Além do body-chain . Acho que a Mardi foi a primeira a usar, certo?


A coreografia é linda e perfeita para a música! Eu só achei que ficou meio "farofa"...era muita gente em cima daquele palco...e isso poluiu visualmente a coreografia, deixando passar a verdadeira beleza dela. Tiveram momentos que virava um bololo só. Acho que a Mardi pecou apenas nisso. Penso que poderia aproveitar as idéias da RB em relação a colocar muita gente no palco^^. 


O Tribal Fest com certeza dita tendências...e já vemos que a volta as origens tem se mostrado cada vez mais: origens folclóricas!
 

Carine Würch: Eh povaréu lindo! Adoro! Cada uma pode aparecer com sua marca, com seu jeito de dançar, mesmo em grupo.


Mat Jacob and Friends


Aerith: Quando o vídeo começa você pensa: " Eita, conheço essas pessoas!!" A primeira que você encontra de cara é a Amy Sigil, do Unmata...ai você vê que tem outras unmatianas também por perto. Logo depois você vê a topetuda da Zoe Jakes! E do lado esquerdo dela está, timidamente, a Alexis Southall (UK). Logo, sobre a Mat Jacob que é a altona perto da Alexis...ai você pensa que já a viu em algum lugar! Siim!! Ela dançou com a Kami Liddle um dueto no The Massive Spectacular, lembram??? Mas ai lembro que eu não gosto muito da dança dela...acho ela meio bruta  e ela dança com pessoas com muita delicadeza. Eu acho que ela dançando junto com Unmata realmente me fez lembrar que esse é o tipo de dança que o corpo e estilo dela parecem se desenvolver melhor. Você pode estar pensando..."O quê elas estão fazendo juntas? ITS! Estilo Unmata. Depois entra uma dupla e eu penso "Shae" de Game of Thrones. rsrs =P

A coreografia é muito bonitinha...as meninas são muito delicadas e graciosas, e a Mat é meio durona...achei legal os momentos rápidos e bruscos, mostrando que ela soube adaptar o jeito e estilo dela a proposta da coreografia. Mas desde que essa segunda parte do vídeo começou eu não prestei muita atenção pensando vislumbrada no "prato principal". Foi tão legal!! *em transe* (Unmata+Zoe+Alexis)

Carine Würch:Apesar da proposta bem diferente da Mardi, que veio com uma música mais folclórica, eu adorei ver este grupo no palco.

MoonDacer


Aerith: A primeira coisa que me chamou a atenção foram os dreadlocks estillo cyber-gothic. Realmente algo que estava muuuito sumido na cena tribal. Gostei da sequência inicial em que a dupla fica no meio e forma-se dois grupinhos em cada lado do palco com véus. Simples, mas criou um efeito bonito. Há um momento em que as meninas puxam lenços brancos do quadril da bailarina "principal". Os lenços estavam dando efeito na saia dela...e achei bem bacana essa "sacada". Elas giram ao redor da "principal" , fazendo uma espécie de mureta com  os lenços. Depois jogam os lenços e se enfileiram atrás dela. Apesar do efeito com mãos ser algo manjado, achei super sincronizada, conferindo um lindo efeito de palco. 

A segunda parte é com espadas. É bacana ver como conseguem dançar equilibrando as espadas muito bem =D. No final, pegam mais um lenço preto escondido e amarrado a cintura.


Carine Würch:Olha, a primeira parte eu achei um tanto bizarra, como diria a Mariah, mas eu gostei da parte das espadas. =) Mas nada a ver aquele visual mega dark... rsrsrsrs Sei lá, não entendi bem a proposta.




Moria Chappell & Wild Saffron


Aerith: Os figurinos são lindos! A primeira impressão é a que fica! Apesar de eu achar que as saias roxas ficaram mais em destaque do que as marrons...Talvez as de roxo sejam as convidadas. Aliás, esse tipo de marketing acaba dando certo para um grupo, caso ele precise de um up. Mas deve ser feito em toda a coreografia e não apenas uma parte...porque você fica tão hipnotizado com a parte das convidadas que a parte sem elas fica sem sal.

Eu gostei bastante da primeira música. Bem delicada e dando margem para a fusão Odissi. Acho que depois que Moria começou a fusionar com essa dança indiana,sua dança  começou a ficar mais forte e peculiar...antes eu achava ela sem identidade no tribal e a mais sem graça do BDSS. Mas hoje curto muito o estilo que ela vem desenvolvendo.

A segunda música lembra algo circus/ dark cabaret...e o trio de marrom permanece no palco. E ai entra em cena nossa segunda peça chave: NagaSita! Carregando leques de plumas. A partir daí você começa a pensar sobre o tema...talvez um show de atrações...como nos séculos passados eram os circus?E logo depois aparece sua dulpa: Moria! Fico pensando que essa dulpa é tão boa junta que a NagaSita poderia fazer parte do BDSS já que o grupo anda com idéias tão sem graças após a saída de várias bailarinas ícones...

Ai o grupo de marrom ressurge...e o carinha aparece com um troféu na cabeça?! WTF! Que porra é essa?! Achei tosco, apesar da simbologia. Volta a fusão indiana. A Moria troca de roupa e mostra sua destreza na dança. A cena no final é a mais bonita. Eu não conheço a crença indiana, mas já vi algumas gravuras com deuses com vários rostos...talvez eles tivessem representando isso. É legal ver essa "pintura" no final.

Eu só não gostei muito que parece que a Nagasita e Moria investiram muito mais nessa dança como convidadas especiais do que no Apsara, grupo da NagaSita...até agora não saiu vídeo.=´(


Carine Würch: Wild Saffron – (Açafrão Selvagem) é uma combinação de bailarinos de Temple Fusion e Art Noveau. Eu gostei do início, eles parecem estar pisando na água, ficou muito legal! O grupo é bem performático, e para a proposta sugerida, ficou bom. Achei bem linda a apresentação com as plumas! Amei e achei lindas as posições com as mãos! A parte com a baita mais forte eletrônica, no começo incomoda um pouco, mas se tu analisar o que realmente está acontecendo, e não só te deixar levar pela música e achar que o”santo está baixando”, rs, dá pra ver que tem vários movimentos limpos, apesar daquela confusão toda...

Mountain Tribal  Gypsy




Aerith: Achei a dança charmosa. A rodinha do início é muito bonitinha. Eu achei elas bem a vontade no palco e isso é gostoso de sentir.

A segunda parte é com movimentos de saias. E achei a proposta gypsy tudo a ver com o grupo e tema do festival! A música cigana é sempre muito gostosa de ouvir e acho que o grupo conseguiu dançar da mesma forma. Não é um grupo técnico, mas que dança com paixão.

Carine Würch: Eu quero ser uma vovozinha tribal! Que amor e que coragem, quando a maioria de nós já acha que é velho demais, para qualquer coisa, a gente vê uns vídeos de pessoas mais idosas indo pro palco do Tribal Fest! Lindo o trabalho com as saias. Uns amores. O tribal é para todos.

Valdi Lima: Eu não conhecia o grupo, mas esse vídeo foi suficiente para me apaixonar e querer saber mais sobre elas!

O figurino é muito colorido e notei que cada uma usa uma cor de saia diferente e isso ficou realmente muito bonito no palco.
Gostei muito da primeira musica, lembra algo Bollywood, animada e com ritmo bem marcado.

De início elas fazem uma roda, mas não é uma roda estilo Pião do Baú tipo "vamos girar e do jeito que parar está bom". Não. É uma roda parada estrategicamente para que o publico tenha visão de todas as integrantes, algumas de frente, outras de costas, outras de lado. Particularmente, acho isso bem interessante, assim conseguimos visualizar o mesmo passo executado de ângulos diferentes!

Aos 1:45 elas iniciam o Dragonfly, um passo fofo de ATS® que eu ADORO mas que é pouco (ou nada) usado pelos grupos no Brasil... É um passo muito simples, basicamente focado no movimento dos braços que, segundo Jennifer Nolan (Tamarind Tribal) devem ser "fortes e elegantes", mas apesar da simplicidade do passo, o movimento definido dos braços associado ao Arabic Shimmy passa realmente a impressão de libélulas* voando! E o mais divertido: elas fazem o Dragonfly em roda e com uma variação delas, o que ficou um charme. (*Dragonfly: do ingles, libélula)

Na primeira parte da apresentação, além de alguns passos de ATS®, elas também usaram passos de Dança do Ventre e Bollywood, numa coreografia que, apesar de simples, ficou gostosa e divertida de assistir.

Vou agora abrir um parêntese para o "DJ Cutelo", pois é assim que eu chamo a passagem brusca de uma música para outra. Não parece que a musica foi editada, e sim cortada com um facão para então pular para a segunda parte... Ok, observação desnecessária, mas edições feitas por "DJs Cutelo" realmente não tem como passar despercebidas...

Bom, voltamos ao encanto do grupo!

A segunda musica é a lindíssima "El Flameno de Rumi" e elas dançam graciosamente movimentando suas saias! Aos 5:54 elas fazem o "Double Back with Half Turn" (ATS®) mas numa variação bem criativa, segurando e movimentando as saias conforme o movimento dos pés, o que deu um efeito muito bonito no palco.

É nítido que algumas integrantes tem mais técnicas do que outras, assim como também é nítido que todas elas tem a mesma importância na coreografia, elas se misturam e se revezam para que todas ocupem as varias posições do palco, sem preferência ou destaque para aquela que tem mais técnica ou a cintura mais fina.

Além de usarem passos do ATS®, elas também demonstraram viver a sua filosofia, a igualdade entre as integrantes, e a importância individual de cada uma sem precisar destacar nenhuma, fazendo a unificação do grupo emanar uma energia leve e alegre!
Será que a coreografia seria perfeita se não contasse com a participação das integrantes que tem menos domínio corporal e técnica??? Talvez... Mas certamente não seria tão encantadora, porque o que prende a atenção em um vídeo de dança não é apenas a técnica, e sim a graça, o encanto, a entrega, a alegria de estar dançando, e essas sete mulheres juntas conseguiram prender minha atenção e me encantar!

A tempo: estou completamente apaixonada pela saia berinjela... <3



Next Generation of Tribal Fusion Bellydancers





Aerith: Achei uma apresentação bem alto astral! Curti assistir. Muito bem desenvolvida =) Tiveram alguns momentos que ficaram embolados, mas a energia do grupo era tão boa que acho que isso passou despercebido. Elas mostraram várias fusões que as bailarinas costumam fazer: hip hop, cabaré, oriental,etc

Carine Würch:O que eu gostei foi a proposta de juntar alunas das principais professoras, mesmo nos mais diferentes lugares, via skype, vídeo, ou sei lá e se apresentarem. Ficou legal a proposta, mas dava pra ver que não estava tudo sincronizada, como se elas tivessem ensaiando muito junto (até porque não o fizeram, rs).




Rachel e Ashley Lopez

http://youtu.be/CzqoniWed-g

Aerith: Lindo dueto! O que mais me chamou a atenção foi o figurino, por dar aquela sensação de saudosismo. Quanto tempo já faz que a Rachel não usa aquele penteado, gente! E o cinto  vermelho dela com franjas de lã e xale!! Fiquei feliz dela relembrar o visual "tradicional" do tribal fusion, mais ligado ao ATS. A música é muito fofinha, caixinha de música, lembrando algo de infância, por isso acho que rola esse lance de saudosismo. Para mim a dança refletiu algo como se Ashley Lopez representasse a nova geração e a Rachel a antiga. E esse lance de inspiração, pois a Ashley seria a gente,alguém que almeja ser alguém como a Rachel, tendo-a como ídolo e, por isso, treinando a técnica para alcança a perfeição dos movimentos.


 Carine Würch:Lindo dueto! Linda música e figurino! E depois a improvisação do grupo, com aquelas saias indianas, estavam lindíssimas e divertidas!
 

Rachel Brice & Datura


Aerith: A primeira parte do Datura já deixa a gente com brilhinhos nos olhos! Elas arrasam em figurinos. Datura transborda no figurino com lindas saias indiana e lenços na cabeça. Ficaram lindas e a cara da Rachel Brice. De início a RB já nos mostra a reverência à base, ao ATS. O que acho legal dessa formação é por lembrar muito a raíz do tribal. Essa coisa de bailarinas no centro "brincarem" entre si e as das laterais tipo "torcerem" por elas, sejam tocando snujs ou fazendo "lililis". Vemos isso não só no ATS mas lááá nos primórdios da humanidade..brinks...lá no Bal Anat de Jamila também! Como a RB fez parte do Hahbi'ru ela tem essa essência em sua base. O que na verdade...isso é algo que vemos em várias tribos, tanto do Oriente Médio quanto de povos da Índia...sempre há esse ar de estar em família...de todos estarem festejando juntos, desde as mulheres mais novas, crianças e idosas, além dos homens tocando instrumentos e hora dançando. =)

O legal do Datura é que você não conhece ninguém lá xD O rosto do grupo é a alma da RB . Mesmo mudando os integrantes ele se manterá o mesmo! Apesar de agora enxergar as meninas do Lucine.  Gente acho a bailarina negra linda!!! Eu acho ela tão exótica, no bom sentido.^^ Ela dá um charme ao grupo.

A segunda parte do  Datura começa com o solo da RB. E ela está toda florida. Algo bem vintage, não? E bem a cara dela. Essa música me lembra gotas caindo num pote de barro xD E é legal para se mostrar técnica. Coisa que a RB faz muito bem. Técnica com quadril. Altos shimmies, ondulações de barriga e shimmies de barriga. E o melhor...shimmie+cambret! O mais legal desse solo são os shimmies! hehehe As variações de tempo deles se encaixam perfeitamente com as nuances da música.

Todas voltam ao palco bem aflamencadas (ou apimentadas rsrs =P) com xales sobre os ombros e amarrados na cintura. A música é mais balkan. O legal da música é a leitura musical. A RB é mestra nisso...ela faz movimentos de "a fila anda" de forma bem interessante, criando vários grupos no palco e cada um deles é responsável por uma parte musical. O grupo da frente lê  um detalhe da música (a mais lenta) e os de trás a mais rápida. Há um momento de solo. O instrumento principal (violino) permite o solo da bailarina e assim as outras bailarinas se aglomeram formando o "pano de fundo" atrás desta. Depois vai para a "dança das cadeiras" e quem fica em evidencia é RB. O legal das bailarinas de fundo é justamente os acentos da música na hora certa dando a sensação de que a música sai de suas formas/corpo. Lucine ( o trio) vai para frente e dale derbak. O desenho final é lindo. Pose para foto.

Carine Würch: E aí vem a segunda parte... com um figurino mais lindo ainda! Amei a formação do palco com os lenços, destacando as que dançavam, e ainda assim mostrando que estava atrás, tudo lindo! Rachel Brice, meu amor sempre. Tem MUITAS MUITAS MUITAS baiarinas maravilhosas, mas eu amo aquela magricela! Eh que ela é meu primeiro amor... aí já viu... rsrsrs

Solstice


Aerith: Essa performance também foi apresentada no Massive. Então não é algo tão inédito e exclusivo.

Mas Sera é ninja! O que ela faz não dá para copiar. Ela realmente  quebra conceitos. O visual é bem diferente, lembra algo medieval e ao mesmo tempo moderno.
No início elas estão todas iguais. Em ritmo militante.

Interessante o trio que se forma atrás  da fileira  frontal. Logo depois elas se misturam a fileira. Sera se rebela e tira a parte do tecido que cobria a barriga, sendo a bailarina diferente.
Sera começa um solo muito doido! Ao meu ver parece uma rotina do dia -dia...porque tem um momento que ela "pede tempo" para parar, mas não consegue sair do ciclo vicioso-frenético da rotina dos dias de hoje...e tudo vai se acelerando, acumulando, e tornando-se mais estressante. Até que ela dá uma tragada profunda, quebrando a rotina.

Carine Würch: Muito legal o jeito de explorar a música, com a formação dos passos e a formação coreográfica, ficou muito legal. Sera dá show de criatividade. Lindo trabalho coreográfico. Bem mais corpóreo e contemporâneo do que quando eu penso em assistir algum Tribal, que me remete ao Fusion e ao ATS.

E então, o que acharam das apresentações de sexta-feira? =) 

Com-tradições do Tribal Brasil

por Kilma Farias

Podemos pensar a dança Tribal como uma extremidade da Dança Moderna americana que se dissolve em diálogos diversos em época de pós-modernidade.
No texto Tribal Synergy 2, com Paulette Rees-Denis e Kajira Djoumahna, vamos encontrar a seguinte referência à Dança Moderna, “Paulette e seu companheiro bailarino/professor Patrice Hawkwood Schank têm pesquisado  o ATS como uma evolução da dança moderna americana, voltando-se para esses dançarinos do início do século XX, como Ruth St. Denis e Martha Graham. ‘É emocionante’, diz Paulette, ‘ver a evolução do Tribal Belly Dance como uma forma de dança moderna. Nós não somos tradicionalistas como um todo, apenas buscamos continuamente formas de nos expressarmos.’[1]
Ao observarmos a trajetória artística de Ruth St. Denis, uma das pioneiras da Dança Moderna Americana, ao lado de seu companheiro Ted Shawn, vamos contemplar uma história de encontro com o espiritual através da dança, indo buscar fonte de inspiração em diversas danças étnicas a exemplo da Egípcia, Indiana, Flamenca, Tailandesa, Chinesa, entre outras. Na Denishawn School, passaram nomes como Martha Graham e Doris Humphrey. Ruth St. Denis ficou conhecida pelos seus solos, a exemplo de Rahda (1909) e The legend of the peacock (1914), onde retratava a “complexidade e autonomia das mulheres.” [2]Esses solos em muito se assemelham à estética do que conhecemos hoje como Tribal.
Ainda em Tribal Synergy 2, Paulette Rees-Denis comenta “Vamos nós mulheres bailarinas governar o mundo e ele seria um lugar muito diferente para se viver!”[3] Esse pensamento que traz a mulher como líder, à frente de seu tempo, é uma constante no Tribal. Talvez como uma herança deixada por Ruth St. Denis.
 

Jamila Salimpour e seu grupo Bal Anat nos ofereceram um legado de muitas tribos, unindo tradições pelo movimento e evocando o culto à deusa mãe. A personificação dessa deusa se dava através da utilização da máscara como elemento de identidade mística que, através desse acessório, conferia à bailarina que a usava uma expressão divina.
De Carolena Nericcio às inovações de Illan Riviere ou Zoe Jakes, um mundo de identidades se imbricam pelo simples contato. O Tribal Brasil surge da fricção dessas referências com as danças populares e afro-brasileiras, não como uma tentativa de negar a cultura norte-americana, mas no sentido de abraçar e reafirmar essas mesmas referências aliadas a inúmeras outras.
Se pensarmos a tradição como aquilo que se vive, iremos nos dar conta que esse viver molda a cada dia novas tradições. E é imerso nesse constante renovar-se e reinventar-se que o Tribal Brasil constrói imagens, provoca percepções múltiplas, rascunhando assim sua tradição.
Uma das mais geniais características do hibridismo é a capacidade plástica da arte ser plasmada sob diferentes parâmetros culturais, buscando sua essência mais nas intercessões do que em conceitos fechados. Teorizar sobre o Tribal Brasil é viver as diferentes possibilidades de reinventar e traduzir tradições próximas e distantes, das comunidades afastadas dos centros urbanos e da cultura da rua, das grandes metrópoles. Uma dança que se molda a cada novo movimento, a cada nova possibilidade de investigação, mas que reconhece e reafirma, pelo movimento, um legado que vem da Dança Moderna Americana, atravessando muitas tribos ao longo dessa nossa história, como o Fatchance Bellydance, Gypsy Caravan, Ultra Gypsy, The Indigo, Unmata, Deshret Dance Company, Datura, e muitas outras, em diálogos abertos com etnias e técnicas diversas e as danças populares e afro-brasileiras, em um pensamento globalizado, com as danças do(s) mundo(s), sejam eles reais, imaginados ou ainda nunca sonhados.

 _____________________________________

* Kilma Farias é graduada em Comunicação Social-UFPB, autora do livro "Dança do Ventre da Energia ao Movimento", publicado em 2004 pela Editora Universitária-PB, cursa Licenciatura em Dança-UFPB, bolsista do projeto de extensão ContemDança 2 (videodança), pesquisadora das danças do Oriente Médio, populares e Afro-brasileiras desde 2000, sistematizando desde 2003 o estilo de dança híbrido denominado Tribal Brasil. Vem divulgando essa nova proposta de movimento em todo o Brasil e alguns países como Perú, Argentina e Estados Unidos, e através de 2 DVDs didáticos. Diretora da Cia Lunay e proprietária do Studio Lunay em João Pessoa-PB, integra o grupo SIX, em São Paulo, composto pelas seis maiores expressões da Dança do Ventre e Tribal do Brasil. Colunista da revista Shimmie-SP, possui diversas matérias e entrevistas publicadas em revistas nacionais e internacionais, a exemplo da Fuse: a tribal and tribal fusion belly dance mgazine e Yallah Magazine,ambas dos Estados Unidos.




[1] Tradução minha: “Paulette and fellow dancer/teacher Patrice Hawkwood Schank have researched ATS as an evolution of American modern dance, going back to such early twentieth century dancers as Ruth St. Denis and Martha Graham. "It is exciting," Paulette says, "to see the evolution of Tribal Belly Dance as a modern dance form. We are not traditionalists as a whole, just continuously searching for ways of self-expression.”, disponível em <http://www.blacksheepbellydance.com/writings/files/synergy2.html>, acesso em 05 de jul. de 2014.
[2] Disponível em <http://tribalmind.blogspot.com.br/2011/01/ruth-saint-denis.html> , acesso em 05 de jul de 2014.
[3] Tradução minha: "Let us women dancers rule the world and it would be a very different place to live!"



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