Intenção - O Ingrediente Especial

por Hölle Carogne


Intenção:
(Etm. do latim: intentio.onis)
1. Resultado da vontade depois de admitir uma ideia como projeto = desígnio, intento, propósito, pensamento.
2. O próprio fim a que se visa.
3. O que se almeja (conscientemente ou não), vontade, desejo.
4. Aquilo que se utiliza para produzir alguma coisa ainda que esta não se realize.

Quando criança, passei por uma experiência que me fez acreditar que a intenção é o ingrediente especial de tudo que se cria.

“Minha mãe havia saído e estava se demorando a voltar para casa. Eu estava muito preocupada, pois ela nunca ficava fora por tanto tempo. Então, minha avó me orientou a fazer um nó em alguma peça de roupa dela, pois ela logo chegaria. Então, ao amarrar com força uma blusa laranja, pensei: ‘Tomara que essa simpatia dê certo! Espero que minha mãe volte para casa, agora.’ Em poucos minutos, minha mãe estava chegando em casa.”

Durante muito tempo fiquei confabulando: Ou minha avó era uma bruxa; ou a simpatia dava certo mesmo (não deu em outras ocasiões); ou ‘o querer’ tanto que minha mãe chegasse, fez com que ela estivesse em casa antes do limite do meu desespero; ou ainda, foi só uma coincidência.

Óbvio, que se este episódio tivesse ocorrido durante minha vida adulta, escolheria a última opção (coincidência). Porém, minha escolha como uma criança de 8 anos foi pensar e acreditar muito que a intenção de querer que minha mãe voltasse logo, realmente a fez voltar. Desde então, comecei a desejar pequenas coisas ao criar outras. Tudo passou a ter um propósito. E com o tempo, isso virou um hábito.

A intenção, para mim, é como uma “força” ou “energia” que, de forma simples e eficiente, motiva a criação de algo bom ou ruim.

Por exemplo:
“Vou fazer um bolo porque minha irmã virá me visitar.” (o simples fato de fazer um bolo).
“Vou fazer um bolo, que ficará lindo e delicioso, e que tornará a tarde com a minha irmã ainda mais agradável.” (o fato de fazer um bolo + desejar que ele fique bom + querer que a tarde seja mais agradável).
“Vou fazer um bolo, mas como não sou boa na cozinha, ele não ficará tão bom.” (o fato de fazer um bolo + ter, antecipadamente, uma desculpa para a minha irmã caso o bolo fique ruim).

Tá. E porque estamos falando sobre isso em uma coluna que trata de “Dança & Ocultismo”?
Pelo simples fato de que considero a Dança uma criação artística e a intenção o seu ingrediente especial, o seu tempero.

Há alguns anos venho filosofando comigo mesma sobre este assunto e observando o que costuma ou não funcionar. Achei que desenvolver minhas conclusões sobre este tema poderia colaborar com a realidade de cada leitor/bailarino, ou, ao menos, tornar-se um bom motivo para novas e produtivas discussões. É importante frisar que a teoria compartilhada aqui é parte de experiências inteiramente pessoais, e que por este motivo, pode não se encaixar com a sua realidade ou não ser compatível com as suas opiniões. A ideia é debatermos e deixarmos esta coluna mais interativa.

Sempre considerei a Dança como uma forma visceral de expressão. Sinto que todos os elementos que envolvem esta arte colaboram para que o bailarino possa se comunicar intimamente com o público. Porém, percebo que, principalmente na Dança Tribal, onde a estética é algo muito importante, e os enredos são muitas vezes recontados, pois têm sua origem em mitos ou lendas, torna-se um pouco difícil reconhecer uma intenção, um propósito pessoal naquilo que se dança. A intenção pode caminhar de mãos dadas com o enredo. Ou não. Por exemplo, um bailarino dança representando um pássaro. Caracteriza-se de pássaro, estuda os trejeitos, encarna as expressões. Ele torna-se um pássaro. No palco, ele é um pássaro e convence o público disso. Porém, porque ele quis ser um pássaro? Qual a sua intenção em se parecer, se mover, sentir como um pássaro? O corpo expressou sua vontade e isso ficou visível para o público. Mas o que a mente consciente expressou? O que você quer dizer com a sua performance? Você quer dizer alguma coisa?

Um exemplo clássico e interessante do uso da intenção está na palavra “Abracadabra”, que segundo uma possível origem vinda do aramaico, significaria “Eu crio enquanto falo”.
Esse exemplo ilustra o ato de falar carregado de intenção e energia; a palavra repleta de significado consciente. Da mesma forma que é possível criar enquanto falamos, creio que é possível criar enquanto nos movimentamos.

Na minha opinião, quando uma pessoa dança, ela pode usar dois tipos de movimentos: os instintivos e os que ela aprendeu e estudou (aqueles que fazem parte de um conjunto já existente, pois foram criados por outra pessoa e já são usados em diferentes tipos de trabalhos). A linguagem dos movimentos instintivos é inconsciente e, por isso, está repleta de significados que podem passar despercebidos. Mas e aqueles movimentos que não são instintivos? Os que você aprende em sala de aula e vem se empenhando em executar com perfeição. Que linguagem eles têm? Bom, aí é que está o segredo. Eles têm a linguagem que você imprimir neles! O corpo fala de forma inconsciente, mas fala muito mais se você quiser, conscientemente, que ele diga alguma coisa.Porque você escolheu esta música? Qual o motivo de estar usando este figurino e estar representando este personagem? Por qual razão você escolheu executar esse conjunto de movimentos e criar este enredo? O que você quer me dizer com a carne do seu corpo?Isso é investir com intenção em uma criação. Isso é comunicação.

Muitas vezes, a intenção que é depositada em uma criação, não é compreendida pelo espectador da forma original, ou de forma completa. É necessário ter um olhar muito crítico e sensível para perceber um propósito. Além disso, a arte abre um leque para várias interpretações. A grande questão é que, quando você quer dizer alguma coisa, alguém sempre vai ouvi-lo. Inclusive você mesmo.

A mística, muitas vezes, transcende o sobrenatural. Ela está na capacidade de perceber as coisas reais. De manipular as coisas reais. E de se comunicar de forma real.
A intenção é a partícula de ocultismo dentro de um processo de criação. E o ato de criar conscientemente é que leva você a comunicar-se de forma real com o outro.
Se não existir esse impulso, o que resta é somente um punhado de palavras e gestos, como milhões de outros dentro desta grande engrenagem.

Estas são as minhas conclusões. Qual a sua opinião sobre este assunto? Sinta-se à vontade para comentar e iniciar um debate aqui na página! Seja bem-vindo!



http://aerithtribalfusion.blogspot.com.br/2014/03/venenum-saltationes-por-holle-carogne.html



Venenum Saltationes
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Porto Alegre, RS

Notícia Tribal: A Maldição da Múmia - Vídeo Fotonovela SteamPunk


A Loja do Paraná do Conselho SteamPunk apresenta sua terceira fotonovela: A Maldição da Múmia, com a participação especial de membros do Paraná e Santa Catarina. 

Se você aprecia o steampunk,  vai adorar essa estória muito bem redigida e com efeitos de edição que se adequam perfeitamente ao estilo =) Vale a pena assistir! Além disso, a fotonovela contém a participação de várias bailarinas tribais brasileiras,como Bety Damballah, Mariáh Voltaire, Thaís Itapema, entre outras.

Direção:  
Carlos Machado e Cinthia Goch

Notícia Tribal: Alice in Wonderland - Trailer do Bellydance Evolution


Novo show do Bellydance Evolution, direção de Jillina( interpretando a "Rainha de Copas"), para 2014 e 2015. 
Neste show contamos com a participação de Sharon Kihara no corpo principal como a "Lagarta Azul" e de Frank Farinaro como participação especial. Para quem gosta de Alice no País das Maravilhas vai adorar a adaptação da história para o palco em forma de dança do ventre!


Trailer:



Entrevista #28: Mariáh Voltaire

 
Nossa entrevista do mês de Julho é a bailarina de Curitiba- PR: Mariáh Voltaire! Ela nos conta sobre seus projetos com a videodança,sua relação com a Arte, sobre o tribal realizado pelo grupo Damballah e muito mais! Bora ler? Lilililiiii


BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como tudo começou para você? 
Tudo começou com as aulas de Dança do Ventre, nem lembro exatamente em que época foi, acho que em 2004, mesmo período que conheci a Dança Tribal, por isso fui fazer Dança do Ventre. Lembro que fiz poucas aulas, porque eu achei um saco ter que ficar vendo a mulherada purpurinada competindo para ficar em frente ao espelho. Não era isso que eu queria para mim.

BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê? 
Não tive muitas professoras, as que eu posso citar são bem poucas, uma delas foi Tânia Fráguas, professora de dança Clássica indiana Barathanatyam. Lembro que as aulas com ela eram muito empolgantes, o espaço que ela dava aula era todo místico, gostoso, me sentia bem lá. Outra foi a Sharon Kihara, que tive o imenso prazer de fazer um work com ela em Lisboa, foi ótimo. Marcou-me a maneira como ela lidava com as alunas, não tinha o ego inflado sabe? Ela estava aprendendo tanto quanto nós.

BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Fiz durante um tempo a dança clássica indiana Barathanatyam. Pense numa dança difícil! Caraca sentia dores imensas nas coxas depois de cada aula. Creio que foi durante um ano; minha professora não tinha muitos horários e o espaço dela era meio longe; eu tinha a faculdade e o trabalho, por conta disso não consegui mais conciliar meus horários. Uma pena...

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Primeiramente foi o grupo FatChanceBellyDance, lembro de ter visto elas dançando pela primeira vez em um DVD que uma amiga da minha mãe mandou de Boston. Eu senti meu corpo ter uma sensação antes não sentida. Depois através das buscas pelo FCBD achei a Rachel Brice, fiquei encantada. Os movimentos precisos e sinuosos me encantaram imediatamente.

BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?
Um meio de eu me expressar, um refúgio, um amparo.

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
As possibilidades em você poder se comunicar sem ser através da linguagem oral, apenas pela linguagem do corpo.

BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação?Você acha que o tribal está livre disso?


Sinceramente, da cena da Dança do Ventre eu quase não sei de muita coisa. A impressão é que o ego fala mais alto do que as purpurinas dos figurinos! RS... Mas vendo pelo lado do tribal, isso também acontece, afinal, estamos mexendo com mulheres, com corpos, com autoestima. Tudo isso contribui para egos mal trabalhados no divã e vemos os resultados negativos em eventos, projetos e shows.

BLOG: Como é ter um estilo alternativo dentro da dança. Conte-nos um pouco sobre isso.
O meu estilo está pautado agora mais do que nunca na videodança, e como foi uma linguagem na qual fui pioneira dentro da Dança Tribal, me sinto livre para criar sem barreiras.

BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança? Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal?
Frustração: não poder viver exclusivamente da dança, afinal busco segurança. Preconceito? Sim, lembro de um episódio especifico, onde eu fui me apresentar com o grupo Damballah em uma festa, era um dos primeiros anos do grupo, novidade ainda. Nesse dia uma amiga estava sentada em uma mesa próxima de uma das mulheres que fez o seguinte comentário quando entramos: “Parecem um grupo de palhaças!”. Lembro-me de ter ficado com raiva e triste no dia, mas logo tudo passou afinal tudo que é novo incomoda.



BLOG: E conquistas? Fale um pouco sobre elas.
Um deles foi ter tirado o DRT de bailarina profissional, o que me dá alguns pontos quando vou concorrer a alguma vaga de professora de Arte, digamos que seja um plus a mais e também ter feito uma exposição no MAC – Museu de Arte Contemporânea do Paraná com a minha videodança - ISOLADO. Outra conquista foi a de poder me expressar através da dança, sentir meu corpo vivo, sentir que posso deixar outras pessoas felizes ao me verem dançar. Energia boa sempre faz bem!



BLOG: Conte-nos como surgiu o Damballah, a etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo e se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado até agora.
 
O Damballah efetivamente surgiu em 2005, mas ele já estava germinando muito antes disso. Foi através de um vídeo que recebemos de uma colega da minha mãe Bety Damballah que vimos a primeira apresentação de ATS. Lembro-me de ter ficado toda arrepiada. Foi uma sensação única, algo como a mistura de surpresa, choque e felicidade. O grupo em questão era o FatChanceBellyDance. O nome Damballah surgiu de uma lista que eu tinha com uma relação de nomes infernais; e o nome Damballah foi o que mais chamou atenção e quer dizer "o deus serpente do Haiti". 


BLOG: Conte-nos sobre suas fusões tribais com Steampunk? Como surgiu seu gosto por tal estilo e o porquê da fusão?
O estilo Steampunk eu conheci por acaso. Tínhamos um grupo bem forte aqui em Curitiba e me chamou muito a atenção todo o empenho do grupo em seus encontros, como os figurinos e a capacidade de encarnar os personagens que eles criavam. Participei poucas vezes, mas nessas participações sempre dancei, a parte que eu mais gostava.






BLOG: O Hafla do Dia de Los Muertos do Studio Damballah é um dos temas favoritos do grupo e também da maioria das bailarinas tribais. Então, na sua opinião, qual a ligação ou conexão do tema para com esta dança. Os haflas do Damballah voltarão? Eles são sempre tão criativos! 

Eu criei esses Haflas depois que eu voltei de Lisboa, pois lá aconteciam vários e eu vi neles uma bela oportunidade das bailarinas usarem sua criatividade em um ambiente mais íntimo. Deu super certo, porque a cada festa apareciam mais pessoas querendo ver e mais bailarinas querendo dançar. Sobre o Dia de Los Muertos ele chama atenção na dança tribal pela parte cênica, a maquiagem, os figurinos e não necessariamente pelo culto aos mortos em si. A intenção é que os Haflas voltem a acontecer. Paramos por falta de espaço em receber todos, mas agora estamos morando em uma chácara, espaço perfeito para tal temática não é mesmo? Aguardem...


BLOG Você foi uma das primeiras bailarinas do Brasil a se envolver com o estilo tribal. Como eram as informações sobre o estilo na época em que você começou a pesquisar? Como era visto a dança tribal naquela época e como hoje ela vem se apresentando na cena brasileira?
Sobre as informações, puxa, era bem diferente do que é hoje. Era tudo meio disperso e duvidoso. Os vídeos eram de péssima qualidade, as bailarinas pareciam borrões na tela do computador. As pessoas não entendiam a dança, quando falávamos que era Dança Tribal, logo imaginavam algo meio africano! rs... Lembro que na primeira apresentação do Damballah ninguém aplaudiu, imaginei um grilo cantando lá no fundo da plateia.



BLOG: Como é o cenário da dança tribal no Paraná? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade/estado, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?
Não é fácil, muitas panelinhas, pouco compromisso e muito menos união. A vantagem é que se você gosta de palco e não se importa de não ganhar cachê aqui a prefeitura ao longo do ano oferece vários festivais onde qualquer um que se inscreva possa participar e mostrar sua arte.

BLOG: Você é pioneira na arte da vídeodança inserida à dança tribal no Brasil desde 2010.  Como você conheceu esta ferramenta artística? Por que introduzir a dança tribal neste contexto? Qual o ponto de interseção entre as duas formas de manifestação artísticas? Onde elas convergem; onde se complementam? Como a cena brasileira se comporta diante desse novo conceito em dança?
 
Tudo começou quando fui a uma aula externa com a turma de bacharelado em Artes Visuais e a professora de crítica de arte Milla Jung no 63° Salão Paranaense. Deparei-me com um vídeo que me tocou de imediato, era o vídeo El tango del pasillo de Patricia Osses. O simples fato de ter um vídeo com dança dentro do MAC (Museu de Arte Contemporânea do Paraná) me intrigou. Não era apenas um registro de uma coreografia, tinha um sentimento, uma poética por detrás daquelas imagens. Descobri que era esse o tema para minha pesquisa acadêmica. Em algumas pesquisas incessantes, ansiosamente eu buscava o termo correto para o vídeo que eu vi de Patricia Osses, descobri que não era videoarte, nem uma simples performance, e em uma das andanças pelo meio virtual descobri o termo correto: videodança.

Depois de alguns meses pesquisando, decidi fazer meu primeiro experimento em videodança. A ideia principal do vídeo, por falta de experiência, foi de apenas capturar movimentos coreográficos isolados a fim de salientar cada movimento dentro da Dança Tribal e posteriormente trabalhar em cima de edições de imagem. Desses movimentos isolados nasceu meu primeiro experimento de videodança: Isolado. Com esse primeiro experimento busquei a diluição de fronteiras, onde eu possa comunicar-me com dançarinas de Dança Tribal do mundo inteiro de maneira que eu as faça compreender minha dança dentro desse universo tão amplo, sempre buscando o despertar de novas percepções e enxergar novas possibilidade de unir continentes e culturas de maneira mais intimista e poética. Desde então não parei as minhas pesquisas e também de fazer novas experiências.
  
BLOG: Conte-nos como foi a elaboração das suas videodanças; escolha da proposta, cenário, figurino, movimentos e edição, além do resultado final. Por que você acha a videodança uma forma de comunicação válida e que venha a acrescentar à Dança Tribal?
Em todo material que criei eu relativamente deixei a criatividade solta. Só na videodança "Pulsão" é que criei um roteiro, por assim dizer. Tudo muda na hora da edição. O que me importa mesmo são os equipamentos que são usados e como eu vou captar cada imagem, como por exemplo, os ângulos e os tipos de planos de filmagem.

A Dança Tribal e a videodança foram agrupadas por mim em um mesmo contexto de criação, onde a coletividade prevalece juntamente com as tecnologias de comunicação que busca no processo colaborativo ao desenvolver projetos multidisciplinares. Dessa forma enxerguei a possibilidade de diluir e deslocar fronteiras culturais, onde ambas interagem entre si, mas mantendo a configuração original de cada uma dessas linguagens. O atual contexto social dentro do cenário da Dança Tribal em todo o mundo é movido pelas relações de afinidades, ambições, desejos, boas e más condutas entre seus membros e, principalmente, pelo interesse na dança em si. Todas essas relações estão conectadas e são alimentadas por redes de informações através da participação, interação e colaboração de seus usuários. E por serem ambas artes que deslocam os limites de fronteiras, criei a necessidade de romper territórios e gerar novas ligações entre seus membros.


BLOG: Em 2013, você lança o projeto VTD (Videodança Tribal Dance),com o intuito de unir diversas bailarinas de diferentes localidades do país através da videodança em um único espaço e em uma única linguagem. Conte-nos um pouco de como surgiu a idéia do projeto, sua repercussão e como está sendo a realização do mesmo. O Projeto alcançou suas expectativas? Para quem não soube deste ou não pode participar, teremos outro projeto de videodança futuramente?
   
Surgiu quase de brincadeira, sabe que nem sei dizer ao certo. Já tenho tantas coisas para fazer no meu dia a dia e acabo arrumando mais essa!rs...  A minha maior motivação foi enxergar a possibilidade de unir bailarinas de diferentes partes do Brasil e porque não do mundo em uma mesma “coreografia”? Dentro de um mesmo suporte onde todas pudessem se comunicar através da linguagem da videodança, a busca pela ampliação e também de todas as possibilidades que a Dança Tribal poderia alcançar com o uso das tecnologias. Desse modo, fazer com que a Dança Tribal fosse vista por diversos ângulos e diversos olhares que proveem de diversas etnias, onde a dança e os corpos dessas bailarinas poderiam ser mostrados ao mundo de maneira quase que intima. “Por que não usar a arte para olhar o mundo, em vez de manter o olhar preso às formas que ela põe em cena?”. (BOURRIAUD).

Depois eu vi que esse projeto teria que ser bem fundamentado, que no fim virou o meu tema de pesquisa na minha Pós em Gestão e Produção Cultural. Estou fazendo toda a parte teórica para que todos entendam a seriedade da pesquisa, principalmente quem participou do projeto enviando seus materiais de vídeo. Aqui nesse projeto, as bailarinas são convidadas a fazerem parte da produção, onde os materiais de vídeo que foram enviados não façam com que essas bailarinas sejam apenas figurantes mas também co-roteiristas.

O projeto com certeza alcançou sim minhas expectativas, agora estou na etapa de fundamentação teórica e logo entrarei na etapa de edição e depois de divulgação. Está sendo bem demorado, mas está sendo algo de muita qualidade.

Do futuro eu já não sei, estou pensando em algumas parcerias com algumas bailarinas que também pesquisam a videodança, mas antes de pensar nisso quero terminar esse com chave de ouro.





BLOG: Em 2014, você foi selecionada para participar do Festival NO LAND : festival audiovisual itinerante. Conte-nos como foi a repercussão do seu trabalho neste festival e como você se sentiu ao participar do mesmo.
Esse festival foi muito bom para mim, foram dois dias inteiros de oficinas com pessoas que entendem do assunto. É impressionante que quanto mais você estuda sobre um tema menos você sabe. Tive o prazer de conhecer pessoas realmente ilustres nesse evento. Fiquei muito feliz da minha videodança "Pulsão" ter sido selecionada. Lembro que no dia me arrepiei ao ver a projeção da mesma em um telão de um teatro. Muda totalmente a percepção entende? Foi lindo! Lembro de todos ficarem quietos, não sei se isso foi bom ou ruim, mas depois recebi vários feedbacks positivos pelo facebook.

BLOG: Em 2014, você participou do espetáculo Notre Dame de Paris. Como foi sua participação neste espetáculo? Como foi a repercussão do público diante de sua apresentação?

 

Então, me convidaram para ser a coreógrafa da peça, que conta basicamente a história do Corcunda de Notre Dame. Lembro de ter ficado impressionada e assustada. No começo eu não queria, muita responsabilidade coreografar tanta gente, mas depois o diretor da peça, Sandro Tueros, me acalmou e disse que eu conseguiria. Encarei! Foi um grande desafio! Os atores eram ótimos, eu passei vários momentos rindo das palhaçadas deles. Mas eu queria mesmo era fazer a coreografia da cigana Esmeralda. A atriz que fez o papel é linda, olhos verdes, cabelos negros cacheados, perfil da cigana propriamente dita. Mas olha, é complicado ensinar uma coreografia que está pronta em sua cabeça para pessoas que não dançam habitualmente. No fim deu tudo certo, a peça foi um grande sucesso.



BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?
A possibilidade de ser quem você é. Digo isso porque no tribal fusion você tem a possibilidade de extrair aquele seu lado mais criativo, encantador, assustador entre outros e colocar tudo nos figurinos e na dança.

BLOG: O quê você acha que falta à comunidade tribal?
Vou ser bem direta: UNIÃO! Sem hipocrisia gente, mas não existe união, é cada uma na sua panelinha e pronto. A “união” da qual todas falam existe dentro da panelinha da qual você faz parte. Fora dela, hum... Sem comentários...


BLOG: Como você descreveria seu estilo?
Estilo “só danço quando tenho tempo”. Com os meus estudos e trabalho me falta tempo, por isso hoje em dia ando meio parada, não faço mais apresentações, estou totalmente envolvida com a videodança apenas. Mas eu sei que essa não é a resposta esperada. Eu gosto de tudo que seja muito étnico, que fale de outros povos, tanto na música quanto nos figurinos; quanto mais afastado da minha realidade cultural, mas eu gosto. Busco criar meu estilo dentro dessas vertentes.

BLOG: Como você se expressa na dança?
Hoje, através da videodança.
 
BLOG: Quais seus projetos para 2014? E mais futuramente?
Passar no mestrado, continuar dentro da minha linha de pesquisa em videodança e criar um novo projeto para o mesmo em 2015.
 
BLOG: Improvisar ou coreografar?E por quê?
Improvisar, porque no improviso seu corpo está livre de amarras, ele se sente à vontade de ocupar o espaço como bem entende, ele se multiplica através de gestos e movimentos inconscientes; movimentos guardados antes não desvendados; movimentos antigos antes desconhecidos. Na improvisação você não tem como fugir da sua essência corpórea.

BLOG:  Você trabalha somente com dança?
Sou professora de Artes. A Dança Tribal para mim não é trabalho, é só um meio que eu achei para eu me expressar.

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.
“... é preciso inventar modos de habitar o mundo.”
(BOURRIAUD, 2009). 

O meu eu já inventei!

Contato:
Tel:
  (41) 9986-9469
E-mail: 
mariahmarques85@gmail.com









 

Sobre o Flamenco - Origens - PARTE 4

Parte 4 de 4 | por Karina Leiro


O flamenco, expulso dos cafés pelo cinematógrafo e o cuplé, se reinventa para ocupar teatros e as praças das touradas. Essa etapa, que começa a partir da segunda metade do século XX, é conhecida como ópera flamenca. O flamenco se adapta aos novos cenários com orquestrações e estilos misturados que bebem do próprio cuplé e do folclore americano. Os artistas flamencos tornaram-se autênticos fenômenos de massa e, logicamente, foram criticados pelos puristas como traidores do “verdadeiro flamenco”. Alguns autores puristas dizem que a primeira etapa do flamenco no teatro foi positiva já que os valores tradicionais foram conservados, no entanto, mais adiante, as raízes do “verdadeiro” flamenco teriam sido desvirtuadas. Eles referem-se à etapa do pós-guerra e até meados dos anos 50, chamada ditadura do operismo, onde o fandango, música mais festeira e superficial, ganha primazia na expressão flamenca e onde aparecem atuações teatrais aflamencadas. As modificações relacionadas à readaptação do flamenco a um novo espaço, são criticadas em nome de um hermetismo que é defendido por alguns estudiosos e aficionados até os dias atuais, caindo muitas vezes num fanatismo que acaba por negar tudo que não seja aquilo que eles classificam como “tradicional”. 



A época chamada renascimento do flamenco, de 1955 a 1975 é assim chamada exatamente porque alguns estudiosos a consideram "uma retomada da expressão do verdadeiro flamenco que havia sido perdida na época anterior". O aumento progressivo do turismo nessa época foi motivo para a abertura de muitos tablados flamencos, sobretudo em Madrid e Barcelona, que atraíram artistas de toda a Espanha e, principalmente, como é lógico, de Andaluzia. Os cantores, com fonte de renda fixa, melhoraram sua situação social, tornaram-se conhecidos, gravaram discos de tiragem alta e, nessa época, começaram a surgir os festivais de flamenco. Muitos diziam que "o patrimônio cultural do flamenco estava a salvo e certamente pode-se considerar que nesse período foram fixados firmemente os alicerces da arte flamenca com vistas ao futuro".


Referências Bibliográficas

A ARTE FLAMENCA: ORIGEM. Disponível em: <http: www.   horizonteflamenco.com>. Acesso em 2008.
ALVARES CABALLERO, Angel. El baile flamenco. Madrid: Alianza Editorial, 1998.
AS ORIGENS DO FLAMENCO. Disponível em: <http: www.esflamenco.com>. Acesso em: 10 mai. 2008.
Arrebola, Alfredo. Origen del Flamenco. Disponível em: <http: www.folcloreyflamenco.com >. Acesso em: 20 junho 2008.
Calado, Silvia. Ares clássicos. Disponível em: <http: www.flamenco-world.com>. Acesso em: 10 junho 2008.
Clemente, Luis. Flamenco, um jovem de 200 anos. Disponível em: <http: www. flamenco-world.com>. Acesso em: 03 maio 2008.
FORD, Richard. Cosas de españa, aventuras de un inglés por Ia península ibérica a mediados del siglo XIX. Madrid: Ediciones B, 2004.
PARRA EXPÓSITO, José María: El compás flamenco de todos los estilos. Barcelona: Editorial Apóstrofe, 1999.
POHREN, Doun E. The art of flamenco. 1ª ed. Westport: The Bold Strummer, 1990.
ROSSY, Hipólito. Teoria del Cante Jondo. Barcelona: Gredsa, 1998.
POHREN, Doun E. The art of flamenco. 1ª ed. Westport: The Bold Strummer, 1990.

Flamenco, das origens à fusão
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Recife, PE
 

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