Look do Dia: Driih Najlah (SP)

Look do dia de hoje é da bailarina Driih Najlah (SP) =) Eu achei essa composição linda! As cores em tons pastéis ficaram leves, suaves e com muitos detalhes no figurino que, aliás, também é do Ateliê Tribal Skin.

Olhando os detalhes, observamos muitas pérolas no headpiece, com delicadas flores inseridas. O Top com pérolas, rebites envelhecidos e correntinhas,ficando muito harmoniosos com todo figurino.

Bailarina: Driih Najlah
Veste: Ateliê Tribal Skin
Acesse:
https://www.facebook.com/atelie.tribalskin.curta

Destaque Tribal Dezembro 2013: Jhade Sharif


Hipnotizante e com muita expressividade! A bailarina Jhade Sharif (RJ), emanando todo poder com uma performance dark fusion no I Festival Tribal Skin. Adorei a dramaticidade, força, imponência da apresentação, além de giros lindos e sequenciados, dando a ilusão de que ela estava  flutuando sob o chão ou com "rodinhas nos pés" rsrs

Entrevista # 22: Cibelle Souza


A última entrevista de 2013 é com a bailarina Cibelle Souza, de Natal, Rio Grande do Norte! Cibelle é uma das diretoras e coreógrafas da Shaman Tribal Company, que possui núcleos em Natal e Rio Claro-SP. Ela nos conta sobre sua trajetória no tribal fusion juntamente com a da companhia; sobre o Shaman's Fest e seus projetos futuros. Vamos conferir? =)

BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal. Como tudo começou para você? 
Comecei a dançar em 2003, dança do ventre, a convite de uma amiga. Passava por uma fase difícil na vida e achei que era um momento para novos desafios e a dança serviu como uma luva para este momento, pois ajudou muito a trabalhar minha autoestima, na época, muito abalada. Estudei dança do ventre por 4 anos, com AiniAshaki, seguindo por algumas escolas da cidade. Em 2006 conheci o tribal e me apaixonei.  Em 2007 passei a trabalhar apenas com o estilo e, em 2008, passei a integrar a direção da Cia. Shaman Tribal, a convite da Paula Braz e Ellen Paes.
  
BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê? 
Em primeiro lugar, AiniAshaki me marcou muito por me dar todos os nortes na dança oriental. No mundo tribal, tive a oportunidade de aprender com profissionais reconhecidas mundialmente, entre elas destaco sempre a Sharon Kihara, por ter sido meu primeiro contato real com o tribal fusion; a Ariellah, por ter sido aquela que mudou minha visão sobre o estilo me fazendo pensar no que poderia passar com minha dança (mais do que técnica corporal) e a Mira Betz, por me fazer re-significar a minha dança, a artista que existia dentro de mim. No entanto, cada profissional com quem tive a oportunidade de estudar me ensinou muito, cada uma a sua forma me fez rever a dança e crescer como profissional, sem dúvida.

 BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Fiz ballet quando criança, mas apenas por 6 meses. Fora isso, apenas dança do ventre por 4 anos.

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?

Minhas primeiras inspirações foram as mesmas que acredito terem marcado a maioria das tribalistas, Rachel Brice e Sharon Kihara. Atualmente, tenho me focado mais em desenvolver meu próprio estilo na dança, buscando novos caminhos e possibilidades dentro do que minha alma e coração me pedem, em vez de me basear em alguém específico.

BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?
A dança me trouxe mais autoconfiança, mais alegria, mais sentido e paixão para minha vida. Sempre senti um vazio dentro de mim e hoje sei que esse vazio era a dança.

BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
As possibilidades!! Poder me libertar e ser quem eu quiser através da arte; me desprender dos moldes do dia-a-dia, ser alguém novo em cada apresentação, cada criação.
 
BLOG: O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação?Você acha que o tribal está livre disso?
Acho que a dança do ventre ainda sofre muitos preconceitos, ainda sendo vista como uma dança sensual ou sexual, acima de tudo, pela grande maioria das pessoas. Além disso vejo muita competição, muito ego. Acho que isso mata a arte. No tribal, sinto dizer que tais fatos também se encaixam, talvez numa menor intensidade, mas estão lá. Acho que é nosso papel enquanto bailarinas e divulgadoras da dança buscar mostrar que a dança vai além disso, tanto da sensualidade quanto do ego. Dançar é escrever poesia através do corpo. No tribal, especificamente, o sentimento de grupo, o coletivo, deveria vir sempre antes do ego. É uma pena alguns denegrirem o estilo com picuinhas e individualismo, pois a beleza do tribal está, acima de tudo, no coletivo, na força que podemos criar juntas ao dançarmos.

 
BLOG: Você já sofreu preconceitos na dança do ventre ou no tribal ? Como foi isso?
Só sofri preconceitos no tribal, preconceito este infelizmente vindo da dança do ventre. Algumas pessoas tem dificuldade em aceitar o estilo, e tentam denegri-lo por não entende-lo. Não é uma competição, é uma soma.

BLOG: Como é ter um estilo alternativo dentro da dança.Conte-nos um pouco sobre isso.
É como disse acima, algumas pessoas não compreendem e tendem a jugar mal. Mas até hoje recebi muito mais mensagens de encorajamento do que o contrário.  A grande maioria das pessoas se fascinam com o novo, então, até hoje acredito que o saldo tenha sido positivo.

BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
Acho que frustrações são inevitáveis em qualquer coisa que você se propor a fazer na vida, pois nem tudo pode estar sobre o seu controle. Me frustro muito com as questões relacionadas ao ego e individualismo. Não consigo compreender como a vitória de um pode ser encarada como derrota de outro. Em se falando de Tribal, estilo que ainda está em formação e ainda pouco conhecido no país (aqui me referindo ao grande público das artes em geral, não me resumindo ao mundo da dança oriental), o crescimento de um deveria ser visto como o crescimento do estilo em si. Acho estupidez pensar que é uma competição, que preciso me sobressair entre os outros para receber algum reconhecimento. Há espaço para todos, e digo de novo, juntos somos mais fortes.

BLOG: E conquistas?Fale um pouco sobre elas.
Minha primeira conquista foi me tornar diretora da Shaman Tribal, sem dúvidas. Posso dizer que sou muito realizada com a companhia, tanto em questão de crescimento, quanto em questão de afinidades. O Shaman’s Fest veio em segundo lugar. Poder organizar o festival, poder proporcionar às pessoas aulas com profissionais renomadas, que tanto nos inspiramos, é fazer o estilo crescer no país, e isso pra mim com certeza é uma conquista. O primeiro Shaman’s Fest, com Mira Betz, foi um desafio dada nossa falta de experiência. Foi mágico perceber que demos conta, que as pessoas estavam felizes com o evento, e isso nos deu forças pra continuar. Trazer em seguida a Samantha Emanuel, e posteriormente, a Tjarda Van Straten junto com a Heather Stants (um dos primeiros e mais importantes nomes do estilo) também foram grandes conquistas. Atualmente, inacreditavelmente, conseguimos que a Rachel Brice venha em 2014! Ainda estou processando a dimensão disso, tendo que me beliscar algumas vezes para acreditar que é verdade.


BLOG: Você foi uma das primeiras bailarinas do Brasil a se envolver com o estilo tribal. Como eram as informações sobre o estilo na época em que você começou a pesquisar? Como era visto a dança tribal naquela época e como hoje ela vem se apresentando na cena brasileira?
 Nossa, as coisas eram bem diferentes. Naquela época, não havia tanta informação, nem mesmo tanta gente trabalhando com o estilo. Éramos as mesmas poucas meninas alternativas, sempre nos mesmos poucos eventos, dividindo a pouca informação. Todo mundo se baseava nos vídeos para aprender um pouco sobre o estilo, o que nos restringia muito. Não sabíamos ao certo o que era permitido e o que não era, e todo mundo achava que dançar tribal era dançar como a Rachel Brice. Lembro vividamente do primeiro momento de libertação que vivi, quando vi a Sharon Kihara (a primeira superstar a vir para o Brasil, através da Bele Fusco) usar a Cia. Halim como exemplo do que era tribal. A Halim já se diferenciava de todo mundo na época, por acrescentar outras danças à sua fusão. E o pior é que elas eram criticadas, por não ser cópia da Rachel Brice. Ouvir a Sharon usá-las como exemplo, me fez enxergar o real sentido do tribal, e me fez querer estudar ainda mais. 
   
Hoje em dia a informação é bem mais acessível. Temos vários organizadores trazendo os mais distintos bailarinos, facilitando às pessoas estudarem com aqueles que mais lhe inspiram. Além disso, muitos vídeos didáticos foram lançados, para aqueles que não tem acesso aos workshops. A própria Rachel Brice inovou, colocando aulas online para que as pessoas pudessem estudar com ela e outras grandes bailarinas, ainda um pouco inacessíveis. É tudo muito compartilhado, o que faz com que o estilo esteja crescendo rápido.

A única coisa que percebo que era melhor (se é que posso usar essa palavra) naquela época, é que as pessoas tinham mais fome de estudar, uma vez que o conhecimento era tão raro. Atualmente, tenho a sensação que as pessoas estudam com um profissional ou outro, e já se consideram prontas, sem necessidade de estudar mais. Creio que tais pessoas ainda não tiveram aquele “click” que tive com a Sharon, e ainda não perceberam que estamos em constante evolução, e que este processo é coletivo, não individual.

BLOG: Conte-nos como surgiu a Cia Shaman, a etimologia da palavra, seus integrantes, qual estilo marcante do mesmo e se ele sofreu alguma mudança estrutural ou de estilo desde quando foi criado até agora.Como é o processo de introdução de novos integrantes? A propósito, a companhia era conhecida na forma brasileira “Xamã” e em 2012 vocês alteraram o nome para “Shaman”, algum motivo especial com relação a mudança?

Ellen Paes, Paula Braz e Cibelle Souza

A Cia. Shaman nasceu em 2006, em Natal, num projeto piloto da Paula Braz com a Ellen Paes. Nasceu como um brincadeira, uma necessidade das meninas de dançar o estilo, como disse, ainda tão desconhecido por todas nós. O nome surgiu da Bartira, nossa própria xamã, que o sugeriu tendo em vista uma de nossas propostas, a de trabalhar com o sagrado feminino e as danças ancestrais. Eu era amiga da Ellen fora do mundo da dança, e quando ela me apresentou a Paula, vimos que havia uma conexão de vidas ali. Antes mesmo de eu entrar, elas juntaram algumas amigas do ventre que também se fascinaram com tribal e fizeram uma apresentação. As integrantes da época eram a Paula, Ellen, Janine, Bartira e Vivian. Janine infelizmente precisou mudar de cidade, e eu entrei logo depois na direção. Na mesma época a Regina Silva, passou a fazer parte do corpo de baile. 


 Como a vida é inconstante, passamos já por várias mudanças de corpo de baile, pois algumas meninas saíram da cidade. A Ellen mudou-se para o Rio de Janeiro e, infelizmente, afastou-se da dança. Lembro o quanto esse processo foi sofrido para ela e para nós. Na mesma época a Paula mudou-se para São Paulo e eu me vi sozinha como diretora pela primeira vez, o que foi muito desafiador. A Paula decidiu continuar com o trabalho e abrimos um núcleo em Rio Claro, com a Gabriela Góes, Jamille Berbare, Paloma Maioral e Ludmila Rentas. Uma vez que nos vimos com dois núcleos, vimos que a coisa estava ficando séria e passamos a adotar um sistema de audição para compor o corpo de baile. Através das audições aqui em Natal, a Priscila Miranda, Cris Dantas, Te Gio e Luana Alves passaram a compor o núcleo, junto com a Regina Silva e Tatiana Minchoni, que já faziam parte da cia. Outras pessoas queridas são partes constituintes de nossa história e para sempre parte de nossa família, como Iara Marzocchi, nossa dj, e Ana Harff. Atualmente temos conseguido trabalhar os dois núcleos juntos, de forma concisa, tendo como corpo de baile “Brasil”: Cris Dantas, Priscila Miranda, Luana Alves, Te  Gio, Tatiana Minchoni, Márcia Carvalho, JamilleBerbare, Gabriela Góes e Paloma Maioral. No entanto, estamos abrindo audição no fim do ano e provavelmente essa família só tende a aumentar!

Núcleo RN
Apesar do nome, nossa proposta nunca foi algo resumido em um único olhar, sempre quisemos nos permitir dar forma ao universo feminino, nas mais variadas visões. Tanto que na época também desenvolvíamos um trabalho fusionado com o burlesco. Então, costumamos dizer que não temos um estilo único, mas um estilo próprio, que abrange tudo aquilo que possamos nos permitir.

Núcleo SP


  O nome mudou quando passamos a ter muito contato com pessoas de fora do país, e tínhamos sempre que explicar o significado da palavra. Internacionalizamos o nome para facilitar tais contatos. Até hoje tem gente que nos diz que preferia como era antes, como por exemplo, a Mira Betz. Porém, desde que internacionalizamos o nome, nunca mais precisamos explica-lo, o que facilitou bastante nossa vida. (rs)

Shaman Tribal Co.




BLOG: Em 2008, a Cia Shaman realizou seu primeiro espetáculo, Las Nieblas, gostaria que comentasse um pouco sobre a idéia do espetáculo, o quê inspirou vocês para a formulação da parte conceitual e do roteiro do mesmo, e qual é a história por de trás dele? Como foi o processo de  elaboração das coreografias e figurinos, bem como sua repercussão?
Sempre achamos que as pessoas se limitam a apresentações em mostras, quando o assunto é tribal; enquanto outros estilos de dança como balé e dança contemporânea tentam fazer discursos mais longos através de espetáculos. Para nós, o tribal é tão complexo como qualquer outro estilo.O Las Nieblas surgiu através da nossa necessidade de fazermos algo mais complexo, pois queríamos falar um pouco mais, trazer um discurso mais completo como acontece nos outros estilos.

Espetáculo Las Nieblas
 O conceito foi voltado para a ancestralidade e as várias formas de pensar o feminino. Queríamos fazer um passeio entre os conceitos do antigo e do novo, tão presentes no estilo, e através dele fazer as pessoas conhecerem um pouco mais e se familiarizarem com nosso universo. As coreografias e os figurinos foram criados sobre a base do sincretismo e bricolagem, buscando passar tais referências. Todas as coreografias, bem como a direção, foi compartilhada por mim, pela Paula e pela Ellen. A repercussão foi maravilhosa, uma vez que conseguimos com ele colocar o tribal no mapa da nossa cidade, além de abrir portas no mundo tribal.




BLOG: Em 2009, a Cia Shaman teve uma segunda formação em Rio Claro(SP), sob direção de Paula Braz.Como são os trabalhos desenvolvidos em conjunto com a Cia Shaman SP e como é essa extensão do trabalho realizado pelo grupo original e com a segunda formação? Onde os grupos convergem entre si e em quê quesito eles têm autonomia?
De início foi um pouco difícil, dada a distância entre os dois núcleos. Paula e eu nos reuníamos pela internet para discutirmos os rumos que queríamos dar ao trabalho. Desenvolvíamos trabalhos em separado porém sempre afinados através de nossas conversas e sincronia de almas. ( rs)

Atualmente, conseguimos desenvolver estratégias para que possamos trabalhar como um todo, juntas, a maior parte do tempo. De tempos em tempos viajo pra São Paulo, e a Paula para Natal, para trabalharmos em criação e direção juntas, unindo com as meninas. Temos trabalhado conceitos e dividido tarefas, e felizmente temos conseguido fazer o trabalho de forma mais concisa. Temos autonomia em criação também, diante das necessidades de cada núcleo, no entanto, tudo é muito bem conversado entre mim e a Paula, mantendo sempre o mesmo norte entre os núcleos.

BLOG: Você e a Cia Shaman possuem um estilo tanto voltado para uma dança ritualística, tendo as danças populares brasileiras como base, quanto uma dança mais vintage e teatral, oras alternando com o dark fusion, emanando muita força de presença de palco e expressão. Gostaria que comentasse um pouco sobre cada sub-estilo e como surgiu a afinidade por tais fusões.
Acho que a nossa afinidade por estes sub-estilos sempre existiu dentro de nós. Falar sobre a ancestralidade e o uso da danças populares sempre nos pareceu algo óbvio, por serem partes constituintes de nós, da nossa cultura pessoal (digamos assim). Trabalhar com expressão também sempre nos foi natural, pois realmente acreditamos que antes de bailarinas de tribal fusion, somos artistas, e temos a obrigação com nosso público de causar sensações com nosso trabalho. Vemos a dança de forma muito ampla, não só como a junção de movimentos, mas como uma oportunidade de falarmos sobre algo que nos toca, e através dela tentar tocar o outro também. Essa afinidade a que se refere, vem de dentro pra fora, não é algo forçado, nem forjado. Nossa escolha, seja por músicas, figurinos, fusões étnicas, é muito intrínseca, é verdadeira e sincera. Fazemos o que amamos, como disse antes, sem muitas limitações ou preocupações com onde nós devemos nos encaixar.

BLOG: Como é o cenário da dança tribal no Rio Grande do Norte,na época em que você começou com a dança por lá e como ela é agora? Pontos positivos, negativos, apoio da cidade, repercussão por parte do público bem como pela comunidade de dança do ventre/tribal?
Quando começamos era muito difícil. As pessoas ainda não sabiam do que se tratava, e as bailarinas do ventre tinham muito preconceito. Tínhamos poucas oportunidade de apresentação, daí a nossa necessidade de fazermos nós mesmas as nossas oportunidades. Atualmente, conseguimos um espaço reconhecido por aqui. As pessoas que não gostavam do estilo passaram a respeita-lo e até mesmo a gostar dele. Conseguimos reconhecimento da cidade em outras esferas artísticas, dentro do teatro, música e dos outros estilos de dança, além de reconhecimento maior da nossa sociedade e de outros lugares do país também.

BLOG: Em 2010 você participou da Cia Dancers South America(DSA), como uma das bailarinas do corpo inicial de tribaldancers, dirigida por Adriana Bele Fusco. Como surgiu a oportunidade de fazer parte do DSA ? Comente como foi a experiência de dançar em grupo tão diversificado em modalidades de dança e em proporção de projeto? Como foi sua contribuição para o espetáculo de 2010?
DSA - 1ª formação

Essa experiência foi única.  Recebi o convite da Adriana por e-mail e fiquei muito feliz de ter sido um dos nomes cotados por ela. A proposta de juntar-me a outras bailarinas que não só a minha própria companhia foi bastante intrigante. Senti-me extremamente lisonjeada com a oportunidade e não pensei duas vezes antes de aceitar. Passei 20 dias em São Paulo, largando tudo por aqui, e até hoje acredito que foi uma das melhores coisas que me permiti fazer. Fiz grandes amigas, pude entender a dança sobre a ótica delas também, e isso me acrescentou muito enquanto bailarina. Estudar as coreografias por vídeo foi bastante desafiador, mas também um crescimento grande.  

BLOG:  Em 2010 o evento Caravana Tribal Nordeste(CTNE), esteve sob  direção e produção sua , de Bela Saffe, Kilma Farias e Aquarius Tribal Fusion (ATF). A partir de 2012, a Cia Shaman toma rumos próprios, com a produção do Shaman’sFest. Como foi participar da CTNE? Como eram as interligações entres as quatro cidades  sedes? A experiência de realizar este evento foi importante para a realização do seu próprio evento, juntamente com Paula Braz?
A CTNE foi outro grande presente que recebi da vida. Já tinha muita afinidade com as meninas da Cia. Lunay pois já dividíamos esse interesse de fusionar o tribal com as danças populares e, através deste projeto, pude conhecer e me aproximar da Bela e das meninas do ATF. Nós crescemos muito neste projeto, que era fundamentado na partilha de conhecimentos entre os grupos. Tínhamos a proposta de organizar workshops entre os grupos e de oferecermos workshops das danças locais para os outros grupos também. A CTNE veio para fortalecermos a fusão com as danças populares e criarmos nossa própria fusão. Acredito que este projeto foi fundamental para colocar o nordeste no mapa do mundo tribal no país, que antes era muito centralizado no sudeste.

Com certeza, ser parte da produção da CTNE fez diferença para mim, para que pudesse produzir nosso próprio festival, pois me trouxe alguma experiência no que diz respeito a produção. Inclusive, o primeiro Shaman’s Fest foi em 2011, trazendo Mira Betz junto com a CTNE Salvador, organizado pela Bela Saffe, o que facilitou e uniu os dois projetos neste processo de trazer uma superstar.

BLOG:  Você é produtora do evento Shaman’s Fest, juntamente com Paula Braz, que se destaca no Nordeste e é um dos principais eventos de dança tribal do Brasil. Conte-nos como surgiu a idéia do evento, sua proposta e objetivos, organização e elaboração deste,bem como a repercussão do mesmo para a comunidade tribal quanto para seu público. O evento , desde 2012, vem trazendo bailarinos internacionais. Esses artistas comentam sobre as fusões brasileiras que assistem nos eventos? Qual a reação deles com relação ao Tribal realizado no Brasil ? 
O Shaman’s Fest é um capítulo a parte da minha história e na história da Shaman. A idéia veio do núcleo de São Paulo, que tinha acabado de estudar com a Mira em Buenos Aires, que queria muito ter a oportunidade de estudar de novo com ela e de proporcionar aos outros tais conhecimentos. Foi quando em 2011, conversando com a Bela, percebi que tinha a real possibilidade de trazê-la juntando os dois projetos, a CTNE e Shaman’s Fest. Ficamos extremamente realizadas ao perceber que a coisa tinha dado certo, que tínhamos conseguido atingir os objetivos, tanto de crescimento da cia. quanto de partilhar com outros bailarinos os conhecimentos de alguém que admirávamos tanto.Percebemos aí que poderíamos continuar com o projeto, melhorá-lo, aperfeiçoá-lo. No segundo ano, pensamos em trazê-lo para Natal, pois a quantidade de eventos no sudeste era muito maior do que o era oferecido por aqui, e queríamos balancear as coisas, além de que a ideia original sempre foi fazê-lo entre os dois estados em que a cia. tem núcleos.
 
Samantha Emanuel e Cibelle Souza
Trazer a Samantha para Natal foi muito realizador, particularmente para mim, pois admirava muito seu trabalho, e hoje posso dizer que ganhei uma amiga de verdade (o que ainda é surreal para mim, dada a dimensão da admiração que tenho por ela). Este ano pudemos realizar um sonho antigo de trazer duas bailarinas que tiveram papel muito forte para o trabalho da Cia. Shaman, a Heather Stants e a Tjarda. Sabe os vídeos que falei que ficávamos estudando? Pois bem, boa parte deles eram vídeos dessas duas. Tê-las aqui conosco foi mágico, por sua simplicidade, profissionalismo e aulas maravilhosas. Ficamos todas encantadas com as duas. 
Shaman Tribal Co., Heather Stants e Tjarda - 2013
 Nosso maior pagamento é ver que as pessoas que passaram por nossos eventos até hoje, sempre nos escrevem depois com palavras de amor e gratidão, sejam elas alunos ou os próprios professores. Isso, sem dúvida, faz com que continuemos trabalhando, achando que estamos indo no caminho certo.

As bailarinas internacionais sempre ficam encantadas com o tribal no Brasil. Todas elas sempre falam do quanto somos fortes, concisas, originais aqui no país. A Samantha chegou a postar nas redes sociais que o mundo devia manter os olhos abertos para o que acontece aqui. Nós,brasileiros, precisamos aprender a valorizar o que temos, pois acreditem, somos fortes!

BLOG: A coreografia Carcará teve uma boa repercussão no meio da dança nacional e internacional, em 2011. Conte-nos o quê a inspirou para a formulação da parte conceitual e técnica desta coreografia. Como foi o processo de inspiração e elaboração dos figurinos e maquiagens. Como a coreografia repercutiu na cena tribal? 


Até hoje me surpreendo com tal repercussão. Ouvindo as músicas que a minha querida Bela Saffe havia me passado, me deparei com essa música e achei que ela tinha grande potencial. Em viagem para São Paulo, para trabalhar com a Paula, mostrei pra ela e tivemos quase que instantaneamente a ideia do conceito. Conversamos muito, como sempre, sobre como poderíamos trabalhar com a música e que tipo de movimentos poderíamos usar para passar o que nos inspirou inicialmente. Infelizmente, nosso tempo sempre curto não nos permitiu que terminássemos a criação juntas. 


Voltei pra casa com a cabeça cheia de idéias, com muita coisa fresca ainda da CTNE, com o conceito já todo concebido junto com a Paula, e praticamente “pari” a coreografia em 3 dias. Durante esses 3 dias, fiquei imersa nesse universo, e tudo foi se juntando sozinho, sem muito esforço. Dançando enquanto criava, senti como a roupa precisava ser. Havia visto o “Cisne Negro” há algum tempo, e achei que era uma ótima referência para a maquiagem. Fiz alguns testes e percebi que precisávamos ter algo em nossas cabeças, que nos fizesse mais bichos e menos bailarinas. E assim ela nasceu!
 



Acredito que as pessoas apreciaram muito o trabalho. Até hoje, dois anos depois, ele é referência de nosso trabalho, e as pessoas pedem por ele em nossas apresentações. Tivemos o prazer de receber comentários positivos de grandes nomes da cena internacional, como Ariellah, Lady Fred e Samantha. Muito surreal perceber que algo feito de forma tão despretensiosa chegou tão longe. 



BLOG: Entre 2011 e 2013, vocês já estiveram  em eventos internacionais na Argentina e no Chile, como Opa Fest e MEM. Qual retorno e repercussão você teve pelo público sul-americano? Quais aprendizados e/ou vivências você adquiriu dançando e estudando nesses países? Conte-nos um pouquinho sobre cada evento e suas principais características e o quê você mais gostou deles.
Trabalhar fora do país é outra coisa que não acreditava que viesse tão cedo. Sempre fomos muito bem recebidas e bem tratadas pelos nossos vizinhos sul-americanos. Fiquei encantada com a seriedade que eles dão à dança, à garra e dedicação para os estudos. Não existe “corpo mole” nesses eventos, e o pessoal dança o dia inteiro, se dedicando igualmente a todas as aulas, não importando se a aula é de alguém reconhecido ou não.

Aparentemente, nosso trabalho foi muito bem recebido, uma vez que recebemos convite de retorno para ministrar workshops.

Também posso dizer que fizemos grandes amigos fora do país, o que pra mim sempre é recompensador.

Shaman Tribal Co. -2013
BLOG: O Nordeste é uma das regiões mais ricas e criativas na dança tribal, mesmo estando distantes do Sudeste que, geralmente, é o porto das principais informações e workshops. As bailarinas são muito técnicas e as coreografias muito bem desenvolvidas. Na sua opinião, o quê se deve esse destaque na dança tribal nordestina? Vocês realmente estão mudando a rota de eventos da dança tribal, tirando o enfoque do Sudeste e traçando uma rota para o Nordeste, através dos eventos internacionais e o alto nível técnico que vocês vêm apresentando. Gostaria que comentasse um pouco esse processo na dança tribal no Nordeste Brasileiro.
Acho que o nordeste é culturalmente e historicamente acostumado a ser negligenciado e subestimado, e isso fez com que sempre precisássemos lutar pelo nosso lugar ao sol. Não acredito que aqui ou no Sudeste as pessoas sejam mais fortes ou mais fracas. Acredito que bons bailarinos e bons profissionais estão presentes em todos os lugares, basta que as pessoas dêem atenção para o que está acontecendo ao redor. Como tudo sempre aconteceu pelo Sudeste, as pessoas não notavam muito o que acontecia por aqui. Só que alguns grupos, como a Shaman, a Lunay, a Bela e o Kairós, o ATF, resolveram, como todo nordestino, não desistir da luta e “cavar” seu próprio espaço. Lógico que não foi fácil, nem continua sendo. Ainda deixamos de nos valorizar diante das circunstâncias . Mas a luta é diária, de aprimoramento, estudo, dedicação e trabalho árduo. Somando isso tudo com respeito ao próximo (pois lutar não significa atropelar ninguém), acho que é a receita certa para crescermos.
BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?
 
Das possibilidades. São infinitas e sempre renováveis.

BLOG: O quê você acha que falta à comunidade tribal?
União! Mais respeito e consideração por aqueles que não estão apenas brincando, mas sim, trabalhando duro. Mais cuidado uns com os outros. Apesar de que, acredito que aqueles que não prezam por estes critérios são minoria, e estão nadando contra a maré.
 
BLOG: Como você descreveria seu estilo?
Dança étnica contemporânea.

BLOG: Como você se expressa na dança?
Tento deixar que a dança se expresse através de mim. Não existe “eu” enquanto danço.

BLOG: Quais seus projetos para 2013? E mais futuramente?
Queremos abrir novas audições para crescer nosso corpo de baile. Queremos colocar em prática um novo espetáculo, desta vez de forma mais profissional e concisa, com toda a companhia, e quem sabe, fazer uma turnê com esse trabalho.

BLOG: Improvisar ou coreografar?E por quê?
Para mim, coreografar. Admiro muito aqueles que trabalham com improvisação, pois pra mim é sempre muito difícil. Sou perfeccionista e detalhista, e tenho que saber o que vou fazer, quando e como, para que me sinta confiante em realizar o trabalho.

BLOG:  Você trabalha somente com dança?
Atualmente, sim. Sou psicóloga formada e pós-graduada. Trabalhei com psicologia por muitos anos, em clínica e na psicologia social com a ressocialização de adolescentes em conflito com a lei. Era algo que amava fazer, principalmente, o trabalho social. Mas senti que a dança precisava que eu me dedicasse mais a ela, e tive que escolher. Entre os dois, decidi pelo que eu não conseguiria mais viver sem. A dança ganhou de primeira.

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog. 
Acredite no seu potencial, mas nunca deixe de estudar. Todos os dias podemos aprender e crescer, principalmente se você se permitir somar, em vez de subtrair . Respeite os outros como você gostaria de ser respeitado. Trate as pessoas com a mesma delicadeza que gostaria de ser tratado. Crie compromissos com você mesmo, e faça seu trabalho diariamente, com amor e paciência consigo mesmo. Saiba que se alguém conseguiu algo que você ainda não conseguiu não foi por incompetência sua, e que o mérito do outro não diminui em nada o seu trabalho. Às vezes é sorte, às vezes não, mas por via das dúvidas, trabalho honesto é e sempre será o melhor caminho. Liberte-se de suas amarras, dançar é recriar-se!
 
 Contato
Tel/cel: (84) 8881.6132
E-mail: disdisdain@hotmail.com
Website: www.shamantribal.blogspot.com








Para conhecer mais sobre o trabalho desta bailarina, acesse seu canal do Youtube!

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