Entrevista#8: Rhada Naschpitz


Esse mês teremos a entrevista de Rhada Naschpitz, bailarina  do Rio de Janeiro com dança tribal bem inserida na cena underground, cujas fusões mesclam com dança cigana, gothic fusion, rock fusion unidos a dramaticidade e expresão da dança-teatro. Boa leitura! =)

BLOG: Conte-nos sobre sua trajetória na dança do ventre/tribal;como tudo começou para você?     
Sou profissional de Educação Física, formada pela Univesidade Gama Filho-RJ.Comecei meu envolvimento com danças orientais em 1996. Iniciei meus estudos com a dança do ventre, descobrindo maior afinidade pelo estilo Ghawazee e acabei me direcionando para a Dança Cigana estudando as danças que a influenciam, como o Flamenco, a Dança Russa, Cocek, Karsilama,etc.Especializei-me em Dança Cigana, em 1998, em seus estilos: Ghawazee, Sulecule/Cocek, Kalbelia, Romanê, Gitano e Zambra. Comecei a  ministrar aulas e fazer shows,já como profissional, em 2002.

A partir de 2005,  me dediquei só a shows e desenvolvimento do Gypsy Fusion, como professora e sócia,  no Espaço de Danças Rhada e Lucia, devido a  meu compromisso com minha outra profissão de designer de jóias. Nessa etapa, por não parar meus estudos na dança, devido ao desenvolvimento do estilo Gypsy Fusion, apaixonei-me pelo Tribal, e comecei estudo e pesquisa intensos dentro dessa vertente. A experiência em dança cigana, que é fusion na essência e em suas influências, contribuiu para meu ingresso definitivo no tribal fusion, com o estilo Gypsy Fusion,  que foi acrescido da influência Dark /Rock,outro lado marcante de minha personalidade e peculiar de minha dança. Estreando com a fusão Rock &Roll, em outubro de 2007, dançando no show da Banda Matilha, no Néctar. Assim, tornou-se a precursora do estilo Rock Fusion, no Rio de Janeiro, com a estréia oficial no Tribes Brasil 2009.


Hoje meu trabalho na dança pode ser definido como Dark Arts, que engloba os estilos  Dark Fusion Bellydance,Tribal Teatral, Gothic Gypsy e Rock Fusion. Este estilo de dança é uma das varidas possibilidades do Tribal Fusion - Dança Étnica Contemporânea, caracterizada por enfatizar uma estética "obscura" e expressionista, com forte teatralidade e certa carga dramática, inspirada nas várias cenas da cultura dark/gothic(rock,noir,industrial,burlesque,medieval,vitoriano...) e urbanas, como o rock `n`roll  e o hip hop. Mesclando todo o universo alternativo, contemporâneo e até  do folclore do Brasil, com as danças orientais e étnicas. Fusão  cuja expressão de palco,interpretação musical, energia e essência são postas em movimentos fortes que exprimem uma certa tensão, mesclados com movimentos fluidos e sinuosos, criando uma linguagem peculiar e hipnotizante. “ Um estilo que tem capacidade de incomodar e ao mesmo tempo fascinar,explorando o tenso e obscuro e sendo fluido e belo”.


No caso do Gothic Gipsy, é a fusão do dark/gothic com estilos e influências das danças ciganas de diversas partes do mundo. União que se dá de forma espontânea pela expressividade,teatralidade,magia,mistério, que tanto a cultura Rom (gypsy) quanto a dark/gothic carregam.
Atualmente, ministro aulas e workshops pela Escola de Artes Orientais Asmahan- RJ; além de ser bailarina profissional da mesma, e também co-produtora e diretora artística do Espetáculo Gothla Brasil.

Também, juntamente com o músico Ives Pierini,desenvolvo o projeto Duabus Artibus – Music and Dance Duet, onde danço com músicas próprias, cuja estréia desta parceria aconteceu no Gotlha Argentina 2012, com a música “Dreams”.


BLOG: Quais foram as professoras que mais marcaram no seu aprendizado e por quê?
Na dança cigana foi a Márcia do Gaia,sendo que carrego isso de família também; está no sangue.
No Flamenco,Denise Tenório, Flávia Gomes e Rodrigo Garcia.
No hip hop foi Pedro Drope.
No tribal inúmeros workshops: Isabel de Lorenzo (ATS), Sharon Khiara, Mardi Love.Mas os que de fato aproveitei foram os da Ariellah, a qual hoje tenho laços estreitos, sendo privilegiada de seus constantes ensinamentos.


BLOG: Além da dança tribal você já fez ou faz mais algum tipo de dança? Há quanto tempo?
Como já mencionei, dei aula bastante tempo de dança cigana, fiz várias vezes aulas de dança do ventre, flamenco e hip hop, entre outras.

BLOG: Quais foram suas primeiras inspirações? Quais suas atuais inspirações?
Sempre foi Ariellah, mas admiro também a Zoe Jakes,e Asharah. Mas a Ariellah é de fato minha referência no tribal. E Pina Bausch na dança-teatro.

BLOG: O quê a dança acrescentou em sua vida?
É minha vida simplesmente. Dançar traz equilíbrio,condicionamento físico, saúde,alegria e extravasa qualquer problema.É minha Arte, simplesmente.
 
BLOG: O quê você mais aprecia nesta arte?
No caso do tribal, a liberdade de expressão e estética de cada bailarina e o universo de possibilidades de fusão.

BLOG:O quê prejudica a dança do ventre e como melhorar essa situação?Você acha que o tribal está livre disso?
Nunca estive muito inserida no meio da dança do ventre,como já mencionei, minha formação vem das danças ciganas.É claro que em alguns momentos estudei a dança do ventre,principalmente o estilo Ghawazee. O que me chamou a atenção foi a questão de confundir sensualidade com sexualidade. A tendência da mídia desinformada ou até mesmo com intuito de distorção acaba muitas vezes vulgarizando essa arte. Fora que também existem “pseudo dançarinas” que levam para esse lado, mais preocupadas com o palco do que com a arte em si. O tribal em sua história e surgimento já buscava justamente desassociar essa imagem distorcida; é mais difícil essa abordagem,mas nada impede que falta de ética e de  comprometimento sério com esse estilo, leve a aparecer as ditas distorções.

BLOG: Você já sofreu preconceitos no tribal? Como foi isso?
Preconceito não, mas quando comecei a dançar com Heavy Metal, marcha fúnebre, a princípio não fui muito bem aceita, chocava um pouco a plateia ainda não muito acostumada com o conceito de Dark Arts, onde também está inserido o Rock Fusion.

BLOG: Como é ter um estilo alternativo dentro da dança.Conte-nos um pouco sobre isso.
Vejo de forma natural, não fui eu que me adaptei ao Dark Arts, foi o Dark Arts que caiu como luvas na minha maneira de ser. Grande parte dos acessórios e roupas que uso em meu figurino, já faziam parte do meu armário e do meu modo de vestir, sempre andei de preto. As músicas que danço, na maioria, são de bandas que sempre escutei, como Dio , ACDC , Ramnstein,etc. Como disse nossa Deusa do Dark Fusion, Ariellah:

 – “Não se ensina ninguém a ser dark, isso é um estado de espírito, energia interior, expressão  artística, personalidade...”

BLOG: Houve alguma indignação ou frustração durante seu percurso na dança?
No início,quando aqui no Brasil ainda se tinha só como referência máxima a Rachel Brice e Carolena Nericcio, eu  já acompanhava o trabalho de bailarinas mais “obscuras” como Ariellah, por já fazer parte da cena alternativa.  Quando comecei a já me apresentar dentro desse conceito de estética, muitas vezes fui criticada como não sendo tribal fusion. Só depois que a Ariellah esteve no Brasil que este estilo começou a ser reconhecido e começaram a entender minha proposta. Infelizmente aqui no Brasil só se dá valor quando vem de fora. Brasileiro dificilmente dá valor à “prata da casa”; precisou vir uma dançarina de Dark Fusion de fora para esse estilo ser reconhecido. Mas estou super feliz de estar vendo gente em nosso país fazendo trabalho sério nessa vertente. É muito bom ver nossa “Tribo” aumentando e influenciando.

BLOG: E conquistas?Fale um pouco sobre elas.
Sempre superar a mim mesma. Conquistas vêm como consequência disso. Importante pra mim é sempre estar vivenciando e transmitindo Arte.

O aprimoramento da técnica sempre é uma eterna conquista, é um estudo sem fim ,exige dedicação. Não se atinge a qualidade sem esforço e disciplina. Não digo difícil de aprender e sim de manter essa disciplina, visto que grande parte de nós dançarinas, aqui no Brasil, não vivemos só da dança. Nem sempre temos disponibilidade para essa disciplina, e às vezes nem condições financeiras para investir mais em nosso aprimoramento. Difícil mesmo. E com todas as dificuldades da sobrevivência, continuar investindo, estudando, treinando e não desistir... Acho que é o amor a essa Arte o grande segredo.

BLOG: Como  e quando você descobriu o tribal fusion e porquê se identificou com esse estilo?Quando começou a praticar o tribal fusion? 
Está na primeira resposta.

BLOG: Antes de você se envolver com o tribal fusion, você se dedicava às danças ciganas e do ventre. Compartilhe conosco esse sentimento em comum entre as três danças e o que lhe fez seguir o rumo ao dark fusion e como essas danças se “comunicam” entre si na sua forma de expressão nesta arte.
Confesso que não me dediquei a dança do ventre, apenas estudei o que era de interesse para a minha dança. A dança cigana já é fusion em sua essência, devido as diversas influência que esse povo nômade sofreu, então eu já tinha um arsenal muito vasto de possibilidades de fusão nas minhas mãos. Com o estudo do ATS, só fiz de fato fusionar tudo e unir ao meu estilo rock,dark...Se assim posso dizer.Acho muito difícil traçar limites onde essas danças se comunicam, a fusão dá liberdade ao artista de onde fazer as interseções, é o conhecimento técnico unido ao talento e expressão própria que vão trazer o reconhecimento de um estilo. 

BLOG: Como você encara a fusão entre metal/rock e dança do ventre/tribal?
Deve haver uma certa coerência para não ser ridículo. Já vi muito vídeo no Youtube com dançarinas apenas preocupadas em colocar figurino preto, e às vezes nem isso, e dançarem rock pesado com movimentos de belly dance estilo clássico, por exemplo. Totalmente fora da essência nata do rock. Eu como faço parte da cena desde meus 15 anos, acho particularmente que dançar rock requer uma energia menos “odalisca”; acho que o tribal dark arts veio justamente para acertar isso.

BLOG: Qual a sua relação com o gothic fusion? Como você encara  a cena gótica inserida na dança do ventre/tribal?
Para usarmos a palavra gothic temos que conhecer a cena. Para fazermos fusão flamenca precisamos conhecer o flamenco puro; para fazermos fusão indiana precisamos conhecer  a dança indiana pura...E por aí vai. Acho que deve ser a mesma coisa com a fusão gothic.Fusão feita com conhecimento sempre trás bom resultado.Escrevi um artigo sobre isso no meu Blog.


BLOG: Qual importância você encara a dança-teatro e como esta se desenvolve em suas performances?
É uma das metodologias e técnicas que mais estudo. Pina Bausch é uma das minhas maiores influências e tem sido uma das minhas referências de pesquisa para o estilo de performance, que faço dentro do Dark Arts. Pois é como dança-teatro que muitas vezes se caracteriza a dança de fusão obscura no tribal fusion. Não porque se assemelhe a qualquer iniciativa já encontrada nessa categoria, mas vai de encontro a este conceito por sua própria natureza expressiva. Mas apesar desse potencial o Tribal Fusion Dark Arts precisa cada vez mais amadurecer sua linguagem para que ganhe a amplitude expressiva da dança-teatro. Só agora, com o já chamado  Dark Fusion Theatre,essa situação está se concretizando. Com certeza tentativas de fusão de outras linguagens da dança e da ação teatral estão gerando possibilidades mais híbridas para a dança obscura, como também estão colaborando no amadurecimento da própria linguagem de movimento específica desta. A expressão estética e artística da cultura Dark já é teatral em sua essência, já havendo um elo de coerência de linguagem nato. Eu como bailarina de Dark Arts estou trazendo para meu estilo e forma de dançar e ensinar, conceitos, métodos e experiências desenvolvidos principalmente por Pina Bausch, considerada a grande dama da dança contemporânea alemã, já que tinha um estilo expressionista único que, no início de sua carreira, provocou grandes polêmicas, antes de ser reconhecido mundialmente. A dança-teatro, como a maioria denomina, foi a principal contribuição dela.

 BLOG:Você  é proprietária do atelier Dark Dancer Design, destinado a acessórios para dark fusion. Como surgiu a ideia ou necessidade de formá-lo? Como é o processo criativo e suas inspirações para a composição das peças? Há alguma curiosidade a respeito do nome do ateliê?
Sou formada em desenho industrial e comunicação visual pela PUC-RJ. Criar e trabalhar com design já faz parte dessa minha profissão. Comecei fazendo meus próprios figurinos adaptando minhas roupas para a dança; minha experiência em jóias e acessórios tornou tudo mais fácil. A moda alternativa sempre me atraiu como designer,como sempre estive inserida nessa cena, então só uni o útil ao agradável. O nome é a união das minhas duas profissões. 

BLOG: Como uma das organizadoras do evento Gothla Brasil, conte-nos como surgiu a idéia e composição do evento. Como foi a experiência de realizar o mesmo? Quais as repercussões do mesmo no Brasil?
Podemos dizer que foi no Rio de Janeiro que de fato começou a surgir a vertente Dark Arts no Brasil. Antes de Ariellah vir ao Brasil e influenciar a propagação do mesmo, tanto eu como Jhade Sharif do Asmahan, já estávamos fazendo performances e ministrando aulas regulares e workshops, dentro desse estilo.Comecei com o Rock Fusion, em 2007, dançando com a Banda Matilha; e estreei oficialmente no Tribes Brasil 2009, um espetáculo de peso.



Hoje, fazendo parte da Equipe Asmahan, eu e Jhade só unimos forças e identificação com o Dark Arts. Assim, outros profissionas e alunos da Escola acabaram também se identificando com a proposta e com isso criou-se uma tribo forte dentro desse conceito. Com o Carpe Noctem, em 2011, de fato consolidamos nossa identificação com o estilo. Então, em uma conversa informal, onde pensávamos no próximo Carpe Noctem, uma pessoa muito especial de nossa equipe, sugeriu o nome. Daí então entramos em contato com os primeiros organizadores, o Gothla UK, para podermos ser a representação do Gothla no Brasil. A parceria foi feita e então surgiu o Gothla Brasil. Era a primeira vez que de fato eu entrava como co-produtora de um evento de peso. Foi maravilhoso! O espetáculo repercutiu super bem e foi de grande alegria ver a quantidade de bons profissionais inseridos nessa proposta. Houve também o apoio e identificação de nossa Rainha  Ariellah, que cada vez mais faz parte do Asmahan Family.E virão outros!!!!


 BLOG: Sob sua óptica, o quê é dark fusion?
É uma das vertentes do tribal fusion, dança étnica contemporânea, onde a teatralização é unida a dança com manifestações artísticas de temática e estética que estão vinculadas ao universo alternativo ,underground, dark, gótico. Onde explora o dramático, onírico, fantástico, misterioso, o expressionismo, o surrealismo, o romântico, circense, sombrio, vitoriano, o humor-negro... As inúmeras possibilidades inseridas dentro desse contexto de influência das Dark Arts.

 BLOG: O quê você mais gosta no tribal fusion?
Pergunta 4 já respondida.

BLOG: O quê você acha que falta à comunidade tribal?
Reconhecimento de um público que não faça parte do nosso metiê de dança. O Dark Arts aqui no Rio, aos poucos,já está consenguindo chamar a atenção do público alternativo. Nossa parceria com a Goth Box, festa já realizada a 7 anos, tem nos ajudado bastante na divulgação. Não temos que ficar dançando só para outros profissionais de tribal,amigos,pais, namorados. Fazemos Arte, temos capacidade de reconhecimento, precisamos nos focar nisso.
  
BLOG: Como você descreveria seu estilo? 
Tribal Fusion Dark Arts

BLOG: Como você se expressa na dança?
Vem de dentro, com a alma e essência, e de acordo com a energia e emoção do momento. A música é que me move, é como se eu entrasse dentro dela, em um mundo a parte.

BLOG: Quais seus projetos para 2012? E mais futuramente?
Continuar estudando e me aprimorando sempre, e explorar cada vez mais as infinitas possibilidades que o tribal fusion oferece. Toda técnica exige dedicação, não se atinge a qualidade sem esforço e disciplina. Não digo difícil de aprender e sim de manter essa disciplina, visto que grande parte de nós dançarinas, aqui no Brasil, não vivemos só da dança. Nem sempre temos disponibilidade para essa disciplina, e às vezes nem condições financeiras para investir mais em nosso aprimoramento.Difícil mesmo. E com todas as dificuldades da sobrevivência, continuar  investindo, estudando, treinando e  não desistir...Acho que é o amor a essa Arte o grande ”segredo.”

Também poder passar todo meu conhecimento para minhas alunas, adoro ver o Dark Arts tomando impulso e criando novos talentos.

BLOG: Improvisar ou coreografar?E por quê? 
Depende. Em grupo é claro que coreografar. Mas eu particularmente em minhas performances dou maior espaço ao improviso. O que faço é conhecer bem a música, tempo e harmonia. E saber o que posso fazer em cada trecho, se vou usar quadril ou movimentos sinuosos...  Geralmente “coreografo” uma entrada, um trecho importante que tenha muitas marcações e um final. Como utilizo muito a expressão teatral, o improviso me deixa mais livre para sentir e deixar fluir o que vem de dentro.
  
BLOG:  Você trabalha somente com dança?
Não, sou designer de jóias também; nasci artista, então é a lei da sobrevivência unida ao prazer de fazer arte.

BLOG: Deixe um recado para os leitores do blog.
Não devemos nunca nos acomodar, achando que aprendemos tudo e que já sabemos tudo.Devemos estar sempre nos reciclando, estudando sempre. Também devemos sempre unir a técnica à expressão própria, sentir, dançar com o corpo e alma.


Contato
Tel/cel: (21) 8299-0861









Para conhecer mais o trabalho desta bailarina, acesse seu canal no Youtube!

(ATS) Fusion

Meu intuito deste texto foi colocar algumas impressões minha sobre o assunto e uma forma de complemento dos textos mais complexos que estão disponíveis na internet pelas bailarinas profissionais, com o objetivo de tornar mais didático o estudo do tribal para bailarinas iniciantes.

Além disso, esse texto servirá de subsídios para textos meus com co-relações ao tema.


(ATS) Fusion


ATS® é a sigla para “American Tribal Style”,criado pela diretora do grupo FatChance BellyDance(FCBD), Carolena Nericcio.

(ATS) Fusion é o título que criei para essa postagem. Uma forma de lembrarmos que o “Tribal” do estilo tribal fusion se originou desta sigla ou nomenclatura.Além do próprio ATS® ter sua base,inicialmente, criada através de uma fusão com outras danças, com uma gênese em comum. Porém, isso não significa que ela não seja uma dança autônoma,pelo contrário.


Jamila Salimpour e Bal Anat

O ATS® foi a consagração de uma necessidade que as bailarinas estavam demonstrando ter.Uma necessidade de retornar às raízes, a uma dança mais ligada a terra,ao contato com as natureza, à ancestralidade, à feminilidade e ritualismo.Tudo isso pode ser encontradas em danças provenientes de tribos,muitas vezes nômades ou ciganas.Talvez, quem tenha se colocado a frente na época e unido várias ideias fora Jamila Salimpour. Ela começou a levar suas alunas à festival medieval  Renaissance Faire, a qual  é propícia a toda essa fantasia interior na dança. Lá, ainda era uma tentativa de representação de cada cultura. Masha Archer começou a dar força e expressão nos passos, vetimentas e intenções naquilo que sua professora Jamila começou. Logo mais, Carolena Nericcio seria a responsável por dar continuidade ao legado das duas mestras e formatar todo o conhecimento até aqui acumulado em uma dança singular.


Masha Archer
Acredito que o ATS® não foi intencional, mas sim uma necessidade daquelas bailarinas em expressar algo intrínseco aos seus anseios,sonhos, gostos,etc , que foi criando forma e cor, até começar a ter vontade própria. Carolena veio de uma época em que o estilo alternativo crescia bastante nos EUA, mas ainda era muito marginalizado, principalmente na dança do ventre. Assim, mulheres com características em comuns foram se reunindo, de forma informal, como uma comunidade, para aprender a dançar. Carolena começou a ensinar aquilo que aprendeu de Masha Archer, porém, em suas aulas fora muito indagada sobre a origem daquilo tudo.Daí nasceu a necessidade de pesquisar e estudar mais afundo, sobre toda uma cultura passada e suas influências naquela dança que começava a se delinear. Assim, uma completava a outra,como em uma tribo. Cada aluna trazia um tempero, uma especiaria para colocar naquele caldeirão borbulhante de idéias. Cada uma trazia acessórios ou vestimentas que viam e gostavam e acrescentavam à dança, como em uma irmandade. Por tentativas,erros e acertos, o figurino foi se modificando até chegar ao “uniforme”  mais aceito pelos membros, tanto por sua beleza, quanto funcionalidade na execução dos passos e movimentos.Talvez daí começou a surgir o “espírito de tribo” da dança tribal. Assim também foram nascendo os passos , e todo uma necessidade de diálogo e comunicação improvisada para os palcos e, para tal, era preciso formações de palco que pudessem permitir essa comunicação visual.


O ATS® não pode ser considerado uma dança folclórica ou étnica, apesar da grande similaridade ou confusão com tais termos,já que ela é uma releitura das mesmas, uma fusão de influências. O ATS® desconstruiu danças para construir uma dança forte em seus passos, vestimentas,músicas,etc; contudo, era uma forma americanizada de interpretar aquelas danças tribais, não sendo original, no sentido de não ser verdadeiramente étnico, e sim criado, ou reformulado para uma época atual, com toda uma filosofia adaptada às necessidades do mundo urbanizado.


Agora vamos a um ponto em que eu queria chegar. E talvez seja a forma ou exemplo mais simples para entender essa história toda que eu consegui enxergar.E daí vou ter que usar exemplos do meu curso de veterinária, que pode ser meio tosco, mas acho que todos vão entender minha intenção.

Então,vamos as analogias...

Imaginemos todas as danças do mundo como as raças de cães. Pastor Alemão, Poodle, Collie, Dálmata,Braco Alemão, Bulldogue Inglês,Akita Inu,etc. Cada raça dessas tem um padrão oficial, onde está descrito, a cada uma, os aprumos, porte, peso,altura,pelagens,inserção  e tipos de caudas,orelhas,etc, peculiares a cada raça. O conjunto de todas essas características é que determinam uma raça específica como tal. Assim é na dança. Cada dança tem suas regras. Tem seus passos e figurino característicos que a  fazem ser identificadas como aquela dança em questão.

Ok,mas  e o  ATS®? Seria  uma espécie de “vira-lata”? Uma fusão de várias danças mescladas à dança do ventre? Acho que não.

O tribal é bem identificado,principalmente em sua postura altiva,braços posicionados  na altura dos ombros,força de expressão e repertório de passos característicos(mesmo sendo provenientes de outras danças ou modificados das mesmas).


Porém, assim como nas raças caninas, vários cães, com características em comum formam um grupo, assim podemos notar na dança. Por exemplo, raças de cães como, Cocker Spaniel Inglês, Cocker  Spaniel Americano, Clumber Spaniel, Springer Spaniel Inglês,etc, tem várias semelhanças! Devido a tais semelhanças eles compõem o grupo 8:  de Retrivers,  Levantadores e Cães D’água, seção 2: Levantadores,tipo Spaniel. Outros cães parecidos com estes cães são os do grupo 7,”Cães Apontadores”, como o Setter Irlandês, Setter Inglês, Setter  Gordon, Spaniel Francês,etc. Todos os dois grupos são sub-seções da categoria “ Cães de Caça” (função para qual a raça fora desenvolvida).Uns mais próximos outros talvez um pouco diferentes na sua morfologia e/ou função. Na dança do  ventre acho que não é diferente. A dança do ventre não é só a que vemos no palco,como o estilo egípcio,libanês,argentino,americano,etc.Ou  modalidades como tradicional, clássica e moderna. Mas e todas as danças que compõem o folclore árabe...também não são semelhantes às do  palco,em algum quesito, em alguma origem, em algum elo perdido? Estas também não são danças “do ventre”? Acho que podemos classificar tudo isso e o tribal,inclusive, como o grupo de danças “do ventre”, assim como no caso dos cães.

Urban Gypsy  - Tribal Style Dance Troupe

Dentro desses grupos de cães, há aquelas raças que são recentes, criadas há pouco tempo, pela mistura de outras raças existentes, porém, elas tomaram características diferentes e portanto, não podendo ser considerada nem uma raça nem outra(s) que foram utilizadas para a sua formação. Assim, necessita-se de tratá-la como uma nova raça, a qual também deve ser respeitada os padrões elaborados por seus criadores. Exemplo disso são o Boxer, Dogo Argentino, Fila Brasileiro,etc. O Dogo Argentino, por exemplo, contou com algumas outras raças para sua formação, como Boxer, Bulldoge Inglês, Dogue Alemão, Bull Terrier, Mastin dos Pirineus,etc


 O ATS® não seria algo assim? Na minha opinião, sim. Digo isso,pois, da mesma forma que aconteceram com estas raças, o ATS® veio da fusão de outras danças, que compuseram sua base, como a flamenca, indiana e a dança do ventre. Mas não podemos nos esquecer que até essas danças sofreram, em algum lugar da história, a fusão com outras danças e culturas, até mesmo nossa querida dança do ventre, a qual sofreu muita influência do ballet clássico, da ghawazees(ciganas egípcias que, antes de se misturarem à cultura do Egito, vieram,provavelmente,da Índia),etc; flamenco teve sua base de danças ciganas, com todos aqueles floreios, giros,etc.Além disso, a dança contemporânea que, apesar de muita semelhança ao ballet clássico, recebeu uma nomenclatura diferenciada, pois houve necessidade de se criar uma. Não muito diferente, tudo isso aconteceu com o ATS®,pois o mundo gira e está em constante transformação.

Notícia Tribal: Unmata DVD

No verão, no hemisfério norte, deste ano, será lançado o primeiro dvd  do grupo Unmata (EUA), dirigido por Amy Sigil ,o qual é muito famoso pela sua força de expressão e ousadia em suas performances, com um estilo mais despojado, como nas danças de ruas, mais aeróbico e com bastante combo fusion.







Confira o teaser do dvd que estará por vir:

Notícia Tribal: Novo álbum e turnê do Beats Antique


A banda Beats Antique(EUA), anuncia a turnê Animale Mechanique do seu novo álbum , com início em setembro! Em breve saberemos o que Zoe Jakes e sua turma estarão aprontando nos palcos para essa nova temporada!

E o nome da turnê e a arte do poster ao lado sugerem algo bem steampunk, não? *--*











Quem ainda não conferiu, abaixo o  vídeo clip recente da banda, Cat Skillz, do álbum Elektrafone:


Participações das bailarinas: 
Zoe Jakes,Kami Liddle, Auberon Shull, Mira Betz,Robin Sol e Ariellah

Notícia Tribal: Samantha Emanuel no Brasil!

Isso mesmo,pessoal! Samantha Emanuel, que já integrou o BDSS, estará pela primeira vez no Brasil, no Rio Grande do Norte, no Shaman's Fest 2012(segunda edição),organizado por Cibelle Souza e Paula Braz ( Shaman Co.). O evento será do dia 10-12 de agosto de 2012,com workshops de Samantha(UK),Florencia Benitez (AR),Cibelle Souza(RN),Paula Braz(SP),Bela Saffe(BA) e Alexandre América(RN).

Quem ainda não se inscreveu, CORRA! Há apenas 8 vagas disponíveis!! ATUALIZAÇÃO: VAGAS ESGOTADAS!



IINFORMAÇÕES:

inscricaoshamansfest@gmail.com



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Destaque Tribal Julho 2012 pt6: Sherri Wheatley


Linda performance de Sherri Wheatley  vintage e balkan fusion, com muita graciosidade e charme em sua dança

Notícia Tribal: Kilma Farias na Revista Shimmie e muito mais!!!

Muitas coisas legais acontecendo no Brasil nos últimos meses!

Primeiro nossa querida Kilma Farias (PB) foi a primeira bailarina tribal a ser capa da Revista Shimmie (edição 11). Já era tempo de nossas tribalistas aparecerem né ;)?

Segundo, a Shimmie não parou por ai e lançou um novo projeto: Ventreoteca! *---* 10 dvd's com 6 bailarinas renomadas e temas maravilhosos para consagrar a dança do ventre brasileira! Isso com certeza foi um marco no Brasil, na minha opinião, pois simplesmente é uma excelente forma de valorizar nossas talentosas bailarinas e divulgar seu trabalho. E o mais legal foi a introdução de um dvd didático de Tribal Fusion e Tribal Brasil, por Kilma Farias, no box de lançamento! Notícia melhor não há!







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