Desta vez vamos viajar pelo mundo da tatuagem de henna ou mehndi !!
Segundo Rosaa Araújo, uma das melhores (se não a melhor)
artista de Mehdi do Brasil, “O mehandi, ou mehndi, é como se
chama na Índia a própria planta (Lawsonya Inermis) com a qual é feita a
pasta, de mesmo nome, para a execução da arte de decoração corporal, que também
se chama assim. Ou seja, a planta, a pasta e a arte possuem o mesmo
nome. Henna é seu nome de origem persa.
Sua origem exata é muito difícil de afirmar, pois, sendo
uma arte efêmera e mais relacionada ao universo feminino, não houve muitos
registros, ou poucos deles restaram, para que possamos ter precisão histórica.
No entanto, os artefatos históricos mais antigos que remetem
ao mehandi datam de 6000 a.C. nas regiões onde são hoje a Turquia,
Síria e Ilhas Gregas.
Sabe-se que a henna foi o primeiro cosmético
usado na humanidade, mas a origem de seu uso também está relacionada às suas
propriedades medicinais, sendo usada como antisséptico natural e fortalecedor
da pele, unha e cabelos, uma vez que estimula a produção de queratina nas
células.
O propósito do uso da henna, na verdade, é bastante amplo, e varia muito
de cultura para cultura e de época para época. Está relacionada ao mundo
feminino, aos ciclos menstruais, à autoestima, à natureza passageira e cíclica
da própria vida, a rituais de purificação, a ritos de passagem, à celebração da
vida, à beleza, alegria e troca de afeto. ”
No meu caso e, acredito eu, no caso de muitas pessoas, um
dos primeiros contatos com os desenhos corporais e tatuagens é com esta tintura
temporária antes de se fazer uma tatuagem definitiva. Um alerta importante fica para todos: muitos tatuadores usam
tinturas não apropriadas para o mehndi, tintas que podem causar alergias
graves!
Henna Marroquina
A bela cor marrom avermelhada da henna deixa a arte com um
tom de exotismo super característico e eu considero bem vindo para adornar o
corpo de nós do tribal para enriquecer ainda mais o aspecto oriental da dança. O grupo Zaman, do
Rio de Janeiro tem feito um uso muito legal desta arte em suas apresentações
nas feiras medievais locais. Vale conferir!
Henna Árabe
Existem muitas diferenças nos tipos de padrões dos desenhos,
de acordo com o país e com o
propósito/evento em que ele é feito: tatuagens indianas tendem a ser
mais rebuscadas e tem padrões que remetem a folhagens, flores, e, nos
casamentos, podem ter inclusive imagens dos noivos. As marroquinas, já tendem a
ser mais geométricas, com muitos triângulos e linhas retas, por exemplo.
Henna Indiana
Tem havido também um movimento no ocidente de se tornar
estas tatuagens permanentes, usando as técnicas contemporâneas de tatuagens em
studios. Muitos são fiéis aos desenhos tradicionais, outros se inspiram e
acrescentam, de forma criativa, novos elementos à arte.
Depois de um certo tempo em palcos, é normal entrarmos na zona
de conforto e manter como rotina o mesmo padrão de maquiagem, aquele que
sabemos o quanto ficamos maravilhosas diante das câmeras.
Mas é importante sempre buscarmos ousar, sendo no visual como
na proposta da dança. Para isso eu trago três ideias fáceis de customizar o
mesmo batom, um detalhe tão simples que traz uma riqueza em seu visual, dando
impressão de uma maquiagem muito mais elaborada.
1.Sombra ou glitter
Essa dica é tão fácil que mereceu o número um dessa mini-lista.
Você usa o batom de sua preferência, deixe secar, em seguida escolha uma cor da
sua paleta de sombras e aplique em sua boca, da forma que quiser. Com isso,
você pode fazer várias combinações.
2. Lápis de olho
Antes de aplicar o batom, passe um pouco de lápis de olho ao
redor da sua linha da boca, esfume com os dedos ou pincel, depois passe o
batom. É um efeito degradê, podendo ser escuro nas bordas ou o contrário.
3. Corretivo
Utilizando-se da mesma ideia da sombra, após utilizar o batom,
com um corretivo mais claro, passe o conteúdo em seu dedo e aplique no meio ou
redor da sua boca. Aos poucos você vai puxando o corretivo para sua boca, fazendo
um degradê.
Junto com essas dicas e inspirações
de traços, você traz outro olhar para seu visual.
Bem-vindos à Venenum
Saltationes, nosso refúgio ocultista dentro do Tribal!
Prosseguiremos com o nosso
estudo sobre “Dança & Tarot” com o Arcano 1 – O Mago!
"Com
a Baqueta Ele cria
Com a
Taça Ele preserva
Com a
Adaga Ele destrói
Com a
Moeda Ele redime!"
Liber Magi
vv 7-10
Baralho de Marselha e de Rider Waite
Representação:
Um prestigiador (mágico, feiticeiro)
em frente à uma mesa com três pernas, na qual há diversos objetos ligados aos
elementos (armas elementares). Segura um bastão com saliências arredondadas em
ambas as extremidades, que poderia representar tanto a polaridade dupla da
eletricidade e o bastão oco de Prometeu, que traz fogo do céu. Usa um chapéu
cuja forma lembra a lemniscata: o símbolo algébrico de infinito ( ).
Baralho Etteilla – segunda versão 1840
O Mago, também conhecido como Prestidigitador, Malabarista, Pelotiqueiro, Bufão, Acrobata, Cômico, Magista, Mensageiro, Mercúrio, Hermes e Thoth é o transformador e o Manifestador, capaz de "transformar qualquer coisa em ouro através do seu toque de Midas". Ele é o mensageiro dos deuses, representando precisamente a Palavra de criação, cujo discurso é silêncio.
Esta carta se refere à letra
Beth, que significa casa, e é atribuída ao planeta Mercúrio.
O título francês desta carta no
baralho medieval é Le Bâteleur, o portador do Bâton. Mercúrio é
preementemente o portador do Bastão: Energia Emitida.
Esta carta representa,
portanto, a Sabedoria, a Vontade, a Palavra, o Logos pelos quais os mundos
foram criados.
Nesta carta a ênfase é sobre o
caráter criativo e dualístico do caminho de Beth. Caminho da Árvore da Vida - de Kether à Binah
(a compreensão).
Sendo a Palavra, ele é a lei da
razão ou da necessidade ou acaso, que é o significado secreto da Palavra, que é
a essência da Palavra e a condição de seu pronunciamento. Sendo assim, e
especialmente porque ele é dualidade, ele representa tanto verdade quanto
falsidade, tanto sabedoria quanto loucura. Sendo o inesperado, ele desestabelece
qualquer idéia estabelecida e, portanto, é enganador. Ele não tem consciência,
sendo criativo. Se não consegue atingir seus fins através de meios limpos, ele
usa meios sujos. As lendas do jovem Mercúrio são, portanto, lendas da
astúcia.
A Manifestação implica na
Ilusão.
Magician - Etteilla's Tarot Égyptien
Estrutura
Mística:
Posição normal: Habilidade,
espírito de iniciativa, diplomacia, ausência de preconceitos.
Posição invertida: Falta de
escrúpulos, julgamento incorreto, falta de responsabilidade, caos.
Sentido geral: Franqueza,
reinício, surpresa.
Sentido espiritual: Sabedoria
da magia.
Símbolo: A lemniscata como
símbolo da perfeição, o destino.
Arquétipo: O Mago.
Objetivo: Busca, estar no
caminho.
The Juggler by Austin Osman Spare
Interpretações
usuais na cartomancia:
Destreza, habilidade, finura,
diplomacia, eloquência, capacidade para convencer, espírito alerta,
inteligência rápida, homem inquieto nas suas atividades e negócios.
Mental:
Facilidade para combinar as coisas, apropriação inteligente dos elementos e dos
temas que se apresentam ao espírito.
Emocional:
Psicologia materialista; tende para a busca das sensações, do vigor, da
qualidade criativa. Generosidade unida à cortesia. Fecundidade em todos os
sentidos.
Físico: Muita
vitalidade e poder sobre as enfermidades de ordem mental ou nervosa, neuroses e
obsessões. Indica uma tendência favorável para questões de saúde, mas não
assegura a cura. Para conhecer o diagnóstico é necessário considerar outras
cartas.
Desafios e sombra:
Charlatão persuasivo, sugestivo, ilusionista, intrigante, politiqueiro,
impostor, mentiroso, explorador de inocentes. Agitação vã, ausência de
escrúpulos. Discussões, brigas que podem se tornar violentas, dado o vigor do
personagem. Mau uso do poder, orientação defeituosa na ação, operações
inoportunas. Tendência à dispersão nas ações, falta de unidade nos processos e
atividades. Dúvida. Indecisão. Incerteza frente aos acontecimentos.
Na minha opinião, o Datura
Tarot é o melhor trabalho de tarot existente no “meio tribal”, superando até
mesmo o deck da Anandha Ray e ultrapassando, infinitamente e com maestria, o House
of Tarot, da Zoe Jakes.
Certamente
é o trabalho mais próximo da simbologia mística dos arcanos.
Falarei de Anandha Ray e Zoe
Jakes em breve. Por enquanto, me detenho apenas aos trabalhos encontrados que
fazem referência ao Arcano 1. Porém, eu precisava fazer essa comparação e dizer
que o Datura até agora é o meu preferido!
Enfim, a Rachel faz um trabalho
curioso, com colagens e arte digital. Ela não dá muitas explicações sobre o
projeto e posta através do Instagram. Entretanto, as cartas possuem muita
informação interessante e são muito fiéis à simbologia original.
O Mago, da Rachel, assemelha-se
à uma criança/adolescente de origem indiana (?). Ele(a) está rodeado por dois
felinos e por vários “corpos” que podem fazer alusão aos elementos alquímicos.
Segura entre as mãos uma esfera (exatamente como no baralho de Marselha) e
outras três esferas rodeiam a sua cabeça. O bastão está atrás do corpo da
pessoa, como que pendurado nas costas. Ao seu lado pode-se ver uma adaga e um
recipiente cerimonial, talvez uma alusão à magia do mago e seu poder ligado à
alquimia.
Bravo, Rachel, sua
espetaculosa! ❤
Trabalhos
coreográficos e performances:
1) Sirius Dance Center | Coreografia de Sonia Derega (Ucrânia)
Considerações: O
trabalho (que assemelha-se à danças urbanas) traz muito bem a idéia do personagem
“mágico” e utiliza o maior símbolo desta carta: o “bastão”, além de arriscar
cenas de mágica durante a apresentação. Achei muito interessante e gostei das
referências que usaram. Não fica claro se a coreografia tem ligação com o
Tarot, mas com certeza as referências existem.
2) Arden Tarot Suite
Considerações: Não
vejo absolutamente nenhuma relação com a carta.
3) Erika dell' Acqua (Itália)
Considerações:Melhor
trabalho, na minha opinião. A bailarina, além de usar a mágica de forma muito
interessante, faz alusões aos elementos da natureza, usados na alquimia.
Finaliza a coreografia de forma grandiosa, trazendo para a cena, de maneira
inesperada, um dos símbolos mais importantes desta carta: o bastão.
Infelizmente, acabamos nosso
estudo do mês por aqui...
A escassez de material
ocultista dentro da dança é muito real e fazer esta matéria tem sido uma
peregrinação...
Agradeço aos que leram até aqui
e à todos que acompanham a Venenum Satationes!
Se souberem de algum trabalho
envolvendo o Tarot, enviem para mim!