[Resenhando-RS] Curso de Verão: Tribal Ritualístco

por Carine Würch

O segundo workshop do dia foi sobre uma paixão nada velada: o Ritualístico.

Fernanda também fez parte do grupo de Karina Iman, como a minha professora Daiane RibeiroElas desenvolveram um trabalho belíssimo, e que eu tenho muito interesse em saber cada vez mais.

Foi uma aula teórica muito proveitosa, que eu pude ver e rever conceitos, e que trouxe muitos esclarecimentos sobre questões um tanto nebulosas para mim.


Na parte prática, pudemos observar durante o curso, como nos percebemos enquanto corpo, como ele se expressa, caminha. 


Fizemos um exercício, individual e de costas para o espelho. Onde tentamos “sentir uma música”. Além de treinarmos nosso ouvido interno, para perceber quais são os movimentos que aparecem na nossa dança, quando estamos no ápice da música.

E a Carine anotando...

Da mesma forma que a palavra “folke”, fui buscar maiores explicações sobre o que é “ritualístico”, para podermos assim desmistificar, permitindo que o entendimento seja pleno, sem julgamentos.

Quando pensamos em “dança ritualística”, já imaginamos fumaça, penas, velas, algo místico, espiritual ou até religioso.

De acordo o dicionário Michaelis, Ritual tem a seguinte definição: adj m+f (lat rituale) 1 Pertencente ou relativo aos ritos. 2 Que contém os ritos. sm 1 Livro que contém os ritos, ou a forma das cerimônias de uma religião. 2 Cerimonial. 3 Conjunto das regras a observar; etiqueta, praxe, protocolo.
Logo, ritual, não está apenas ligado à religião ou formas de expressão religiosa. Um ritual acontece em concomitância de sujeitos, tempo e espaço. Necessita, também, de objetivos, procedimentos, técnicas, instrumentos, objetos. Música, dança, festas, produções estéticas, roupas, comidas, por exemplo, fazem parte de um universo cuja ordenação social, cultural e política amplia o conceito de ritual.
Nesse sentido, os espaços ritualísticos não são apenas os ligados à religião ou misticismo. O espaço do jogo de cartas entre homens maduros, por exemplo, obedece regras, apresenta padrões e procedimentos típicos. Do mesmo modo, o espaço de cuidado do corpo/aparência da mulher (um salão de beleza, por exemplo) apresenta certas regras. Nessa ampliação, seria correto afirmar que a vida em sociedade (típica da humanidade) só tem sentido a partir do entendimento dos rituais que a circunda.

Um ritual pode ser executado em intervalos regulares ou em situações específicas. Pode ser executado por um único indivíduo, um grupo, ou por uma comunidade inteira; pode ocorrer em locais arbitrários, específicos, diante de pessoas ou privativamente. Um ritual pode ser restrito a certo subgrupo da comunidade e pode autorizar ou sublinhar a passagem entre condições sociais ou religiosas. O espaço do ritual é passível de múltiplas interpretações. De Stonehenge a Rodeo Drive, das Termas de Caracala a 5Th Avenue, do Muro das Lamentações à Praça Vermelha, os espaços ritualísticos se reinventam (e são reinventados) constantemente.
Os propósitos dos rituais são variados. Eles podem incluir a concordância com obrigações religiosas ou ideais, satisfação de necessidades espirituais ou emocionais dos praticantes, fortalecimento de laços sociais, demonstração de respeito ou submissão, estabelecendo afiliação, obtenção de aceitação social ou aprovação para certo evento - ou, às vezes, apenas o prazer do ritual em si.
Os rituais são característicos de quase todas as sociedades humanas conhecidas, passadas ou atuais. Eles podem incluir os vários ritos de adoração e sacramentos de religiões organizadas e cultos, mas também os ritos de passagem de certas sociedades, como coroações, posses presidenciais, casamentos e funerais, eventos esportivos e outros. Várias atividades que são ostensivamente executadas para concretizar propósitos, como a execução da pena de morte e simpósios científicos, são carregados com ações simbólicas prescritas por regulamentos ou tradição e, portanto, parcialmente ritualísticos. Várias ações comuns, como aperto de mão ou cumprimentos podem ser entendidas como pequenos rituais.
O ritual esboça comportamentos de troca que ganham valor comunicativo e, dentro de uma perspectiva etológica, evoluem de comportamentos sem nenhuma função comunicativa, que passam a ser estereotipados, maximizando a comunicação das espécies e minimizando os riscos. Assim, a corte, as competições pelas fêmeas, os movimentos de bandos de animais, os movimentos exagerados, acabam aumentam a capacidade de atrair a atenção, ganhando assim conformação ritualizada. Na medida em que a espécie humana dominou a linguagem e desenvolveu-a com seus valores culturais e religiosos, os rituais passaram a simbolizar ideologias e ensinamentos tornando-se mais complexos. (Fonte: Wikipedia)

Aqui no Rio Grande do Sul esta nomenclatura de “Tribal Ritualístico” é muito presente, iniciada pelos estudos e trajetória de Karina Iman, passada através de suas alunas.
São inúmeros nuances a serem observados, e como colocar em movimento aquilo que é sentido.
Não há uma formatação dizendo que X, Y, W são movimentos típicos do Ritualístico e que devem ser parte integrante de uma coreografia. Há uma formatação na construção, uma pesquisa individual ou coletiva, uma busca por expressar algo.
Há muito estudo sobre a expressão, estrutura do corpo, bem como as danças rituais que vem de diferentes folclores, onde podemos basear algumas movimentações, e verificar muitos elementos comuns entre elas.
Para mim foi uma vivência linda e intensa, de muita troca entre o grupo e muito aprendizado.
“O que não se compreende falando, e não se consegue falar, é sentido. 
Tornar visível algo que está dentro do corpo.” 
(Fernanda Zahira Razi)



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